Entre ou cadastre-se

A Identidade e História dos Batistas Particulares │ Por Samuel Renihan

Em sua série contínua de artigos “engajando-se” com a história e a teologia dos Batistas Particulares, o Dr. R. Scott Clark recentemente articulou e esclareceu seu ângulo de abordagem dos aspectos e questões relevantes. Em particular, o Dr. Clark sugeriu que, embora os Batistas Particulares intencionalmente se identificassem com a teologia Reformada e se distanciassem da história e da teologia Anabatistas, sua reivindicação está sujeita a escrutínio externo. E historiadores Batistas que simplesmente confiam na afirmação interna são, portanto, suscetíveis a pontos cegos e erros, se não forem além de repetir a história interna.
 

 

Assim, pela multidão de escritores que concordam com isso, eles são, com efeito, um só escritor, visto que os últimos tomam emprestado dos primeiros.

Metodologicamente, esta é uma abordagem válida e até uma boa pergunta. A evidência externa apoia a história interna? O Dr. Clark indica que, quanto mais se examina o registro histórico, mais se considera que a suposta identidade própria dos Batistas Particulares é mais uma identidade do que uma realidade. Ele diz:

 

A etiologia do movimento Batista Particular também permanece problemática. Meus amigos Batistas Particulares negam consistentemente qualquer conexão entre os Batistas Particulares e os Anabatistas. Essa afirmação parece estar mais fundamentada em sua própria identidade teológica do que na história real.

 

Como exemplo, Clark aponta que Benjamin Keach anteriormente era um Batista Geral, uma ampla tradição com reconhecidas conexões com os Anabatistas continentais. Para uma perspectiva completa sobre a teologia e as influências teológicas de Keach, consulte este livro escrito pelo Dr. Jonathan Arnold. Neste artigo, vou separar Keach, não apenas porque o livro acima é um recurso suficiente, mas também porque a mudança de Keach para a teologia Batista Particular na década de 1670 é completamente alheia às origens do grupo entre 1630 e 1640, quando Keach era ainda nem havia nascido. Além disso, se examinarmos a teologia pactual de Keach, tudo o que você obterá é Petto, Owen, Coxe e Cary.

Agora, vamos considerar brevemente a “história real” envolvida, em relação à ideologia (as ideias no contexto dos primeiros Batistas Particulares) e à história (o contexto histórico real dos batistas particulares individuais). Meu livro From Shadow to Substance [Da Sombra à Substância] apresenta essa informação e não simplesmente “adia”, como o Dr. Clark afirma, para a história interna do movimento Batista Particular.

 

Contexto Ideológico

 

Quais ideias influenciaram o desenvolvimento dos Batistas Particulares? De onde vem o credobatismo? Eles não vieram do nada.

Certamente, pareceria estranho, se não suspeito, localizar as origens do credobatismo dos Batistas Particulares em um sistema que rejeita o credobatismo, ou seja, a teologia Reformada. E se eu puder tentar adivinhar as pressuposições e predisposições do Dr. Clark neste caso, pareceria um preconceito natural.

 

 

Se um homem pintasse um rato, ou um ouriço, e escrevesse sobre isso dizendo que era um leão, nenhum homem acreditaria nisso, porque este é um título magnificente, embora não seja neste sentido que ele é chamado e que pretendia ser.

No entanto, considere os dois principais ramos de argumentação usados pelos Batistas Particulares para justificar seu credobatismo, ramificações que começam nos primeiros livros dos Batistas: um argumento vindo da lei positiva e um argumento vindo da teologia pactual. Ambos os argumentos têm raízes na teologia Puritana Reformada Protestante. Quando digo “Puritana” refiro-me à colisão da teologia Protestante Reformada com a igreja Inglesa, que resultou em um movimento interno com ideias diversas sobre como a igreja deveria ser reformada. Eu considero a teologia “Puritana” como a teologia Reformada Protestante sendo trabalhada no contexto inglês. Esse movimento tomou muitas formas e estendeu seus ramos em várias direções.

Comum a esse movimento foi uma insistência em limitar a fé e a prática à Palavra de Deus, rejeitando assim as tradições antibíblicas. Os estudantes universitários ingleses consideraram ou reconsideraram seu sistema teológico novamente, e os sacerdotes reconsideraram não apenas seu sistema, mas sua prática real. Alguns deles começaram a negar a Ceia do Senhor a paroquianos que não faziam profissão de fé além do batismo infantil e que viviam vidas que não evidenciavam nenhum fruto espiritual. Quando os estudantes e sacerdotes ingleses estão tentando alinhar sua credenda e agenda com as Escrituras, e quando chegam a limitar o sacramento da vida espiritual aos crentes professos e perseverantes, não é exagerado, ideologicamente, ver como o mesmo contexto e influências produziram uma reavaliação do sacramento da nova vida, o batismo, e limitou-o aos crentes professos. Eles não precisavam olhar para a Holanda ou para a Alemanha para fazer essas perguntas sobre estas coisas. Eles também não precisaram procurar no exterior para encontrar as respostas para essas perguntas.

Quanto aos detalhes da origem Protestante, Reformada e Puritana do argumento dos Batistas Particulares para o credobatismo com base na lei positiva, veja esta palestra e o esboço dela disponível nessa página.

Quanto às raízes Protestantes, Reformadas e Puritanas do argumento dos Batistas Particulares para o credobatismo com base na teologia pactual, meu livro trata disso da forma mais abrangente possível, e eu o encaminho para ele. A chave para isso é a apresentação e o exame da unidade e diversidade da teologia pactual Reformada, de modo a localizar a relação dos Batistas Particulares com a mesma. Considerar o assunto sem considerar a diversidade da tradição Reformada de fato torna perplexo, se não absurdo, afirmar que um sistema pactual que resulta no credobatismo se deriva de um sistema pactual que rejeita o credobatismo. Dado o escopo de tal questão, volto encaminhar-lhe ao meu livro.

As raízes Protestantes, Reformadas e Puritanas desses dois ramos da argumentação não são apenas um modelo que eu, ou outros, criaram para afirmar uma identidade. É o que você encontra nos escritos dos Batistas Particulares. Quer você concorde ou não com eles, encontrará Batistas Particulares regular e favoravelmente citando as fontes Reformadas em apoio aos seus argumentos. Você simplesmente não encontrará um apelo à teologia Anabatista para o credobatismo. Uma conexão com a teologia Anabatista como uma influência ideológica contextual só pode ser suposta e imposta à literatura Batista Particular. Não pode ser encontrada lá.

 

Contexto Histórico

 

Aqui não precisamos lidar com abstrações. Nós podemos ser bem concretos. Portanto, considere o contexto histórico atual dos Batistas Particulares individuais de primeira geração, em outras palavras, o contexto histórico real das origens dos Batistas Particulares. De onde eles vieram? De onde eles estavam formando as suas ideias?

 

 

O que essa “história real” nos diz é que muitos dos líderes e primeiros editores da primeira geração de Batistas Particulares foram treinados nas universidades inglesas e ordenados na Igreja da Inglaterra durante um tempo em que a teologia Reformada estava impactando e influenciando aquelas instituições. Eles eram pedobatistas, frequentemente sacerdotes paroquiais, cujas histórias e escritos pessoais apoiam a autoidentidade e a história interna mencionadas acima. Eles surgiram da teologia da Reforma na Inglaterra do início do século XVII.

Este contexto histórico não isola magicamente os Batistas Particulares das ideias ou teologia Anabatistas continentais. Embora seja certo que eles foram treinados contra o Anabatismo nas universidades. A questão é que muitos dos primeiros líderes Batistas Particulares têm as mesmas credenciais e vieram do mesmo contexto que homens como John Ball, Anthony Burgess ou John Owen. Então, o que quer que seja dito sobre o contexto amplo desses Batistas Particulares será igualmente verdadeiro para o resto dos homens “Reformados” no contexto inglês naquela época.

Suas confissões refletem e aumentam a evidência de uma origem Reformada. Os homens que acabaram de ser listados compuseram a 1CFB em 1644, principalmente a partir da True Confession [Confissão Verdadeira] de 1596, provavelmente escrita por Henry Ainsworth e o Compêndio de Teologia de William Ames. Com muitos desses mesmos homens ainda vivos, a 2CFB foi composta em 1677 principalmente a partir da Confissão de Fé de Westminster, da Declaração do Savoy e da 1CFB. A sobreposição doutrinal e a conexão familiar dessas confissões Batistas e Pedobatistas é tão forte e intencional que é necessária uma quantidade razoável de força e intenção opostas para tentar separá-las.

A questão da identidade e origens não é algo destituído de evidência histórica, nem precisa ser discutida de modo abstrato. De fato, há mais a oferecer do que o que escrevi aqui. Se alguém quiser dizer algo sobre as origens dos Batistas Particulares, apenas seja específico e ofereça suas evidências. A menos que eu esteja enganado, os primeiros dias de Benjamin Keach como Batista Geral são a única evidência trazida pelo Dr. Clark até agora.

Eu apontei para recursos que oferecem evidências para o contexto ideológico do credobatismo dos Batistas Particulares, conforme argumentado em duas frentes. E forneci evidências do contexto histórico de muitos dos Batistas Particulares de primeira geração. À luz dessa evidência, afirmo que são os artigos do Dr. Clark que sofrem com o problema da identidade suposta/imposta versus a história real.

 

 

Isto (senhor) é tudo, eu vou incomodá-lo nesta questão, até que eu obtenha suas objeções, ou alguma outra oportunidade de demonstrar o meu zelo para servi-lo, de acordo com o máximo da minha capacidade.

Eu, o senhor etc.