❝ E aos pobres é anunciado o evangelho.❞ (Mateus 11:5)
O que é o Evangelho? O Evangelho não é uma proclamação de pura misericórdia, de graça superabundante? Não declara a benevolência de Deus ao enviar o Seu Filho unigênito para sangrar e morrer e, por Sua obediência, sangue e mérito, realizar uma salvação sem dinheiro e sem preço? Não é este o Evangelho? Não está repleto de condições, nem maculado por qualquer coisa que a criatura tenha que executar! O Evangelho não flui livremente como o ar nos céus?
Os pobres a quem o Evangelho é pregado, o valorizam; ele é adequado para os tais; é doce e precioso quando o coração está abatido. Mas se eu me exaltar em orgulho religioso, se eu descansar em minha própria justiça, se eu não me despojar de tudo o que há na criatura, o que é o Evangelho para mim? Não tenho um coração para recebê-lo; não há lugar na minha alma para um Evangelho oferecido sem dinheiro e sem preço [Isaías 55:1-3].
Mas quando eu me afundo na profundidade da pobreza da criatura, quando eu não sou nada e tenho nada além de uma multidão de pecado e culpa, então o abençoado Evangelho – perdoando os meus pecados, cobrindo a minha alma nua, derramando o amor de Deus, guiando-me a todo bem e levando-me ao deleite de um Deus triuno – torna-se valorizado.
Quando um Evangelho tão puro e tão bendito é aplicado ao meu coração e consciência, minha pobreza de espírito anterior não me preparou para isso? A minha miséria anterior e a minha necessidade não formaram um caminho para ele, tornaram-no adequado para mim e, quando o Evangelho chega, torna-o preciosa para mim? Devemos, então, afundar na pobreza de espírito, naquele lugar doloroso, a fim de sentir a preciosidade e beber da doçura e bem-aventurança do Evangelho da graça de Deus.