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Semelhanças e Diferenças Entre Israel e a Igreja | Por Brandom Adams

Este gráfico circulou pelas mídias sociais:

Tradução da tabela acima

 

Embora, talvez, ele tenha sido escrito em resposta ao Dispensacionalismo, ele é postado frequentemente em resposta aos Batistas a fim promover o Federalismo de Westminster, que acredita que Israel e a Igreja são um só. No entanto, um exame mais acurado revela que Israel e a Igreja, embora possuam muitas relações, não são uma e a mesma coisa. Pelo contrário, Israel segundo a carne é um tipo de Israel segundo o Espírito.

Gráfico Original em Inglês (PDF)

 

Tradução da tabela acima

 


NOTAS DE RODAPÉ

 

Observe que todas estas citações abaixo são de Pebobatistas.

 

“Ora, esta santidade não pode ser entendida como santidade pessoal e inerente, pois não é verdade nesse sentido. Se os pais e os antepassados ​​forem verdadeiramente santificados e crentes, então os ramos e filhos serão santificados e crentes. Mas o contrário vemos no iníquo Absalão nascido do santo Davi, e muitos outros. Portanto, esta santidade deve ser a santidade da nação, não das pessoas… Pois por serem nascidos da nação santa, eles são santos com uma santidade federal e nacional… e uma santidade pactual externa” (Samuel Rutherford).

 

“Os judeus haviam sido separados dos gentios, para que pudessem ser um povo peculiar ao Senhor… a partir deles uma hereditariedade tinha passado a toda a sua posteridade. Mas esta conclusão não teria sido correta se tivesse falado de pessoas… Não há aqui dificuldade se você entender por santidade a nobreza espiritual da nação… os judeus eram naturalmente santos, pois sua adoção era hereditária” (João Calvino).

 

“Que a santidade mencionada aqui é externa e relativa, e não pessoal e interior, é evidente a partir de todo o contexto. Os filhos de Israel foram denominados santos em toda a sua maldade e desobediência, porque tinham sido consagrados a Deus, adotados como Seu povo e separados para Seu serviço, e gozavam de todos os privilégios externos da aliança que Deus tinha feito com os Seus pais… “A santidade”, diz Turretini, “das primícias e da raiz não era outra senão uma consagração externa, federal e nacional, tal como poderia ser transferida dos pais para os filhos” (Editor de Calvino).

 

Que tais denominações como “o povo de Deus”, “o Israel de Deus” e outras frases semelhantes, são usadas e aplicadas nas Escrituras com considerável diversidade de intenções… E no que diz respeito ao povo de Israel, é muito manifesto que algo diverso é frequentemente intencionado por essa nação sendo o povo de Deus, de serem santos, visivelmente santos, ou possuir as qualificações necessárias para a devida admissão aos privilégios eclesiásticos de tal. Essa nação, aquela família de Israel de acordo com a carne, e com respeito a essa qualificação externa e carnal, foi de algum modo adotada por Deus para ser seu povo peculiar, e seu povo pactual… Em geral, é evidente que a própria nação de Israel, não como santos visíveis, mas como a descendência de Jacó de acordo com a carne, eram em certo sentido um povo escolhido, um povo de Deus, um povo do pactual, uma nação santa; assim como Jerusalém era uma cidade escolhida, a cidade de Deus, uma cidade santa e uma cidade que Deus tinha feito uma aliança para habitar. Assim, o Deus soberano e todo sábio se agradou de ordenar as coisas com respeito à nação de Israel…

Essa nação era uma nação típica. Havia então literalmente uma terra, que era um tipo de Céu, a verdadeira morada de Deus; e uma cidade externa, que era um tipo da cidade espiritual de Deus; um templo externo de Deus, que era um tipo de seu templo espiritual. Assim havia um povo e uma família externos de Deus, por geração carnal, que era um tipo de sua descendência espiritual. E o pacto pelo qual eles foram feitos um povo de Deus, era um tipo do pacto da graça; e por isso é às vezes representado como um pacto de casamento (Jonathan Edwards).

 

Nota-se, então, que se diz que os homens são santos ou santificados em sentidos muito diferentes. A santificação, a título de distinção, embora antiga, não é má, nem é real ou relativa.

…Essa separação de outras nações, em que a santidade dos judeus consistia principalmente (c), não era espiritual, resultante da retidão de coração e de um comportamento correspondente; mas apenas externa, resultante de certos ritos sagrados e cerimônias diferentes ou opostas às de outras nações, e confinadas a certos lugares e pessoas (d). A parede de separação entre judeus e gentios era a lei cerimonial (e), que não era nem necessária nem adequada para fazer uma separação espiritual. Na verdade, não fazia separação entre os bons e maus homens entre os judeus; mas entre a casa de Israel e os tementes a Deus ou pessoas devotas nas nações pagãs (f). Por isso, embora Cornélio tenha temido a Deus, tenha dado muitas esmolas e orado continuamente a Deus, Pedro temia ser poluído por ir ter pessoalmente com ele.

…(c) Êxodo 19:5-6. Números 23:9. Deuteronômio 26:18-19. (d) Levítico 20:24-26; Deuteronômio 14:21. (e) Efésios 2:14-15. (f) Salmos 118:4; Atos 13:16, 26; 17:4-17.

…as coisas eram chamadas de impuras à medida que eram tipos ou emblemas de impureza moral, assim os judeus eram chamados de santos, não só porque estavam separados de outras nações, mas porque tipificavam os verdadeiros cristãos, que são no mais plenos e nobres constituindo uma nação santa, e um povo peculiar (a). Tipos são coisas visíveis, diferentes em sua natureza, das coisas espirituais que tipificam. Se então a dispensação Judaica era típica, podemos concluir com segurança, que a santidade da nação Judaica destinada a tipificar a santidade da Igreja Cristã, era de uma natureza diferente da desta. E é por isso que a dispensação Judaica é chamada “a carne” e “a letra”, porque as pessoas e as coisas nessa dispensação tipificavam e representavam pessoas e coisas sob uma dispensação mais espiritual.

(a) 1 Pedro 2:9.

John Erskine’s “The Nature of the Sinai Covenant” [“A Natureza da Aliança do Sinai”] (17-21). [Encontre essa obra na íntegra clicando aqui].

 

No que se refere ao todo da nação dos judeus. Eles eram um povo típico; sua Igreja-estado sendo muito cerimonial e peculiar a esses tempos da lei (portanto, agora cessada e abolida) apontava e era a sombra de duas coisas.

1. Eles eram um tipo do próprio Cristo. Por isso Cristo é chamado Israel (Isaías 49:3). Aqui por Israel se entende Cristo, e todos os fiéis, como membros de Sua cabeça.[1]

2. Eles eram um tipo da Igreja de Deus sob o Novo Testamento. Por isso, a Igreja é chamada Israel (Gálatas 6:16 e Apocalipse 7). As doze tribos de Israel são numeradas pelo nome, para mostrar o particular cuidado do Senhor no que diz respeito a cada pessoa de Seu povo em particular. Aqui a referência não é propriamente ao Antigo Israel, porque se relaciona com os tempos dos gafanhotos do Anticristo (compare o capítulo 7 com o capitulo 9:4 de Apocalipse). A analogia reside no fato de que eles eram um povo peculiar do Senhor, separado e escolhido por Ele de todo o mundo. Assim é Cristo escolhido pelo Senhor: Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma [Isaías 42:1]. Assim são todos os santos (1 Pedro 2:9). Uma nação de reis, um povo peculiar, reunido de entre todas as nações (Apocalipse 5:9). Por isso os inimigos de Israel eram inimigos típicos; como o Egito e a Babilônia sob o Antigo Testamento, tipos de inimigos anticristãos sob o Novo Testamento. E as providências de Deus o seu povo no Antigo Testamento são tipos e sombras de suas futuras dispensações destinadas ao Seu povo sob o Novo Testamento, como você verá mais adiante quando falarmos de providências típicas.

Samuel Mather on Israel as a type of the Church [Samuel Mather, sobre Israel como um Tipo da Igreja].

 

As pessoas com quem esta aliança foi feita também são expressas: “A casa de Israel e a casa de Judá”… Portanto, essa casa de Israel e a casa de Judá podem ser consideradas de duas maneiras:

[1.] À medida que esse povo consistia na totalidade da posteridade de Abraão.

[2.] À medida que eles eram típicos, e misticamente significativos de toda a igreja de Deus.

Por isso que as promessas da graça sob o Antigo Testamento são dadas à igreja sob esses nomes, porque eram tipos daqueles que deveriam real e efetivamente se tornarem participantes delas…

No segundo sentido, toda a igreja dos crentes eleitos é intencionada, sob essas denominações, como sendo tipificada por elas. Estes são os únicos, sendo um feito de dois, ou seja, judeus e gentios, com quem a aliança é realmente feita e estabelecida, e a quem a substância dele é realmente comunicada. Pois todos aqueles com quem essa aliança é feita, os quais realmente têm a lei de Deus escrita em seus corações e seus pecados perdoados, segundo a promessa de que, como os povos do passado foram trazidos para a terra de Canaã em virtude da aliança feita com Abraão. Esses são o verdadeiro Israel e Judá, prevalecendo com Deus, e confessando o Seu nome.

Owen on Hebrews 8:8 [John Owen comentário sobre Hebreus 8:8].

 

É para ser lembrado que houve duas alianças feitas com Abraão. Por uma, seus descendentes naturais através de Isaque foram constituídos uma comunidade, uma comunidade externa, visível. Pela outra, seus descendentes espirituais foram constituídos uma Igreja. As partes da primeira aliança eram Deus e a nação; as partes da outra, Deus e Seu povo verdadeiro. As promessas da aliança nacional eram bênçãos nacionais; as promessas da aliança espiritual (isto é, da Aliança da Graça) eram bênçãos espirituais, reconciliação, santidade e vida eterna. As condições da única aliança eram circuncisão e obediência à lei; a condição da última foi, é e sempre será, a fé no Messias como a semente da mulher, o Filho de Deus e o Salvador do mundo. Não pode haver um erro maior do que confundir a aliança nacional com a aliança da graça, e a comunidade fundada sobre aquela com a Igreja fundada sobre a outra.

Quando Cristo veio “a comunidade” foi abolida, e não havia nada colocado em seu lugar. A Igreja permaneceu. Não havia pacto externo, nem promessas de bênçãos externas, sob a condição de ritos externos e sujeição. Havia uma sociedade espiritual com promessas espirituais, sob a condição de fé em Cristo. Em nenhuma parte do Novo Testamento há outra condição de pertencimento à Igreja prescrita do que aquela contida na resposta de Filipe ao eunuco que desejava o batismo: “E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (Atos 8:37).

Hodge on the Visibility of the Church [Hodge sobre a Visibilidade da Igreja].

 

Atendendo a esse duplo objetivo da separação de Abraão, havia uma dupla semente que lhe era atribuída: uma semente segundo a carne, separada para a manifestação do Messias segundo a carne; e uma semente segundo a promessa, ou seja, tal como pela fé deve ter participação na promessa, ou todos os eleitos de Deus… É verdade que o antigo privilégio carnal de Abraão e de sua posteridade expiraram, de acordo com os motivos antes mencionados, as ordenanças de adoração que eram adequadas para o efeito também cessaram necessariamente. E isso lançou os judeus em grandes perplexidades, e se mostrou a última provação que Deus fez para com eles; pois que ambos, isto é, os privilégios carnais e os privilégios espirituais da aliança de Abraão, haviam continuando juntamente de maneira mista por muitas gerações, chegando agora a ser separados e um julgamento a ser feito (Malaquias 3), que, os judeus tinham participação em ambos, que em um só, aqueles que tinham apenas o privilégio carnal, de ser filhos de Abraão de acordo com a carne, contendiam por uma parte sobre esse único relato no outro também, isto é, em todas as promessas Anexado à aliança. Mas o fundamento da sua alegação foi tirado, e a igreja, à qual as promessas pertencem, permaneceu com os que eram herdeiros da fé de Abraão somente.

Owen, The Oneness of the Church [John Owen, A Unidade da Igreja].

 

Deus deserdou Seu “filho” nacional, adotado e provisório, como um povo nacional precisamente porque Deus nunca quis ter um povo nacional e terrestre permanente… sua principal função era servir como um tipo e sombra do Filho natural de Deus, Jesus, o Messias (Hebreus 10:1-4). É o argumento deste ensaio que Jesus Cristo é o verdadeiro Israel de Deus e que todos os que estão unidos a ele pela graça somente, pela fé somente tornam-se, em virtude dessa união, o verdadeiro Israel de Deus.

R. Scott Clark, Israel of God [R. Scott Clark, Israel de Deus].

 

As referências à natureza de dois níveis das promessas têm sido inevitáveis ​​em várias conexões em nossa análise do Pacto Abraâmico até esse ponto, mas agora é hora de focalizar isso mais particularmente. Ao fazê-lo, resumiremos as promessas sob o conceito de reino, traçando a estrutura de dois níveis com respeito aos componentes do reino de rei, povo e terra. À medida que as promessas do reino se cumprem em duas etapas sucessivas, cada uma é identificada como uma recordação divina de Abraão ou da aliança feita com ele…

Dois níveis de realeza estavam presentes nessa bênção profética. Judá assumiu a supremacia real em Israel na nomeação de Davi como rei. Ele com seus sucessores sob a Antiga Aliança, era um nível. Então a dinastia de Davi alcançou um distintivo segundo nível de realeza na vinda de Jesus Cristo, Siló, o Senhor universal, e Sua inauguração da Nova Aliança em Seu sangue…

Encontramos que no curso da revelação bíblica há dois níveis distintos de realização, um provisório e um prototípico, o outro messiânico e eterno, que são claramente distinguíveis na promessa do rei dada a Abraão. O que é verdade da promessa do rei deve inevitavelmente também ser verdadeiro da promessa do reino, tanto reino-povo quanto reino-terra… a semente prometida nesse sentido corporativo é interpretada pelas Escrituras como sendo realizada em dois níveis… O desenvolvimento dos doze filhos de Jacó na nação de doze tribos de Israel, naturalmente, constituiu um cumprimento da promessa do povo do reino em um nível… Igualmente óbvio é a identificação da Bíblia de uma realização da promessa da semente de Abraão em outro nível. Como vimos, quando Paulo, em Romanos 9-11, defende a fidelidade pactual de Deus diante da queda de Israel, baseia seu argumento na identificação da semente prometida como a eleição individual, uma plenitude-remanescente de judeus e gentios, filhos espirituais de Abraão, todos como ele justificados pela fé (Romanos 9:7-8; Cf. Romanos 4:16; Gálatas 3:7)… Ou seja, a promessa da descendência é assim levada ao nível messiânico, ou nível da Nova Aliança, onde os crentes gentios e judeus estão reunidos na assembleia unida do altar celestial …

Passo a passo, o que estava incluído na terra do reino prometido no primeiro nível de significado foi definido com mais precisão… Que o território eventualmente ocupado por Israel correspondia plenamente aos limites geográficos definidos na promessa é explicitamente registrado em Josué 21:43-45 e 1 Reis 4:20-21 (Cf. Números 34:2ss; Ezequiel 47:13-20)… No Novo Testamento há indicações claras de um tipo positivo de mudança para o segundo nível de significado da promessa de terra. De fato, com surpreendente brusquidão, o Novo Testamento desconsidera o significado do primeiro nível e simplesmente admite que o segundo nível, a realização cósmica é a verdadeira intenção da promessa…

A questão entre a hermenêutica pactual e dispensacional não se refere às interpretações espiritualizadas versus não espiritualizadas do reino de segundo nível. Pois, contrariamente a uma alegação comum, tanto o sistema pactual quanto o dispensacional admitem a dimensão geofísica desse reino. A questão básica em jogo é mais como interpretar a relação entre os dois níveis do reino prometido no Pacto Abraâmica. Isso equivale à questão da relação da Antiga Aliança com Israel para a relação de Nova Aliança com a Igreja, particularmente à medida que entra em foco na conexão tipológica que a Escritura coloca entre eles.

Meredith Kline, Typology, Two-Level Fulfillment, and Kline’s Critique of Dispensationalism [Meredith Kline, Tipologia, Realização em Dois Níveis e a Crítica de Kline sobre o Dispensacionalismo]

 

Havia de fato na terra, desde que isso era necessário, um símbolo e figura de prenúncio desta cidade, que serviu ao propósito de lembrar aos homens que essa cidade deveria ser mais do que a presente; e esta figura era, ela própria, chamada de a cidade santa, como um símbolo da futura cidade, embora não era em si mesma a realidade. Sobre esta cidade que serviu como uma figura, e aquela cidade livre que ela tipificou, Paulo escreve aos Gálatas nestes termos: “Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós. Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque. Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre” (Gálatas 4:21-31). Esta interpretação da passagem, que nos foi transmitida com autoridade apostólica, mostra como devemos entender as Escrituras dos dois pactos, o antigo e o novo. Uma porção da cidade terrena tornou-se uma figura da cidade celestial, não tendo um significado em si mesma, mas significando outra cidade, e, portanto, servindo, ou “estando em servidão”. Pois, ela foi fundada não por causa de si mesma, mas para prefigurar outra cidade; e esta sombra de uma cidade foi também ela mesma prenunciada por outra figura anterior.

Portanto, assim como aquele oráculo Divino a Abraão, Isaque e Jacó, e todos os outros sinais ou ditos proféticos que são dados nos escritos sagrados anteriores, assim também as outras profecias deste tempo dos reis pertencem em parte à nação segundo a carne de Abraão, e em parte àquela sua semente na qual todas as nações são abençoadas como coerdeiros de Cristo pelo Novo Testamento, para a posse da vida eterna e o reino dos céus. Por isso, eles pertencem em parte à serva que os gerou para a servidão, ou seja, a Jerusalém terrena, que é escrava com seus filhos; mas em parte à livre cidade de Deus, ou seja, a verdadeira Jerusalém eterna nos Céus, cujos filhos são todos aqueles que vivem segundo Deus na terra, mas há algumas coisas entre eles, que se entendem pertencentes a ambas, à serva, propriamente, com a mulher livre, figurativamente (Gálatas 4:22-31)…

Por exemplo, o que lemos historicamente como previsto e cumprido na descendência de Abraão segundo a carne, também nós devemos investigar o significado alegórico, como este deve ser cumprido na descendência de Abraão segundo a fé…

Neste testamento, no entanto, que é propriamente chamado de Antigo, e foi dado no Monte Sião, apenas uma felicidade terrena é expressamente prometida. Conformemente, aquela terra, para a qual a nação, após ser conduzida através do deserto, foi levada, é chamada de a terra prometida, em paz e poder real, e a obtenção de vitórias sobre os inimigos, e uma abundância de filhos e de frutos do solo, e dons de um tipo semelhante são as promessas do Antigo Testamento. E estes, de fato, são figuras de bênçãos espirituais que pertencem ao Novo Testamento; mas ainda assim, o homem que vive sob a lei de Deus com essas bênçãos terrenas por sua sanção, é precisamente o herdeiro do Antigo Testamento, pois apenas tais recompensas são prometidas e dadas a ele, de acordo com os termos do Antigo Testamento, à medida que são os objetos de seu desejo de acordo com a condição de velho homem. Mas quaisquer que sejam as bênçãos ali figurativamente apresentadas como pertencentes ao Novo Testamento, exigem o novo homem para dar-lhes efeito. E, sem dúvida, o grande apóstolo entendeu perfeitamente o que ele estava dizendo, quando descreveu os dois testamentos como passíveis de distinção alegórica da escrava e da livre, atribuindo os filhos da carne ao Antigo, e os filhos da promessa ao Novo. “Isto é, não são”, diz ele, “os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência” (Romanos 9:8). Os filhos da carne, então, pertencem à Jerusalém terrena, que é escrava com seus filhos; ao passo que os filhos da promessa pertencem à Jerusalém do alto, a livre, a mãe de todos nós, eterna, nos céus (Gálatas 4:25-26). A partir do que podemos facilmente ver quem são aqueles que pertencem ao reino terreno, e os que pertencem ao reino celestial. Mas, então, as pessoas bem-aventuradas, que mesmo em época inicial foram, pela graça de Deus, ensinadas a entender a distinção agora estabelecida, foram, assim, feitos os filhos da promessa, e foram contabilizados no propósito secreto de Deus como herdeiros do Novo Testamento; embora continuassem com a perfeita aptidão para administrar o Antigo Testamento para o antigo povo de Deus, porque isso foi Divinamente apropriado para aquele povo na distribuição Divina dos tempos e estações.

“Todos me conhecerão” (Jeremias 31:34), Ele diz: “todos”, ou seja, a casa de Israel e a casa de Judá. “Todos”, no entanto, “nem todos os que são de Israel são israelitas” (Romanos 9:6), mas apenas de quem se diz no “salmo sobre o auxílio matutino” (Salmo 22) (isto se refere à nova e refrescante luz, significando o novo testamento [pacto]), “todos vós, semente de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, semente de Israel” (Salmo 22:23). Toda a semente, sem exceção, mesmo toda a semente da promessa e do chamado, mas apenas daqueles que são chamados segundo o Seu propósito (Romanos 8:28). “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” (Romanos 8:30). “Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei” — ou seja, o que vem a partir do Antigo Testamento para o Novo — “mas também à que é da fé”, esta sendo de fato anterior à lei, até mesmo à “fé que teve Abraão” — ou seja, aqueles que imitam a fé de Abraão — “o qual é pai de todos nós; como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí” (Romanos 4:16-17). Agora, todos estes que foram predestinados, chamados, justificados e glorificados, deverão conhecer a Deus pela graça do Novo Testamento [pacto], desde o menor até ao maior deles.

Como, então, a lei das obras — que foi escrita em tábuas de pedra, e sua recompensa, a terra da promessa, que foi a casa que o Israel segundo a carne recebeu após a sua libertação do Egito —, pertencia ao Antigo Testamento [pacto]. Semelhantemente a lei da fé — escrita no coração, e sua recompensa, a visão beatífica que a casa do Israel espiritual receberá quando liberta do presente mundo — pertencem ao Novo Testamento [aliança].

Agostinho

 


[1] Vemos outro caso claro em que as Escrituras se referem a Israel como um tipo de Cristo quando comparamos Oséias 11:1: “Quando Israel [Jesus] era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho” com Mateus 2:15: “Esteve lá [no Egito], até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta [Oséias], que diz: Do Egito chamei o meu Filho” — Nota do Revisor.