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William Kiffen: Ortodoxo, Radical e Reformado!

A história é complicada, assim como a teologia histórica. Abordamos textos e eventos antigos com perguntas modernas, categorias modernas e modos modernos de pensar. No caso de discussões sobre a relação dos congregacionais batistas (isto é, os primeiros batistas particulares) com a tradição reformada, os mesmos problemas se apresentam. Nós os entendemos em seu próprio contexto histórico e ideológico? Eles são sujeitos, ensinando-nos quem eles eram e como pensavam, ou são objetos sobre os quais impusemos nossa interpretação moderna?

A modernidade tem suas vantagens, uma das quais é a ampla disponibilidade de textos e fontes mais antigos, o que significa que cada vez mais temos a oportunidade de nos familiarizarmos com indivíduos ou grupos históricos a partir de sua própria literatura. Este blog, Petty France, sempre se dedicou a colocar as fontes originais diante dos olhos dos interessados.

Este artigo enfatiza uma pequena publicação de William Kiffen, em 1645, intitulada: “A Briefe Remonstrance of the Reasons and Grounds of those People commonly called Anabaptists, for their Seperation, &c. Or Certain Queries Concerning Faith and Practice, propounded by Mr. Robert Poole; Answered and Resolved by William Kiffen” [Uma Breve Explicação das Razões e dos Fundamentos das Pessoas Comumente Chamadas de Anabatistas, por Causa de sua Separação etc. Ou Alguns Questionamentos Sobre a Fé e a Prática, Propostas pelo Sr. Robert Poole, Respondidas e Resolvidas por William Kiffen”]. Quero enfatizar o momento dessa discussão e como isso afeta nossa percepção dos congregacionais batistas e de seu relacionamento com as igrejas reformadas e os cristãos da época. Especificamente, considere que naquela época os congregacionais batistas haviam publicado sua Confissão de Fé, mas a Confissão de Westminster ainda não existia. A Confissão e seus documentos correlatos estavam em andamento, não apenas em relação à própria Assembleia, mas também em relação à aprovação ou desaprovação dos referidos documentos pelo Parlamento.

O cenário da discussão abaixo é o seguinte: a filha de Robert Poole (que parece ser presbiteriana), Elizabeth, e pelo menos um de seus empregados se juntaram à igreja de William Kiffen. Robert ficou muito descontente com isso e escreveu a Kiffen sobre “meus iludidos” exigindo que Kiffen “os dispensasse e os deixasse ao meu poder, pois sou o responsável por eles”. Poole enviou cinco perguntas a Kiffen, pedindo-lhe para que justificasse a prática de sua igreja ao se separar da igreja nacional estabelecida.

Meu interesse está na resposta de Kiffen à acusação feita contra ele e à sua igreja de seguir o “caminho anabatista” em oposição à prática das “igrejas reformadas”. Transcrevi algumas partes desse documento que você pode ler abaixo com a ortografia e algumas pontuações atualizadas. [As partes entre colchetes são minhas próprias inserções, as quais uso a título de esclarecimento.]

Primeiro Questionamento de Poole

“Por qual mandamento da Palavra de Deus você se separou de nossas congregações, onde a Palavra e os sacramentos são administrados com pureza?”

Resposta de Kiffen

…Pois vocês não admitem e toleram diariamente entre vocês pessoas [ímpias] que, segundo a Palavra de Deus, podem levedar toda a massa (1 Coríntios 5:6), enquanto não lhes ministram a Palavra de Deus em sua pureza para que eles sejam curados? O Espírito de Cristo diz que tal glória não é boa, e a festa do Senhor não deve ser desfrutada por eles. E eu peço que você me mostre que instituição evangélica você tem para batizar crianças, que é um dos grandes sacramentos entre vocês; algo que você possa alegar para justificar sua prática, além daquilo que a poça de lama das invenções do homem oferece. E, portanto, quando seus sacramentos forem puramente administrados de acordo com a pura instituição do Senhor Jesus; e quando você tiver ministrado a Palavra e o Poder de Cristo, para excomungar todos os bêbados, fornicadores, avarentos, blasfemos, mentirosos e todas as pessoas abomináveis e imundas para que elas não permaneçam entre vocês, e quando vocês permanecerem juntos na fé, como uma massa pura de crentes reunidos e unidos de acordo com a instituição de Cristo, nós (eu espero) nos uniremos a vocês na mesma congregação e comunhão, e nada nos separará a não ser a morte.

Análise

Lembre-se de que o Parlamento convocou a Assembleia de Westminster para reformar a igreja nacional da Inglaterra. Kiffen está respondendo a essa igreja, uma igreja para a qual todos na paróquia vêm trazer seus filhos para serem batizados e todos na paróquia recebem a ceia do Senhor. Kiffen nega a pureza da administração dos sacramentos com base na impureza dos destinatários e na falta de disciplina contra aqueles que eram abertamente ímpios.

Indiscutivelmente, a experiência de uma pessoa varia de igreja paroquial para igreja paroquial. Negar a ceia do Senhor às pessoas “abomináveis e imundas” foi uma das principais questões que estavam na mente dos párocos nas primeiras décadas do século XVII. O movimento “puritano” entrou em conflito com a igreja estabelecida sobre questões como essa. No entanto, Kiffen está certo de que a igreja nacional, como então estabelecida, foi criada de maneira a receber todos para o batismo e a ceia do Senhor. A Assembleia de Westminster debateu essa questão e concluiu que os paroquianos deveriam fazer uma profissão de fé para que seus filhos pudessem receber o batismo.

O ponto em questão é que vemos que os congregacionais batistas não se misturariam às igrejas “reformadas” porque, naquele momento, a nação da Inglaterra e sua igreja estavam passando por enormes mudanças sociais, políticas e religiosas. Mas ainda era uma igreja nacional, constituída por todos e qualquer um.

Segundo Questionamento de Poole

“Que mandamento das Escrituras você toma como base para fundar novas congregações separadas e projetadas para a perturbação da grande obra de reforma que está em curso? [Ou seja, a Assembleia de Westminster e a reforma da igreja nacional]”

Resposta de Kiffen

Resposta: Essa pergunta contém duas partes: 1. Que fundamos novas congregações separadas. 2. Com isso, nós perturbamos a grande obra de Reforma que está em curso neste momento.

Em relação à primeira pergunta, respondo: É bem sabido para muitos, especialmente para nós mesmos, que nossas congregações foram fundadas e projetadas como agora o são, de acordo com o governo de Cristo, e antes de ouvirmos falar sobre qualquer Reforma, e isso desde a época em que o episcopalismo estava no auge de sua glória vaidosa… mesmo quando eles estavam conspirando e ameaçando a ruína de todos os que se opunham à igreja episcopal nacional, e esperamos que você não diga que pecamos ao nos separarmos daqueles cujos erros você agora condena e, no entanto, se você ainda continuar nos estigmatizando com os nomes de anabatistas, cismáticos, hereges, etc., — por nos salvarmos de uma geração como essa (Atos 2:40), que vocês mesmos rejeitaram, e de uma adoração supersticiosa [“supersticiosa” significa fazer coisas religiosas sem ter um mandamento que as ordene] a qual você mesmo diz que deverá ser reformada — pensamos que isso é devido à sua ignorância, ou a algo pior, e, embora você nos condene, Cristo nos justificará pela Palavra dEle, a qual Ele nos deu e nós desejamos praticar, e a qual nós já o recomendamos no final de nossa resposta ao seu primeiro questionamento.

E para a segunda parte de sua pergunta, que nós perturbamos a grande obra de Reforma que está em curso neste momento; não sei o que você pretendeu com essa acusação, a menos que tenha pretendido revelar seu preconceito contra nós, que estamos nos reformando antes de vocês. Pelo que podemos entender, ainda não vimos e podemos conceber nada daquilo que veremos reformado de acordo com a verdade por vocês, contudo, pela misericórdia de Deus, nos já desfrutamos da reforma que temos feito; é estranho para nós como isso pode ser uma perturbação para alguém que é um reformador habilidoso e fiel, pois ele poderia pensar que isso é um avanço ao invés de uma perturbação.

E enquanto você nos fala da obra de Reforma que agora está em curso, nenhum homem sensato nos forçará a desistir da prática daquilo que somos persuadidos de que está de acordo com a verdade, e a abraçar a prática disso, que sequer sabemos o que será; enquanto isso, continue a praticar o que você mesmo diz que deve ser reformado. Entretanto, embora você nos fale sobre uma grande obra de reforma, devemos pedir que nos mostre em que consiste a grandeza dela, pois ainda não vemos grandeza, senão a grandeza da despesa de dinheiro e tempo em prol da grande coisa que é transformar o episcopalismo em presbiterianismo, e um Livro de Oração Comum em um Diretório de Culto, e elevar o custo de vida dos homens de £100 por ano para £400 por ano? Então, peço que considere: não continuam ainda o mesmo poder, os mesmos sacerdotes, as mesmas pessoas, a mesma adoração e a mesma prática? Então, quando vermos o seu grande trabalho de reforma, quando vocês moldarem suas congregações segundo aquele padrão verdadeiro e imutável (1 Coríntios. 3.9-11), de acordo com o mandamento de nosso Salvador (Mateus 28:19-20) e a prática dos apóstolos (Atos 2:4, 5:13-14), e assim tornarem todas as coisas adequadas ao padrão, como Moisés o fez (Êxodo 25:40; Hebreus 8:5), então vocês verão, eu espero, que não apenas estaremos muito longe de perturbar esse trabalho como também seremos um com ele.

Análise

Kiffen argumenta que os congregacionais batistas não podem ser acusados de se separar da obra de reforma na Inglaterra quando se separaram e formaram suas congregações durante o período do episcopalismo. E se a Assembleia e outros estão convencidos de que muitos aspectos da Igreja da Inglaterra precisam ser abandonados e reformados, por que os congregacionais batistas deveriam ser criticados e chamados de “anabatistas, cismáticos e hereges” por já terem se seprado e iniciado essa obra de reforma?

É muito interessante que Kiffen ressalte que os congregacionais batistas não podem ser responsabilizados por permanecerem separados da igreja nacional durante esse período de Reforma, quando não está claro qual será o resultado final. E se os congregacionais batistas já estão convencidos de que suas igrejas são fundamentadas na Bíblia, e a Assembleia reconhece que a igreja nacional em sua forma atual precisa de reforma, por que os congregacionais batistas não deveriam permanecer como estavam e esperarem para ver o que aconteceria?

Em outras palavras, os congregacionalistas batistas não estavam rejeitando a igreja reformada na Inglaterra. Eles estavam testemunhando o desenvolvimento de algo incompleto e, para eles, desagradável. Kiffen promete união se o resultado final for aceitável. Mas ele vê a direção que a Assembleia está tomando e não vê muita diferença entre isso e o establishment anglicano. Coisas como a uniformidade nacional (o Diretório) e os ministros assalariados pelo estado (o dízimo) formando assim uma igreja nacional que incluía cada pessoa da nação (batismo infantil), se pareciam exatamente com o mesmo de sempre. Kiffen não foi o único. As famosas linhas de Milton ecoam aqui,

Quando eles vierem a ler isso claramente e em toda sua força,/ Verão que o novo presbítero é apenas o velho sacerdote escrito com mais letras

Quinto Questionamento de Poole

“Como você pode reivindicar pela Palavra de Deus que o seu caminho anabatista não é uma artimanha pecaminosa que notoriamente provoca cisma e a divisão de todas as igrejas reformadas?” [Leia “artimanha” no sentido de uma acusação de traição.]

Resposta de Kiffen

Resposta: Até aqueles que passam correndo podem ler o fogo que ardia no coração e na caneta de quem escreveu e motivou essa interrogação; mas antes de tudo, se por igrejas reformadas, você quer dizer aquelas igrejas plantadas pelos apóstolos nos tempos primitivos, que são o modelo segundo o qual todas as igrejas de todas as épocas devem se amoldar ao serem guiadas por essas regras apostólicas que foram deixadas para elas; então, reivindicaremos pela Palavra de Deus o nossa caminho anabatista, como você gosta de chamar, dessa artimanha.

E, primeiramente, apesar de nos confessarmos ignorantes de muitas coisas, que devemos saber e desejar, e esperemos diariamente por novas descobertas de luz e verdade, a partir dAquele que é o único que dá isso ao Seu pobre povo, contudo, nós desejamos, tanto quanto possível, seguir a mesma regra que eles. E antes de tudo, nós não batizamos ninguém em Cristo Jesus, senão os que professam fé em Cristo Jesus (Romanos 6:3) por meio da qual eles são feitos filhos de Deus, e por terem sido enxertados em Cristo, então são batizados em Cristo (Gálatas 3:26-27), foi isso que Cristo ordenou isso, e nenhuma outra maneira de batismo (veja Mateus 28:19; Marcos 1:4-5; Lucas 3:7-8) e essa também era a prática dos apóstolos (veja Atos 2:41; 8:12, 36-37; 10:47-48). E sendo assim batizados após a profissão de fé, eles são acrescentados à igreja (Atos 2:41), e ao sermos acrescentados à igreja nos vemos sobre a obrigação de vigiarmos uns aos outros e, em caso de pecado, tratarmos fielmente uns com os outros de acordo com essas Escrituras: Levítico 19:17-18; Mateus 18:15; e os que permanecerem obstinados devem ser excluídos, como aqueles que não são adequados para viver na igreja, de acordo com essa regra (1 Coríntios 5:4-5; Mateus 18:19-20). Portanto por todas essas coisas, e por muitos outros detalhes que eu posso citar, pela misericórdia de Deus, podemos nos livrar dessa acusação de promovermos uma artimanha.

E, sinceramente, se seus olhos estivessem abertos para examinar suas próprias práticas e maneiras, você veria que poderíamos nos libertar melhor dessa notória acusação de artimanha para provocar cisma e divisão naquelas igrejas reformadas, do que vocês poderiam se livrar da notória acusação das igreja reformadas, por parte de Roma, de que elas provocaram cisma. Pois, 1. Vocês defendem que o seu batismo é verdadeiro, a sua ordenação de ministros é verdadeira, a sua manutenção por dízimos e ofertas é verdadeira, e que é legítimo e verdadeiro que todo o povo de uma nação faça parte da igreja, e ainda assim vocês se separaram deles por causa de algumas corrupções. Agora, quanto a nós, negamos que todos e cada um daqueles que estão entre vocês sejam verdadeiros e, portanto, nos separamos de vocês. Então, quando tiverem desfeito o seu notório cisma e como filhos obedientes à sua Mãe, ou então rejeitarem todo o lixo imundo das abominações dela, os quais ainda são encontradas entre vocês, voltaremos a nos unir com vocês ou daremos nossos motivos para não fazermos isso.

Análise

Kiffen argumenta que ele está mais preocupado em conformar sua igreja de acordo com a prática dos apóstolos no Novo Testamento do que com qualquer igreja em qualquer ponto da história. Portanto, embora não tenha dito claramente, ele argumenta que o título “reformado” só pode realmente ser aplicado àqueles que reformaram sua doutrina e prática segundo o padrão e os mandamentos dos apóstolos. Com base nesse fundamento, Kiffen resume sua prática, com provas das Escrituras, que é essencialmente a sua maneira de dizer: “Somos reformados de acordo com a Palavra de Deus”.

Mas o “âmago da questão” aparece quando Kiffen aponta Poole de volta para as “igrejas reformadas” e os acusa de conter restos da teologia católica romana. Segundo Kiffen, os congregacionais batistas consideravam como falsas as seguintes características das “igrejas reformadas” na Inglaterra durante esse período de reforma:

Batismo infantil. Era administrado aos sujeitos errados e do modo errado.

Ordenação de ministros. Eles eram ordenados por presbitérios (ou anteriormente por bispos), mas não por congregações. As congregações tinham o direito de recusa, mas não a ordenação. Sobre o envolvimento da Assembleia de Westminster de suprir os púlpitos da igreja nacional, veja esse excelente livro.

Dízimos e ofertas. Os congregacionais batistas acreditavam que os crentes eram obrigados, por equidade moral e ordem positiva, a dar à igreja o suporte para o ministro e os pobres. Mas eles negaram que o dízimo pudesse ser exigido, e especialmente negaram que pudesse ser exigido da nação.

A constituição da igreja [aqueles de quem ela é composta]. Uma igreja nacional é composta de uma nação. Os congregacionais batistas, como Kiffen expressou, só recebiam crentes professos como membros de suas igrejas. Sim, como mencionado acima, a Assembleia exigia uma profissão de fé para o batismo e você pode ver exatamente que tipo de profissão neste artigo. Mas lembre-se do momento dessa discussão. Essas coisas ainda estavam em andamento na Assembleia. E mesmo com essa profissão em jogo, a visão da igreja ainda é nacional, a qual Kiffen teria rejeitado.

Kiffen usa esses pontos para dizer que os congregacionais batistas não devem ser criticados por se separarem das “igrejas reformadas” quando consideram falsas as características das referidas igrejas, enquanto “as igrejas reformadas” se separam de Roma, apesar de considerarem como verdadeiras determinadas características da igreja romana.

Conclusão

Em resumo, vemos várias conclusões úteis que apresentam o contexto histórico.

Os congregacionais batistas “se separaram” da igreja nacional antes que ela estivesse em um processo de “reforma” e não estavam dispostos a reintegrar-se a ela enquanto sua “reforma” ainda estava em andamento. Eles não se separaram das igrejas reformadas como igrejas reformadas.

A recusa em reintegrar-se à igreja enquanto a “reforma” estava em andamento, a independência congregacional (por exemplo, a ordenação de seus próprios ministros) e a limitação do batismo aos crentes professos lhes deram o rótulo “anabatistas, cismáticos, hereges etc.”. Mas eles negaram tais termos e defenderam suas crenças e práticas aqui e em outros lugares.

A identidade teológica das “igrejas reformadas” na Inglaterra era instável naquela época. As atas e documentos de assembleia mostram que a Assembleia de Westminster incluiu uma ampla variedade de opiniões sobre muitas doutrinas diferentes. Algumas dessas visões divergentes eram contrárias umas às outras na prática, entre elas estava o governo da igreja e a liberdade de consciência em questões religiosas. O resultado final poderia parecer muito diferente se as vozes concorrentes opostas tivessem prevalecido.

Os congregacionais batistas não estavam otimistas com o “trabalho de reforma” da Assembleia de Westminster porque viam que ela manteria uma igreja nacional e sem liberdade de consciência em questões religiosas.

No momento dessa discussão, Kiffen viu sérias falhas nas características da igreja nacional. Mas todas elas são características eclesiológicas práticas: pedobatismo, ordenação, dízimo e membresia. Essa separação prática não deve nos distrair do substancial acordo doutrinário que ainda permanece. Considere o fato de que Kiffen está adotando uma abordagem de “esperar para ver” o resultado da Assembleia e que Kiffen e outros estavam mais do que dispostos a incorporar a grande maioria da Confissão de Westminster (herdada via Declaração de Savoy) em sua Segunda Confissão de Fé em 1677. Ele não estava rejeitando a teologia das “igrejas reformadas” como um todo. Ele simplesmente não podia, na prática, se unir à igreja como ela era então constituída, e de acordo com o modo como ele entendia as coisas.

Essas conclusões e o material anterior lançam luz histórica sobre as ideias e os rótulos usados na década de 1640, quando os congregacionais batistas estavam crescendo e se estabelecendo. Se os abordarmos com perguntas como: “Eles eram igrejas reformadas?” ou “Eles rejeitaram as igrejas reformadas?” ou “Como as igrejas reformadas reagiram a eles?” ou “Por que as igrejas reformadas os chamaram de anabatistas?”, lutaremos para responder àquelas perguntas com precisão, além da atenção a fontes como essa, juntamente com uma sensibilidade histórica e cronológica. Ou podemos achar que essas perguntas simplesmente não são adequadas.

Afaste-se dessas perguntas curiosas demais, as quais um tolo pode fazer mais do que um homem sábio pode responder.

Nosso contexto e rótulos modernos simplesmente não são um mapa para a Inglaterra da década de 1640. E raramente pensamos neles (ou os lemos) adequadamente. Precisamos desenvolver um vocabulário mais sutil que possa descrever, com a maior precisão possível, um contexto tão complexo quanto a Inglaterra no século XVII em geral ou a década de 1640 em particular (Boa sorte!). Essa abordagem é modelada e desenvolvida por Matthew C. Bingham em seu livro, Orthodox Radicals [Radicais Ortodoxos], um título adequado para alguém como Kiffen, que era ortodoxo em sua teologia, mas parecia inteiramente radical e, portanto, não era bem-vindo ao partido de Poole.