❝ Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.❞ (Romanos 5:10)
Que lugar terrível é estar, sentir e temer ser um inimigo de Deus! Eu acho que é um dos sentimentos mais dolorosos que já passou pelo meu peito, temer que eu fosse um inimigo de Deus. Pois, qual deve ser a consequência se um homem vive e morre tendo Deus como seu inimigo? Nessa guerra, o homem perecerá. Se Deus é seu inimigo, quem pode ser seu amigo?
Tais sensações no peito estão bem próximas do desespero. Deixe um homem sentir plenamente que ele é inimigo de Deus, onde ele pode repousar a cabeça? O próprio inferno parece não lhe oferecer nenhum refúgio. Mas ele deve ser exercitado com algo desse senso anntes que valorize a reconciliação. Ele deve ver a si mesmo como um inimigo de Deus por nascimento, que nasceu no que nossos reformadores chamaram de “pecado do nascimento”; e que sua mente carnal é inimizade contra Deus. Oh, as dolorosas sensações da mente carnal que são inimizade contra Deus! Já é ruim o suficiente ser inimigo de Deus; mas que toda célula da nossa natureza esteja mergulhada em inimizade contra Deus, aquele Ser sagrado e abençoado a quem tanto devemos e de quem precisamos para tudo; que nosso coração carnal em toda a sua constituição, em seu próprio sangue, seja uma massa absoluta de inimizade para com Deus, ah, é um pensamento terrível! Se você for levado a experimentar essa inimizade em seu seio, e sentir algo das suas revoltas e levantes – isso cortará em pedaços todos os tendões da justiça da criatura; isso estragará toda a sua beleza e a transformará em corrupção.
Agora, quando um homem é assim exercitado, ele será levado a olhar para fora em busca de remédio, se ele tiver alguma raiz de sentimento espiritual. Deus providenciou o remédio no sacrifício do Seu Filho amado, no sangue do Cordeiro; nos sofrimentos, obediência, morte e ressurreição do bendito Jesus.
Agora, quando isso é revelado à nossa alma pelo Espírito de Deus, quando a fé é dada para recebê-lo, quando o Espírito Santo o aplica, quando é recebido no coração (pois o apóstolo diz: “alcançamos a reconciliação”, Romanos 5:11), então ocorre uma reconciliação perceptível; somos feitos amigos de Deus; o amor toma o lugar da inimizade, o louvor é dado e Seu nome é bendito, em vez de afirmarmos coisas amargas contra nós mesmos.
Sobre o autor
J.C. Philpot
Joseph Charles Philpot (1802–1869) era conhecido como “o Separatista”. Foi um pastor, teólogo, escritor e editor. Ele se demitiu da Igreja da Inglaterra em 1835 e tornou-se um batista estrito e particular. Enquanto estava na Igreja da Inglaterra, foi um membro do Worchester College, em Oxford, e parecia ter uma carreira acadêmica brilhante. A carta que enviou para o reitor afirmando suas razões para deixar a Igreja da Inglaterra foi publicada e teve várias edições. Após isso ele se tornou um batista estrito e particular, e foi batizado por John Warburton em Allington (Wilts). O resto de sua vida foi gasto ministrando entre os batistas estritos. Por 26 anos, teve um pastorado conjunto em Stamford (Lines) e Oakham (Rutland). Além disso, por mais de 20 anos, foi editor de “The Gospel Standard”, onde muitos de seus sermões apareceram pela primeira vez.
“Meu desejo é exaltar a graça de Deus, proclamar a salvação através de Jesus Cristo somente; declarar a condição pecaminosa, miserável e desesperada do homem em seu estado natural; descrever a experiência vívida dos filhos de Deus em suas aflições, tentações, tristezas, consolações e bênçãos.” — J.C. Philpot