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Batismo, Um Mandamento Divino a Ser Observado, por John Gill

Um Sermão Pregado em Barbican, 9 de outubro de 1765, no Batismo do Reverendo

Sr. Robert Carmichael, Ministro do Evangelho em Edimburgo • Editado.

 

O Prefácio

 

O discurso que segue não foi projetado para publicação; fosse ele, o seu assunto teria sido um pouco mais ampliado; e, talvez, poderia ter aparecido em uma veste um pouco melhor; porém, como a publicação dele torna-se necessária, optei por deixá-lo seguir assim como foi pregado, com aproximadamente as mesmas palavras e expressões, conforme a minha memória me auxiliar; o sentido, tenho certeza, em nenhum lugar foi perdido; para que não seja dito, que qualquer coisa que foi dita está escondida, alterada ou modificada. As solicitações mais calorosas dos meus amigos nunca teriam prevalecido sobre mim por torná-lo público, estando indisposto a renovar a controvérsia a respeito do Batismo, desnecessariamente; e sendo determinado apenas para escrever em legítima defesa, quando atacado, ou sempre que a controvérsia é renovada por outros; porque eu sou muito sensível, que o argumento de ambos os lados está muito esgotado, e raramente algo novo pode ser esperado, que seja sério e pertinente, mas o ataque grosseiro sobre o sermão em duas cartas em um jornal me determinou de uma vez a anuncia-lo ao mundo, como sendo uma refutação, por si só, sem qualquer observação em absoluto, das mentiras e falsidades, calúnias, sofismas e impertinências, com o qual as letras abundam; pelo que aparecerá para cada leitor, quão consideravelmente aquele escritor me acusa de rivalizar contra meus irmãos, e todo o mundo Cristão, e quão danoso ele me representa, como tratando a todos os que diferem de mim como tolos, iletrados, ignorantes das Escrituras e impuros. É difícil, não podermos praticar o que cremos, e falar em defesa da nossa prática, sem que sejamos maltratados, vilipendiados e insultados em um jornal de notícias públicas; sem que sejamos tratados como irmãos e escritores hipócritas, afeta-nos a classificação? E como isso responde ao falso caráter de Candidus que ele assume? Não vou rebaixar-me tanto, nem acho que seja adequado e decente prosseguir, e continuar a controvérsia religiosa em um jornal, e especialmente com tão inútil escritor, e alguém anônimo. Este fundamento e forma covarde de escrever, é como a maneira dos índios de lutar; que bradam em um grito medonho, disparam as armas estando por detrás de arbustos e cercas vivas, e em seguida, fogem e se escondem no mato. No entanto, se a publicação desse sermão for de qualquer utilidade para aliviar ou fortalecer as mentes de alguns, em relação ao seu dever no cumprimento da ordenança do Batismo, estou contente de suportar as indignidades dos homens, e o reconhecerei um excedente de saldo em relação a todas as acusações e insultos deles.

 

John Gill.

***

 

Estando prestes a administrar a ordenança do Batismo, antes de que entremos na administração deste, eu derramarei algumas palavras sobre a ocasião, a partir de uma passagem na Escritura, que encontramos em, 1 João 5:3:

 

“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos;

e os seus mandamentos não são pesados.”

 

O que direi no seguinte sermão, muito dependerá do sentido da palavra “mandamentos”, pelo que significamos não os dez mandamentos, ou os mandamentos da lei moral entregues por Moisés aos filhos de Israel, o que, apesar de serem os mandamentos de Deus, e devem ser observados pelos Cristãos sob a presente dispensação; uma vez que não estamos sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo (1 Coríntios 9:21); e devemos ser conservados a partir de um princípio de amor a Deus, pois, o fim do mandamento é a caridade, ou amor, de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida (1 Timóteo 1:5); ainda assim, há ordenanças que não são fáceis de observar, pela fraqueza da carne, ou a corrupção da natureza; nem podem ser perfeitamente guardadas por qualquer raça caída de Adão; pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e não peque (Eclesiastes 7:20); e aquele que tropeça um só ponto é culpado de todos (Tiago 2:10); e é exposto à maldição e condenação da lei, que corre neste teor: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gálatas 3:10); portanto, esta lei em geral é chamada de lei ardente, a letra que mata, e o ministério da condenação e da morte, o que a torna terrível aos infratores; no entanto, ela pode ser deliciada pelos crentes em Cristo segundo o homem interior; nem os mandamentos da lei cerimonial são intencionados, os quais sendo muitos e numerosos, eram penosos; especialmente para homens carnais, que estavam frequentemente prontos para dizer sobre eles: “Eis aqui, que canseira!” [Malaquias 1:13]. Um de seus preceitos, a circuncisão, é chamada de um jugo, que, diz o apóstolo Pedro, nem nossos pais nem nós pudemos suportar (Atos 15:10); porque isso obriga as pessoas a guardarem toda a lei, o que eles não poderiam fazer; e o todo é dito ser um jugo de escravidão (Gálatas 5:1), e, consequentemente, os seus mandamentos são severos; além desta lei revogada antes que o apóstolo João escrevesse esta carta, e os seus mandamentos não deveriam ser conservados; Cristo aboliu essa lei dos mandamentos contidos em ordenanças, e agora há um anulamento de toda ela, por causa da sua fraqueza e inutilidade (Efésios 2:15; Hebreus 7:18); preferivelmente os mandamentos de fé e amor que o apóstolo fala no capítulo 3:23 podem ser designados; e o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento, ali havia exortações, injunções e mandamentos de Cristo aos Seus discípulos, que deveriam ser guardados por eles, e não eram pesados. Credes em Deus, diz Ele (João 14:1), crede também em mim, e novamente, um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei (João 8:34); mas na medida em que Cristo, como Legislador em Sua igreja, nomeou algumas leis e ordenanças especiais e peculiares a serem observadas, e que Ele chama de Seus mandamentos, aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, esse é o que Me ama (João 14:21); muito em conformidade ao nosso texto; e depois de ter dado aos Seus apóstolos a missão de pregar e batizar, Ele acrescenta: ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado (Mateus 28:20); e que, entre esses mandamentos e preceitos, o Batismo e Ceia do Senhor são os superiores e principais, eu escolhi compreender o texto sobre eles [1], e uma vez que estamos prestes a administrar o primeiro deles, neste momento, limitarei meu discurso principalmente a ele, e atentarei aos seguintes pontos:

 

I. Demonstrarei que o batismo, o batismo em água, é um mandamento de Deus e de Cristo, ou um mandamento Divino.

 

II. Sendo uma ordem Divina, ele deveria ser guardado e observado.

 

III. O incentivo para guarda-lo; é o amor de Deus, e este não é um mandamento pesado.

 

 

I. A ordenança do batismo em água é um mandamento Divino. João, o precursor de nosso Senhor, foi o primeiro administrador do mesmo, e a partir disso, foi chamado de: o Batista, e ele não o administrava de sua própria mente e vontade, mas tinha uma missão e comissão de Deus para fazê-lo: “Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João”, e ele foi enviado por Ele a batizar com água, não apenas para pregar o evangelho, mas para batizar, pois, assim ele mesmo o diz, “mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse…” (João 1:6, 33). A partir disso, Cristo colocou esta questão aos principais dos sacerdotes e os anciãos dos Judeus, “O batismo de João, de onde era? Do céu, ou dos homens? (Mateus 21:25-26), isto levou a tal dilema, que não sabiam que resposta dar, e escolheram não responder de modo algum; o propósito de nosso Senhor com a pergunta era mostrar que o batismo de João era de instituição Divina, e não humana; por isso Ele acusa os Fariseus e os escribas de rejeitarem o conselho de Deus contra si mesmos, não sendo batizados por ele (Lucas 7:30), isto é, por João, e ele em outra passagem (Mateus 3:15), fala do seu batismo como um parte da justiça a ser cumprida, e foi cumprida por ele. Agora o batismo de João e de Cristo eram, quanto ao mérito deles, o mesmo; o batismo de João era permitido e aprovado por Cristo, como se evidencia através de Sua submissão a ele; e a ordenança foi confirmada pela ordem que Ele deu aos Seus apóstolos para administrá-lo: um dos discípulos de João, disse ao seu mestre: “Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele” (João 3:26); porém, como é dito depois, Jesus mesmo não batizava, mas os Seus discípulos (João 4:2); ou seja, eles batizavam por Suas ordens; e estas foram renovadas depois da Sua ressurreição dentre os mortos, dizendo: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os…” (Mateus 28:19), e estas ordens foram obedecidas por Seus apóstolos, como muitos exemplos nos Atos dos Apóstolos anunciam; e era o batismo nas águas que eles administravam, de acordo com instruções e orientações de Cristo.

 

Em matéria de culto deve haver um mandamento para o que é feito; como esta ordenança do batismo é um ato solene de adoração, sendo executado em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Deus é um Deus zeloso e, especialmente, no que diz respeito à adoração a Ele; nem qualquer coisa deve ser introduzida nisso, senão o que Ele ordenou; e devemos ser cuidadosos acerca disso, para que Ele não diga a nós, “quem requereu isto de vossas mãos?” (Isaías 1:12), não é o suficiente que tais e tais coisas não sejam proibidas, pois neste fundamento mil tolices podem ser adicionadas na adoração a Deus, e que serão reprovadas por Ele. Quando Nadabe e Abiú ofereceram fogo estranho ao Senhor, o que ele não havia mandado, desceu fogo do céu e os destruiu. Nós devemos ter um preceito para o que fazemos, e que não provenha de homens, mas de Deus; para que não incorramos na acusação de adorar a Deus em vão, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens (Mateus 15:9), e nos envolvamos na culpa da superstição, e culto da vontade.

 

Portanto, o batismo de infantes deve estar errado; já que não há mandamento de Deus e de Cristo para isso; se houvesse algum, isso seria esperado no Novo Testamento, e neste somente; é absurdo enviar-nos ao Antigo Testamento para um mandamento a ser observado como uma ordenação do Novo Testamento; é um absurdo doloroso enviar-nos para tão longe quanto ao capítulo 17 de Gênesis [2] para tomarmos conhecimento de um mandado para a ordenança do batismo; nós poderíamos tão bem quanto isso examinar o primeiro capítulo deste livro; pois, não há ali nada relativo a essa ordenança tanto quanto neste outro. Se houvesse ali um preceito para o batismo de infantes sob o Novo Testamento, como houve para a circuncisão de recém-nascidos sob o Antigo Testamento, não haveria nenhuma objeção a isso; mas é o absurdo dos absurdos afirmar que o batismo vem no lugar da circuncisão; desde que o batismo estava em vigor e uso muito antes de que a circuncisão fosse abolida; a circuncisão não foi abolida até a morte de Cristo, quando esta, com outras cerimônias, foram abolidas nEle; mas o batismo foi administrado muitos anos antes a multidões, por João, pela ordem de Cristo, e por Seus apóstolos; agora, onde está o bom senso de dizer, e com que regularidade pode ser colocado, que uma coisa sucede a outra, como o batismo à circuncisão, quando um, dito ter sucedido, estava em uso e força muito antes de que a outra fosse abolida, como pode ser pretendido que o batismo sucedeu circuncisão?

Se houver qualquer preceito para o batismo infantil, deve ser no Novo Testamento; somente ali ele pode ser esperado, mas ele não pode ser encontrado; não em Mateus 19:14: “Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus”; o que não é preceito, mas uma permissão ou concessão para que as crianças venham, ou Lhe sejam apresentadas; mas para quê? não para o batismo. Aquilo para o qual elas foram trazidas é mencionado pelo evangelista no versículo anterior, para que Ele impusesse as Suas mãos sobre elas, e orasse, ou lhes desse a Sua bênção; como era comum naqueles tempos, e com aquele povo antigamente, a saber, levar seus filhos para pessoas veneráveis pela religião e piedade, para serem abençoados por eles dessa maneira; e tal alguém eles consideraram ser Jesus, embora talvez não soubessem que Ele era o Messias. Dois outros evangelistas dizem, elas foram trazidas a Ele para que Ele as tocasse, como Ele às vezes tocou pessoas doentes quando Ele as curou; e essas crianças poderiam estar doentes, e trazidas a Ele para serem curadas de suas doenças; no entanto, não para serem batizadas por entusiasmos, pois Ele não batizou a ninguém; eles, antes, as teriam levado e as apresentado aos discípulos, se fosse para tal finalidade; e se fosse a prática dos apóstolos batizar infantes, eles não as teriam recusado; e todo o silêncio de nosso Senhor sobre o batismo infantil neste momento, quando era tão justa a oportunidade de falar sobre ele, e o recomendar, se fosse esta a Sua vontade, não tem aspecto favorável dessa prática. A razão dada, portanto, para a permissão de crianças achegarem-se a Ele, porque dos tais é o reino dos céus, é figurativa e metafórica; e não deve ser entendida sobre os infantes em si, mas sobre os tais como eles; os tais que são comparáveis a eles por seu comportamento humilde e vidas inofensivas; ou para usar as palavras do Senhor em outros lugares, tais que são convertidos e se tornam como meninos (Mateus 18:2) [3]. Também não há uma ordem para o batismo infantil contida na comissão para batizar (Mateus 28:19), “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.

 

Argumenta-se, que “uma vez que todas as nações devem ser batizadas, e as crianças são uma parte delas, então, de acordo com o mandamento de Cristo, elas devem ser batizadas”. Mas deve-se observar, que a comissão é de fato para discipular todas as nações, mas não para batizar todas as nações; o antecedente ao relativos “os”, não é todas as nações, as palavras pagta ta eqnh, todas as nações, são do gênero neutro; mas autouv, “os”, é masculino, e não concordam; o antecedente é maqhtav,, discípulos, o que é entendido, e presumível, e contido na palavra maqhteusate, ensinar ou fazer discípulos, e o sentido é, ensinai todas as nações, e batizai os que são ensinados, ou são feitos discípulos pelo ensino. Se o argumento acima provasse algo, ele provaria muito; e que este muito que provaria, não é provado de maneira alguma: ele provaria que não somente os filhos dos Cristãos, mas os filhos dos Turcos [Mulçumanos], Judeus e Pagãos, devem ser batizados, já que eles fazem parte de todas as nações; sim, que cada pessoa no mundo deve ser batizada, Pagãos, assim como os Cristãos, e até mesmo os mais devassos e dissolutos da humanidade, uma vez que eles fazem parte de todas as nações [4].

 

E como não há preceito para o batismo de infantes, assim não há nenhum precedente para ele na Palavra de Deus. Embora não houvesse ordem clara e expressa para ele, o que ainda achamos ser necessário, e é requerido, nesse caso; ainda assim, se houvesse um precedente de qualquer infante sendo batizado, seríamos obrigados a prestar uma consideração a ele; mas entre os muitos milhares batizados por João, pelos discípulos de Cristo, segundo as ordens de Cristo, e por Seus apóstolos, nenhuma única instância de um bebê sendo batizado pode ser encontrada. Lemos, de fato, sobre famílias sendo batizadas; de onde se argumenta, que haveria, e é provável que houvesse, crianças nelas, que poderiam ser batizadas; mas repousa sobre aqueles que são de uma mente diferente, provar que havia alguma criança nos domicílios. Fazer-nos provar que não haviam crianças nestas casas é algo injusto. No entanto, somos capazes de provar que nenhuma criança foi batizada [5]. Há apenas três famílias geralmente observadas, dentre tantas; a de Lídia, a do carcereiro, e aquela de Estéfanas, caso este e o carcereiro não sejam a mesma pessoa, como alguns pensam. Quanto à casa de Lídia, ou aqueles em sua casa, eles eram irmãos, os quais, posteriormente, os apóstolos foram ver, e por quem foram confortados, e, portanto, não eram crianças. Quanto à casa do carcereiro, eles foram capazes de ouvir a palavra pregada a eles, e de crer; pois é dito: alegrou-se com toda a sua casa (Atos 16:40, 34), e se alguém pode encontrar qualquer outro em sua casa, além de todos os que estavam nela, ele deve ser considerado uma pessoa muito sagaz. Quanto à família de Estéfanas, (se diferente da do carcereiro) diz-se, que eles “tem se dedicado ao ministério dos santos” (1 Coríntios 1:16; 16:15); e se este for entendido o ministério da Palavra aos santos, ou o ministério de seus bens aos pobres, eles devem ser pessoas adultas, e não bebês. Vendo, então, que não há nem preceito nem precedente para o batismo infantil na Palavra de Deus, eu desafio o mundo inteiro a dar um único precedente, ao qual não sejamos obrigados a condená-lo como anti-bíblico e injustificável [6]. Prosseguirei para,

 

 

II. Mostrar que a ordenança do batismo em água, sendo um mandamento Divino, deve ser guardado e observado, como prescrito na Palavra de Deus.

 

Primeiro, mostrarei, por quem o batismo em água deve ser guardado e observado.

 

1. Por pecadores convictos, arrependidos. O batismo de João era chamado de batismo de arrependimento (Marcos 1:4); porque o arrependimento era anterior ao batismo; e as primeiras pessoas que foram batizadas por ele eram tais que eram sensíveis aos seus pecados, arrependiam-se deles e sinceramente os confessavam; pois é dito, que eles eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados, e enquanto outros se vinham a ele para o batismo, de quem ele não tinha uma boa opinião, ele exigia deles, que eles primeiro produzissem frutos dignos de arrependimento; e não pensassem de si mesmos, “temos a nosso pai a Abraão” (Mateus 3:6-9); uma vez que tal apelo não seria de nenhum proveito para com ele; e as primeiras pessoas que foram batizadas depois de nosso Senhor ter dado aos Seus apóstolos a comissão para batizar, foram os penitentes; no âmbito do primeiro sermão após isso, três mil compungiram-se em seu coração, e clamaram: “Que faremos, homens irmãos?”, a quem o apóstolo Pedro deu esta instrução e orientação: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (Atos 2:38); e, consequentemente, sobre o arrependimento deles, eles foram batizados.

 

2. Esta ordenança deve ser guardada e observada pelos crentes em Cristo. “Quem crer e for batizado será salvo” (Marcos 16:16). A fé vem antes do batismo, e é um pré-requisito para ele; como os vários casos de batismo registrados nas Escrituras demonstram. Filipe desceu à Samaria e pregou a Cristo ali para os seus moradores; e quando “creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres” (Atos 8:12).

 

O mesmo ministro da palavra foi ordenado a aproximar-se do carro de um Eunuco, que voltava de Jerusalém, onde ele esteve para adoração, e a quem Filipe encontrou lendo uma profecia de Isaías, e disse-lhe: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. Filipe pregou Jesus para ele, Sua palavra, e ordenanças, como a sequência demonstra, e quando “chegaram ao pé de alguma água, e disse o Eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração”. Isso demonstra que de outra forma o batismo não seria lícito. Pois apesar de sua religião e devoção, sem a fé em Cristo, ele não tinha o direito àquela ordenança; “E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (Atos 8:36-37); sobre tal profissão de sua fé, ele foi batizado. O apóstolo Paulo pregou o evangelho em Corinto com sucesso; e é observado pelo historiador, que muitos dos Coríntios, ouvindo, criam e eram batizados (Atos 18:8). Primeiro eles ouviram a Palavra, em seguida, eles criam em Cristo, a soma e a essência da Palavra, e sobre a profissão de sua fé, eram batizados.

 

3. A ordenança do batismo em água deve ser recebida, e observada por aqueles que são discípulos de Cristo. Diz-se que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João (João 4:1). Primeiro fez discípulos e, depois, os batizava; ou seja, ordenou aos Seus apóstolos a batizá-los; com o que o Seu comissionamento a eles concorda: “fazei discípulos de todas as nações, batizando-os”, fazei discípulos, e batizem aqueles que assim são feitos. Agora, o que é ser discípulos de Cristo? Aqueles de quem isto pode ser dito são aqueles que aprenderam a conhecer a Cristo e a crer nEle; aqueles que são ensinados a negarem o eu pecaminoso, a justiça própria, o “eu” civil, por causa dEle, e tomarem a cruz e segui-lO, no exercício da graça e no cumprimento do dever, e,

 

4. Aqueles que receberam o Espírito de Deus, são as pessoas adequadas para observar a ordenança do batismo, e submeterem-se a Ele: “Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?” (Atos 10:47); como um Espírito de iluminação e convicção, como Espírito de santificação, fé e consolo, e como Espírito de adoção.

 

Em segundo lugar, a seguir, consideremos de que maneira a ordenança do batismo deve ser guardada e observada; e,

 

1. Deve ser guardada em fé; pois sem fé é impossível agradar a Deus; e tudo o que não é de fé é pecado (Hebreus 11:6; Romanos 14:23).

2. Em amor, e a partir de um princípio de amor a Cristo, o que é o fim de todos os mandamentos, e deste: Se me amais, diz de Cristo, guardai os Meus mandamentos (João 14:15)

 

3. Deve ser guardado como foi entregue e observado, à princípio: a maneira pela que deve ser executado e submetido é a imersão, ou cobrir o corpo inteiro em água; o que concorda com o sentido primário da palavra baptizw, que significa mergulhar ou imergir, como todos os homens instruídos sabem [7]; e deve ser um novato na língua grega, aquele que que tomará sobre si o contradizer o que foi sinceramente reconhecido por tantos homens de conhecimento. Tivessem os nossos tradutores pensado em traduzir adequadamente esta palavra, o que eles não fizeram nas passagens onde a ordenança do batismo é mencionada, por razões facilmente imaginadas, mas adotaram a palavra grega baptizo em todos os lugares; se tivessem realmente a traduzido, aos olhos das pessoas seriam abertos, e a controvérsia ao mesmo tempo seria findada com relação a esta parte, a saber, o modo de batismo; no entanto, temos provas suficientes de que este foi realizado, e deve ser realizado por imersão, como evidencia-se,

 

1. Pelos lugares onde ele foi administrado, como o rio Jordão, onde João batizou muitos, e onde o próprio Senhor foi batizado; e Enom, perto de Salim, que ele escolheu, por essa razão, a saber, porque ali havia muitas águas (Mateus 3:6; João 3:23); Agora, se a ordenança houvesse sido administrada em qualquer outra forma que não por imersão, que necessidade havia de fazer a escolha de rios e lugares em que haviam muitas águas para nos tais realizar o batismo?

 

2. Nos casos de pessoas batizadas, e as circunstâncias observadas em seu batismo, como o de nosso Senhor, de quem se disse: “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água” (Mateus 3:16); o que, manifestamente, implica que ele havia estado dentro da mesma, do que não haveria nenhuma necessidade, se a ordenança fosse administrada a Ele em qualquer outra forma que não por imersão; como por aspersão ou derramamento de um pouco de água sobre a cabeça, como o pintor ridiculamente descreve. O batismo do Eunuco é outro exemplo que prova o batismo por imersão; quando ele e Filipe chegaram ao pé de certa água, e foi acordado batizá-lo, diz-se: “…desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe” (Atos 8:38-39). As circunstâncias de entrar em água, e sair dela, manifestamente demonstrou a forma em que o Eunuco foi batizado, ou seja, por imersão; pois, que razão pode ser dada para o porquê deles saírem da água, se o batismo fosse realizado de outra forma? 

 

3. [8] A finalidade do batismo, que é representar o sepultamento e ressurreição de Cristo, não pode ser atendida de qualquer outra forma, senão por imersão; que o batismo é um símbolo da morte e ressurreição de Cristo, e do sepultamento e ressurreição dos crentes em Cristo, é evidente a partir de Romanos 6:4 e Colossenses 2:12, sepultados com Ele pelo batismo, e no batismo. Agora, apenas uma imersão ou cobertura de todo o corpo em água, e não derramamento ou aspersão de um pouco de água sobre a face, pode ser uma representação de um sepultamento; será que algum homem em sã consciência diz que um cadáver é enterrado, quando apenas um pouco de pó ou terra é aspergido ou derramado sobre o seu rosto?

 

4. Os batismos figurativos, ou as alusões feitas ao batismo nas Escrituras, mostram de que maneira ele era administrado; a passagem dos israelitas debaixo da nuvem, e através do mar, é chamado ser batizado na nuvem e no mar (1 Coríntios 10:1-2); e com grande propriedade isso pode ser chamado de um batismo, uma vez que é por imersão; pois as águas permanecendo acima, e como uma parede a cada lado deles e a estava nuvem sobre suas cabeças quando eles passaram, eles eram como pessoas imersas em água [9]: semelhantemente, os esmagadores sofrimentos de Cristo são apropriadamente chamados de batismo, em alusão ao batismo por imersão, “importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como me angustio até que venha a cumprir-se!” (Lucas 12:50); e que os sofrimentos de Cristo, em linguagem profética, conformemente ao batismo por imersão, são assim descritos; “…as águas entraram até à minha alma. Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não pode estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me leva” (Salmos 69:1-2). [10] Uma vez mais; a doação extraordinária do Espírito no dia de Pentecostes, é chamado de ser batizado com o Espírito Santo (Atos 1:5); o emblema disso era “um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados” (Atos 2:2); de modo que eles estavam como que imersos nele, e cobertos com ele, e, portanto, muito apropriadamente chamado de batismo, em alusão ao batismo por imersão. Eu prossigo,

 

III. Para observar o encorajamento, motivos e razões dados para guardar este mandamento, bem como outros,

 

1. O apóstolo diz, por que este é o amor de Deus, ou seja, isso demonstra amor a Deus; é um caso evidente, que um homem ama a Deus quando ele guarda os Seus mandamentos; esta é uma evidência, que ele não ama somente em palavra, e somente de língua, mas por obras e em verdade. Outros podem dizer que amam a Deus e a Cristo; mas este é o homem que realmente ama: Aquele que tem os meus mandamentos, e os guarda; esse é o que Me ama, diz Cristo (João 14:21). E é um caso evidente, que esse homem tem um sentido de amor de Deus e de Cristo; o amor do Pai está nele; e o amor de Cristo constrange-o a observar os Seus preceitos, e a guardar os Seus mandamentos; e o tal pode esperar maiores manifestações do amor de Deus e de Cristo para eles; porque sobre os tais que guardam os mandamentos de Cristo, diz Ele: Eu o amarei, e Me manifestarei a ele, Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada (João 14:21, 23); e isto não é pequeno incentivo e encorajamento para uma observação dos preceitos e mandamentos de Cristo, e entre os demais, este do batismo.

 

2. Outro motivo encorajador e razão é, os mandamentos de Deus e Cristo não são pesados, duros ou difíceis de serem realizados. A Ceia do Senhor não é; nem é o batismo. O que é o batismo em água, em relação ao batismo de sofrimento que Cristo padeceu por nós? E no entanto, como Ele estava desejoso de realizá-lo (Lucas 12:50). E, portanto, por que deveríamos pensar ser uma dificuldade, ou retrocedermos para cumprir a Sua vontade, de nos submetermos à ordenação do batismo em água? Quando Naamã foi ordenado por Eliseu para mergulhar-se na Jordânia, e ser purificado; Naamã considerou como pouquíssima e insignificante coisa, e pensou que ele poderia muito bem ter ficado em sua própria terra, e se mergulhar em um dos rios da Síria, um dos seus servos, tomou para si o acalmar e reprimir o ardor de suas emoções e ressentimento, observando-se que, se o profeta ordenasse a ele fazer alguma coisa grande, que fosse árdua e difícil de ser executada, ele o teria feito prontamente; quanto mais, ele argumentou, ele deveria atender a orientação do profeta, quando ele apenas o ordenara a lavar-se no rio Jordão, e ser purificado? (2 Reis 5:13). Há muitos que irão para banhos, e mergulham por prazer ou lucro, para refrescar seus corpos, ou curá-los de distúrbios; mas o fato do mergulhar-se em água ser direcionado como uma ordenança de Deus, então, é uma coisa séria; e, de fato, nenhuma ordenança é agradável a uma mente carnal; mas para os crentes em Cristo, os caminhos da sabedoria são caminhos de delícias, e as suas veredas de paz. O jugo de Cristo, se isso pode ser assim chamado, é suave, e seu fardo, leve. Agora, para concluir com algumas palavras:

 

1. Que ninguém despreze este mandamento de Deus, a ordenança do batismo; lembre-se que é um mandamento dEle; seja para seu perigo, se você o faz; dura coisa é recalcitrar contra os aguilhões; é perigoso tratar com desprezo qualquer um dos mandamentos de Deus, e ordenanças de Cristo; “Vede, pois, que não venha sobre vós o que está dito nos profetas: Vede, ó desprezadores, e espantai-vos e desaparecei” (Atos 13:40-41).

2. Que os tais que veem que é seu dever ser batizados, não tardem, mas submetam-se imediatamente ao batismo; apressem-se, e não prorroguem, guardem este comando; lembrando-se dos motivos e encorajamento para ele.

 

3. Aqueles que prestam obediência a ele, o façam em nome e no poder de Cristo; em fé nEle, por amor a Ele, e tendo em vista a Sua glória.

 

 


[1] Que os mandamentos sejam quais eles forem, os que são principalmente intencionados no texto; no entanto, desde que o batismo em água é um mandamento de Deus, e permitido ser assim, e o restante dos mandamentos mencionados não são negados, nem são excluídos de serem os mandamentos de Deus; não pode haver nenhuma impropriedade em lidar com o mandamento do batismo, particular e individualmente a partir desta passagem da Escritura; e isso poderia ter escapado, alguém teria pensado ser uma zombaria de um escritor grosseiro, embora não o seja. Em um recente jornal, referido no prefácio.

[2] Isso a que estamos sempre nos referindo a este capítulo ou, para uma prova do batismo infantil, é negado, e pronunciado uma obstinação, é reclamado, pelo escritor acima mencionado, em sua segunda carta no jornal. Este homem deve ter lido muito pouco na polêmica, para ser ignorante disso. O próprio último escritor que escreveu na controvérsia, que eu saiba, evoca a aliança feita com Abraão, neste capítulo “o grande ponto de viragem, em que a questão da controvérsia muitíssimo depende, e que se a aliança de Abraão, que incluía seus filhinhos, e deu-lhes o direito de circuncisão, não era o Pacto da Graça; logo, é, pois, confessado que o ‘principal fundamento’ é tirado, em que ‘o direito das crianças ao batismo’ é afirmado; e, consequentemente, os principais argumentos a favor da doutrina são derrubados”. A Justa e Racional Vindicação do Direito de Crianças à Ordenança do Batismo etc., de Bostwick p. 19.

[3] O escritor das cartas acima, no jornal, observa, “que o reino dos céus significa tanto o reino, ou igreja de Cristo aqui, ou o reino da glória acima. No primeiro caso, eles são declarados, pelo próprio Cristo, sujeitos reais Seus entre os homens; neste último caso, se membros da Igreja invisível, por que não da visível?”. Mas, na verdade, eles mesmos não são intencionados, apenas, tais como eles; tais que são comparáveis a eles por mansidão e humildade; pela libertação de malícia, orgulho e ambição. Mas admitindo que as palavras sejam entendidas literalmente como bebês, o reino dos céus não pode designar o reino, ou igreja de Cristo sob a dispensação do evangelho, que não é nacional, mas congregacional; composta de homens arrebanhados para fora do mundo, pela graça de Deus, e que fazem uma profissão pública de Cristo, o que as crianças não são capazes, e por isso não podem ser sujeitos reais do mesmo; e se fossem, elas deveriam ter o mesmo direito à Ceia do Senhor, como ao batismo, do que eles são igualmente capazes. O reino da glória, então, sendo retirado, pergunta-se, se membros da Igreja invisível, por que não da visível? Elas podem ser, quando for evidente que elas são da igreja invisível, o que só pode ser manifesto pela graça de Deus derramada sobre elas; e há tempo suficiente para falar sobre o batismo delas, quando isso for evidente; e quando for claro que elas têm tanto direito a, e iminência ao reino dos céus.

[4] Mas o nosso escritor da carta diz: “Quando os apóstolos receberam a sua comissão, eles não entenderiam de outra forma, além do que batizar os pais que abraçaram a fé em Cristo; através de sua pregação, e todos os seus filhos com eles, como era o costume dos ministros de Deus em épocas precedentes, pela circuncisão”; mas, se assim o entenderam, e não poderiam compreendê-lo de outras maneiras, é estranho que não eles não praticassem de acordo com isso, e batizassem os filhos com seus pais; do que não temos um exemplo. Pelos ministros de Deus em épocas precedentes, suponho, ele intenciona os sacerdotes e os profetas, sob a dispensação do Antigo Testamento; mas estes não eram os operadores da circuncisão, o que era feito pelos pais e outros; e certamente não pode ser dito, essa era a maneira habitual dos ministros batizarem os pais e seus filhos com eles nessas épocas; e é bastante inexplicável como eles os batizariam pela circuncisão, como é afirmado; isso é algo não ouvido antes, e monstruosamente ridículo e absurdo.

[5] O autor acima afirma, que a minha maneira de “provar a negativa, foi por malmente afirmar que não havia crianças em qualquer uma das famílias citadas nas Escrituras, como batizadas”. A falsidade disso aparece com as seguintes descrições, características dadas aos responsáveis em geral, famílias e os raciocínios sobre eles.

[6] Por sua vez, o escritor no jornal, “me desafia a produzir um preceito ou precedente escriturístico para adiar o batismo de filhos de pais Cristãos; ou para batizar pessoas adultas, nascidas de tais pais. No que esta controvérsia depende”. É ridículo falar de um preceito para adiar o que não deveria ocorrer; e de um precedente para adiar o que nunca havia sido praticado. Se o mandado é requerido para batizar pessoas adultas, crentes, ele está pronto à mão (Marcos 16:16), e os precedentes são suficientes; e não sabemos de nenhum preceito para batizar qualquer outro, que eles nasçam de quem for; e quanto aos precedentes do batismo de pessoas adultas, nascidos de pais Cristãos, isso não se pode ser esperado, nem razoavelmente exigido de nós; uma vez que Atos dos Apóstolos apenas relatam o plantio das primeiras igrejas, e o batismo daqueles que primeiro as constituíram; e não daqueles que no decurso de um ano foram adicionados a elas. Portanto, exigir exemplos de pessoas, nascidas de pais Cristãos, e criadas por eles, como batizados na idade adulta, o que exigiria decurso de tempo, não é razoável; e se a controvérsia gira em torno disso, essa deveria findar, e eles deveriam desistir da mesma.

[7] O escritor da carta faz-me dizer: “Todo o mundo reconhece que baptizo, significa mergulhar ou imergir, e nunca aspergir ou derramar água sobre qualquer coisa”, que é uma falsa representação das minhas palavras e da forma como foram pronunciadas, no entanto, isso eu afirmo, que em todos os léxicos gregos que já vi, e eu vi muitíssimos, ainda que não tenho a pretensão de ter visto todos os que foram publicados; ainda assim, no que minha pequena biblioteca me fornece, a palavra é sempre traduzida no primeiro e principal sentido por mergo, immergo, mergulhar ou imergir; e em um sentido secundário e consequente, por abluo, lavo, lavar, porque o que é mergulhado é lavado; e nunca por persundo ou aspergo, derramar ou aspergir; como o Léxico publicado por Constantino, Budaeus, etc., aqueles de Adriano, Junius, Plantinus, Scapula, Sebreveius e Stockins, além de um grande número de críticos que poderiam ser mencionados; e se este escritor pode produzir qualquer Lexicógrafo de qualquer nota, que traduza a palavra por derramar ou aspergir, que ele o nomeie. Este jornalista ignorante coloca as seguintes questões: “Será que os judeus mergulhavam seus corpos em água, sempre antes de comer? Será que eles mergulhavam os jarros, vasos de metal e camas?”. Ele não me permite responder às perguntas, mas responde por mim: “Ele sabe o contrário”. Mas, se me permite responder por mim mesmo, devo dizer, pelos testemunhos dos próprios judeus, e de outros, que eu sei que eles o fizeram; isto é, quando eles voltavam do mercado, depois de terem tocado as pessoas comuns, ou suas roupas, imergiam-se em água; assim diz Maimônides em Misn. Chagigah. c. e. seção 7. “Se os Fariseus tocassem, apenas nas roupas das pessoas comuns, eles se contaminavam, e precisavam de imersão, e eram obrigados a isso”. E Scaliger observa, de Emend. Temp. 1.6 p. 271. “Que a parte mais supersticiosa dos judeus, todos os dias antes de que eles se assentassem à mesa, mergulhavam todo o corpo; daí a admiração do Fariseu em relação a Cristo” (Lucas 11:38). (Levítico 11:32) De acordo com a lei de Moisés, vasos sujos eram lavados, colocando-os ou mergulhando-os em água; e de acordo com as tradições da sidrá¹, a que nosso Senhor se refere (Marcos 7:4), não apenas os vasos de metais e mesas, porém mesmo camas, almofadas e travesseiros sujos, em um sentido cerimonial, eram lavados por imersão em água. Então os judeus dizem no seu Misnah, ou livro de tradições, “[quando] uma cama está totalmente corrompida, um homem a mergulha parte por parte”. Celim, c. 26. seção. 14 Veja também Mikvaot, c. 7. seção 7. [1 – Sidrá: porção semanal da Torá (Fonte: www.webjudaica.com.br)].

[8] O escritor de carta acima pergunta: “Quantas vezes eu preciso ser informado, que as partículas eiv e ek são em centenas de lugares no Novo Testamento traduzidos como até e a partir de?”; sendo assim, não se segue, que eles devem ser assim traduzidos aqui. Partículas ou proposições gregas têm diferentes significações, de acordo com os termos e condições com as quais elas são utilizadas; nem é tão bom ou uma mais justa leitura das palavras “eles desceram até a água e saíram a partir dela”; não é nem bom nem justo; pois antes disso, eles são expressamente ditos virem a uma certa água, à beira da água; portanto, quando eles desceram, eles não foram até ela, se eles estavam ali antes, mas dentro da água; como deve ser admitida a preposição por vezes, pelo menos, significa; e as circunstâncias exigem que ela seja assim traduzida aqui, deixe-a significar o que for em outro lugar; e isso determina o sentido da outra preposição, que ela volte e deva ser traduzida por “para fora”; pois, enquanto eles iam para dentro da água, quando eles saíram, isso deve ser “para fora” dela. O que ele quer dizer com a pergunta estranha que se segue, “O que ele fará sobre Cristo entrando em uma montanha?” Eu não posso imaginar, a menos que ele ache que a tradução de Lucas 6:12 seja errada, ou absurda, ou ambos; mas este pedante nunca ouviu ou leu sobre uma caverna em uma montanha, em que os homens podem entrar, e propriamente dizer que entram na montanha; e em uma tal é altamente provável, que nosso Senhor entrou, para orar sozinho; tais como a caverna no monte Horebe, na qual esteve Elias. Mas sua excelente tradução, em tudo, é que sobre o batismo de João no Jordão, ele supõe que poderia ser traduzido, por batizar as pessoas com o rio Jordão. Este é o homem que me reprova ao livremente encontrar falhas com os tradutores; minha reclamação é apenas sobre algo não traduzido, não de algo que esteja errado; mas este homem encontra a falha com a tradução como errada, ou seja o for que pense, acha que pode ser corrigida ou emendada, e isso em mais passagens do que em uma.

[9] O escritor da carta a que muitas vezes tenho referido afirma que “o mundo erudito universalmente sustenta, que os israelitas não tinham outras maneiras de batizar no mar, além do que por aspersão com o borrifar das ruidosas ondas, agitadas pelo vento que soprava enquanto passavam através do canal”. Seja quem for o mundo erudito que sustente essa noção excêntrica, eu próprio, sou muito ignorante disso, não tendo ainda me encontrado com qualquer homem erudito que já tenha afirmou isso. É um mero conceito e uma imaginação fértil, e contrário às Escrituras Sagradas, que representam a proeza das ondas pela qual os israelitas passaram, não tão agitadas e sacudidas, mas como estando imóveis, como uma parede em cada lado deles, mesmo até o local onde os egípcios estavam; as correntes, diz o escritor inspirado, “pararam como montão; os abismos coalharam-se no coração do mar” (Êxodo 15:8). E se houvesse um borrifar contínuo das ondas agitadas, enquanto os israelitas atravessavam o canal, como eles poderiam atravessar o mar em terra seca? Como é dito que eles fazem (Êxodo 14:16, 22, 29). Este homem zomba o célebre Grotius, que é universalmente reconhecido ser um homem de erudição e sensibilidade, quando ele expressa em uma nota sobre 1 Coríntios 10:2: “foram batizados, ou seja, como se eles fossem batizados; pois havia algumas semelhanças nisso; a nuvem estava sobre suas cabeças, e assim a água está sobre aqueles que são batizados; o mar os cercou pelos lados, e assim a água faz naqueles que são batizados”.

[10] O mesmo escritor tem o prazer de representar essa explicação do batismo com o Espírito como ridículo; mas alguns mais eruditos do que ele, podem alega-lo, tendo assim o explicado, como particularmente Dr. Casaubon, famoso por seu grande conhecimento da língua grega; embora talvez este homem muito mesquinho chamará o doutor erudito de um estúpido pelo que ele diz; suas palavras sobre Atos 1:5 são estas: “embora eu não desaprove a palavra batizar sendo mantida aqui, do que a antítese pode ser plena; mas eu sou da opinião que consideração é tida neste lugar para a sua significação própria, pois, baptizein é imergir, assim como tingir ou mergulhar; e, nesse sentido, os apóstolos foram realmente ditos serem batizados; pois a casa em que isso ocorreu foi cheia do Espírito Santo, de modo que os apóstolos pareciam estar mergulhados nela como em uma piscina”. Em confirmação disso, ele faz menção em Atos 2:2 de uma observação em um comentário grego sobre ele, “o vento encheu toda a casa, enchendo-o como uma piscina; desde que foi prometido a eles (os apóstolos) que eles seriam batizados com o Espírito Santo”. Parece ser o mesmo comentário, Erasmus [Erasmo], no lugar, diz citando Crisóstomo, nessas palavras, como ele as entregou: “toda a casa estava tão cheia de fogo, embora invisível, como uma piscina é cheia com água”. Nosso jornalista, a fim de expor a noção de imersão, como usado no batismo do espírito, e fogo, condescende, por uma vez, a ler imergir, em vez de batizar; “João disse, eu de fato vos imerjo em água, mas um, mais poderoso do que eu, vem, Ele vos imergirá com o Espírito Santo e com fogo”. Mas não somente a palavra batizar deve ser lida imergir, mas a preposição deve ser traduzida como “em”: em água; e no Espírito Santo; e em fogo; e a frase sobre imergir em fogo, não é incomum, tanto em autores judeus e gregos; como eu demonstrei em minha exposição desta passagem, e de Atos 2:3.