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Confissão de Fé Batista de Londres de 1677/1689

Uma Palavra dos Editores

A fé é a base da alegria verdadeira. O Objeto da Verdadeira Fé Evangélica é o Senhor Jesus Cristo, segundo as Escrituras testificam.

Muito louvamos ao e nos alegramos no Senhor por nos conceder fazer esta publicação e por meio dela dar testemunho de nossa Fé no que seja o puro ensino das Escrituras Sagradas e da Santíssima Fé que uma vez foi dada aos santos.

Estamos profundamente tomados de um sentimento de solenidade e temor reverente, doce resolução e firmeza.

“Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar.” (2 Coríntios 3:12)

William Teixeira Pedrosa e Camila Rebeca Vieira de Almeida
EC, 28 de agosto de 2014.

Às vezes penso que gosto da piscina batismal porque tem sido manchada de sangue, e agora está proibida por lei no continente europeu. Amo-a porque vejo nela o sangue de homens e mulheres que foram martirizados porque amaram a verdade de Deus. Acaso não defenderão o estandarte da verdade, depois que tão ilustre linhagem de guerreiros o tem sustentado em suas mãos?  C. H. Spurgeon | A Luta Pela Verdade, Sermão Nº 112.

 

 


Sumário

 

Uma Palavra dos Editores

Apresentação

Tradução da Capa Original da Confissão

Ao Leitor

Sensato e Imparcial

A Confissão de Fé Batista

Capítulo I: Sobre as Sagradas Escrituras

Capítulo II: Sobre Deus e a Santíssima Trindade

Capítulo III: Sobre os Decretos de Deus

Capítulo IV: Sobre a Criação

Capítulo VI: Sobre a Queda do Homem, o Pecado e o Castigo Desse

Capítulo VII: Sobre a Aliança de Deus

Capítulo VIII: Sobre Cristo, o Mediador

Capítulo IX: Sobre o Livre-Arbítrio

Capítulo X: Sobre o Chamado Eficaz

Capítulo XI: Sobre a Justificação

Capítulo XII: Sobre a Adoção

Capítulo XIII: Sobre a Santificação

Capítulo XIV: Sobre a Fé Salvífica

Capítulo XV: Sobre o Arrependimento Para a Vida e Salvação

Capítulo XVI: Sobre as Boas obras

Capítulo XVII: Sobre a Perseverança dos Santos

Capítulo XVIII: Sobre a Segurança da Graça e da Salvação

Capítulo XIX: Sobre a Lei de Deus

Capítulo XX: Sobre o Evangelho e a Extensão de Sua Graça

Capítulo XXI: Sobre a Liberdade Cristã e a Liberdade de Consciência

Capítulo XXII: Sobre o Culto Religioso e o Dia do Senhor

Capítulo XXIII: Sobre os Juramentos Lícitos e os Votos

Capítulo XXIV: Sobre o Magistrado Civil

Capítulo XXV: Sobre o Matrimônio

Capítulo XXVI: Sobre a Igreja

Capítulo XXVII: Sobre a Comunhão dos Santos

Capítulo XXVIII: Sobre o Batismo e a Ceia do Senhor

Capítulo XXIX: Sobre o Batismo

Capítulo XXX: Sobre a Ceia do Senhor

Capítulo XXXI: Sobre o Estado do Homem Após a Morte, e a Ressurreição dos Mortos

Capítulo XXXII: Sobre o Juízo Final

Declaração Final e Signatários

Um Apêndice Para a Confissão de Fé de 1677/89

 


 

Apresentação

 

“Pensei ser correto reimprimir em uma forma econômica esta excelente lista de doutrinas, que foram subscritas por Ministros Batistas no ano de 1689. Nós precisamos de um estandarte pela causa da verdade; pode ser que este pequeno volume ajude a causa do glorioso Evangelho, testemunhando claramente quais são as suas principais doutrinas… Que o Senhor em breve restaure à Sua Sião a pura linguagem e que os seus vigias vejam olho a olho”. Assim escreveu o jovem C. H. Spurgeon, então no segundo ano de seu ministério em New Park Street Chapel, Southwark, em um prefácio dirigido a toda a família da fé, que se alegra nas doutrinas gloriosas da Livre Graça com o qual ele prefaciou esta Confissão quando ele a publicou em outubro de 1855.

 

A própria Confissão foi compilada pela primeira vez pelos Presbíteros e Irmãos de muitas congregações de Cristãos, batizados mediante a sua profissão de fé, em Londres e no País (como eles se descreveram na ocasião) no ano de 1677. Ela baseou-se, e extraiu a sua inspiração da Confissão elaborada pela Assembleia de Teólogos de Westminster numa geração anterior, e na verdade só difere dela em seu ensinamento sobre tais assuntos, como o Batismo, a Ceia do Senhor e governo da igreja, sobre os quais, dentre as igrejas Reformadas, os Batistas diferem dos Presbiterianos. Por medo de perseguição, os compiladores da Confissão de 1677 não assinaram seus nomes, mas quando, em setembro de 1689, depois da revolução do ano anterior, os Ministros e Mensageiros das igrejas puderam se encontrar em tempos mais pacíficos, trinta e sete deles, incluindo todos os ministros Batistas mais eminentes da época, assinaram os seus nomes para a recomendação que circulou entre as igrejas. Depois disso, entre 150 e 200 anos, esta permaneceu a Confissão de Fé definitiva das igrejas Batistas Particulares da Inglaterra e País de Gales.

 

O Sr. Spurgeon, todavia, quando republicou esta confissão, não meramente a prefaciou com certas palavras de recomendação geral. Ele também dirigiu à sua própria igreja em New Park Street algumas palavras práticas de conselhos sobre como eles deveriam usar a Confissão. Estas ainda hoje são relevantes.

 

“Este pequeno volume”, ele escreveu, “não é emitido como uma regra autoritativa, ou código de fé, pelo que vocês devem ser constrangidos, mas como uma ajuda para vocês em controvérsia, uma confirmação na fé, e um meio de edificação na justiça. Aqui os membros mais jovens da nossa igreja terão um Corpo de Teologia, que servirá como uma pequena bússola, e por meio de provas bíblicas, estarão prontos para dar a razão da esperança que há neles.

Não se envergonhem de sua fé; lembrem-se que este é o antigo Evangelho dos mártires, confessores, reformadores e santos. Acima de tudo, é a verdade de Deus, contra a qual todas as portas do inferno não prevalecerão. Deixem suas vidas adornarem a sua fé, deixem o seu exemplo enfeitar o seu credo. Acima de tudo, vivam em Cristo Jesus, e andem nEle, não crendo em nenhum ensinamento, senão no que é manifestamente aprovado por Ele, e de propriedade do Espírito Santo. Apeguem-se fortemente à Palavra de Deus que está aqui mapeada para vocês”.

Esta nova edição da Confissão é enviada como um empreendimento privado por um pequeno grupo de Batistas que estão convencidos de que eles têm uma mensagem para esta geração e acreditam que sua publicação está muito atrasada. Eles esperam que ela conseguirá uma ampla circulação entre as igrejas, e receberá o estudo atento que eles acreditam que será ricamente recompensado.

 

Na Inglaterra durante 1630 e 1640 Congregacionais e Batistas Calvinistas surgiram a partir da Igreja da Inglaterra. Sua inicial existência foi marcada por ciclos repetidos de perseguição nas mãos da religião estabelecida pela coroa e pelo Parlamento. O infame Código Clarendon foi adotado em 1660 para esmagar toda a dissidência da religião oficial do Estado. Períodos de aplicação rigorosa e intervalos de relaxamento destes atos coercitivos assombraram Presbiterianos, Congregacionais e Batistas, semelhantemente.

 

Presbiterianos e Congregacionais, embora menos do que os Batistas, sofreram sob este assédio. Não pouca razão para o seu relativo sucesso em resistir à tirania do governo era a sua frente unida de acordo doutrinário. Todos os Presbiterianos permaneciam com sua Confissão de Westminster de 1646. Os Congregacionais adotaram praticamente os mesmos artigos de fé, na Confissão de Savoy de 1658. Sentindo a substancial unidade deles com os Pedobatistas, sofrendo sob a mesma cruel injustiça, Batistas Calvinistas se reuniram para publicar sua substancial harmonia com eles na doutrina.

 

Uma carta circular foi enviada às igrejas Batistas, especialmente na Inglaterra e no País de Gales, pedindo que cada assembleia enviasse representantes para uma reunião em Londres, em 1677. Uma Confissão conscientemente modelada à Confissão de Fé de Westminster foi aprovada e publicada. Esta, desde então, nasceu com o nome da Segunda Confissão de Londres. A primeira Confissão de Londres fora emitida por sete congregações Batistas de Londres, em 1644. Esse primeiro documento tinha sido elaborado para distinguir Batistas Calvinistas recém-organizados dos Batistas Arminianos e dos Anabatistas. Porque esta segunda Confissão de Londres foi elaborada em horas sombrias de opressão, foi emitida de forma anônima.

 

O prefácio da publicação original de 1677, diz em parte: “[…] Há agora muitos anos desde que muitos de nós… nos percebemos sob uma necessidade de publicar uma Confissão de nossa fé, para a informação e satisfação dos que não entenderam completamente quais são os nossos princípios, tendo entretido preconceitos contra a nossa profissão… Esta foi desenvolvida, primeiramente, em meados de 1643, em nome de sete congregações então reunidas em Londres…” (Esses primeiros Batistas estavam conscientes de que a Confissão Batista Calvinista de 1644 antecedeu a Confissão Presbiteriana de 1646 e a Confissão Congregacional de 1658).

 

“Porquanto esta Confissão não deve agora ser considerada pouco relevante; e também muitos outros têm, desde então, abraçado a mesma verdade que está contida nela; julgou-se necessário por nós que nos uníssemos em dar um testemunho ao mundo de nossa firme adesão a esses princípios salutares…”.

 




Ao Leitor

Sensato e Imparcial

 

Amado leitor,

 

Muitos anos se passaram desde que muitos de nós (com outros Cristãos sóbrios, vivendo e andando no caminho do Senhor, o qual professamos,) pensamos ser necessário publicar a Confissão de nossa Fé, para a informação e satisfação daqueles que não entendiam completamente quais eram nossos princípios, ou que deram ouvidos a preconceitos contra nossa doutrina, por causa da maneira estranha com que foi apresentada por alguns homens notórios, os quais nos julgaram mui impropriamente e, assim, levaram outros a equívocos acerca de nós e nossa fé: essa Confissão foi publicada primeiro por volta do ano de 1643, em nome de sete Congregações então reunidas em Londres; desde aquele tempo, muitas tiragens foram dispersadas, e o objetivo por nós proposto, em boa medida foi alcançado, uma vez que muitos (incluindo alguns daqueles homens eminentes, tanto em piedade como em instrução) deram-se por satisfeitos, [pois entenderam] que não éramos, de maneira alguma, culpados daquelas heterodoxias e erros fundamentais, dos quais mui frequentemente fomos acusados, sem motivo ou ocasião dada de nossa parte. E pelo fato de que nossa Confissão não é [mais] facilmente encontrada; e também porque muitos outros desde aquela época abraçaram a mesma verdade que nela se encontra; achamos necessário testemunhar juntos ao mundo a nossa firme adesão àqueles princípios salutares através da publicação desta que agora está em suas mãos.

 

E porque nosso método, e a maneira de expressar nossos sentimentos, nesta [Confissão], é diferente da antiga (embora a essência do assunto seja a mesma) diremos francamente a razão e a ocasião disso. A realização dessa obra foi (não apenas para prestar contas aos Cristãos que diferem de nós acerca do assunto do Batismo, mas também) para o benefício que dela possa surgir para quaisquer que tenham consideração por nosso labor, para sua instrução, e estabelecimento nas grandes verdades do Evangelho; no claro entendimento, e firme fé, de que nossa caminhada com Deus, agradável e frutífera perante Ele, de todas as maneiras é o que mais nos preocupa. Portanto, concluímos ser necessário nos expressarmos mais completa e distintamente; e também utilizarmos um método que seja mais compreensível naquilo que elaboramos para explicar a nossa fé. Quanto a isso, não tendo encontrado nenhum defeito naquilo que fora estabelecido pela assembleia [de Westminster], e posteriormente por aqueles de convicção Congregacional, prontamente concordamos que seria melhor reter a mesma ordem na presente confissão. Além disso, observamos que os Congregacionais (por razões que parecem importantes tanto para si como para outros) escolheram não só expressar seus pensamentos em palavras similares àquelas de Westminster, no que diz respeito a todos os artigos em que concordam, mas também fazê-lo em sua maior parte sem qualquer variação dos termos. De igual forma concluímos ser melhor seguir o exemplo deles e fazer uso das mesmas palavras nesses artigos (que são muitos) nos quais nossa fé e doutrina é a mesma da deles. Fizemos isso principalmente para manifestar nosso consentimento com ambos, em todos os pontos fundamentais da Religião Cristã, bem como com muitos outros, cujas confissões ortodoxas têm sido publicadas para o mundo; em nome dos Protestantes em diversas nações e cidades: e também a fim de convencer a muitos, que não temos intenção de obstruir a Religião com novas palavras, mas prontamente concordar com essas palavras sãs, que com o consentimento das sagradas Escrituras, foram usadas por outros antes de nós; declarando através deste perante Deus, anjos e homens, nossa amigável concordância com eles, nas sãs doutrinas Protestantes, as quais com tão clara evidência das Escrituras eles têm afirmado. De fato, algumas coisas foram adicionadas em certos lugares, alguns termos omitidos, e alguns poucos modificados, mas essas alterações são de natureza tal que, por causa delas não é preciso haver dúvida, nenhuma acusação ou suspeita de heresia por parte de quaisquer de nossos irmãos. Naquilo em que diferimos dos outros, temos nos expressado com toda sinceridade e clareza, para que ninguém nos acuse de esconder secretamente em nosso seio algo que desejamos que o mundo não conheça; assim, esperamos ter observado as regras da modéstia, e humildade, para que nossa liberdade quanto a isso seja inofensiva mesmo para aqueles cujos sentimentos são diferentes dos nossos.

 

Também tivemos o cuidado de afixar textos da Escritura para confirmar cada ponto de nossa confissão; nessa obra estudamos com empenho a fim de selecionar [passagens] que são mais claras e pertinentes para a prova daquilo que afirmamos: e nosso sincero desejo é que todos em cujas mãos [esse documento] possa chegar, sigam o exemplo (nunca elogiado o suficiente) dos nobres Bereanos, que examinavam as Escrituras diariamente, para saber se as coisas que lhes haviam sido pregadas eram verdade ou não.

 

Há mais uma coisa que professamos com sinceridade, e desejamos com zelo fervoroso que nisso nos deem crédito, a saber, esse é o nosso propósito mais remoto em tudo que temos feito quanto a esse assunto: esperamos que a liberdade sem reservas, que revela nossos princípios, e inclina nossos corações para nossos irmãos, através dos fundamentos da Escritura sobre os quais repousam nossa fé e prática, não seja por nenhum deles negado a nós, ou tirado de nós. Nosso desejo será totalmente realizado se obtivermos justiça ao julgarem nossos princípios e prática, de acordo com o que agora temos publicado. O Senhor (cujos olhos são como chamas de fogo) sabe que essa é a doutrina na qual cremos firmemente, de todo nosso coração, e que nos empenhamos com sinceridade para conformar nossas vidas a elas. [É nosso desejo que,] deixando de lado todas as outras controvérsias, o andar em humildade com Deus e a prática do amor e mansidão uns para com os outros seja o único cuidado e [motivo de] disputa entre todos os que são chamados pelo nome de nosso bendito Redentor, para aperfeiçoamento da santidade [dos santos] no temor do Senhor, cada um empenhando-se em conversações tais como convém aos que [vivem] o Evangelho; e também promover vigorosamente em outros, segundo lugar e capacidade apropriados, a prática da verdadeira religião, imaculada aos olhos de Deus nosso Pai. Que nesses dias de apostasia, possamos não desperdiçar nosso fôlego com acusações infrutíferas acerca das maldades dos outros; mas que cada um de nós comece em casa, a reformar primeiro nossos próprios corações e vida; e só então, nos apressemos a fazer o mesmo onde quer que tenhamos influência; para que se Deus assim o quiser, ninguém se engane ao descansar, e confiar em alguma forma de piedade sem o poder da mesma e sem experimentar pessoalmente a eficácia daquelas verdades que eles mesmos professam. Na verdade, a decadência da religião em nossos dias tem uma única causa, a qual não podemos deixar de observar atentamente, e instar com seriedade a reparação da mesma: o negligenciar da adoração a Deus pelas famílias, por aqueles que se comprometeram [a honrá-Lo] com suas ações e conduta. Os pais não têm ensinado seus filhos no caminho em que devem andar quando ainda moços; eles têm negligenciado o mandamento solene que o Senhor lhes deu, de catequizá-los, e instruí-los para que os anos da mocidade deles sejam temperados pelo conhecimento da verdade de Deus como revelada nas Escrituras. Além disso, porquanto têm eles mesmos sido omissos na oração, e em outros deveres sagrados para com suas famílias, e também por causa do mau exemplo de suas conversações fúteis, [os filhos] tem aprendido, primeiro, a negligenciar e, em seguida, a desprezar toda a piedade e a religião [Cristã]. Sabemos que isso não é desculpa para a cegueira e impiedade de ninguém, e certamente enfrentarão duro juízo [os que assim procedem]; de fato, eles estão mortos em seus próprios pecados; mas não recairá seu sangue sobre aqueles sob cujo cuidado estavam, que não os alertaram, mas os guiaram pelos caminhos da destruição? E não se levantarão os Cristãos do passado para julgá-los e condená-los por causa da negligência desses deveres?

 

Concluímos com nossa oração sincera: que o Deus de toda a graça derrame sobre nós Seu Santo Espírito, para que a confissão da verdade seja acompanhada da sã doutrina, e prática diligente da mesma por nós; a fim de que Seu nome seja glorificado em todas as coisas, por meio de Jesus Cristo nosso Senhor, Amém.

 


 

A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA

 

Desenvolvida pelos Presbíteros e Irmãos
de muitas Congregações de Cristãos (batizados sobre profissão de sua fé)
Em Londres e no País.

“Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Romanos 10:10)

•••

Capítulo I: Sobre as Sagradas Escrituras

1. As Sagradas Escrituras são a única, suficiente, correta e infalível regra de todo conhecimento, fé e obediência salvíficos,1 embora a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, a ponto de tornar os homens indesculpáveis; ainda assim, não são suficientes para oferecer aquele conhecimento de Deus e de Sua vontade, que é necessário para a salvação;2 portanto aprouve ao Senhor, em diversas ocasiões, e de muitas maneiras, revelar-Se, e declarar a Sua vontade para a Sua Igreja;3 e, posteriormente, para melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro estabelecimento e consolo da Igreja contra a corrupção da carne e da malícia de Satanás e do mundo, concedeu a mesma completamente por escrito; o que faz da Sagrada Escritura indispensável. Aqueles antigos modos de Deus revelar a Sua vontade ao Seu povo agora cessaram.4

 

1 2Timóteo 3:15-17; Isaías 8:20; Lucas 16:29,31; Efésios 2:20

2 Romanos 1:19-21, 2:14-15; Salmos 19:1-3

3 Hebreus 1:1

4 Provérbios 22:19-21; Romanos 15:4; 2Pedro 1:19-20

 

 

2. Sob o nome de Sagradas Escrituras, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os Livros do Antigo e do Novo Testamento, que são estes:

 

DO ANTIGO TESTAMENTO: Gênesis; Êxodo; Levítico; Números; Deuteronômio; Josué; Juízes; Rute; 1Samuel, 2Samuel; 1Reis, 2Reis; 1Crônicas, 2Crônicas; Esdras; Neemias; Ester; Jó; Salmos; Provérbios; Eclesiastes; Cantares de Salomão; Isaías; Jeremias, Lamentações; Ezequiel; Daniel; Oséias; Joel; Amós; Obadias; Jonas; Miquéias; Naum; Habacuque; Sofonias; Ageu; Zacarias; Malaquias.

 

DO NOVO TESTAMENTO: Os Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João; Atos dos Apóstolos; as Epístolas de Paulo aos Romanos, 1Coríntios, 2Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1Tessalonicenses, 2Tessalonicenses, 1Timóteo, 2Timóteo, Tito, Filemom; a Epístola aos Hebreus; a Epístola de Tiago; a Primeira e Segunda Epístolas de Pedro; a Primeira, Segunda e Terceira Epístolas de João; a Epístola de Judas; Apocalipse.

 

Todos os quais são dados por inspiração de Deus, para ser a regra de fé e vida.5

 

5 2Timóteo 3:16

 

 

3. Os livros comumente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração Divina, não fazem parte do cânon ou regra da Escritura; e, portanto, não são de autoridade para a Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados, senão como escritos humanos.6

 

6 Lucas 24:27,44; Romanos 3:2

 

 

4. A autoridade das Sagradas Escrituras, razão pela qual devem ser cridas, não depende do testemunho de qualquer homem ou Igreja, mas depende somente de Deus (que é a própria Verdade), o seu Autor; e, portanto, deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus.7

 

7 2Pedro 1:19-21; 2Timóteo 3:16; 2Tessalonicenses 2:13; 1João 5:9

 

 

5. Nós podemos ser movidos e compelidos pelo testemunho da Igreja de Deus a um alto e reverente apreço pelas Sagradas Escrituras; e a sublimidade do assunto, a eficácia da sua doutrina, a majestade do estilo, a concordância de todas as partes, o escopo do seu todo (que é dar toda a glória a Deus), a plena revelação que faz do único caminho da salvação do homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e sua completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser a Palavra de Deus; ainda assim, não obstante, a nossa plena persuasão e certeza de sua verdade infalível e autoridade Divina provêm da operação interna do Espírito Santo, testemunhando por meio da e com a Palavra em nossos corações.8

 

8 João 16:13-14; 1Coríntios 2:10-12; 1João 2:20,27

 

 

6. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a Sua própria glória, a salvação do homem, fé e vida, ou é expressamente declarado ou necessariamente contido nas Sagradas Escrituras, ao que nada, em qualquer tempo, deve ser acrescentado, seja por novas revelações do Espírito, ou por tradições humanas.9 No entanto, nós reconhecemos a iluminação interior do Espírito de Deus como sendo necessária para a compreensão salvífica das coisas reveladas na Palavra;10 e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto a Deus e ao governo da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais devem ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência Cristã, segundo as regras gerais da Palavra, que devem sempre ser observadas.11

 

9 2Timóteo 3:15-17; Gálatas 1:8-9

10 João 6:45; 1Coríntios 2:9-12

11 1Coríntios 11:13-14; 1Coríntios 14:26,40

 

 

7. Nem todas as coisas em si mesmas são igualmente claras na Escritura, nem igualmente claras a todos;12 ainda assim, aquelas coisas que necessitam ser conhecidas, cridas e observadas, para a salvação, são tão claramente propostas e desveladas em algum ou outro lugar da Escritura, de forma que não apenas os doutos, mas os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.13

 

12 2Pedro 3:16

13 Salmos 19:7; Salmos 119:130

8. O Antigo Testamento em Hebraico (que era a língua nativa do povo de Deus no passado),14 e o Novo Testamento em Grego (que, na época em que foi escrito, era mais comumente conhecido entre as nações), sendo imediatamente inspirados por Deus e pelo Seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos; assim, em todas as controvérsias sobre a Religião, a Igreja deve apelar para eles.15 Mas, porque essas línguas originais não são conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras, e é ordenado, no temor de Deus, a lê-las16 e a examiná-las,17 portanto, elas devem ser traduzidas para a língua comum de cada povo aonde chegar,18 para que, a Palavra de Deus habitando abundantemente em todos, eles possam adorá-lO de uma maneira aceitável, e pela paciência e consolação das Escrituras, possam ter esperança.19

 

14 Romanos 3:2

15 Isaías 8:20

16 Atos 15:15

17 João 5:39

18 1Coríntios 14:6,9,11,12,24,28

19 Colossenses 3:16

 

 

9. A regra infalível de interpretação da Escritura é a própria Escritura; e, portanto, quando houver uma questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer Escritura (que não é múltiplo, mas único), esse pode ser investigado por meio de outros textos que o expressem mais claramente.20

 

20 2Pedro 1:20-21; Atos 15:15-16

 

 

10. O Juiz supremo, pelo qual todas as controvérsias da Religião devem ser determinadas, e todos os decretos de concílios, opiniões de escritores antigos, doutrinas de homens e espíritos particulares devem ser examinados, e em cuja sentença devemos nos firmar, não pode ser outro senão as Sagradas Escrituras anunciadas pelo Espírito; no que a Escritura assim anuncia, nossa fé é finalmente decidida.21

 

21 Mateus 22:29,31,32; Efésios 2:20; Atos 28:23

 

 

Capítulo II: Sobre Deus e a Santíssima Trindade

 

1. O Senhor nosso Deus é somente um Deus vivo e verdadeiro;1 cuja subsistência é em e de Si mesmo,2 infinito em Seu ser e perfeição; cuja essência não pode ser compreendida por qualquer outro, senão por Ele mesmo;3 um espírito puríssimo,4 invisível, sem corpo, partes ou paixões, a Quem somente pertence a imortalidade, que habita em luz que nenhum homem pode acessar;5 é imutável,6 imenso,7 eterno,8 incompreensível, onipotente,9 em tudo infinito, santíssimo, sapientíssimo,10 completamente livre e absoluto, operando todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade imutável e justíssima,11 para a Sua própria glória.12 É cheio de amor, gracioso, misericordioso, longânimo, abundante em bondade e verdade, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado; o galardoador dos que diligentemente O buscam13 e, contudo, justíssimo e terrível em Seus julgamentos;14 odiando todo pecado;15 e Quem de modo algum terá o culpado por inocente.16

 

1 1Coríntios 8:4,6; Deuteronômio 6:4

2 Jeremias 10:10; Isaías 48:12

3 Êxodo 3:14

4 João 4:24

5 1Timóteo 1:17; Deuteronômio 4:15-16

6 Malaquias 3:6

7 1Reis 8:27; Jeremias 23:23

8 Salmos 90:2

9 Gênesis 17:1

10 Isaías 6:3

11 Salmos 115:3; Isaías 46:10

12 Provérbios 16:4; Romanos 11:36

13 Êxodo 34:6-7; Hebreus 11:6

14 Neemias 9:32-33

15 Salmos 5:5-6

16 Êxodo 34:7; Naum 1:2-3

 

 

2. Deus possui toda a vida,17 glória,18 bondade19 e bem-aventurança, em e de Si mesmo; Ele é todo suficiente para Si, e não possui necessidade de quaisquer criaturas que Ele fez, nem delas deriva glória alguma,20 mas apenas manifesta Sua própria glória em, por, para e sobre elas; Ele é a única origem de todo ser, de Quem, por Quem e para Quem são todas as coisas;21 e Ele exerce soberano domínio sobre todas as criaturas, para fazer por elas, para elas ou sobre elas tudo que Lhe apraz.22 Todas as coisas estão manifestas e patentes diante dEle;23 Seu conhecimento é infinito, infalível e independente da criatura; assim como nada para Ele é contingente ou incerto.24 Ele é santíssimo em todos os Seus conselhos, em todas as Suas obras25 e em todos os Seus comandos. A Ele, é devido da parte de anjos e homens todo o culto,26 serviço ou obediência que, como criaturas, eles devem em relação ao seu Criador, e tudo quanto mais Ele Se agrada em requerer deles.

 

17 João 5:26

18 Salmos 148:13

19 Salmos 119:68

20 Jó 22:2-3

21 Romanos 11:34-36

22 Daniel 4:25,34,35

23 Hebreus 4:13

24 Ezequiel 11:5; Atos 15:18

25 Salmos 145:17

26 Apocalipse 5:12-14

 

 

3. Em Seu ser Divino e infinito há três subsistências, o Pai, a Palavra ou o Filho, e o Espírito Santo,27 de uma só substância, poder e eternidade, cada um possuindo completa essência Divina, e ainda assim, a essência é indivisível:28 O Pai de ninguém é gerado nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai;29 o Espírito Santo é procedente do Pai e do Filho;30 todos infinitos e sem princípio de existência. Portanto, um só Deus; que não deve ser divido em Seu ser ou natureza, mas, sim, distinguido pelas diversas propriedades peculiares e relativas, e relações pessoais; esta doutrina da Trindade é o fundamento de toda a nossa comunhão com Deus, e confortável dependência dEle.

 

27 1João 5:7; Mateus 28:19; 2Coríntios 13:13

28 Êxodo 3:14; João 14:11; 1Coríntios 8:6

29 João 1:14,18

30 João 15:26; Gálatas 4:6

 

 

 

Capítulo III: Sobre os Decretos de Deus

1. Deus decretou em Si mesmo, desde toda a eternidade, pelo mui sábio e santo conselho de Sua própria vontade, livre e imutavelmente todas as coisas, seja o que for que venha a acontecer;1 ainda assim, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem tem comunhão com algo nisso;2 nem é violentada a vontade da criatura, nem ainda é eliminada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas;3 nas quais demonstra-se a Sua sabedoria em dispor de todas as coisas, e poder e fidelidade em efetuar o Seu decreto.4

 

1 Isaías 46:10; Efésios 1:11; Hebreus 6:17; Romanos 9:15,18

2 Tiago 1:13; 1João 1:5

3 Atos 4:27-28; João 19:11

4 Números 23:19; Efésios 1:3-5

 

 

2. Embora Deus conheça tudo o que possa ou venha a ocorrer, sobre todas as circunstâncias imagináveis;5 ainda assim, Ele não decretou qualquer coisa, porque Ele a previu como futura, ou como aquilo que poderia ocorrer em tais condições.6

 

5 Atos 15:18

6 Romanos 9:11, 13, 16, 18

 

 

3. Por meio do decreto de Deus e para manifestação da Sua glória, alguns homens e anjos são predestinados ou preordenados para a vida eterna por meio de Jesus Cristo,7 para o louvor de Sua gloriosa graça;8 outros são deixados a agir em seus pecados para a sua justa condenação, para o louvor da Sua gloriosa justiça.9

 

7 1Timóteo 5:21; Mateus 25:34

8 Efésios 1:5-6

9 Romanos 9:22-23; Judas 4

 

 

4. Esses anjos e homens, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; e o seu número é tão certo e definido, que não pode ser aumentado ou diminuído.10

 

10 2Timóteo 2:19; João 13:18

5. Aqueles da humanidade que são predestinados para a vida, Deus, antes da fundação do mundo, de acordo com o Seu propósito eterno e imutável, e o secreto conselho e beneplácito de Sua vontade, os escolheu em Cristo, para a glória eterna, por Sua pura livre graça e amor,11 não por qualquer outra coisa na criatura, como condições ou causas que O movessem a isso.12

 

11 Efésios 1:4,9,11; Romanos 8:30; 2Timóteo 1:9; 1Tessalonicenses 5:9

12 Romanos 9:13,16; Efésios 2:5,12

 

 

6. Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo propósito eterno e mui livre de Sua vontade, preordenou todos os meios para isso.13 Portanto, aqueles que são eleitos, estando caídos em Adão, são remidos por Cristo,14 são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo Seu Espírito, que opera no tempo devido; são justificados, adotados, santificados15 e preservados pelo Seu poder por meio da fé para a salvação.16 Nem são quaisquer outros redimidos por Cristo, ou eficazmente chamados, justificados, adotados, santificados e salvos, senão somente os eleitos.17

 

13 1Pedro 1:2; 2Tessalonicenses 2:13

14 1Tessalonicenses 5:9-10

15 Romanos 8:30; 2Tessalonicenses 2:13

16 1Pedro 1:5

17 João 10:26, 17:9, 6:64

 

 

7. A doutrina deste elevado mistério da predestinação deve ser tratada com especial prudência e cuidado, para que os homens, atendendo à vontade de Deus revelada em Sua Palavra, e prestando obediência a esta, possam, a partir da certeza do seu chamado eficaz, certificar-se de sua eleição eterna.18 Portanto, esta doutrina deve motivar louvor,19 reverência e admiração a Deus; e humildade,20 diligência e consolação abundante para todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho.21

 

18 1Tessalonicenses 1:4-5; 2Pedro 1:10

19 Efésios 1:6; Romanos 11:33

20 Romanos 11:5,6,20

21 Lucas 10:20

Capítulo IV: Sobre a Criação

1. No princípio aprouve a Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo,1 para a manifestação da glória do Seu eterno poder,2 sabedoria e bondade, criar ou fazer o mundo, e todas as coisas nele, sejam visíveis ou invisíveis, no espaço de seis dias, e tudo muito bom.3

 

1 1João 1:2-3; Hebreus 1:2; Jó 26:13

2 Romanos 1:20

3 Colossenses 1:16; Gênesis 1:31

 

 

2. Após Deus haver feito todas as outras criaturas, Ele criou o homem, macho e fêmea,4 com almas racionais e imortais,5 e os adequou perfeitamente à vida para Deus, para o que eles foram criados, tendo sido feitos segundo a imagem de Deus, em conhecimento, retidão e verdadeira santidade;6 tendo a lei de Deus escrita em seus corações,7 e poder para cumpri-la; e ainda assim, estavam sob a possibilidade de transgressão, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era sujeita à mudança.8

 

4 Gênesis 1:27

5 Gênesis 2:7

6 Eclesiastes 7:29; Gênesis 1:26

7 Romanos 2:14-15

8 Gênesis 3:6

 

 

3. Além dessa lei escrita em seus corações, eles receberam a ordem de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal;9 de forma que enquanto eles obedeceram a este preceito foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre as criaturas.10

 

9 Gênesis 2:17

10 Gênesis 1:26,28

Capítulo V: Sobre a Divina Providência

1. Deus, o bom Criador de todas as coisas, em Seu infinito poder e sabedoria, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as criaturas,1 e coisas, desde a maior até a menor,2 por Sua mui sábia e santa providência, para o fim para o qual foram criadas, segundo a Sua infalível presciência, e o livre e imutável conselho de Sua própria vontade, para o louvor da glória de Sua sabedoria, poder, justiça, infinita bondade e misericórdia.3

 

1 Hebreus 1:3; Jó 38:11; Isaías 46:10-11; Salmos 135:6

2 Mateus 10:29-31

3 Efésios 1:11

 

 

2. Embora em relação à presciência e ao decreto de Deus, a causa primeira, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente,4 de forma que nada acontece por acaso, ou sem a Sua providência;5 contudo, pela mesma providência, Ele ordena que elas aconteçam de acordo com a natureza das causas secundárias, seja necessária, livre ou contingentemente.6

 

4 Atos 2:23

5 Provérbios 16:33

6 Gênesis 8:22

 

 

3. Deus, em Sua providência ordinária, faz o uso de meios,7 ainda assim, é livre para operar sem,8 acima9 e contra eles,10 como Lhe aprouver.

 

7 Atos 27:31,44; Isaías 55:10-11

8 Oséias 1:7

9 Romanos 4:19-21

10 Daniel 3:27

 

 

4. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, tanto manifestam-se em Sua providência, na qual Seu conselho determinado se estende mesmo até a primeira Queda, e a todas as outras ações pecaminosas tanto de anjos quanto de homens;11 e não por meio de mera permissão, os quais Ele também, mui sábia e poderosamente delimita, e de forma variada ordena e governa12 em uma multiforme dispensação, para os Seus próprios santos fins;13 ainda assim, de forma que a pecaminosidade desses atos procede apenas da criatura, e não de Deus; que sendo santíssimo e justíssimo, não é, nem pode ser o autor ou aprovador do pecado.14

11 Romanos 11:32-34; 2Samuel 24:1; 1Crônicas 21:1

12 2Reis 19:28; Salmos 76:10

13 Gênesis 1:20; Isaías 10:6,7,12

14 Salmos 50:21; 1João 2:16

 

 

5. O Deus mui sábio, justo e gracioso, frequentemente deixa, por algum tempo, Seus próprios filhos em diversas tentações e na corrupção dos seus próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados anteriores ou fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e engano de seus corações, para que eles sejam humilhados; e para elevá-los a uma dependência mais íntima e constante de Seu próprio auxílio, e para torná-los mais vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecado, e para outros santos e justos fins.15 De forma que seja o que for que ocorra com todos os Seus eleitos é por Sua designação, para a Sua glória e para o bem deles.16

 

15 2Crônicas 32:25,26,31; 2Coríntios 12:7-9

16 Romanos 8:28

 

 

6. Quanto àqueles homens perversos e ímpios, a quem Deus, como o justo Juiz, por pecados anteriores, cega e endurece;17 deles, Ele não apenas retém a Sua graça, pela qual eles poderiam ser iluminados em seus entendimentos e forjados em seus corações;18 mas às vezes também lhes retira os dons que eles tinham;19 e os expõe a situações de forma que a corrupção deles se torna em ocasiões de pecado;20 e, além disso, entrega-lhes às suas próprias concupiscências, às tentações do mundo e ao poder de Satanás;21 de maneira que eles se endurecem, sob aqueles meios que Deus usa para quebrantar os outros.22

 

17 Romanos 1:24-26,28, 11:7-8

18 Deuteronômio 29:4

19 Mateus 13:12

20 Deuteronômio 2:30; 2Reis 8:12-13

21 Salmos 81:11-12; 2Tessalonicenses 2:10-12

22 Êxodo 8:15, 32; Isaías 6:9-10; 1Pedro 2:7-8

7. Assim como a providência de Deus, em geral, atinge todas as criaturas, assim também, de uma forma mui especial, Ele cuida de Sua Igreja, e dispõe de todas as coisas para o bem dela.23

 

23 1Timóteo 4:10; Amós 9:8-9; Isaías 43:3-5

 

Capítulo VI: Sobre a Queda do Homem,
o Pecado e o Castigo Desse

1. Deus criou o homem justo e perfeito, e lhe deu uma lei justa, que seria para a vida se ele a tivesse guardado, ou para morte, se a desobedecesse.1 Porém o homem não manteve por muito tempo a sua honra. Satanás valeu-se da astúcia da serpente para seduzir Eva, em seguida, esta seduziu a Adão, que, sem qualquer compulsão, deliberadamente transgrediram a lei de sua criação, e a ordem dada a eles, de não comer o fruto proibido,2 do que Deus foi servido permitir este pecado deles, de acordo com Seu conselho sábio e santo, havendo determinado ordená-lo para a Sua própria glória.

 

1 Gênesis 2:16-17

2 Gênesis 3:12-13; 2Coríntios 11:3

 

 

2. Nossos primeiros pais, por este pecado, decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, e nós neles, e por isso a morte veio sobre todos:3 todos nos tornamos mortos em pecado4 e totalmente corrompidos em todas as faculdades e partes da alma e do corpo.5

 

3 Romanos 3:23

4 Romanos 5:12, etc.

5 Tito 1:15; Gênesis 6:5; Jeremias 17:9; Romanos 3:10-19

 

 

3. Sendo eles os ancestrais e, pelo desígnio de Deus, os representantes de toda humanidade, a culpa do pecado foi imputada à toda a sua posteridade, e a corrupção natural passou a todos os seus descendentes que deles procedem por geração ordinária.6 Sendo estes agora concebidos em pecado,7 e por natureza filhos da ira,8 escravos do pecado, sujeitos à morte9 e a todas as outras misérias espirituais, temporais e eternas, a menos que o Senhor Jesus os liberte.10

 

6 Romanos 5:12-19; 1Coríntios 15:21,22,45,49

7 Salmos 51:5; Jó 14:4

8 Efésios 2:3

9 Romanos 6:20, 5:12

10 Hebreus 2:14-15; 1Tessalonicenses 1:10

 

 

4. Desta corrupção original pela qual ficamos totalmente indispostos, incapacitados e adversos a todo o bem, e inteiramente inclinados a todo o mal,11 é que procedem todas as transgressões atuais.12

 

11 Romanos 8:7; Colossenses 1:21

12 Tiago 1:14-15; Mateus 15:19

 

 

5. A corrupção da natureza persiste durante esta vida naqueles que são regenerados;13 e, embora ela seja perdoada e mortificada através de Cristo, todavia tanto ela mesma como seus primeiros impulsos são verdadeira e propriamente pecado.14

 

13 Romanos 7:18,23; Eclesiastes 7:20; 1João 1:8

14 Romanos 7:23-25; Gálatas 5:17

 

Capítulo VII: Sobre a Aliança de Deus

1. A distância entre Deus e a criatura é tão grande, que, embora as criaturas racionais Lhe devam obediência como seu Criador, nunca poderiam ter alcançado a recompensa da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus, que Ele Se agrada em expressar por meio de aliança.1

 

1 Lucas 17:10; Jó 35:7-8

 

2. Ademais, tendo o homem trazido a si mesmo a maldição da lei, por sua Queda, aprouve ao Senhor fazer um Pacto de Graça,2 no qual Ele oferece livremente aos pecadores a vida e a salvação por meio de Jesus Cristo, exigindo deles a fé nEle, para que eles sejam salvos;3 e prometendo dar a todos os que são ordenados para a vida eterna, o Seu Espírito Santo, para torná-los dispostos e capazes de crer.4

 

2 Gênesis 2:17; Gálatas 3:10; Romanos 3:20-21

3 Romanos 8:3; Marcos 16:15-16; João 3:16

4 Ezequiel 36:26-27; João 6:44-45; Salmos 110:3

 

 

3. Esta Aliança é revelada no Evangelho; primeiramente a Adão na promessa de salvação pela semente da mulher,5 e depois por etapas sucessivas, até que a sua plena revelação foi completada no Novo Testamento;6 e é fundada naquela transação da eterna Aliança que houve entre o Pai e o Filho para a redenção dos eleitos;7 e é somente pela graça desta Aliança que todos da caída posteridade de Adão que já foram salvos, obtiveram a vida e a bem-aventurada imortalidade, o homem é agora totalmente incapaz de ser aceito por Deus naqueles termos em que Adão permanecia em seu estado de inocência.8

 

5 Gênesis 3:15

6 Hebreus 1:1

7 2Timóteo 1:9; Tito 1:2

8 Hebreus 11:6,13; Romanos 4:1-2, etc.; Atos 4:12; João 8:56

 

 

Capítulo VIII: Sobre Cristo, o Mediador

1. Aprouve a Deus, em Seu eterno propósito, e de acordo com o Pacto estabelecido entre ambos, escolher e ordenar o Senhor Jesus, Seu Filho unigênito, para ser o Mediador entre Deus e os homens,1 o Profeta,2 Sacerdote3 e Rei;4 a Cabeça e Salvador da Igreja,5 o herdeiro de todas as coisas,6 e Juiz do mundo;7 a quem, desde toda a eternidade, deu um povo para ser Sua posteridade e para ser por Ele, no tempo, remido, chamado, justificado, santificado e glorificado.8

 

1 Isaías 42:1; 1Pedro 1:19-20

2 Atos 3:22

3 Hebreus 5:5-6

4 Salmos 2:6; Lucas 1:33

5 Efésios 1:22-23

6 Hebreus 1:2

7 Atos 17:31

8 Isaías 53:10; João 17:6; Romanos 8:30

 

 

2. O Filho de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, o resplendor da glória do Pai, da mesma substância e igual a Ele; Quem criou o mundo, Quem sustenta e governa todas as coisas que Ele fez, quando chegou a plenitude dos tempos, tomou sobre Si a natureza humana, com todas as propriedades essenciais e fraquezas comuns,9 embora sem pecado;10 foi concebido pelo Espírito Santo, no ventre da Virgem Maria, o Espírito Santo desceu sobre ela, e o poder do Altíssimo a envolveu; e assim foi feito de uma mulher, da tribo de Judá, da descendência de Abraão e Davi, segundo as Escrituras;11 para que duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas, fossem inseparavelmente unidas em uma só Pessoa, sem conversão, composição ou confusão. Esta Pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, mas um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem.12

 

9 João 1:14; Gálatas 4:4

10 Romanos 8:3; Hebreus 2:14,16,17, 4:15

11 Mateus 1:22-23

12 Lucas 1:27,31,35; Romanos 9:5; 1Timóteo 2:5

 

 

3. O Senhor Jesus em Sua natureza humana assim unida à Divina na Pessoa do Filho, foi santificado e ungido com o Espírito Santo sobremaneira;13 tendo em Si todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento,14 em Quem aprouve a Deus que toda a plenitude habitasse,15 a fim de que sendo santo, inocente, imaculado,16 e cheio de graça e de verdade,17 Ele pudesse estar plenamente qualificado para exercer o ofício de um Mediador e Fiador.18 Este ofício Ele não tomou para Si por conta própria, mas para este foi nomeado por Seu Pai;19 que colocou todo o poder e juízo em Sua mão, e Lhe ordenou que os exercesse.20

13 Salmos 45:7; Atos 10:38; João 3:34

14 Colossenses 2:3

15 Colossenses 1:19

16 Hebreus 7:26

17 João 1:14

18 Hebreus 7:22

19 Hebreus 5:5

20 João 5:22,27; Mateus 28:18; Atos 2:36

 

 

4. Este ofício o Senhor Jesus empreendeu mui voluntariamente,21 para que pudesse exercê-lo, foi feito sujeito à Lei,22 que Ele cumpriu perfeitamente e suportou o castigo que nos era devido, que nós deveríamos ter recebido e sofrido.23 E foi feito pecado e maldição por nossa causa,24 suportando as mais cruéis aflições em Sua alma e os sofrimentos mais dolorosos em Seu corpo;25 foi crucificado e morreu; e ficou em estado de morte, mas não viu a corrupção.26 No terceiro dia Ele ressuscitou dentre os mortos,27 com o mesmo corpo no qual Ele sofreu;28 com o qual também Ele subiu ao Céu,29 e lá está assentado à destra do Pai, fazendo intercessão;30 e voltará para julgar homens e anjos, no fim do mundo.31

 

21 Salmos 40:7-8; Hebreus 10:5-10; João 10:18

22 Gálatas 4:4; Mateus 3:15

23 Gálatas 3:13; Isaías 53:6; 1Pedro 3:18

24 2Coríntios 5:21

25 Mateus 26:37-38; Lucas 22:44; Mateus 27:46

26 Atos 13:37

27 1Coríntios 15:3-4

28 João 20:25,27

29 Marcos 16:19; Atos 1:9-11

30 Romanos 8:34; Hebreus 9:24

31 Atos 10:42; Romanos 14:9-10; Atos 1:11; 2Pedro 2:4

 

 

5. O Senhor Jesus, pela Sua perfeita obediência e sacrifício de Si mesmo, que Ele, pelo Espírito eterno, uma vez ofereceu a Deus, satisfez plenamente a justiça de Deus;32 obteve a reconciliação e adquiriu uma herança eterna no reino dos Céus, para todos quantos foram dados a Ele pelo Pai.33

 

32 Hebreus 9:14, 10:14; Romanos 3:25-26

33 João 7:2; Hebreus 9:15

6. Embora o preço da redenção não tenha sido realmente pago por Cristo senão depois da Sua encarnação, contudo a virtude, a eficácia e os benefícios dela foram comunicados aos eleitos, em todas as épocas sucessivamente desde o princípio do mundo, nas, e através das, promessas, tipos e sacrifícios em que Cristo foi revelado, e que O apontavam como a semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente,34 e como o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo,35 sendo o mesmo ontem, hoje e para sempre.36

 

34 1Coríntios 4:10; Hebreus 4:2; 1Pedro 1:10-11

35 Apocalipse 13:8

36 Hebreus 13:8

 

 

7. Cristo, na obra da mediação, age de acordo com ambas as naturezas; cada uma delas atuando como lhe é próprio. Mesmo assim, em razão da unidade da Pessoa, aquilo que é próprio de uma natureza, às vezes, na Escritura, é atribuído à Pessoa de Cristo denominada pela outra natureza.37

 

37 João 3:13; Atos 20:28

 

 

8. Cristo certamente aplica e comunica eficazmente a redenção eterna, para todos quantos Ele a obteve, fazendo intercessão por eles;38 unindo-os a Si mesmo por Seu Espírito; revelando-lhes, na e pela Sua Palavra, o mistério da salvação, persuadindo-os a crer e a obedecer,39 governando seus corações pelo Seu Espírito40 e por Sua Palavra, e vencendo todos os inimigos deles, por Sua onipotência e sabedoria,41 da maneira e pelos meios mais conformes com a Sua admirável e inescrutável dispensação; e tudo isso por livre e absoluta graça, sem qualquer precondição de neles ter sido vista de antemão uma busca pela redenção.42

 

38 João 6:37, 10:15-16, 17:9; Romanos 5:10

39 João 17:6; Efésios 1:9; 1João 5:20

40 Romanos 8:9, 14

41 Salmos 110:1; 1Coríntios 15:25-26

42 João 3:8; Efésios 1:8

9. Este ofício de Mediador entre Deus e os homens cabe exclusivamente a Cristo, que é o Profeta, Sacerdote e Rei da Igreja de Deus; e isto não pode ser no todo, ou em qualquer parte, transferido de Cristo para qualquer outro.43

 

43 1Timóteo 2:5

 

 

10. Este número e ordem de ofícios são necessários. Precisamos de Seu ofício profético,44 por causa de nossa ignorância. Por causa de nossa alienação de Deus, e da imperfeição de nossos melhores serviços, nós necessitamos de Seu ofício sacerdotal para nos reconciliar e apresentar aceitáveis a Deus.45 E no que diz respeito à nossa aversão e incapacidade absoluta de converter-nos a Deus, e para o nosso resgate e segurança contra nossos adversários espirituais, precisamos de Seu ofício real para nos convencer, subjugar, atrair, sustentar, libertar e preservar para o Seu reino celestial.46

 

44 João 1:18

45 Colossenses 1:21; Gálatas 5:17

46 João 16:8; Salmos 110:3; Lucas 1:74-75

 

Capítulo IX: Sobre o Livre-Arbítrio

1. Deus dotou a vontade do homem com tal liberdade natural e poder de ação em escolha, que ela não é nem forçada, nem predeterminada para o bem ou o mal por qualquer necessidade da natureza.1

 

1 Mateus 17:12; Tiago 1:14; Deuteronômio 30:19

 

 

2. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus;2 mas ainda assim, era instável, de forma que ele podia cair deste estado.3

 

2 Eclesiastes 7:29

3 Gênesis 3:6

3. O homem, por meio de sua queda em um estado de pecado, perdeu completamente todo o poder da vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação;4 assim como um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto em pecado,5 não é capaz, por sua própria força, de converter-se ou preparar-se para isso.6

 

4 Romanos 5:6, 8:7

5 Efésios 2:1,5

6 Tito 3:3-5; João 6:44

 

 

4. Quando Deus converte um pecador e o transporta para o estado de graça, Ele o liberta de sua natural escravidão ao pecado7 e, por Sua graça, o habilita a livremente querer e fazer aquilo que é espiritualmente bom;8 ainda assim, em razão de sua corrupção remanescente, ele não o faz perfeitamente, nem apenas deseja o que é bom, mas também o que é mau.9

 

7 Colossenses 1:13; João 8:36

8 Filipenses 2:13

9 Romanos 7:15,18,19,21,23

 

 

5. A vontade do homem é feita imutável e perfeitamente livre somente para o bem, apenas no estado de glória.10

 

10 Efésios 4:13

 

Capítulo X: Sobre o Chamado Eficaz

1. Aqueles a quem Deus predestinou para a vida, a Ele apraz, em Seu tempo determinado e aceitável, chamar eficazmente,1 por Sua Palavra e Espírito, do estado natural de pecado e morte no qual eles estão por natureza, para a graça e a salvação por Jesus Cristo.2 Isto Ele faz, iluminando suas mentes de maneira espiritual e salvífico, para que entendam as coisas de Deus,3 tirando-lhes o coração de pedra e dando-lhes um coração de carne;4 renovando as suas vontades, e por Sua onipotência, predispondo-os para o bem e atraindo-os irresistivelmente para Jesus Cristo;5 no entanto, eles vêm a Cristo mui livremente, sendo para isso dispostos pela Sua graça.6

 

1 Romanos 8:30, 11:7; Efésios 1:10-11; 2Tessalonicenses 2:13-14

2 Efésios 2:1-6

3 Atos 26:18; Efésios 1:17-18

4 Ezequiel 36:26

5 Deuteronômio 30:6; Ezequiel 36:27; Efésios 1:19

6 Salmos 110:3; Cantares 1:4

 

 

2. Este chamado eficaz é somente por livre e especial graça de Deus e não provém de qualquer coisa prevista no homem, e nem de algum poder ou agência da criatura,7 sendo esta totalmente passiva nisso, estando morta em pecados e transgressões, até que, sendo vivificada e renovada pelo Espírito Santo,8 é feita capaz de corresponder a ela, e a receber a graça oferecida e comunicada nela. Para isso é necessário um poder que de modo nenhum é menor do que aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos.9

 

7 2Timóteo 1:9; Efésios 2:8

8 1Coríntios 2:14; Efésios 2:5; João 5:25

9 Efésios 1:19-20

 

 

3. As crianças eleitas que morrem na infância são regeneradas e salvas por Cristo, através do Espírito,10 que opera quando, onde e como Lhe agrada.11 Do mesmo modo são salvas todas as pessoas eleitas incapazes de serem chamadas exteriormente, pelo ministério da Palavra.

 

10 João 3:3,5,6

11João 3:8

 

 

4. Outros não-eleitos, embora possam ser chamados pelo ministério da Palavra, e tenham algumas das operações comuns do Espírito,12 contudo não sendo eficazmente atraídos pelo Pai, eles nem querem e nem podem verdadeiramente vir a Cristo e, portanto, não podem ser salvos;13 muito menos poderão ser salvos os que não seguem a Religião Cristã, por mais diligentes que sejam em conformar suas vidas à luz da natureza e regras da religião que professam.14

 

12 Mateus 22:14, 13:20-21; Hebreus 6:4-5

13 João 6:44,45,65; 1João 2:24-25

14 Atos 4:12; João 4:22, 17:3

 

 

Capítulo XI: Sobre a Justificação

1. Aqueles a quem Deus chama eficazmente, Ele também livremente justifica,1 não por meio da infusão de justiça neles, mas por perdoar os seus pecados e por considerar e aceitar as suas pessoas como justos;2 não por qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente por causa de Cristo;3 não lhes imputando como sua justiça a própria fé, o ato de crer, ou qualquer outra obediência evangélica, mas pela imputação da obediência ativa de Cristo a toda a Lei, e obediência passiva em Sua morte por Sua completa e única justiça pela fé;4 fé esta que eles não têm de si mesmos, pois ela é um dom de Deus.5

 

1 Romanos 3:24, 8:30

2 Romanos 4:5-8; Efésios 1:7

3 1Coríntios 1:30-31; Romanos 5:17-19

4 Filipenses 3:8-9; Efésios 2:8-10

5 João 1:12; Romanos 5:17

 

 

2. A fé, assim recebendo a Cristo e descansando nEle e em Sua justiça, é o único instrumento de justificação;6 ainda assim, ela não está sozinha na pessoa justificada, mas sempre encontra-se acompanhada de todas as outras graças salvíficas, e não é uma fé morta, mas uma fé que opera pelo amor.7

 

6 Romanos 3:28

7 Gálatas 5:6; Tiago 2:17,22,26

 

3. Cristo, por Sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos os que são assim justificados, e pelo sacrifício de Si mesmo, no sangue de Sua cruz, sujeitando-Se no lugar deles à penalidade a eles devida, fez uma satisfação apropriada, real e plena à justiça de Deus em nome deles.8 No entanto, isso acontece na medida em que Ele foi dado pelo Pai para eles, e Sua obediência e satisfação são aceitas em seu lugar, e ambos livremente, não por qualquer coisa neles.9 A justificação deles acontece apenas por livre graça, de forma que tanto a exata justiça quanto a rica graça de Deus são glorificadas na justificação dos pecadores.10

 

8 Hebreus 10:14; 1Pedro 1:18-19; Isaías 53:5-6

9 Romanos 8:32; 2Coríntios 5:21

10 Romanos 3:26; Efésios 1:6-7, 2:7

 

 

4. Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar todos os eleitos;11 e Cristo, na plenitude do tempo, morreu pelos pecados deles e ressuscitou para a sua justificação;12 no entanto, eles não são justificados pessoalmente, até que o Espírito Santo, em devido tempo, efetivamente, aplica-lhes a Cristo.13

 

11 Gálatas 3:8; 1Pedro 1:2; 1Timóteo 2:6

12 Romanos 4:25

13 Colossenses 1:21-22; Tito 3:4-7

 

 

5. Deus continua a perdoar os pecados daqueles que são justificados;14 e embora eles nunca possam cair do estado de justificação,15 contudo eles podem, por seus pecados, cair no desagrado paternal de Deus,16 e nesta condição eles usualmente não têm a luz de Sua face restaurada a eles, até que se humilhem, confessem seus pecados, peçam perdão e renovem sua fé e arrependimento.17

 

14 Mateus 6:12; 1João 1:7,9

15 João 10:28

16 Salmos 89:31-33

17 Salmos 32:5; Salmos 51; Mateus 26:75

 

 

6. A justificação dos crentes sob o Antigo Testamento era, em todos estes aspectos, uma e a mesma com a justificação dos crentes sob o Novo Testamento.18

 

18 Gálatas 3:9; Romanos 4:22-24

Capítulo XII: Sobre a Adoção

1. A todos quantos são justificados em Seu único Filho, Jesus Cristo, e, por causa dEle, Deus é servido de fazer participantes da graça da adoção,1 por esta graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus2 e gozam da liberdade e privilégios de filhos de Deus;3 recebem sobre si o nome de Deus; recebem o Espírito de adoção;4 têm acesso ao trono da graça com confiança; são habilitados a clamar: “Aba, Pai”;5 são tratados com compaixão,6 protegidos,7 providos8 e por Ele corrigidos, como por um Pai;9 porém, jamais são lançados fora,10 pois estão selados para o dia da redenção,11 e herdam as promessas, na qualidade de herdeiros da salvação eterna.12

 

1 Efésios 1:5; Gálatas 4:4-5

2 João 1:12; Romanos 8:17

3 2Coríntios 6:18; Apocalipse 3:12

4 Romanos 8:15

5 Gálatas 4:6; Efésios 2:18

6 Salmos 103:13

7 Provérbios 14:26; 1Pedro 5:7

8 Hebreus 12:6

9 Isaías 54:8-9

10 Lamentações 3:31

11 Efésios 4:30

12 Hebreus 1:14, 6:12

 

Capítulo XIII: Sobre a Santificação

1. Aqueles que são unidos a Cristo, eficazmente chamados e regenerados, tendo um novo coração e um novo espírito criados neles, através da virtude da morte e ressurreição de Cristo, são também santificados real e pessoalmente1 por meio da mesma virtude, pela Sua Palavra e Espírito que habita neles;2 o domínio de todo o corpo do pecado é destruído,3 e as várias concupiscências são cada vez mais enfraquecidas e mortificadas,4 e eles mais e mais vivificados e fortalecidos em todas as graças salvíficas5 para a prática da verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor.6

 

1 Atos 20:32; Romanos 6:5-6

2 João 17:17; Efésios 3:16-19; 1Tessalonicenses 5:21-23

3 Romanos 6:14

4 Gálatas 5:24

5 Colossenses 1:11

6 2Coríntios 7:1; Hebreus 12:14

 

 

2. Esta santificação se dá no homem todo,7 ainda que imperfeita nesta vida, portanto, ainda permanecem alguns resíduos de corrupção em todas as partes,8 de onde nasce uma guerra contínua e irreconciliável, a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne.9

 

7 1Tessalonicenses 5:23

8 Romanos 7:18,23

9 Gálatas 5:17; 1Pedro 2:11

 

 

3. Nesta guerra, embora a corrupção remanescente por um tempo possa grandemente prevalecer,10 contudo, através do suprimento contínuo de força do Espírito santificador de Cristo, a parte regenerada triunfa,11 e assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus, esforçando-se para viver uma vida celestial, em obediência evangélica a todos os mandamentos que Cristo, como Cabeça e Rei, em Sua Palavra prescreve a eles.12

 

10 Romanos 7:23

11 Romanos 6:14

12 Efésios 4:15-16; 2Coríntios 3:18, 7:1

 

 

Capítulo XIV: Sobre a Fé Salvífica

1. A graça da fé, pela qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação de suas almas, é obra do Espírito de Cristo em seus corações,1 e é ordinariamente operada pelo ministério da Palavra;2 e por este também — e pela administração do Batismo e da Ceia do Senhor, pela oração, e por outros meios prescritos por Deus — é aumentada e fortalecida.3

 

1 2Coríntios 4:13; Efésios 2:8

2 Romanos 10:14,17

3 Lucas 17:5; 1Pedro 2:2; Atos 20:32

2. Por esta fé, o Cristão crê ser verdade tudo quanto é revelado na Palavra, segundo a autoridade do próprio Deus,4 e também apreende uma excelência nela acima de todos os outros escritos e todas as demais coisas do mundo:5 por ela demonstrar a glória de Deus em Seus atributos, a excelência de Cristo em Sua natureza e ofícios, e o poder e a plenitude do Espírito Santo em Suas obras e operações. Reconhecendo tudo isso, o Cristão é capacitado a confiar sua alma irrestritamente à verdade assim crida;6 e também age em conformidade com aquilo que cada passagem contém em particular, prestando obediência aos mandamentos,7 tremendo diante das ameaças8 e abraçando as promessas de Deus para esta vida, e para a que está por vir.9 Entretanto os principais atos de fé salvífica possuem relação imediata com Cristo: aceitar, receber e confiar exclusivamente nEle para a justificação, santificação e a vida eterna, em virtude do Pacto da Graça.10

 

4 Atos 24:14

5 Salmos 19:7-10, 69:72

6 2Timóteo 1:12

7 João 15:14

8 Isaías 116:2

9 Hebreus 11:13

10 João 1:12; Atos 16:31; Gálatas 2:20; Atos 15:11

 

 

3. Esta fé, embora possa ser diferente em graus, e possa ser fraca ou forte.11 Ainda assim como as demais graças salvíficas, mesmo se for pequeníssima, ela é de um tipo e de uma natureza diferentes — como acontece com todas as demais graças salvíficas — daquela fé e da graça comum que os seguidores meramente professos possuem.12 Por isso, mesmo que seja muitas vezes atacada e enfraquecida, ainda assim, alcança a vitória;13 crescendo em muitos para uma plena segurança por meio de Cristo,14 que é o Autor e também o Consumador da nossa fé.15

 

11 Hebreus 5:13-14; Mateus 6:30; Romanos 4:19-20

12 2Pedro 1:1

13 Efésios 6:16; 1João 5:4-5

14 Hebreus 6:11-12; Colossenses 2:2

15 Hebreus 12:2

 

 

Capítulo XV: Sobre o Arrependimento Para a Vida e Salvação

 

1. Aqueles eleitos que são convertidos em anos maduros, tendo vivido algum tempo em estado natural, e por isso, servido a diversas concupiscências e prazeres, Deus em seu chamado eficaz concede-lhes o arrependimento para a vida.1

 

1 Tito 3:2-5

 

 

2. Considerando que não há ninguém que faça o bem e não peque,2 e que o melhor dos homens, através do poder e sedução da corrupção que habita nele, com a prevalência das tentações, pode cair em grandes pecados e provocações, Deus tem, no Pacto da Graça, providenciado misericordiosamente que os crentes que assim pecaram e caíram, sejam renovados através do arrependimento para a salvação.3

 

2 Eclesiastes 7:20

3 Lucas 22:31-32

 

 

3. Este arrependimento salvífico é uma graça evangélica,4 pelo qual uma pessoa, sendo pelo Espírito Santo feita sensível aos múltiplos males do seu pecado, pela fé em Cristo, humilha-se por aquele com a tristeza segundo Deus, ódio ao pecado e autoaborrecimento,5 orando por perdão e pela força da graça, com um propósito e esforço, por suprimentos do Espírito, para andar diante de Deus agradando-Lhe em todas as coisas.6

 

4 Zacarias 12:10; Atos 11:18

5 Ezequiel 36:31; 2Coríntios 7:11

6 Salmos 119:6, 128

 

 

4. Como o arrependimento deve continuar por todo o curso de nossas vidas, em consideração ao corpo da morte, e as ações do mesmo, por isso, é dever de todo homem arrepender-se de seus pecados particulares e conhecidos, individualmente.7

 

7 Lucas 19:8; 1Timóteo 1:13,15

5. Tal é a provisão que Deus tem feito por Cristo, no Pacto da Graça, para a preservação dos crentes para a salvação, que, embora não haja pecado tão pequeno que não mereça a condenação;8 contudo não há pecado tão grande que possa trazer condenação sobre aqueles que verdadeiramente se arrependem;9 o que torna necessária a constante pregação sobre o arrependimento.

 

8 Romanos 6:23

9 Isaías 1:16-18, 55:7

 

Capítulo XVI: Sobre as Boas obras

1. Boas obras são somente aquelas que Deus ordenou em Sua Santa Palavra,1 e não as que, sem autoridade dela, são realizadas por homens movidos por um zelo cego ou sob qualquer outro pretexto de boa intenção.2

 

1 Miquéias 6:8; Hebreus 13:21

2 Mateus 15:9; Isaías 29:13

 

 

2. Estas boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são os frutos e as evidências de uma fé viva e verdadeira,3 e por elas os crentes manifestam a sua gratidão,4 fortalecem a sua confiança,5 edificam os seus irmãos, adornam a profissão do Evangelho,6 fazem calar os adversários e glorificam a Deus,7 de cuja feitura são, criados em Cristo Jesus para isso mesmo,8 a fim de que, tendo o seu fruto para santificação, eles possam ter por fim a vida eterna.9

 

3 Tiago 2:18,22

4 Salmos 116:12-13

5 1João 2:3,5; 2Pedro 1:5-11

6 Mateus 5:16

7 1Timóteo 6:1; 1Pedro 2:15; Filipenses 1:11

8 Efésios 2:10

9 Romanos 6:22

 

3. Sua capacidade de fazer boas obras não é de modo algum dos próprios crentes, mas provém totalmente do Espírito de Cristo.10 E para que os crentes possam desempenhar as boas obras, além das graças que já receberam, é necessária uma influência contínua do mesmo Espírito Santo operando neles tanto o querer como o efetuar segundo a Sua boa vontade,11 isso, porém, não significa que eles devem tornar-se negligentes, como se não tivessem a obrigação de cumprirem um dever senão quando movidos de maneira especial pelo Espírito; antes, eles devem ser diligentes em desenvolver a graça de Deus que neles há.12

 

10 João 15:4-5

11 2Coríntios 3:5; Filipenses 2:13

12 Filipenses 2:12; Hebreus 6:11-12; Isaías 64:7

 

 

4. Mesmo aqueles que conseguem prestar a maior obediência nesta vida, estão longe de exceder e fazer mais do que é requerido por Deus, pois eles ainda ficam aquém do muito que, por dever, eles são obrigados a fazer.13

 

13 Jó 9:2-3; Gálatas 5:17; Lucas 17:10

 

 

5. Pelas nossas melhores obras não podemos merecer da mão de Deus o perdão de nossos pecados ou a vida eterna, visto ser grande a desproporção que há entre elas e a glória por vir, e a infinita distância que há entre nós e Deus, a Quem não podemos ser úteis por meio delas, nem satisfazê-lO pela dívida dos nossos pecados anteriores;14 mas quando tivermos feito tudo o que pudermos temos feito somente o nosso dever e somos servos inúteis. Se nossas obras são boas elas procedem do Espírito.15 Contudo, à medida que elas são desempenhadas por nós, essas obras vão sendo contaminadas e misturadas com tanta fraqueza e imperfeição, que não podem suportar a severidade do julgamento de Deus.16

14 Romanos 3:20; Efésios 2:8-9; Romanos 4:6

15 Gálatas 5:22-23

16 Isaías 64:6; Salmos 43:2

 

 

6. Todavia, desde que os crentes, como pessoas, são aceitos por meio de Cristo, as suas obras também são aceitas nEle,17 não como se fossem nesta vida totalmente inculpáveis e irrepreensíveis diante de Deus; antes, significa que Ele, olhando para eles em Seu Filho, Se agrada de aceitar e recompensar aquilo que é sincero, embora realizado com muitas fraquezas e imperfeições.18

 

17 Efésios 1:5; 1Pedro 1:5

18 Mateus 25:21,23; Hebreus 6:10

 

 

7. As obras feitas por homens não-regenerados, embora por si mesmas possam ser coisas que Deus ordena, e proveitosas tanto para a pessoa que as faz quanto para outrem;19 contudo, porque não procedem de um coração purificado pela fé;20 não estão de acordo com a Palavra,21 nem são feitas de uma maneira correta, nem com a finalidade correta, a saber, a glória de Deus;22 elas são, portanto, pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem tornar uma pessoa apta para receber a graça de Deus;23 não obstante negligenciá-las é ainda mais pecaminoso e ofensivo a Deus.24

 

19 2Reis 10:30; 1Reis 21:27,29

20 Gênesis 4:5; Hebreus 11:4,6

21 1Coríntios 13:1

22 Mateus 6:2,5

23 Amós 5:21-22; Romanos 9:16; Tito 3:5

24 Jó 21:14-15; Mateus 25:41-43

 

 

Capítulo XVII: Sobre a Perseverança dos Santos

1. Aqueles a quem Deus aceitou no Amado, foram eficazmente chamados e santificados pelo Seu Espírito, e receberam o dom da preciosa fé dos Seus eleitos, não podem nem total nem finalmente cair do estado de graça, mas certamente perseverarão até o fim, e serão eternamente salvos, considerando que os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento, pelo que Ele os gera e ainda os alimenta em fé, arrependimento, amor, alegria, esperança e todas as graças do Espírito para a imortalidade;1 e, apesar de muitas tempestades e inundações surgirem e combaterem contra eles, contudo estas nunca poderão tirá-los dessa Fundação e Rocha, em que pela fé eles estão firmados; não obstante, por causa da incredulidade e das tentações de Satanás, a sensível visão da luz e do amor de Deus podem estar por um tempo nublada e obscurecida para eles,2 mas Ele ainda é o mesmo, e eles terão a certeza de estarem guardados pelo poder de Deus para a salvação, onde gozam de sua herança adquirida, eles estão gravados na palma de Suas mãos, e os seus nomes estão escritos no livro da vida desde toda a eternidade.3

 

1 João 10:28-29; Filipenses 1:6; 2Timóteo 2:19; 1João 2:19

2 Salmos 89:31-32; 1Coríntios 11:32

3 Malaquias 3:6

 

 

2. Esta perseverança dos santos depende, não do seu próprio livre-arbítrio, mas da imutabilidade do decreto da eleição,4 que flui a partir do livre e imutável amor de Deus, o Pai; sobre a eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo; da união com Ele;5 da promessa de Deus;6 da permanência de Seu Espírito; da semente de Deus dentro deles7 e da natureza do Pacto da Graça;8 de todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade.

 

4 Romanos 8:30, 9:11,16

5 Romanos 5:9-10; João 14:19

6 Hebreus 6:17-18

7 1João 3:9

8 Jeremias 32:40

 

 

3. E embora, eles possam, através das tentações de Satanás e do mundo, da prevalência da corrupção remanescente neles, e da negligência dos meios de sua preservação, cair em pecados graves; e por algum tempo continuar neles,9 quando eles assim incorrem no desagrado de Deus e entristecem o Seu Espírito Santo;10 vindo a ter suas graças e consolos enfraquecidos;11 têm os seus corações endurecidos e as suas consciências feridas;12 prejudicam e escandalizam os outros e atraem sobre si juízos temporais;13 ainda assim, eles renovarão o seu arrependimento e serão preservados pela fé em Jesus Cristo até o fim.14

 

9 Mateus 26:70,72,74

10 Isaías 64:5,9; Efésios 4:30

11 Salmos 51:10,12

12 Salmos 32:3-4

13 2Samuel 12:14

14 Lucas 22:32,61,62

Capítulo XVIII: Sobre a Segurança da Graça e da Salvação

 

1. Embora os que creem temporariamente, e outros homens não-regenerados, possam em vão iludir-se com falsas esperanças e presunções carnais de se acharem no favor de Deus e em estado de salvação; esta esperança deles perecerá,1 mas quanto aos que verdadeiramente creem no Senhor Jesus, e O amam com sinceridade, procurando andar em toda a boa consciência diante dEle, estes podem, nesta vida, certificar-se de que eles estão em um estado de graça, e podem regozijar-se na esperança da glória de Deus,2 esta esperança jamais os envergonhará.3

 

1 Jó 8:13-14; Mateus 7:22-23

2 1João 2:3, 3:14,18,19,21,24, 5:13

3 Romanos 5:2,5

 

 

2. Esta certeza não é algo meramente conjectural e provável, baseada em uma esperança falível; mas uma infalível segurança de fé,4 fundada no sangue e justiça de Cristo revelados no Evangelho,5 bem como na evidência interna daquelas graças do Espírito em que as promessas são feitas,6 e no testemunho do Espírito de adoção que testifica com os nossos espíritos que somos filhos de Deus,7 e, como fruto disso, mantendo o nosso coração humilde e santo.8

 

4 Hebreus 6:11,19

5 Hebreus 6:17-18

6 2Pedro 1:4,5,10,11

7 Romanos 8:15-16

8 1João 3:1-3

 

 

3. Esta segurança infalível não pertence de tal modo à essência da fé, que um verdadeiro crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar muito e lutar com muitas dificuldades;9 contudo sendo habilitado pelo Espírito a conhecer as coisas que lhe são livremente dadas por Deus, ele pode alcançá-la, sem revelação extraordinária, no uso correto dos meios.10 E, portanto, é dever de todos empregar toda a diligência para fazer firme a sua vocação e eleição; a fim de que por esse modo, o seu coração possa dilatar-se em paz e gozo no Espírito Santo, em amor e gratidão a Deus, e em força e alegria nos deveres de obediência, estes são os frutos próprios desta segurança,11 a qual está longe de inclinar os homens para o relaxamento.12

 

9 Isaías 50:10; Salmos 88; Salmos 77:1-12

10 1João 4:13; Hebreus 6:11-12

11 Romanos 5:1,2,5, 14:17; Salmos 119:32

12 Romanos 6:1-2; Tito 2:11,12,14

 

 

4. Os verdadeiros crentes podem ter a certeza da sua salvação abalada, diminuída e interrompida, e isso de diversas maneiras: por negligência na preservação da mesma;13 caindo em algum pecado especial que fira a consciência e entristeça o Espírito Santo;14 por cederem a alguma tentação súbita ou veemente;15 por Deus retirar de sobre eles a luz da Sua presença, permitindo que mesmo os que O temem caminhem em trevas, que não tenham luz.16 Contudo, eles nunca ficam destituídos da semente de Deus17 e da vida da fé,18 daquele amor a Cristo e aos irmãos, daquela sinceridade de coração e consciência de dever. É a partir destas graças, pela operação do Espírito, que a certeza da salvação pode ser revivificada,19 no devido tempo; e, mediante elas, os crentes são preservados para não caírem em um desespero total.20

 

13 Cantares 5:2,3,6

14 Salmos 51:8,12,14

15 Salmos 116:11; 77:7-8, 31:22

16 Salmos 30:7

17 1João 3:9

18 Lucas 22:32

19 Salmos 42:5,11

20 Lamentações 3:26-31

 

 

Capítulo XIX: Sobre a Lei de Deus

1. Deus deu a Adão uma lei de obediência universal escrita em seu coração, e um particular preceito de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal,1 a qual Ele obrigou-o e a toda sua posteridade, para pessoal, inteira, exata e perpétua obediência;2 prometeu vida sobre o cumprimento, e ameaçou com a morte a violação da mesma; e o dotou com o poder e a capacidade para guardá-la.3

 

1 Gênesis 1:27; Eclesiastes 7:29

2 Romanos 10:5

3 Gálatas 3:10,12

 

 

2. A mesma lei que primeiramente foi escrita no coração do homem, continuou a ser uma regra perfeita de justiça após a Queda;4 e foi entregue por Deus no monte Sinai em Dez Mandamentos e escrita em duas tábuas; os quatro primeiros Mandamentos contêm o nosso dever para com Deus, e os outros seis, nosso dever para com o homem.5

 

4 Romanos 2:14-15

5 Deuteronômio 10:4

 

 

3. Além desta lei, comumente chamada de moral, Deus Se agradou em dar ao povo de Israel leis cerimoniais, contendo diversas ordenanças típicas, em parte, de adoração, prefigurando Cristo, Suas graças, ações, sofrimentos e benefícios;6 e, em parte, mantendo várias instruções de deveres morais.7 Todas as leis cerimoniais, sendo impostas apenas até o tempo da reformação, são por Jesus Cristo, o verdadeiro Messias e único Legislador, que foi dotado com o poder da parte do Pai para este fim, cumpridas e revogadas.8

 

6 Hebreus 10:1; Colossenses 2:17

7 1Coríntios 5:7

8 Colossenses 2:14,16,17; Efésios 2:14,16

 

 

4. Para eles, Ele também deu várias leis civis, que expiraram com a nação daquele povo, não obrigando a ninguém em virtude daquela instituição, somente sua equidade geral possui um valor moral.9

 

9 1Coríntios 9:8-10

5. A lei moral obriga para sempre a todos, tanto pessoas justificadas como as demais, à obediência da mesma;10 e isso não apenas no que diz respeito à matéria nela contida, mas também no que diz respeito à autoridade de Deus, o Criador, que a deu.11 Nem o Cristo no Evangelho de forma alguma a ab-roga, mas antes confirma esta obrigação.12

 

10 Romanos 13:8-10; Tiago 2:8, 10-12

11 Tiago 2:10-11

12 Mateus 5:17-19; Romanos 3:31

 

 

6. Embora os verdadeiros crentes não estejam sob a lei como um pacto de obras, para serem por ela justificados ou condenados;13 contudo esta é de grande utilidade para eles, assim como para os outros; em que, como uma regra de vida, informando-os sobre a vontade de Deus e de seu dever, ela dirige e os obriga a andar em conformidade; descobrindo também as contaminações pecaminosas de sua natureza, corações e vidas; assim como, examinando-se desta maneira, eles podem chegar a mais convicção, humilhação por e ódio contra o pecado;14 juntamente com uma visão mais clara da necessidade que têm de Cristo e da perfeição da Sua obediência. Ela é, semelhantemente útil para os regenerados, para conter as suas corrupções, pois proíbe o pecado, e as suas ameaças servem para mostrar até mesmo o que os seus pecados merecem, e que aflições nesta vida podem esperar por eles, embora libertados da maldição e do rigor intransigente da lei. Igualmente, as promessas da lei demonstram a aprovação de Deus à obediência e quais bênçãos os homens podem esperar receber se cumprirem a lei; embora não lhes sejam devidas pela lei como um pacto de obras. Assim como um homem faz o bem e evita o mal, porque a lei anima a um, e desencoraja o outro, não é evidência de que ele esteja debaixo da Lei, e não debaixo da Graça.15

 

13 Romanos 6:14; Gálatas 2:16; Romanos 8:1, 10:4

14 Romanos 3:20, 7:7, etc.

15 Romanos 6:12-14; 1Pedro 3:8-13

 

 

7. Nem são os supracitados usos da lei contrários à graça do Evangelho, mas harmoniosamente condizem com ele.16 O Espírito de Cristo submete e habilita a vontade do homem a fazer voluntária e alegremente o que a vontade de Deus, revelada na lei, requer que seja feito.17

 

16 Gálatas 3:21

17 Ezequiel 36:27

Capítulo XX: Sobre o Evangelho e a Extensão de Sua Graça

1. O Pacto das Obras foi quebrado pelo pecado, e tornou-se inútil para conduzir à vida, então, Deus Se agradou em desvelar a promessa de Cristo, a semente da mulher, como o meio de chamar os eleitos, gerando neles a fé e o arrependimento.1 Nesta promessa a essência do Evangelho foi revelada, e é feita eficaz para a conversão e salvação dos pecadores.2

 

1 Gênesis 3:15

2 Apocalipse 13:8

 

 

2. Esta promessa de Cristo, e da salvação por meio dEle, é revelada somente pela Palavra de Deus;3 nem as obras da criação ou providência, com a luz da natureza, desvelam a Cristo, ou a graça por meio dEle, tanto de uma forma geral ou de uma forma obscura;4 muito menos os homens destituídos da revelação dEle pela promessa ou Evangelho, devem ser assim habilitados para alcançar a fé salvífica ou arrependimento.5

 

3 Romanos 1:17

4 Romanos 10:14,15,17

5 Provérbios 29:18; Isaías 25:7; 60:2-3

 

3. A revelação do Evangelho aos pecadores, feita em diversas épocas e por diversos lugares, com a adição de promessas e preceitos para a obediência requerida nele, em relação às nações e pessoas as quais é concedida, acontece meramente a partir da soberana vontade e beneplácito de Deus;6 não sendo acrescentada pela virtude de qualquer promessa de devido aprimoramento das habilidades naturais do homem, pela virtude da luz comum recebida sem esta revelação, o que ninguém jamais fez ou pode assim fazer.7 E, portanto, em todas as épocas, a pregação do Evangelho tem sido concedida a pessoas e nações, como a extensão ou limitação do mesmo, em grande variedade, de acordo com o conselho da vontade de Deus.

 

6 Salmos 147:20; Atos 16:7

7 Romanos 1:18-32

4. Apesar do Evangelho ser o único meio exterior de revelação de Cristo e da graça salvífica, e é, como tal, para isso abundantemente suficiente; ainda assim, para que os homens que estão mortos em delitos possam nascer de novo, serem vivificados ou regenerados, é necessária uma obra eficaz e invencível do Espírito Santo sobre toda a alma, para produzir neles uma nova vida espiritual,8 sem a qual nenhum outro meio será suficiente para a sua conversão a Deus.9

 

8 Salmos 110:3; 1Coríntios 2:14; Efésios 1:19-20

9 João 6:44; 2Coríntios 4:4,6

 

 

Capítulo XXI: Sobre a Liberdade Cristã e a
Liberdade de Consciência

1. A liberdade que Cristo comprou para os crentes sob o Evangelho consiste em sua liberdade da culpa do pecado, da ira condenatória de Deus e do rigor e maldição da lei;1 também consiste na libertação do presente século mau,2 da escravidão de Satanás,3 do domínio do pecado,4 do mal das aflições,5 do temor e aguilhão da morte, da vitória da sepultura6 e da condenação eterna;7 como também em seu livre acesso a Deus, e em prestar-Lhe obediência não por medo servil,8 mas por amor filial e mente voluntária.9 Tudo isso era comum também aos crentes sob a Lei, no que diz respeito à sua substância;10 mas sob o Novo Testamento, a liberdade dos Cristãos é ainda mais ampliada em sua liberdade do jugo de uma lei cerimonial, à qual a Igreja Judaica foi submetida; e na maior ousadia de acesso ao trono da graça, e nas comunicações mais plenas do livre Espírito de Deus, do que os crentes sob a Lei ordinariamente participaram.11

 

1 Gálatas 3:13

2 Gálatas 1:4

3 Atos 26:18

4 Romanos 8:3

5 Romanos 8:28

6 1Coríntios 15:54-57

7 2Tessalonicenses 1:10

8 Romanos 8:15

9 Lucas 1:73-75; 1João 4:18

10 Gálatas 3:9,14

11 João 7:38-39; Hebreus 10:19-21

2. Deus é o único Senhor da consciência,12 e a deixou livre de doutrinas e mandamentos humanos que, em qualquer respeito, são contrários à Sua Palavra, ou não contidos nela;13 de modo que, crer em tais doutrinas, ou obedecer a tais mandamentos, por motivo de consciência,14 equivale a trair a verdadeira liberdade de consciência; e requerer de alguém uma fé implícita, uma obediência absoluta e cega, equivale a destruir a liberdade de consciência, e a razão também.15

 

12 Tiago 4:12; Romanos 14:4

13 Atos 4:19,29; 1Coríntios 7:23; Mateus 15:9

14 Colossenses 2:20,22,23

15 1Coríntios 3:5; 2Coríntios 1:24

 

 

3. Aqueles que, sob pretexto de liberdade Cristã, praticam qualquer pecado ou toleram qualquer concupiscência pecaminosa, com isso tanto deturpam o propósito principal da graça do Evangelho para a sua própria destruição;16 como também destroem totalmente a finalidade da liberdade Cristã; a qual é, que sendo libertados das mãos de todos os nossos inimigos, possamos servir ao Senhor, sem temor, em santidade e justiça perante Ele, todos os dias das nossas vidas.17

16 Romanos 6:1-2

17 Gálatas 5:13; 2Pedro 2:18, 21

 

Capítulo XXII: Sobre o Culto Religioso e o Dia do Senhor

1. A luz da natureza mostra que existe um Deus, que tem senhorio e soberania sobre tudo; que Ele é justo, bom e faz bem a todos; e, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido com todo o coração, e com toda a alma e com toda a força.1 Mas o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo2 e tão limitado por Sua própria vontade revelada, de forma que Ele não pode ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás, nem sob qualquer representação visível ou qualquer outro modo não prescrito nas Sagradas Escrituras.3

 

1 Jeremias 10:7; Marcos 12:33

2 Deuteronômio 12:32

3 Êxodo 20:4-6

2. O culto religioso deve ser dado a Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo; e somente a Ele,4 não a anjos, santos ou a qualquer outra criatura,5 e desde a Queda, não sem um Mediador;6 nem na mediação de qualquer outro senão de Cristo.7

 

4 Mateus 4:9-10; João 6:23; Mateus 28:19

5 Romanos 1:25; Colossenses 2:18; Apocalipse 19:10

6 João 14:6

7 1Timóteo 2:5

 

 

3. A oração com ações de graças, sendo uma parte natural da adoração, é por Deus exigida de todos os homens.8 Mas, para que possa ser aceita, deve ser feita em nome do Filho,9 com a ajuda do Espírito,10 segundo a Sua vontade,11 com entendimento, reverência, humildade, fervor, fé, amor e perseverança; e, quando na companhia de outros, em uma língua conhecida.12

 

8 Salmos 95:1-7, 65:2

9 João 14:13-14

10 Romanos 8:26

11 1João 5:14

12 1Coríntios 14:16-17

 

 

4. A oração deve ser feita por coisas lícitas, e por todos os tipos de homens vivos, ou que ainda viverão;13 mas não pelos mortos,14 nem por aqueles de quem possa ser conhecido que pecaram o pecado para a morte.15

 

13 1Timóteo 2:1-2; 2Samuel 7:29

14 2Samuel 12:21-23

15 1João 5:16

 

 

5. A leitura das Escrituras,16 a pregação e a atenção à Palavra de Deus;17 o ensino e as advertência mútuas em Salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando com graça em nossos corações ao Senhor;18 bem como a devida administração do Batismo19 e da Ceia do Senhor,20 são todas partes do culto religioso a Deus, a serem realizadas em obediência a Ele, com entendimento, fé, reverência e temor piedoso; além disso, solene humilhação, com jejuns21 e ações de graças em ocasiões especiais devem ser usados de um modo santo e religioso.22

 

16 1Timóteo 4:13

17 2Timóteo 4:2; Lucas 8:18

18 Colossenses 3:16; Efésios 5:19

19 Mateus 28:19-20

20 1Coríntios 11:26

21 Ester 4:16; Joel 2:12

22 Êxodo 15:1-19, Salmos 107

 

 

6. Nem oração, nem qualquer outra parte do culto religioso, é agora, sob o Evangelho, restrita, ou feita mais aceitável devido a qualquer local em que é realizada, ou para o qual é dirigida, mas Deus deve ser adorado em todo lugar, em espírito e em verdade;23 tanto em famílias particulares24 diariamente,25 e em secreto, cada um por si;26 e assim, mui solenemente em assembleias públicas, que não devem ser descuidadas ou deliberadamente negligenciadas ou abandonadas, quando Deus, pela Sua Palavra e providência, nos conclama a participar delas.27

 

23João 4:21; Malaquias 1:11; 1Timóteo 2:8

24 Atos 10:2

25 Mateus 6:11; Salmos 55:17

26 Mateus 6:6

27 Hebreus 10:25; Atos 2:42

 

 

7. Pelo desígnio de Deus, há uma lei da natureza que, em geral, uma proporção do tempo seja destinada ao culto a Deus; desta forma, em Sua Palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, válido a todos os homens em todas as eras, Deus particularmente nomeou um dia em sete para um descanso, para ser-Lhe santificado.28 Desde o início do mundo até a ressurreição de Cristo, foi o último dia da semana; e, a partir da ressurreição de Cristo, foi mudado para o primeiro dia da semana, o que é chamado de Dia do Senhor,29 e deve continuar até o fim do mundo como o Sabbath Cristão; sendo abolida a observação do último dia da semana.

28 Êxodo 20:8

29 1Coríntios 16:1-2; Atos 20:7; Apocalipse 1:10

 

 

8. O Sabbath é assim santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações, e ordenado os seus assuntos comuns de antemão, não apenas observam um santo descanso durante todo o dia a partir de suas próprias obras, palavras e pensamentos sobre suas ocupações e recreações mundanas30; mas também dedicam todo o tempo em exercícios públicos e privados de Seu culto e nos deveres de necessidade e misericórdia.31

 

30 Isaías 58:13; Neemias 13:15-22

31 Mateus 12:1-13

 

Capítulo XXIII: Sobre os Juramentos Lícitos e os Votos

1. O juramento lícito é uma parte do culto religioso, no qual a pessoa, jurando em verdade, justiça e juízo, solenemente chama a Deus por testemunha do que assevera,1 para julgá-lo de acordo com a verdade ou falsidade disso.2

 

1 Êxodo 20:7; Deuteronômio 10:20; Jeremias 4:2

2 2Crônicas 6:22-23

 

 

2. É somente pelo nome de Deus que os homens devem jurar, e este deve ser usado com todo o santo temor e reverência; pois, jurar em vão ou temerariamente, por esse nome glorioso e terrível, ou jurar por qualquer outra coisa é pecado, e abominável.3 No entanto, como, em matéria de peso e momento, para confirmação da verdade e término de toda contenda, um juramento é autorizado pela Palavra de Deus,4 tanto sob o Novo Testamento, bem como sob o Antigo, como um juramento lícito, sendo exigido pela autoridade legal, em tais casos deve ser feito.5

 

3 Mateus 5:34,37; Tiago 5:12

4 Hebreus 6:16; 2Coríntios 1:23

5 Neemias 13:25

3. Todo aquele que prestará um juramento, garantido pela Palavra de Deus, deve considerar refletidamente a gravidade de um ato tão solene, e que nesse nada afirme senão o que ele saiba ser a verdade, pois pelos juramentos precipitados, falsos e vãos, o Senhor é provocado, e por eles a terra se lamenta.6

 

6 Levítico 19:12; Jeremias 23:10

 

 

4. Um juramento deve ser tomado no sentido claro e óbvio das palavras, sem equívoco ou reserva mental.7

 

7 Salmos 24:4

 

 

5. Um voto, não deve ser feito a qualquer criatura, mas somente a Deus, é de semelhante natureza que o juramento promissório, e deve ser feito e cumprido com todo cuidado religioso e fidelidade;8 mas os votos monásticos que os papistas fazem de celibato perpétuo,9 pobreza professa10 e obediência regular, em vez de serem graus de mais elevada perfeição, não passam de laços supersticiosos e pecaminosos, nos quais nenhum Cristão deve enredar-se.11

 

8 Salmos 76:11; Gênesis 28:20-22

9 1Coríntios 7:2,9

10 Efésios 4:28

11 Mateus 19:1

 

Capítulo XXIV: Sobre o Magistrado Civil

1. Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, ordenou os magistrados civis para que estejam, abaixo dEle, sobre o povo, para a Sua própria glória e para o bem público; e para este fim, os armou com o poder da espada, para defesa e incentivo dos que fazem o bem, e para castigo dos malfeitores.1

1 Romanos 13:1-4

2. É lícito que os Cristãos aceitem e exerçam o ofício de magistrado, quando chamados a isso; e em sua administração, eles devem especialmente manter a justiça e a paz,2 segundo todas as leis de cada reino e comunidade, de modo que, para esse efeito, podem legalmente, agora sob o Novo Testamento, empreender guerra em ocasiões justas e necessárias.3

 

2 2Samuel 23:3; Salmos 82:3-4

3 Lucas 3:14

 

 

3. Sendo os magistrados civis instituídos por Deus para os fins supracitados; requer-se de nós a obediência, no Senhor, em todas as coisas lícitas ordenadas pelas autoridades, não apenas por causa da punição, mas como dever de consciência.4 Devemos suplicar e orar pelos reis e por todos os que estão investidos de autoridade, para que, sob seu governo, vivamos uma vida quieta e sossegada, com toda piedade e honestidade.5

 

4 Romanos 13:5-7; 1Pedro 2:17

5 1Timóteo 2:1-2

 

 

Capítulo XXV: Sobre o Matrimônio

1. O casamento deve ser entre um homem e uma mulher. Não é lícito ao homem ter mais de uma esposa, nem à mulher ter mais de um marido, ao mesmo tempo.1

 

1 Gênesis 2:24; Malaquias 2:15; Mateus 19:5-6

 

 

2. O casamento foi ordenado para o auxílio mútuo entre marido e mulher,2 para a propagação da humanidade por uma sucessão legítima,3 e para a prevenção da impureza.4

 

2 Gênesis 2:18

3 Gênesis 1:28

4 1Coríntios 7:2,9

 

3. O casamento é lícito para todos os tipos de pessoas, desde que possam dar o seu consentimento racional.5 No entanto, é o dever dos Cristãos casarem-se no Senhor.6 E, portanto, como professam a verdadeira Religião não devem casar-se com infiéis, ou idólatras; nem devem, como aqueles que são piedosos, estar em jugo desigual, casando-se com os que são ímpios em suas vidas, ou defendam heresia condenável.7

 

5 Hebreus 13:4; 1Timóteo 4:3

6 1Coríntios 7:39

7 Neemias 13:25-27

 

 

4. Não devem casar-se pessoas entre as quais existam graus de parentesco ou consanguinidade que sejam proibidos na Palavra de Deus.8 As uniões incestuosas jamais poderão ser legitimadas por qualquer lei humana ou pelo consentimento das partes, pois não é correto tais pessoas viverem juntas, como marido e mulher.9

 

8 Levítico 18

9 Marcos 6:18; 1Coríntios 5:1

 

Capítulo XXVI: Sobre a Igreja

1. A igreja católica ou universal, que (em relação à obra interior do Espírito e à verdade da graça) pode ser chamada invisível, consiste de todo o número dos eleitos, que foram, são ou serão reunidos em um só corpo, sob Cristo, a Cabeça da mesma; ela é a Esposa, o Corpo, a plenitude dAquele que cumpre tudo em todos.1

 

1 Hebreus 12:23; Colossenses 1:18; Efésios 1:10,22,23, 5:23,27,32

 

 

2. Todas as pessoas, em todo o mundo, que professam a fé do Evangelho e obediência a Deus por meio de Cristo, de acordo com isso, não arruinando a sua própria profissão por quaisquer erros de subversão do fundamento, ou impureza de conversação, são, e podem ser chamadas de santos visíveis;2 e dos tais, todas as congregações particulares devem ser constituídas.3

 

2 1Coríntios 1:2; Atos 11:26

3 Romanos 1:7; Efésios 1:20-22

3. As Igrejas mais puras debaixo do céu estão sujeitas à mistura e ao erro,4 e algumas tanto se degeneraram a ponto de tornarem-se não mais igrejas de Cristo, mas sinagogas de Satanás;5 no entanto, Cristo sempre teve, e sempre terá, um reino neste mundo, até o fim deste, para aqueles que creem nEle, e fazem profissão de Seu nome.6

 

4 1Coríntios 5; Apocalipse 2,3

5 Apocalipse 18:2; 2Tessalonicenses 2:11-12

6 Mateus 16:18; Salmos 72:17, 102:28; Apocalipse 12:17

 

 

4. O Senhor Jesus Cristo é a Cabeça da igreja, em Quem, pela designação do Pai, todo o poder de chamado, instituição, ordenação e governo da igreja está investido de uma forma suprema e soberana;7 nenhum Papa de Roma pode, em sentido algum, ser a cabeça desta, antes é aquele anticristo, o homem do pecado e filho da perdição que se exalta na Igreja contra Cristo e contra tudo o que se chama Deus, a quem o Senhor destruirá com o esplendor de Sua vinda.8* (* Suprimimos esta parte da Confissão, pois cremos que quando a Escritura fala sobre a figura do Anticristo escatológico, o homem do pecado e filho da perdição, ela está se referindo a uma pessoa individual que surgirá no final dos tempos [2Tessalonicenses 2:2-9], e não especificamente ao título de Papa, embora tanto o Papa que está aí agora como os que vieram antes dele tenham sido anticristos, isto é, inimigos do Cristo de Deus e da verdade que Ele testemunhou [1João 2:18; cf. 2João 1:7] — Os Editores.).

 

 

7 Colossenses 1:18; Mateus 28:18-20; Efésios 4:11-12

8 2Tessalonicenses 2:2-9

 

 

5. Na execução deste poder com que Ele é assim confiado, o Senhor Jesus chama do mundo para Ele mesmo, através do ministério de Sua Palavra, por meio de Seu Espírito, aqueles que são dados a Ele por Seu Pai,9 para que eles possam andar diante dEle em todos os caminhos da obediência, os quais Ele prescreveu em Sua Palavra.10 Àqueles que assim são chamados, Ele ordena que andem juntos, em comunidades particulares, ou igrejas, para a sua mútua edificação, e para a devida realização do culto público, que Ele requer deles, no mundo.11

 

9 João 10:16; João 12:32

10 Mateus 28:20

11 Mateus 18:15-20

 

 

6. Os membros dessas igrejas são santos por chamamento, manifestando visivelmente e evidenciando (na e pela sua profissão e caminhar) a sua obediência a esse chamado de Cristo;12 e voluntariamente consentem em caminhar juntos de acordo com a designação de Cristo, entregando-se a si mesmos ao Senhor, e uns aos outros, pela vontade de Deus em sujeição às ordenanças do Evangelho.13

 

12 Romanos 1:7; 1Coríntios 1:2

13 Atos 2:41-42, 5:13-14; 2Coríntios 9:13

 

7. Para cada uma dessas igrejas assim reunidas, de acordo com Sua mente declarada em Sua Palavra, Ele tem dado todo aquele poder e autoridade, que é em toda forma necessário para a sua realização naquela ordem no culto e disciplina, que Ele instituiu para que eles observem, com ordens e regras para o devido e correto exercício e execução desse poder.14

 

14 Mateus 18:17-18; 1Coríntios 5:4-5, 5:13; 2Coríntios 2:6-8

 

 

8. Uma igreja local, reunida e completamente organizada de acordo com a mente de Cristo, consiste em oficiais e membros; e os oficiais designados por Cristo a serem escolhidos e consagrados pela igreja (assim chamada e congregada), são os presbíteros (ou bispos) e os diáconos,15 para a peculiar administração das Ordenanças e execução de poder ou dever, que Ele confiou a eles, ou para o que os chamou; o que deve ser continuado até o fim do mundo.

 

15 Atos 20:17,28; Filipenses 1:1

 

9. O caminho apontado por Cristo para o chamamento de qualquer pessoa, capacitada e dotada pelo Espírito Santo, para o ofício de bispo ou presbítero em uma igreja, é que ele seja escolhido para isso pelo sufrágio comum da própria igreja16 e solenemente separado por jejum e oração, com a imposição das mãos do presbitério da igreja, se houver algum nela anteriormente constituído.17 E de um diácono, que ele seja escolhido por semelhante sufrágio, e separado por meio de oração, e semelhante imposição de mãos.18

 

16 Atos 14:23

17 1Timóteo 4:14

18 Atos 6:3,5,6

 

 

10. O trabalho dos pastores é atender constantemente ao serviço de Cristo, em Suas igrejas, no ministério da Palavra e oração, com a assistência às suas almas, como quem deve prestar contas a Ele;19 cabe às igrejas a quem eles ministram, não somente conceder-lhes o devido respeito, mas também comunicá-los em todas as suas boas coisas, de acordo com sua capacidade,20 de modo que eles possam ter um suprimento confortável, sem serem enredados em assuntos seculares;21 e também sejam capazes de exercer hospitalidade para com os outros;22 e isto é exigido pela lei da natureza, e por ordem expressa de nosso Senhor Jesus, que para isso ordenou que os que pregam o Evangelho, vivam do Evangelho.23

 

19 Atos 6:4; Hebreus 13:17

20 1Timóteo 5:17-18; Gálatas 6:6-7

21 2Timóteo 2:4

22 1Timóteo 3:2

23 1Coríntios 9:6-14

 

 

11. Apesar de ser a incumbência dos bispos ou pastores das igrejas serem diligentes em pregar a Palavra, em virtude de seu ofício; ainda assim, o trabalho de pregar a Palavra não é tão exclusivamente limitado a eles, mas aqueles outros também dotados e capacitados pelo Espírito Santo para isso, e aprovados e chamados pela igreja, podem e devem realizá-lo.24

 

24 Atos 11:19-21; 1Pedro 4:10-11

12. Como todos os crentes são obrigados a unirem-se às igrejas locais, quando e onde eles tiverem a oportunidade de assim fazê-lo, então todos os que são admitidos aos privilégios de uma igreja, também estão sob a disciplina e governo desta, de acordo com a regra de Cristo.25

 

25 1Tessalonicenses 5:14; 2Tessalonicenses 3:6,14,15

 

 

13. Nenhum membro deve perturbar qualquer ordem ou abster-se das assembleias da igreja, ou administração de qualquer das ordenanças, por causa de qualquer ofensa recebida por ele, tendo realizado o seu dever requerido em relação às pessoas com quem ele está ofendido sobre a consideração de tal ofensa a qualquer um de seus membros companheiros, mas deve esperar em Cristo, e deixar que o seu caso seja resolvido pela disciplina da igreja.26

 

26 Mateus 18:15-17; Efésios 4:2-3

 

 

14. Posto que cada igreja, e todos os seus membros, devem orar continuamente pelo bem e prosperidade de todas as igrejas de Cristo,27 em todos os lugares; todos devem, em todas as ocasiões, promover isso, exercendo as suas posições e chamados, no exercício de seus dons e graças. Deste modo, as igrejas, quando, pela providência de Deus, são estabelecidas próximas umas das outras, devem aproveitar a oportunidade e benefício disto, mantendo comunhão entre si, para a sua paz, crescimento em amor e edificação mútua.28

 

27 Efésios 6:18; Salmos 122:6

28 Romanos 16:1-2; 3João 8-10

 

 

15. Em caso de dificuldades ou divergências, seja em um ponto doutrinário ou administração, se as igrejas em geral são afetadas, ou qualquer uma igreja, em sua paz, união e edificação; ou algum membro ou membros de qualquer igreja estão injuriados, em e por qualquer procedimento de censuras em não conformidade com a verdade e ordem, é de acordo com a mente de Cristo, que muitas igrejas que mantêm comunhão entre si, por meio de seus representantes, reúnam-se para considerar, e deem seu parecer em ou sobre a questão de diferença, a ser comunicado a todas as igrejas envolvidas,29 no entanto, estes representantes reunidos não são investidos de qualquer poder eclesiástico, propriamente dito, ou de qualquer jurisdição sobre as igrejas que as constituem, para exercer quaisquer censuras sobre igrejas ou pessoas; ou impor a sua determinação sobre as igrejas ou oficiais.30

 

29 Atos 15:2,4,6,22,23,25

30 2Coríntios 1:24; 1João 4:1

 

 

Capítulo XXVII: Sobre a Comunhão dos Santos

1. Todos os santos são unidos a Jesus Cristo, seu Cabeça, pelo Seu Espírito e pela fé, muito embora isso não os torne uma só pessoa com Ele, temos comunhão com Ele em Suas graças, sofrimentos, morte, ressurreição e glória,1 e, estando unidos uns aos outros em amor, eles têm comunhão com os mesmos dons e graças,2 e são obrigados ao cumprimento de tais deveres, públicos e privados, de uma forma ordenada, assim como contribuírem para seu bem mútuo, tanto no homem interior quanto exterior.3

 

1 1João 1:3; João 1:16; Filipenses 3:10; Romanos 6:5-6

2 Efésios 4:15-16; 1Coríntios 12:7, 3:21-23

3 1Tessalonicenses 5:11,14; Romanos 1:12; 1João 3:17-18; Gálatas 6:10

 

 

2. Os santos, por meio da profissão de fé, são obrigados a manter uma santa associação e comunhão no culto de Deus, e na realização de outros serviços espirituais, que tendem à sua mútua edificação;4 como também no alívio de uns aos outros em coisas materiais, de acordo com suas diversas capacidades e necessidades,5 em conformidade com a norma do Evangelho. Embora esta comunhão deva ser exercida especialmente no âmbito familiar6 e das igrejas,7 ainda assim, conforme Deus oferecer oportunidade, deve ser estendida a toda a família da fé, mesmo a todos os que, em todo lugar, invocam o nome do Senhor Jesus. Entretanto, a comunhão de uns com os outros, como santos, não destrói nem infringe o direito ou a propriedade de cada pessoa em seus bens e possessões.8

 

4 Hebreus 10:24-25, 3:12-13

5 Atos 11:29-30

6 Efésios 6:4

7 1Coríntios 12:14-27

8 Atos 5:4; Efésios 4:28

Capítulo XXVIII: Sobre o Batismo e a Ceia do Senhor

1. O Batismo e a Ceia do Senhor são Ordenanças de positiva e soberana instituição, nomeados pelo Senhor Jesus, o único Legislador, para serem continuadas em Sua igreja até o fim do mundo.1

 

1 Mateus 28:19-20; 1Coríntios 11:26

 

 

2. Estas santas Ordenanças devem ser administradas somente por aqueles que são qualificados e para isso chamados, de acordo com o comissionamento de Cristo.2

 

2 Mateus 28:19; 1Coríntios 4:1

 

Capítulo XXIX: Sobre o Batismo

1. O Batismo é uma Ordenança do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, sendo para a pessoa batizada um símbolo de sua comunhão com Ele, em Sua morte e ressurreição; de sua união com Ele;3 da remissão dos pecados,4 e da sua consagração a Deus, através de Jesus Cristo, para viver e andar em novidade de vida.5

 

3 Romanos 6:3-5; Colossenses 2:12; Gálatas 3:27

4 Marcos 1:4; Atos 22:16

5 Romanos 6:4

 

 

2. Aqueles que realmente professam o arrependimento para com Deus, fé e obediência ao nosso Senhor Jesus Cristo são os únicos sujeitos apropriados desta Ordenança.6

 

6 Marcos 16:16; Atos 8:36-37, 2:41, 8:12, 18:8

 

 

3. O elemento exterior a ser usado nesta Ordenança é a água, na qual a pessoa deve ser batizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.7

7 Mateus 28:19-20; Atos 8:38

 

 

4. Imergir ou mergulhar a pessoa em água é necessário para a apropriada administração desta Ordenança.8

 

8 Mateus 3:16; João 3:23

 

 

Capítulo XXX: Sobre a Ceia do Senhor

1. A Ceia do Senhor Jesus foi instituída por Ele na mesma noite em que foi traído, para ser observada em Suas igrejas até o fim do mundo; para lembrança perpétua e demonstração do sacrifício de Si mesmo em Sua morte,1 confirmação da fé dos crentes em todos os benefícios disso, seu alimento espiritual e crescimento nEle, seu maior envolvimento em todos os deveres deles para com Ele; e ser um vínculo e penhor de sua comunhão com Ele e uns com os outros.2

 

1 1Coríntios 11:23-26

2 1Coríntios 10:16,17,21

 

 

2. Nesta Ordenança Cristo não é oferecido ao Pai, nem qualquer sacrifício real é feito de modo algum para remissão dos pecados dos vivos ou mortos, mas um memorial daquela oferta única de Si mesmo, por Si mesmo, na cruz, de uma vez por todas,3 e uma oblação espiritual de todo o louvor possível a Deus pela mesma;4 de modo que o sacrifício papal da Missa, como eles chamam, é a mais abominável injúria ao próprio único sacrifício de Cristo, a única propiciação por todos os pecados dos eleitos.

 

3 Hebreus 9:25,26,28

4 1Coríntios 11:24; Mateus 26:26-27

 

3. O Senhor Jesus, nesta Ordenança, nomeou que Seus ministros orem e abençoem os elementos do pão e do vinho, e, assim, os separem a partir de um uso comum para um uso sagrado; e tomar e partir o pão, tomar o cálice, e (eles também participando) oferecer ambos aos comungantes.5

 

5 1Coríntios 11:23-26, etc.

 

 

4. A negação do cálice ao povo; a adoração dos elementos, o levantá-los ou carregá-los em adoração, e reservá-los para qualquer pretenso uso religioso, são todos contrários à natureza desta Ordenança e à instituição de Cristo.6

 

6 Mateus 26:26-28, 15:9; Êxodo 20:4-5

 

 

5. Os elementos exteriores desta Ordenança, devidamente consagrados aos usos ordenados por Cristo, têm relação com Ele crucificado de forma que, embora em termos usados figurativamente, são às vezes chamados pelo nome das coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de Cristo;7 ainda que, em substância e natureza, eles ainda permaneçam verdadeira e somente, pão e vinho, como eram antes.8

 

7 1Coríntios 11:27

8 1Coríntios 11:26-28

 

 

6. Aquela doutrina que sustenta uma mudança da substância do pão e do vinho, na substância do corpo e do sangue de Cristo (comumente chamada de transubstanciação) pela consagração de um sacerdote, ou por qualquer outra forma, é repugnante, não somente às Escrituras,9 mas até mesmo ao bom senso e à razão; destrói a natureza da Ordenança; e tem sido, e é, a causa de superstições múltiplas, sim, de idolatrias grosseiras.10

 

9 Atos 3:21; Lucas 24:6,39

10 1Coríntios 11:24-25

 

7. Os que comungam dignamente, participando exteriormente dos elementos visíveis desta Ordenança, em seguida, também interiormente pela fé, realmente e de fato, não de maneira carnal e corporalmente, mas espiritualmente, recebem e alimentam-se de Cristo crucificado, e todos os benefícios de Sua morte; o corpo e sangue de Cristo não sendo corporais ou carnais, mas espiritualmente presentes pela fé dos crentes nessa Ordenança, como estão os próprios elementos aos seus sentidos exteriores.11

 

11 1Coríntios 10:16, 11:23-26

 

 

8. Todas as pessoas ignorantes e ímpias, como tais são incapazes de desfrutar de comunhão com Cristo, são também indignas da mesa do Senhor, e não podem, sem grande pecado contra Ele, enquanto eles permanecem assim, participar destes santos mistérios, ou ser admitidos a eles,12 sim, quem participar indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor, comendo e bebendo juízo para si mesmo.13

 

12 2Coríntios 6:14-15

13 1Coríntios 11:29; Mateus 7:6

 

 

Capítulo XXXI: Sobre o Estado do Homem Após a Morte, e a Ressurreição dos Mortos

1. Após a morte, o corpo humano retorna ao pó e vê a corrupção.1 A alma, porém, não morre nem dorme, porque possui subsistência imortal, retornando imediatamente para Deus, que a deu.2 As almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas na santidade, são recebidas no Paraíso, onde eles estão com Cristo e veem a face de Deus em luz e glória, esperando a plena redenção dos seus corpos;3 e as almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde permanecem em tormento e trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia.4 Além destes dois lugares, destinados às almas separadas de seus corpos, as Escrituras não reconhecem nenhum outro.

 

1 Gênesis 3:19; Atos 13:36

2 Eclesiastes 12:7

3 Lucas 23:43; 2Coríntios 5:1,6,8; Filipenses 1:23; Hebreus 12:23

4 Judas 6-7; 1Pedro 3:19; Lucas 16:23-24

 

2. No último dia, os que dentre os santos estiverem vivos não dormirão, mas serão transformados5 e todos os mortos serão ressuscitados com os seus mesmos corpos, e não outros,6 embora com qualidades diferentes, os quais serão novamente unidos às suas almas para sempre.7

 

5 1Coríntios 15:51-52; 1Tessalonicenses 4:17

6 Jó 19:26-27

7 1Coríntios 15:42-43

 

 

3. Os corpos dos injustos serão, pelo poder de Cristo, ressuscitados para a desonra; os corpos dos justos, pelo Seu Espírito, para honra e para serem semelhantes ao Seu próprio corpo glorioso.8

 

8 Atos 24:15; João 5:28-29; Filipenses 3:21

 

 

Capítulo XXXII: Sobre o Juízo Final

1. Deus tem determinado um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de Jesus Cristo,1 a Quem todo o poder e julgamento é dado pelo Pai. Naquele dia, não só os anjos apóstatas serão julgados;2 mas também todas as pessoas que viveram sobre a terra devem comparecer perante o tribunal de Cristo, para darem conta de seus pensamentos, palavras e ações; e receberem de acordo com o que eles fizeram no corpo, seja bom ou mau.3

 

1 Atos 17:31; João 5:22,27

2 1Coríntios 6:3; Judas 6

3 2Coríntios 5:10; Eclesiastes 12:14; Mateus 12:36; Romanos 14:10,12; Mateus 25:32-46

 

 

2. O propósito de Deus, ao estabelecer esse dia, consiste em manifestar a glória de Sua misericórdia na salvação eterna dos eleitos; e de Sua justiça na eterna condenação dos réprobos, que são perversos e desobedientes.4 Pois, então os justos irão para a vida eterna e receberão aquela plenitude de gozo e glória, com eterno galardão na presença do Senhor, mas os ímpios, que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho de Jesus Cristo, serão lançados nos tormentos eternos,5 e punidos com eterna destruição, a partir da presença do Senhor, e da glória do Seu poder.6

 

4 Romanos 9:22-23

5 Mateus 25:21,34; 2Timóteo 4:8

6 Mateus 25:46; Marcos 9:48; 2Tessalonicenses 1:7-10

 

 

3. Cristo deseja que estejamos bem persuadidos de que haverá um dia de juízo, para que os homens se afastem do pecado,7 e para maior consolação dos piedosos em sua adversidade;8 assim Ele manterá esse dia desconhecido para os homens, para que possam estar livres de toda a segurança carnal, e estar sempre vigilantes, porque não sabemos a que hora o Senhor virá.9 Que possamos estar sempre preparados para dizer: Vem, Senhor Jesus, vem depressa.10 Amém.

 

7 2Coríntios 5:10-11

8 2Tessalonicenses 1:5-7

9 Marcos 13:35-37; Lucas 12:35-40

10 Apocalipse 22:20

 

 

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Declaração Final e Signatários

Nós, os Ministros e Mensageiros de, e preocupados com, mais de cem IGREJAS BATISTAS, na Inglaterra e no País de Gales (negando o Arminianismo), estando reunidos em Londres, a partir do terceiro dia do sétimo mês ao décimo primeiro dia do mesmo mês, no ano de 1689, para considerarmos algumas questões que devem ser para a glória de Deus, e para o bem dessas Congregações, já pensamos encontrar (para a satisfação de todos os demais Cristãos que diferem de nós no ponto do Batismo) a recomendação de sua leitura de Confissão de nossa Fé, Confissão esta feita por nós mesmos, como contendo a Doutrina de nossa Fé e Prática, e anelamos que os próprios membros de nossas igrejas sejam supridos com ela.

 

Hansard Knollys, Pastor, Broken Wharf, Londres
William Kiffin, Pastor, Devonshire-square, Londres
John Harris, Pastor, Joiner’s Hall, Londres
William Collins, Pastor, Petty France, Londres
Hercules Collins, Pastor, Wapping, Londres
Robert Steed, Pastor, Broken Wharf, Londres
Leonard Harrison, Pastor, Limehouse, Londres
George Barret, Pastor, Mile End Green, Londres
Isaac Lamb, Pastor, Pennington-street, Londres
Richard Adams, Ministro, Shad Thames, Southwark
Benjamin Keach, Pastor, Horse-lie-down, Southwark
Andrew Gifford, Pastor, Bristol, Fryars, Somerset & Gloucester
Thomas Vaux, Pastor, Broadmead, Somerset & Gloucester
Thomas Winnel, Pastor, Taunton, Somerset & Gloucester
James Hitt, Pregador, Dalwood, Dorset
Richard Tidmarsh, Ministro, Oxford City, Oxon
William Facey, Pastor, Reading, Berks
Samuel Buttall, Ministro, Plymouth, Devon
Christopher Price, Ministro, Abergayenny, Monmouth
Daniel Finch, Ministro, Kingsworth, Herts
John Ball, Ministro, Tiverton, Devon
Edmond White, Pastor, Evershall, Bedford
William Prichard, Pastor, Blaenau, Monmouth
Paul Fruin, Ministro, Warwick, Warwick
Richard Ring, Pastor, Southhampton, Hants
John Tomkins, Ministro, Abingdon, Berks
Toby Willes, Pastor, Bridgewater, Somerset
John Carter, Pastor, Steventon, Bedford
James Webb, Pastor, Devizes, Wilts
Richard Sutton, Pastor, Tring, Herts
Robert Knight, Pastor, Stukeley, Bucks
Edward Price, Pastor, Hereford City, Hereford
William Phipps, Pastor, Exon, Devon
William Hawkins, Pastor, Dimmock, Gloucester
Samuel Ewer, Pastor, Hemstead, Herts
Edward Man, Pastor, Houndsditch, Londres
Charles Archer, Pastor, Hock-Norton, Oxon

 

Em nome e em lugar de toda a Assembleia.

 

 

Um Apêndice Para a Confissão de Fé de 1677/89

 

Quem quer que leia, e considere imparcialmente o que temos em nossa Confissão de fé acima exposta, percebe prontamente que nós não apenas consentimos com todos os outros verdadeiros Cristãos quanto à Palavra de Deus (revelada nas Escrituras da verdade) como fundamento e regra de nossa fé e culto; mas também que nós nos empenhamos diligentemente para manifestar que nos principais itens do Cristianismo concebemos as mesmas coisas, e temos expressado nossa fé com as mesmas palavras que em ocasiões semelhantes foram pronunciadas por outras sociedades de Cristãos antes de nós.

 

Isso nós fizemos para que aqueles que têm desejo de conhecer os princípios da religião a qual afirmamos e praticamos possam analisar o que procede de nós mesmos (que juntamente cooperamos nessa obra), e não sejam enganados por rumores indevidos; ou pela ignorância e erro de certos indivíduos que, embora se chamem pelo mesmo nome que nós, são motivo de escândalo para a verdade que professamos.

 

E embora discordemos de nossos irmãos Pedobatistas no que diz respeito ao Batismo e administração do mesmo, e outras particularidades que dependem necessariamente de nosso entendimento desta Ordenança, e frequentemos nossas próprias assembleias para edificação mútua, e prática dos deveres e serviços que nos são devidos para com Deus, em temor uns para com os outros; ainda assim, não deveríamos ser mal interpretados, como se a liberdade de nossa consciência quanto a isso de alguma forma nos desobrigasse ou alienasse nossas afeições ou conversações de quaisquer [pessoas] que temem ao Senhor. Sempre que temos oportunidade participamos dos esforços daqueles a quem Deus dotou com habilidades superiores às nossas, e qualificou, e chamou para o Ministério da Palavra, desejando ardentemente aprovação para sermos como eles, seguindo a paz com santidade e, portanto, sempre mantemos perante nossos olhos o bendito irenismo e a Palavra conciliadora dos apóstolos. Se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos (Filipenses 3:15-16).

 

Não julguem, portanto, ser isso obstinação nossa (porque muito se tem escrito acerca desse assunto, e ainda assim continuamos nessa nossa prática que é diferente da dos demais), mas ao invés disso, como na verdade o é, que nós adoramos a Deus com todo o nosso entendimento, com a mente pura e obediente aos Seus preceitos, de maneira que entendemos ser a que mais se conforma às Escrituras da verdade, e a prática [da Igreja] Primitiva. Não se insinue que fazemos o serviço de Deus com consciência dúbia ou que o fazemos agora hesitantes, como se fôramos fazer doutro modo futuramente depois de posterior deliberação; não temos motivo algum para fazer isso, pois estamos totalmente persuadidos de que o que fazemos está de acordo com a vontade de Deus. Cordialmente propomos isto: que se qualquer dos servos do nosso Senhor Jesus, no Espírito de mansidão, tentar nos convencer de algum erro em nosso julgamento ou prática, nós ponderaremos seus argumentos diligentemente; e o consideraremos nosso melhor amigo, como um instrumento para nos converter de quaisquer erros que estejam em nosso caminho, pois nada podemos fazer deliberadamente contra a verdade, mas todas as coisas pela verdade [2Coríntios 13:8].

 

Portanto, nos empenhamos seriamente em considerar o que já temos dito; e relutamos em dizer qualquer coisa a mais a fim de que não sejamos considerados desejosos de novas contendas: ainda assim, tendo em vista o fato de que se espera que mostremos algum argumento do porquê não podemos concordar com o que tem sido dito contra nós; tão brevemente quanto convém à simplicidade, nos esforçaremos para satisfazer a expectativa daqueles que queiram examinar o que agora publicamos.

 

 

I. Quanto aos Cristãos que não concordam conosco, que o arrependimento das obras mortas e fé para com Deus e nosso Senhor Jesus Cristo são requeridos das pessoas a serem batizadas; e, portanto, sustentam o erro de que os infantes (sendo incapazes de confessar qualquer coisa) [devem ser batizados] por outros que se comprometem com essas coisas por eles:

 

Embora saibamos pela história da Igreja que esta tem sido uma prática muito antiga [a aspersão infantil]; ainda assim consideramos que a mesma Escritura que nos adverte contra censurar nosso irmão, com quem estaremos perante o trono de julgamento de Cristo, também nos ensina que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus e que tudo o que não é de fé é pecado (Romanos 14:4,10,12,23). Portanto, não podemos ser persuadidos a estabelecer prática tal como essa, fundamentada em tradição não escrita [na Palavra]: Mas em vez disso escolhemos recorrer às Sagradas Escrituras para todas as questões da fé e do culto, para informação de nosso julgamento e regulação de nossa prática; estando bem certos de que essa é a melhor maneira de prevenir e corrigir erros e falhas (2Timóteo 3:16-17). E se acontecer que quaisquer dessas coisas que não são claramente determináveis pelas Escrituras seja motivo de debate entre Cristãos, achamos mais seguro deixar que tais coisas continuem incertas até a segunda volta de nosso Senhor Jesus; assim como se fazia na Igreja Antiga, até que se levantasse um sacerdote com o Urim e o Tumim, a fim de que fossem informados, com certeza, qual vontade de Deus (Esdras 2:62-63).

 

 

II. Quanto aos nossos irmãos em Cristo que fundamentam seus argumentos para o batismo infantil em uma suposta santidade pactual ou associação à igreja [através dos pais], entendemos que eles erram nisso, pois embora essa santidade pactual e associação devam ser como se supõe, no que diz respeito aos filhos dos crentes; ainda assim nenhum mandamento para o batismo infantil resulta direta e imediatamente de tal qualidade ou relação.

 

Todo culto instituído é sancionado pela Escritura, e deste modo todas as circunstâncias necessárias devem ser governadas pelos preceitos [divinos].

 

Assim foi no Pacto que Deus estabeleceu com Abraão e sua semente. O sinal era destinado apenas aos filhos do sexo masculino, não obstante a descendência feminina, tanto quanto a masculina, também fizesse parte do Pacto e da Igreja de Deus. Esse sinal também não deveria ser feito em nenhum infante masculino antes que esse completasse oito dias de idade, embora estivesse no Pacto desde o primeiro momento de sua vida; nem mesmo o perigo da morte ou qualquer outra suposta necessidade poderia justificar a circuncisão antes do tempo estabelecido, não havia motivo para isso; a pena imposta [por Deus] de eliminar [o indivíduo] de Seu povo era aplicada apenas quando se negligenciava ou desprezava esse preceito [Gênesis 17:10-14].

 

O justo Ló era parente de Abraão na carne, e contemporâneo seu quando esse Pacto foi feito; ainda assim, pelo fato de não ser descendente de Abraão, nem da casa de Abraão[1] (embora Ló fosse da mesma família da fé com Abraão) nem o próprio Ló nem sua posteridade receberam o sinal desse Pacto que foi feito com Abraão e sua descendência.

 

Isso deve ser o suficiente para mostrar que, mesmo havendo um Pacto expresso bem como um sinal do mesmo (tal Pacto separava as pessoas com quem ele era feito, e toda a sua descendência, de todo o restante do mundo, como pessoas santas para o Senhor, e os constituía Igreja visível de Deus, embora não compreendesse todos os santos no mundo), ainda assim o sinal desse Pacto não foi afixado a todas as pessoas que estavam no Pacto, nem a nenhuma delas antes do tempo prescrito; nem a outros servos de Deus fiéis e que não eram descendentes de Abraão. E disso decorre que depende apenas do Legislador determinar qual deve ser o sinal da Sua Aliança, para quem [deve ser o sinal], quando e sob quais condições [o sinal deve ser recebido].

 

Se nossos irmãos supõem que o Batismo é o selo do Pacto que Deus faz com cada crente (sobre o que as Escrituras se calam completamente) não cabe a nós pleitear contra eles quanto a isso; porém, cremos que o selo do Pacto é o habitar do Espírito de Cristo em cada pessoa em quem Ele reside, particular e individualmente, e nada mais [Efésios 1:13, 4:30]. Também não admitimos a hipótese de que o Batismo é de alguma forma um substituto da circuncisão, como se tivesse o mesmo alcance (e ninguém mais), extensão ou condições daquela; pois a circuncisão cabia apenas às crianças do sexo masculino, e o Batismo, por sua vez, é uma ordenança cabível a todo crente, seja homem ou mulher. A circuncisão estendia-se a todos os homens [escravos] nascidos na casa de Abraão ou comprados com seu dinheiro, da mesma forma como aos que eram seus próprios descendentes; porém o Batismo não tem tamanha extensão em nenhuma igreja verdadeiramente Cristã, como se devêssemos administrá-lo aos servos infiéis que os membros contrataram para seu serviço introduzindo-os em suas famílias, nem aos filhos desses nascidos nas casas dos membros [da igreja].

 

Mas compreendemos que se deve manter um raciocínio semelhante tanto para a ordenança do Batismo como para a da circuncisão (Êxodo 12:49), a saber, a mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro: se alguém deseja ser admitido a todas as ordenanças e privilégios da casa de Deus, a porta está aberta; sob as mesmas condições que qualquer outra pessoa também seja admitida a todas as ordenanças, ou a quaisquer privilégios que pertencem à Igreja de Cristo.

 

Quanto àquele texto da Escritura: “E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda incircunciso” (Romanos 4:11), concebemos que se o escopo do que disse o apóstolo for devidamente observado ficará claro que daí nada se possa argumentar a favor do batismo infantil; e pelo fato de haver uma explicação completa e justa dessas palavras dada pelo ilustre Dr. Lightfoot (homem a quem não cabe suspeita de parcialidade nessa controvérsia) em sua Hor. Hebrai, em 1Coríntios 7:19, pp. 42-43, transcreveremos suas palavras sem acrescentar nenhum comentário nosso a elas:

 

Circuncisão não é nada, se respeitarmos o tempo, pois agora já não tem mais utilidade alguma uma vez que o objetivo pelo qual foi instituída já foi alcançado: esse objetivo apóstolo declara com estas palavras (Romanos 4:11) σφραγιδα. Mas temo que na maioria das traduções elas não sejam adequadas o suficiente para [expressar] o objetivo da circuncisão e o escopo [em que essas coisas foram ditas pelo] apóstolo, e aqui se tenha inserido algumas coisas.

E depois de o Dr. Lightfoot ter apresentado diversas versões com palavras que concordam em maior parte com o sentido que temos em nossas Bíblias, ele procede:

 

Outras versões têm o mesmo sentido; como se a circuncisão tivesse sido dada a Abraão como selo da justiça que ele teve sendo ainda incircunciso, o que não negaremos ser verdade em certo sentido, mas acreditamos que a circuncisão teve, principalmente, um aspecto muito diferente.

Deixe-me então traduzir as palavras: “E recebeu o sinal da circuncisão, como selo da justiça da fé, que deveria ser na incircuncisão”. “Que deveria ser” [digo], e não “que teve”. Não o que Abraão teve [o sinal] embora ainda não fosse circuncidado; mas o que sua descendência incircuncisa deveria ter, ou seja, os gentios, que no tempo por vir imitariam a fé de Abraão.

Agora, considere bem em qual circunstância a circuncisão foi instituída para Abraão, tendo em vista Gênesis 17.

 

Primeiro, a promessa foi feita para ele: “Serás pai de numerosas nações” (o apóstolo explica em qual sentido [posteriormente] no mesmo capítulo) e em seguida é acrescentado um duplo selo para confirmação da promessa, a saber, a mudança do nome Abrão para Abraão, e o estabelecimento da circuncisão. “Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações” (v. 4). E para que a circuncisão foi instituída para ele? Para selar a mesma promessa: “serás pai de numerosas nações”. De maneira que esse é o sentido dado pelo apóstolo; que mais concorda com o estabelecimento da circuncisão; ele recebeu o sinal da circuncisão, um selo da justiça da fé que no tempo por vir os incircuncisos (ou gentios) obteriam.

 

Abraão teve uma descendência dupla, a natural, dos judeus; e a da fé, constituída [também] de gentios crentes: sua descendência natural foi marcada com o sinal da circuncisão, primeiro, de fato, para distingui-la de todas as outras nações enquanto elas ainda não fossem descendência de Abraão, mas especialmente para o memorial da justificação dos gentios pela fé, quando por fim eles se tornariam descendentes dele. Assim, a circuncisão cessaria quando os gentios fossem trazidos à fé, pelo fato de que então ela teria alcançado seu último e principal objetivo e a partir daí a circuncisão nada é.

 

Deste modo, desejamos ardentemente que isso seja considerado; pois não pleiteamos pela autoridade do apóstolo, mas pela evidência da verdade em suas palavras.

 

 

III. Independente de qual seja a natureza da santidade mencionada da criança (1Coríntios 7:12), aqueles que concluem que tais crianças (sejam recém-nascidas ou mais crescidas) têm aí um direito imediato ao Batismo, acrescentam à conclusão mais do que permitido pelas premissas.

 

Pois, embora não determinemos positivamente o alcance intencionado pelos apóstolos em relação à santidade aqui mencionada, de modo a dizer que é isto ou aquilo, e nenhuma outra coisa; ainda assim, é evidente que o apóstolo determina não só a legalidade, mas também a conveniência de uma coabitação de um crente com um incrédulo na relação de casamento.

 

E pensamos que, embora os apóstolos afirmem que o cônjuge incrédulo seja santificado pelo crente [1Coríntios 7:14], tendo nisso algo a mais do que no mero casamento de dois incrédulos, pois embora a aliança do casamento tenha uma sanção divina para fazer do casamento de dois incrédulos uma ação legal, e sua conjunção e coabitação nesse aspecto é sem mácula, mas não pode haver motivo para supor a partir daí, que ambos ou quaisquer das suas pessoas são assim santificados; e o apóstolo insta a coabitação de um crente com um infiel no âmbito do matrimônio a partir dessa base, que o marido incrédulo é santificado pela esposa crente; no entanto, aqui você tem a influência da fé de um crente ascendendo de uma relação inferior para uma relação superior; da esposa ao marido que é a sua cabeça, antes que isso possa descer até a sua descendência. E, portanto, nós dizemos que seja qual for a natureza ou extensão da santidade aqui intencionada, concebemos que ela não pode transmitir às crianças um direito imediato ao Batismo; porque, então, isso seria de outra natureza e de uma extensão maior do que a raiz e a origem de onde é derivada, porque é esclarecido pelo argumento dos apóstolos que a santidade não pode ser derivada ao filho a partir da santidade de um pai somente, se o pai ou a mãe forem (no sentido pretendido pelo apóstolo) profanos ou impuros, assim o filho será também, portanto, para a geração de uma semente santa é necessário que ambos os pais sejam santificados; e isso o apóstolo afirma positivamente em primeiro lugar a ser feito por um dos pais que seja crente, embora o outro seja um incrédulo; e consequentemente daí argumenta-se a santidade dos seus filhos. Disso resulta que, como os filhos não têm outra santidade, senão a que derivam de ambos os pais, assim também eles não podem ter qualquer direito, por esta santidade, a qualquer privilégio espiritual, senão tal como ambos os seus pais também participam: e, portanto, se o pai incrédulo (embora santificado pela mãe crente) não tenha por isso o direito ao Batismo, tampouco podemos conceber que haja tal privilégio derivado aos filhos por sua santidade de nascimento.

 

Além disso, se fosse a prática usual nos dias dos apóstolos que o pai ou mãe crente trouxesse os seus filhos com eles para serem batizados; então a santidade dos filhos de Coríntios crentes não estaria em questão quando esta epístola foi escrita; mas deve ter sido argumentado a partir da participação deles nesta ordenança, que representava o seu novo nascimento, embora eles não tivessem obtido santidade alguma de seus pais, por seu primeiro nascimento, e teria sido uma exceção contra a inferência dos apóstolos, senão seus filhos eram impuros, etc. Mas sobre a santificação de todos os filhos de todo crente por essa ordenança, ou por qualquer outra forma, além do que é mencionado antes, a Escritura está totalmente silenciosa.

 

Também pode ser adicionado que se essa santidade por nascimento qualificar todos os filhos de todo crente para a ordenança do Batismo; por que não para todas as outras Ordenanças? Para a Ceia do Senhor, como eram praticadas por um longo tempo juntas? Pois, se for recorrido ao que as Escrituras geralmente falam sobre este assunto, será verificado que as mesmas qualidades que dão direito a qualquer pessoa ao Batismo, fazem-no também para a participação em todas as ordenanças e privilégios da casa de Deus, que são comuns a todos os crentes.

 

Todo aquele que pode e interroga a sua boa consciência para com Deus quando é batizado (como todos devem fazer, de modo a tornar o Batismo um sinal de salvação) é capaz de fazer a mesma coisa em cada outro ato de adoração que realiza.

 

 

IV. Os argumentos e inferências que são geralmente feitos a favor ou contra o batismo infantil, a partir daqueles poucos casos que as Escrituras nos falam de famílias inteiras sendo batizadas são apenas conjecturais; e, portanto, não podem por si mesmos ser conclusivos para ambos os lados; contudo, no que diz respeito à maioria dos que tratam sobre esse assunto a favor do batismo infantil (como concebem) usam esses casos em proveito do seu argumento: nós pensamos que tais casos (como nos casos antes mencionados) demonstram a nulidade de tais inferências.

 

Cornélio adorou a Deus com toda a sua casa, o carcereiro e Crispo, o chefe da sinagoga, creram em Deus cada um com suas casas [Atos 10, 16:27-34, 18:8]. A casa de Estéfanas se dedicou ao ministério dos santos: de modo que, até agora, a adoração e são paralelas ao Batismo [1Coríntios 1:15-17]. E se Lídia fosse uma mulher casada quando creu, é provável que seu marido também teria sido nomeado pelo apóstolo, como em casos semelhantes, na medida em que ele teria sido não apenas uma parte, mas o cabeça do Batismo de sua casa [Atos 16:14-15].

 

Quem pode afirmar uma razão provável do porquê o apóstolo fez menção de quatro ou cinco famílias sendo batizadas e não mais? Ou por que ele muitas vezes varia no método de suas saudações (Romanos 1:6), às vezes, mencionando apenas pessoas particulares de grande destaque, outras vezes os tais e a igreja em sua casa? Os santos que estavam com eles; e os que pertenciam a Narciso, que estavam no Senhor; saudando assim famílias inteiras, ou parte de famílias, ou somente pessoas específicas em famílias, consideradas enquanto estando no Senhor, pois se fosse uma prática usual batizar todos os filhos, com seus pais; havia, então, muitos milhares de judeus que creram e um grande número de gentios, na maioria das principais cidades do mundo, e entre tantos milhares, é muito provável que haveria milhares de casas batizadas. Por que, então, o apóstolo a este respeito destacaria uma família de judeus e três ou quatro dos gentios, como casos particulares em um caso que era comum? Seja quem for que suponha que deliberadamente afastamos nossos filhos do benefício de qualquer promessa ou privilégio, de direito pertencente aos filhos de pais crentes; esses entretêm pensamentos severos sobre nós: não ter afeições naturais é uma das características das piores pessoas, no pior dos tempos. Nós voluntariamente confessamos a nós mesmos culpados perante o Senhor, em que não temos com mais circunspecção e diligência treinado aqueles que são nossos parentes no temor do Senhor; e oramos com humildade e sinceridade para que nossas omissões sejam perdoadas, e que elas não redundem em prejuízo a nós mesmos ou a quaisquer dos nossos; mas no que diz respeito ao dever que nos cabe, reconhecemos que somos obrigados pelos preceitos de Deus a instruir os nossos filhos na doutrina e admoestação do Senhor [Efésios 6:4], ensinar-lhes o temor dEle, tanto pela instrução quanto pelo exemplo. E se ao lançarmos luz a esse preceito, isso demonstrasse que somos mais vis do que pagãos antinaturais, a ponto de não mantermos Deus no conhecimento deles, nosso Batismo poderia, então, ser considerado justamente como um batismo nulo para nós.

 

Há muitas promessas especiais que nos encorajam, assim como preceitos, que nos obrigam a buscar diligentemente o nosso dever aqui: que o Deus a quem servimos, sendo zeloso de Sua adoração, ameaça visitar a transgressão dos pais em seus filhos até a terceira e a quarta geração dos que O odeiam; porém, abundantemente estende a Sua misericórdia até milhares (referindo-se à descendência e as gerações sucessivas) dos que O amam e guardam os Seus mandamentos.

 

Quando nosso Senhor repreendeu os Seus discípulos por proibirem o acesso de crianças que foram trazidas a Ele, para orar por elas, impor as mãos sobre elas e as abençoar, declara, que dos tais é o Reino de Deus [Mateus 19:13-14; Marcos 10:13-16; Lucas 18:15-17]. E o apóstolo Pedro, em resposta ao questionamento daqueles que desejavam saber o que eles deveriam fazer para serem salvo, não apenas os instrui no dever necessário do arrependimento e do Batismo [Atos 2:37-39]; mas também os encoraja por meio daquela promessa que se referia a eles e aos seus filhos; se nosso Senhor Jesus no lugar acima mencionado, não leva em conta as características das crianças (como em outros lugares), quanto à sua mansidão, humildade e sinceridade, e coisas semelhantes; mas intenciona que essas próprias pessoas e semelhantes pertençam ao Reino de Deus, e se o apóstolo Pedro, ao mencionar a promessa acima citada, refere-se não apenas às gerações presentes e futuras dos judeus que o ouviram (em cujo sentido a mesma frase ocorrerá nas Escrituras), mas também à descendência imediata dos seus ouvintes; se a promessa se refere ao dom do Espírito Santo, ou da vida eterna, ou qualquer graça, ou privilégio tendente à sua obtenção por isso; não é nossa preocupação nem nosso interesse limitar as misericórdias e as promessas de Deus a um caminho mais estreito ou menor alcance além do que Lhe agrade graciosamente oferecer e as intenciona; nem ter uma estima superficial delas; mas somos obrigados por obrigação para com Deus e afeição aos nossos filhos a implorar fervorosamente a Deus e usar os nossos maiores esforços para que tanto nós mesmos como a nossa descendência sejam participantes de Suas graciosas misericórdias e promessas; contudo, não podemos, a partir de nenhum desses textos, reunir uma autorização suficiente para que batizemos nossos filhos antes que eles sejam instruídos nos princípios da Religião Cristã.

 

Pois, como no caso das crianças, pela proibição dos discípulos parece que foram trazidas em outra consideração, não tão frequente quanto deveria ser o Batismo, se desde o princípio os filhos dos crentes fossem admitidos a ele. Nenhum relato é dado se seus pais eram crentes batizados ou não; e quanto ao exemplo do apóstolo; se as seguintes palavras e prática fossem tidas como uma interpretação do alcance dessa promessa, não podemos conceber que se refere ao batismo infantil, porque o texto logo apresenta: “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados” [Atos 2:41].

 

Que havia alguns filhos crentes de pais crentes nos dias dos apóstolos é evidente a partir das Escrituras, até mesmo enquanto estavam na família de seus pais, e sob a educação e instrução daqueles; a quem o apóstolo em várias de suas Epístolas às Igrejas, dá ordens para que obedeçam aos seus pais no Senhor; e atrai seus tenros anos para que ouçam este preceito, lembrando-lhes que é o primeiro mandamento com promessa [Efésios 6:2].

 

E isso é registrado por ele para o louvor de Timóteo e encorajamento dos pais para que cedo instruam e aos filhos para que desde cedo atendam à instrução divina, que desde, απο βρεφος, a meninice conhecia as Sagradas Escrituras [2Timóteo 3:15].

 

O apóstolo João se alegrou muito quando encontrou os filhos da senhora eleita andando na verdade; e os filhos de sua irmã eleita unem-se com o apóstolo em sua saudação [2João 1:1-4,13; Cf. 3João 1:4].

 

Mas, que isso não era geralmente assim, que todos os filhos dos crentes fossem considerados como crentes (como seria se todos tivessem sido batizados) pode ser concluído a partir da característica que o apóstolo dá sobre as pessoas aptas a serem escolhidas como bispos em uma Igreja, o que não era comum a todos os crentes; entre outros isso é expressamente uma, a saber, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes [1Timóteo 3:4]; e, a partir dos escritos apostólicos sobre o mesmo assunto, reunir as razões dessa qualificação: que no caso da pessoa designada para esse ofício de ensinar e ordenar a casa de Deus, deveria ter filhos adequados a isso; haveria primeiro uma prova de sua habilidade, capacidade e sucesso neste trabalho em sua própria família; e capacidade privada, antes de ser ordenado ao exercício desta autoridade na igreja, em caráter público, como bispo na casa de Deus.

 

Essas coisas mencionamos como tendo uma referência direta à controvérsia entre nossos irmãos e nós; quanto às outras coisas que são mais confusas e prolixas, que são frequentemente introduzidas nesta controvérsia, mas não necessariamente se referem a ela, temos propositadamente evitado, para que a distância entre nós e nossos irmãos não seja aumentada por nós; pois é nosso dever e preocupação tanto quanto possível para nós (mantendo uma boa consciência para com Deus) buscar um mais pleno acordo e reconciliação com eles.

 

Nós não somos insensíveis que, quanto à ordem da casa de Deus, e toda a comunhão nela há algumas coisas em que nós (assim como outros) não temos um acordo completo entre nós mesmos, como por exemplo: O princípio conhecido e o estado das consciências de diversos de nós, que concordaram nesta Confissão é tal que não podemos celebrar a comunhão eclesiástica com quaisquer outros senão crentes batizados e igrejas constituídas dos tais; contudo alguns outros de nós têm uma liberdade e concessão maiores em nossos espíritos dessa maneira; e, portanto, omitimos propositadamente a menção de coisas dessa natureza, para que concordássemos, ao dar essa evidência de nosso acordo, tanto entre nós mesmos como com outros bons Cristãos, nesses artigos importantes da religião Cristã, principalmente insistidos por nós. E apesar disso, todos nós consideramos a nossa principal preocupação, tanto entre nós como entre todos os outros que em todo lugar invocam o nome do Senhor Jesus Cristo nosso Senhor, tanto deles como nosso, e O amam com sinceridade, que busquemos manter a unidade do Espírito, no vínculo da paz; e para isso, exercermos toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando uns aos outros em amor.

 

E estamos persuadidos que se o mesmo método fosse introduzido na prática frequente entre nós e nossos amigos Cristãos que concordam conosco em todos os artigos fundamentais da Fé Cristã (embora não concordem quanto aos sujeitos e administração do Batismo), em breve alcançaríamos um melhor entendimento e mais afeição fraternal entre nós.

 

No início da Igreja Cristã, quando a doutrina do Batismo de Cristo não era universalmente compreendida, ainda assim aqueles que conheciam apenas o Batismo de João, eram discípulos do Senhor Jesus; e Apolo era um eminente ministro do Evangelho de Jesus.

 

No início da Reforma da Igreja Cristã e da recuperação daquela escuridão egípcia em que nossos antepassados ​​por muitas gerações foram mantidos em escravidão; por meio das Escrituras da verdade, foram concebidas diferentes apreensões, que continuam até hoje, no que se refere à prática desta Ordenança.

 

Que nosso zelo aqui não seja mal interpretado: aquele Deus a quem servimos tem zelo de sua adoração. Por sua graciosa providência, a lei continua entre nós; e somos alertados pelo que aconteceu na igreja dos judeus, que é necessário para cada geração e que frequentemente cada geração consulte o oráculo divino, comparemos a nossa adoração com a regra, e tomemos cuidado com as doutrinas que recebemos e as pratiquemos.

 

Se os Dez Mandamentos como revelados nos livros de culto idólatra papista fossem recebidos como toda a lei de Deus, porque eles concordam em número com os Deus Mandamentos dados por Deus, e também na substância de nove deles; o segundo mandamento proibindo a idolatria teria sido completamente perdido.

 

Se Esdras e Neemias não fizessem uma busca diligente nas porções particulares da lei de Deus e em seu culto; a Festa dos Tabernáculos (que durante muitos séculos de anos não havia sido devidamente observada, segundo a instituição [divina], embora fosse mantida em noção geral) não seria observada com a devida ordem.

 

Assim pode ser agora a respeito de muitas coisas relacionadas ao culto a Deus, que mantêm os nomes próprios a elas em sua primeira instituição, mas ainda por inadvertência (onde não há propósito mal) podem variar em suas circunstâncias, em relação à sua primeira instituição. E se por meio de qualquer desvio antigo ou daquela corrupção geral do culto a Deus e interrupção de sua verdadeira adoração, e perseguição de seus servos pelo anticristo bispo de Roma, por muitas gerações; aqueles que consultam a Palavra de Deus, ainda não conseguem chegar a uma satisfação plena e mútua entre si mesmos sobre qual era a prática da igreja Cristã Primitiva, em alguns pontos relacionados com o culto de Deus; ainda que essas coisas não sejam da essência do Cristianismo, mas que concordamos nas doutrinas fundamentais do mesmo, compreendemos que há fundamento suficiente para deixar de lado toda amargura e preconceito, e no espírito de amor e mansidão abraçar e reconhecer uns aos outros nisso, deixando uns aos outros em liberdade para realizar tais outros serviços, (em que não podemos concordar) separados para Deus, de acordo com o melhor do nosso entendimento.

 

FINIS

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[1] Abraão era tio de Ló, ver Gênesis 11:27.