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Mães Evangelistas em Campos Prontos para a Ceifa

❝Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.❞ (João 4:35)

Para as mães de crianças, os campos estão prontos para a colheita — todos os dias. No entanto, os pastores às vezes levam as mães a se sentirem sobrecarregadas, culpadas e até chateadas quando fazem muitos apelos por um fervor mais evangelístico. As mães de crianças pequenas podem estar pensando: “Ele sabe como é minha vida? Ele sabe quantas fraldas eu troco, quantas lágrimas eu seco, quanta coriza eu limpo, quantas brigas eu pacifico e quantas refeições preparo todos os dias? Ele sabe que eu não consigo nem fechar meus olhos por um segundo durante o dia?”. Essas mães se perguntam como podem participar de uma programação evangelística… Elas se sentem culpadas e sobrecarregadas!

Como ajudamos as mães a entenderem esses apelos pela evangelização dos perdidos?

A seguir estão oito verdades que as mães precisam entender para considerar o seu papel no cumprimento da Grande Comissão.

Primeiro, ela deve estar satisfeita com o seu reino de responsabilidade dado por Deus.

Na Sua organização soberana da sociedade, o Senhor comunica na Bíblia que Ele estabeleceu vários papéis, jurisdições e responsabilidades. Em termos do seu domínio primário de serviço, fica claro nas Escrituras que as mães são ordenadas por Deus a concentrarem as suas energias em prol de seu lar. Ela é uma “dona de casa” (Tito 2:5 [No original “keepers at home”, literalmente “guardiãs no lar” — N.T]). “Ela edifica a sua casa” (Provérbios 14:1). Ela é uma governadora do lar, que supervisiona o que acontece no lar (1 Timóteo 5:14). Esse é o seu reino.

Portanto, o principal campo evangelístico de uma mãe é o lar. Ela não precisa se sentir culpada por seu foco.

Aqui Jeremy Walker fala sobre mães cansadas e seus chamados, em seu livro “The Brokenhearted Evangelist” [O Evangelista de Coração Quebrantado]:

Que nenhuma mãe cansada, ocupada com o lar e filhos, fira a sua alma com a convicção de que ela não tem como servir a Cristo dessa maneira ou que está impedida por seus filhos e sua casa de fazer algo grandioso. Pelo contrário, essa é a própria esfera do seu trabalho. Seu campo missionário está aos seus pés (e possivelmente sob eles, em seus braços e costas, e frequentemente desenha algo incompreensível em algo insubstituível). De fato, caso ela enganosamente se sinta culpada pelo que não está fazendo ou transfira essa culpa para seus filhos em ressentimento e amargura, isso só impedirá o bem que ela é chamada a fazer como serva aos seus filhos. Considere alguns dos exemplos do passado, como Agostinho, Spurgeon e Paton, para citar apenas três. Nós tendemos a olhar para aqueles homens e pensar que eles foram evangelistas, mas cada um deles foi primeiro evangelizado por seus próprios pais (p. 17).

As mulheres que se dedicam de todo coração a esse reino são frequentemente subvalorizadas, ignoradas ou mesmo desprezadas. Enquanto o seu reino de serviço tem sido difamado, é um reino que Deus criou e deu a ela para administrar. John MacArthur coloca isso da seguinte maneira:

Ser mãe de maneira alguma é ser de “segunda classe”. Os homens têm a autoridade no lar, mas as mulheres têm a influência. A mãe, ainda mais do que o pai, é quem forma e molda essas pequenas vidas desde o primeiro dia (Successful Christian Parenting [Paternidade Cristã Bem-Sucedida], John MacArthur, 1998, p. 194.)

Em segundo lugar, ela deve entender o significado da Grande Comissão e como uma mãe a cumpre.

Sem dúvida, seu principal chamado é cumprir a Grande Comissão em sua esfera de responsabilidade como “guardiã” no lar. Qual é a Grande Comissão? Jesus diz: “É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mateus 28: 18-20).

Terceiro, ela deve explicar o Evangelho a seus filhos.

A mãe explica o que significa nascer de novo e que os laços familiares não podem salvar, pois “nascemos não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1:10-13). Ela fala sobre as glórias multiformes dos tesouros do Reino de Deus. Ela prega o Evangelho para os filhos de dezenas de maneiras através do seu comportamento e palavras. Ela defende a moralidade bíblica. Ela é fiel aos mandamentos bíblicos para a criação de filhos. Ela lê a Bíblia para eles e os ajuda a memorizar as Escrituras. Ela é como a avó de Timóteo que fez com que Paulo pudesse dizer de seu neto: “Desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3:15). Ela se certificou de que não houvesse uma fome da Palavra de Deus em seu lar (Amós 8:11).

Quarto, ela deve se preparar para fazer discípulos de Jesus.

Uma dona de casa cumpre a Grande Comissão fazendo discípulos no contexto do seu lar. Ela faz isso principalmente ensinando seus filhos a aprenderem com Jesus Cristo. Um discípulo é um aprendiz. Ela entende que tem a responsabilidade de comunicar a vida e o ministério de nosso Senhor Jesus Cristo e explicar as promessas de Deus na salvação porque a “promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos…” (Atos 2:39).

Quinto, ela deve ensiná-los a honrar e obedecer.

A mãe explica a Palavra de Deus para os filhos, buscando alcançar profundamente os seus corações para que eles não “deixem” seus ensinamentos de “mãe” (Provérbios 1:8). Essa instrução é algo que é fortalecido diariamente através da repetição, à medida que ela procura criá-los na “doutrina e admoestação do Senhor” e os ensina a “honrar” pai e mãe (Efésios 6:1-4). Ela ordena que os seus filhos “guardem os caminhos do Senhor” (Gênesis 18:19).

Em sexto lugar, ela deve praticar a hospitalidade.

Deus ordenou que o lar seja um lugar de hospitalidade, como vemos aqui: “…se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra” (1 Timóteo 5:10). Essa mãe “abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado” (Provérbios 31:20). Um aspecto disso é o poder da mesa de jantar. Esse é um dos mais poderosos recursos evangelísticos disponíveis. Fazer refeições com os perdidos, os pobres e necessitados é uma maneira crucial de uma esposa promover a missão evangelística da igreja.

Sétimo, ela deve buscar preparar os seus filhos para a terra e para o céu.

A mãe mantém um olho no futuro — no dia em que os enviará ao mundo para trabalhar para a glória de Deus, para que eles “sejam frutíferos e multipliquem-se; encham a terra e a dominem” (Gênesis 1:28). Ela reconhece que a sua responsabilidade é considerar o trabalho transgeracional no qual ela está envolvida: “E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti” (Gênesis 17:7).

Ela prepara os seus filhos para a vida em dois lugares: a vida aqui na terra e na eternidade. Cada lar é um lugar onde as crianças são enviadas para encher a terra… elas devem estar preparadas para ir. O lar é o lugar onde a preparação acontece.

As mães devem estar completamente familiarizadas com a palavra que lhes é atribuída. Não falo sobre o treino físico das crianças, nem principalmente da sua cultura intelectual, mas da sua educação social, moral e religiosa. O objetivo e dever de uma mãe é a formação do caráter. Ela não tem apenas que comunicar conhecimento, mas hábitos. Seu serviço especial é cultivar o coração e regular a vida. Seu objetivo não deve ser apenas o que as crianças devem saber, mas o que elas devem ser e fazer. Ela deve olhá-los como futuros membros da sociedade e chefes de famílias, mas acima de tudo como candidatos à eternidade. Isso, repito, deve ser tido como a ideia principal: a formação do caráter para ambos os mundos… Uma mãe deve olhar para seus filhos com essa ideia: “Essa criança precisa viver nos dois mundos e atuar em ambos. É meu dever começar a sua educação para ambos e estabelecer na infância a base do seu caráter e felicidade para o tempo e também para a eternidade. Quais deveriam ser minhas qualificações e minha diligência para tal dever?” (Theology of the Family [Teologia da Família], p. 198-199)

Oitavo, ela deve dedicar todo o seu coração e os melhores anos de sua vida em prol disso.

Deus planejou que uma mulher tenha os seus filhos durante o tempo do seu vigor juvenil, geralmente. Esse vigor é ordenado para ser expresso em relação a seus filhos com o foco e intensidade do raio laser. As exigências de uma mãe sobre si e sua necessidade de se concentrar em seu lar é bem comunicada por Alistair Begg:

Senhoras, [a maternidade] é um trabalho de tempo integral. Não se enganem pensando que podem ser uma recepcionista e uma mãe; que vocês podem ser uma datilógrafa e uma mãe; que podem ser uma vice-presidente e uma mãe. Uma das duas coisas prevalecerá. Agora, olhem para a sua Bíblia e perguntem o que vocês precisam fazer (Biblical Principles for Parenting [Princípios Bíblicos para a Paternidade] Alistair Begg, em Truth for Life [Verdade para a Vida]).

Mães jovens, particularmente, carregam um fardo muito difícil. Noites sem dormir, fraldas, mamadeiras, cuidados, doenças, acidentes, incidentes, disciplina, aconselhamento, correção, refeições, limpeza, hospitalidade… Isso significa que muitas vezes se sentem inadequadas, sobrecarregadas ou feridas e talvez um pouco irritadas.

Eu nunca conheci uma jovem mãe com muitas crianças que não lutasse com fadiga e frustração e que de vez em quando, em seus momentos mais difíceis, se pergunte como poderia ser útil a Deus. Enquanto ela prioriza a sua vida, pode encontrar consolo em uma autoridade maior do que seu coração ou sua cultura. Essa autoridade a chama para se concentrar em seu lar. Portanto, ela pode se contentar em ser uma “dona de casa”.

Como as mães são agentes importantes para o avivamento.

O foco de uma mãe é uma das chaves para o avivamento. Charles Spurgeon compreendeu as crescentes pressões para modificar a vida familiar em sua época e a negligência da vida espiritual nos lares em seu artigo The Kind of Revival We Need [O Tipo de Avivamento que Nós Precisamos]:

Nós necessitamos profundamente de religião familiar. A família cristã foi o baluarte da piedade nos dias dos puritanos, mas nestes tempos maus centenas de famílias dos chamados cristãos não têm o culto familiar, nenhuma restrição sobre os filhos crescidos e nenhuma instrução ou disciplina. Como podemos esperar ver o reino de nosso Senhor avançar quando Seus próprios discípulos não ensinam o Seu Evangelho para os seus próprios filhos? Ah, homens e mulheres cristãos, sejam cuidadosos quanto ao que vocês fazem, sabem e ensinam! Que as suas famílias sejam treinadas no temor de Deus e sejam vocês mesmos “santidade ao Senhor”; então, vocês se firmarão como uma rocha em meio às fortes ondas do erro e da impiedade que se enfurecem ao nosso redor.

Esse tipo de mãe é “um tesouro” (Provérbios 31:10).

 

Título original: Evangelistic Mothers in Fields Ripe Unto Harvest — Via: NCFIC.org • Traduzido e publicado com permissão. Tradução por Camila Rebeca Teixeira • Revisão por William Teixeira