O Chamado Divino Para Missionários, por C. H. Spurgeon

R$0,00

SKU: 9c5a8c47c6bc Categoria:

Descrição

Sermão pregado na manhã do Dia do Senhor, 22 de abril de 1877, por C. H. ​Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington, alicerçado no soleníssimo e urgentíssimo Chamado Divino: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8).

Eis alguns trechos:

***

Irmãos e irmãs, os pagãos estão perecendo e só há um caminho de salvação para eles, pois só há um Nome dado debaixo do Céu entre os homens pelo qual eles devem ser salvos. Deus, na gloriosa unidade de Sua Natureza Divina está chamando mensageiros que irão proclamar aos homens o Caminho da Vida. A partir da densa escuridão meus ouvidos podem ouvir aquele som misterioso e Divino, “A quem enviarei?”. Se você apenas escutar com o ouvido da fé, você pode ouvir isso nesta casa hoje: “A quem enviarei?”. Enquanto o mundo jaz sob a maldição do pecado, o Deus vivo, que não deseja que ninguém pereça, mas que venham a arrepender-se, está buscando mensageiros para proclamar a Sua misericórdia. Ele está perguntando, até mesmo em termos apelativos, por alguns que sairão para os milhões que morrem e contarão a maravilhosa história do Seu amor: “A quem enviarei?”.

I. Com reverência, e com toda a atenção de nossos corações, vamos contemplar A VISÃO DA GLÓRIA que Isaías viu.

Homens, também, queiram ou não, serão subservientes ao Seu domínio supremo. Seus exércitos e Suas marinhas cumprem Seus decretos, mesmo quando eles acham que não. Ele é o Senhor de todos! Exultem nisto e encham seus corações de coragem por causa disto. E então, medite, para que você possa sentir um espírito missionário, nessa última parte da canção, “Toda a terra está cheia da Sua glória”, pois realmente é assim, em certo sentido. “Senhor dos exércitos é a plenitude de toda a terra”. Deus é glorioso em todo o mundo! O Céu e a terra estão cheios da majestade da Sua glória. Tudo O adora, exceto essa criatura errante e rebelde, o homem! Inverta esta atribuição, pois pode ser lida assim, como um desejo: “Que toda a terra se encha com a Sua glória”. Leia-a, por favor, como se fosse uma profecia: “Toda a terra se encherá de Sua glória”, e então prossigam, ó servos do Altíssimo, com esta decisão: que em Suas mãos vocês serão o meio de cumprir a profecia, espalhando o conhecimento de Seu nome entre os filhos dos homens! A terra é do Senhor e toda a sua plenitude, e Ele deve reinar sobre ela. Você vai sucumbir à moderna teoria de que o mundo nunca se converterá a Deus? A história humana acabará com o triunfo do Diabo sobre a Igreja de Deus? O Senhor desistirá da presente batalha do bem contra o mal com os homens fracos como instrumentos? As condições do conflito serão mudadas por completo? O Espírito Santo falhará até que um reino terreno seja estabelecido para o Senhor Jesus?

O Evangelho nunca se espalhará entre as nações? Cristo voltará para um mundo pagão não iluminado, com Maomé, o falso profeta, ainda invicto e a prostituta de Roma ainda sobre as suas sete colinas e todos os ídolos em seus lugares? A batalha que agora glorifica a Deus pela fraqueza do homem será travada de outra maneira? Você pode acreditar nisso se quiser, e ir para a cama de sua preguiça inglória! Mas eu acho que há algo mais digno de fé do que isso, ou seja, que Deus será vitorioso na atual batalha e no presente conflito! Por Sua Igreja, Sua Palavra e Seu Espírito, Ele quer conquistar a vitória! Pelo testemunho de homens fracos e falíveis para o Evangelho de Sua graça, Ele quer conquistar os poderes das trevas!

II. Tornemos agora os nossos pensamentos para A VISÃO DA ORDENAÇÃO.

Devemos sentir que vivemos no meio de um povo de lábios impuros e devemos suportar os seus pecados em nossos corações, nos arrependendo por eles, se eles não se arrependerem, e quebrar os nossos corações por eles porque seus corações são como granito contra o seu Deus. Somente em tal estado de espírito estaremos aptos a prosseguir em nome de Deus. E você percebe que ele tinha um santo temor sobre si por causa da Presença Divina? Você vê como ele curvou-se porque seus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos? Oh, favorecido servo de Deus! Isaías, você é honrado acima de seus companheiros, para contemplar o trono de Deus e a glória! O que você e eu não daríamos para que pudéssemos estar no templo, olhar por dentro da porta e ver a fumaça, e ter algum vislumbre do Resplendor? Mas Isaías nunca exultou com isso. Pelo contrário, ele clamou: “Ai de mim!”. Não há nenhum pensamento da dignidade para a qual a visão maravilhosa o levantou, no profundo do pó ele grita: “Estou perdido, porque vi o Rei, o Senhor dos Exércitos!”.

Agora, este senso de temor da Presença Divina é necessário para fazer um homem servir ao Senhor apropriadamente e de forma aceitável. Esqueçam que Deus é tudo em torno de vocês, esqueçam que vocês vivem em Sua Presença e são Seus servos; saiam de perto dEle e vocês podem ser descuidados, vocês podem restringir o seu zelo e suas consciências podem estar à vontade. Mas deixe um homem sentir que Deus o vê e deixe-o saber que ele está sob a Sua orientação imediata e ele será despertado de uma vez para fazer a vontade do Senhor na terra assim como é feita no Céu! Ele vai empregar todas as suas energias, porque Deus deve ser servido com o nosso melhor! Mas estará consciente de que, quando ele fez o seu melhor, ele ficou aquém da glória de Deus, e ele será muito humilde, como deveriam ser aqueles que estão diante de tal Presença.

Oh, Senhor Jesus, por Teu Espírito Santo dá-nos o senso avassalador da Tua presença! Se assim fizeres, seremos uma tenda cheia de adoradores, em primeiro lugar, e de trabalhadores depois, e adoraremos e trabalharemos para Ti com alegria. Nesta segunda parte da visão do Profeta, a coisa mais notável é a maneira pela qual Deus encontrou e removeu as enfermidades do Seu servo. Seus lábios impuros eram seu grande impedimento. Aonde ele mais precisava de poder, ele mais sentiu a sua enfermidade, e assim veio um serafim com as pinças de ouro, ou apagadores, e tomou uma brasa viva do altar e tocou os lábios dele com ela. O que isto significa? Nós temos a explicação: “Sua iniquidade foi tirada e seu pecado purificado”.

III. Quando um homem está preparado para o trabalho sagrado, ele não demora muito antes de receber uma comissão. Chegamos, então, a pensar no CHAMADO DIVINO.

Chamo a sua atenção, mais uma vez, para o fato de que esta é a voz do único Deus e é, também, a pergunta da Sagrada Trindade: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. O Pai, o Filho e o Espírito assim questionam-nos, a tríplice Voz não deve ser considerada? Observe o determinado tipo de homem a quem essa voz está buscando. Ele é um homem que deve ser enviado, um homem sob impulso, um homem sujeito à autoridade; “A quem enviarei”. Mas é um homem que está disposto a ir, um voluntário, alguém que, no íntimo do seu coração, se alegra em obedecer, “Quem irá por nós?”. Que estranha mistura é essa! “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho”, e ainda “tomar a liderança do rebanho de Deus, não por constrangimento, mas espontaneamente”. Impulso irresistível e alegre escolha e compulsão Onipotente e anelo alegre mui misteriosamente combinam! Temos que ter uma mistura destes dois!

 Eu não sei como eu poderia colocar em tantas palavras essa maravilhosa sensação de liberdade e impulso avassalador, de necessidade e liberdade, mas a nossa experiência entende o que a nossa língua não pode expressar. Estamos dispostos e ainda um poder está sobre nós. Estamos dispostos no dia do poder de Deus, surgindo tão livremente como as gotas de orvalho do ventre da manhã e ainda como produto do poder Divino, como elas são. Assim deve ser um servo de Deus. Eu me pergunto se eu ecoo a voz de Deus, esta manhã, se encontrará em meio a milhares de pessoas nesta casa e os milhares que podem ler esta palavra, algumas respostas amorosas em pelo menos alguns corações escolhidos? “A quem enviarei?”. É a voz de Yahwéh, “E quem há de ir por nós?”. É a voz do Cordeiro! É a voz do Pai amoroso! É a voz do sempre bendito Espírito!

Será que ninguém saltará neste momento e livremente oferecer-se á a si mesmo? Devo falar em vão? Ah, isso seria uma coisa leve; a voz do céu seria em vão? A criança Samuel responde, “Eis-me aqui, pois tu me chamaste”, e não irá um homem crescido responder à voz do Eterno? Deixo isso com os vossos corações e consciências.

IV. Agora vem o último ponto, e esta é A RESPOSTA SÉRIA. A resposta de Isaías foi: “Eis-me aqui; envia-me”. Eu acho que vejo nessa resposta uma consciência do seu ser em uma determinada posição que ninguém mais ocupou, e que o levou a dizer: “Eis-me aqui”. Não havia mais ninguém no templo. Ninguém mais viu essa visão e, portanto, a ele a voz do Senhor veio de uma só vez e, pessoalmente, como se não houvesse outro homem em todo o mundo. “Eis-me aqui”.

Agora, irmãos e irmãs, se em algum momento o campo missionário carece de trabalhadores, (é uma coisa triste que assim seja, mas ainda assim é), não deve este fato fazer com que cada homem olhe para si mesmo e diga: “Onde estou eu? Que posição ocupo nesta obra de Deus? Posso não ser colocado exatamente onde eu estou, porque posso fazer o que os outros não podem?”. Alguns de vocês, rapazes, principalmente, sem os laços de família para mantê-los no país; vocês, sem uma igreja grande em torno de si, ou não tendo, ainda, mergulhado no mar dos negócios; vocês, eu digo, que estão de pé onde, no ardor do seu primeiro amor, vocês podem apropriadamente dizer: “Eis-me aqui”. E se Deus dotou você com qualquer riqueza, lhe deu qualquer talento e o colocou em uma posição favorável, você é o homem que deveria dizer: “Talvez eu tenha chegado ao reino para um momento como este. Posso ter sido colocado onde eu estou, de propósito, para que eu possa prestar ajuda essencial para a causa de Deus”.

Agora, meus bravos irmãos, quem pulará e tomará um remo por amor a Jesus e salvará os homens que estão morrendo? E vocês, mulheres corajosas, vocês que têm o coração como o de Grace Darling, não vão envergonhar os retardatários e enfrentar a tempestade por amor às almas em perigo de morte e do Inferno? Levem a sério o meu apelo, pois é o apelo de Deus! Sentem-se e ouçam o triste, ainda que majestoso apelo: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. E, em seguida, respondam: “Prontos, sim, prontos! Prontos para qualquer coisa que o nosso Redentor nos chamar”. Que aqueles que O amam, pois percebem à sua volta o terrível sinal de extrema necessidade do mundo, clamem em uma agonia de amor Cristão: “Eis-me aqui; envie-me!”.

 

***

Soli Deo Gloria!
 

Informação adicional

Autor