Entre ou cadastre-se

Memorial De Uma Mulher, por C. H. Spurgeon

Memorial De Uma Mulher, Sermão Nº 286. Pregado na manhã de Sabath, 27 de novembro de 1859. Por C. H. Spurgeon, no Musica Hall, Royal Surrey Gardens.

 

“Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua.” (Mateus 26:13)

 

Os evangelistas são, naturalmente, os historiadores da época de Cristo. Mas que historiadores estranhos eles são! Eles ignoram apenas o que o mundano escreveria e registram apenas o que o mundano teria desprezado. Que historiador teria pensado em registrar a história da viúva e suas duas moedinhas? Teria um Hume ou um Smollet poupado metade de uma página para tal incidente? Ou você acha que mesmo um Macaulay poderia ter encontrado em sua pena escrever uma história de uma mulher excêntrica que quebrou um vaso de alabastro com óleo precioso sobre a cabeça de Jesus? Mas assim é. Jesus valoriza as coisas, não pelo seu resplendor e brilho, mas por seu valor intrínseco. Ele ordena aos Seus historiadores registrarem não as coisas que devem deslumbrar os homens, mas aquelas que deverão instruir e ensinar-lhes em Seu Espírito. Cristo valoriza a questão não pelo seu exterior, mas pelo motivo que a ditou, pelo amor que brilha a partir disso. Oh, historiadores singulares! Vocês passaram por muitas coisas que Herodes fez; vocês nos dizem pouco das glórias do seu templo; dizem-nos pouco de Pilatos e este pouco não para o seu crédito; vocês tratam com descaso as batalhas que estão passando sobre a face da terra; a grandeza de César não os atrai a partir de sua história simples. Mas vocês continuam a contar essas pequenas coisas, e sábios são vocês em fazer isso, pois em verdade essas pequenas coisas, quando colocados na balança da sabedoria, pesam mais do que as bolhas monstruosas que o mundo se compraz em ler!

 

E agora a minha oração é que possamos ser preenchidos, nesta manhã, com o mesmo Espírito, como Aquele que impeliu a mulher, quando ela quebrou o vaso de alabastro sobre a cabeça de Cristo. Deve haver alguma coisa maravilhosa sobre esta história, ou então Cristo não a teria vinculado ao Seu Evangelho; porque assim Ele fez. Enquanto existir o Evangelho, será pregada esta história da mulher; e quando essa história da mulher deixar de existir, então o Evangelho deve deixar de existir, também, pois eles são co-eternos! Enquanto este Evangelho for pregado e onde quer que seja proclamado, a história desta mulher deve ir com ele. A predição de nosso Senhor continua a ser verificada enquanto o memorial desta mulher enche a Igreja com sua fragrância. Deve haver alguma coisa, portanto, notável nela — façamos uma pausa, e olhemos, e aprendamos, e que Deus nos dê a graça de imitar. Eu quero que você primeiro observe atentamente a mulher. Em segundo lugar, vou convidá-lo a olhar para o rosto de seu amado Senhor e ouvir o que Ele diz sobre ela. E então, concluirei com uma sugestão séria de que cada um de nós olhe para si mesmo, pois com certeza isto é para nosso proveito e não é de alguma particular interpretação.

 

 

I. Primeiro, então, meus amigos, OBSERVEMOS A MULHER EM SI MESMA.

 

Há muita controvérsia entre os comentaristas a respeito de quem ela era. Há quem confunda essa mulher com aquela outra mulher que era uma pecadora, que veio atrás de Cristo e lavou os Seus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos da sua cabeça. Há alguns, também, que pensam que a mulher de Mateus é a mesma de quem eu li agora no Evangelho de João. Há outros que dizem: “Não é assim, pois o incidente ocorreu na casa de Lázaro, onde Lázaro sentou-se à mesa e Marta servia, enquanto isso, por outro lado, afirma-se ter ocorrido na casa de Simão, o leproso, que estava em Betânia”. Vocês lembrarão, também, que esta narrativa em Mateus aconteceu dois dias antes da Páscoa — vejam o segundo versículo deste Capítulo 26 — enquanto a ocorrência registrada pelo evangelista João é dita ter ocorrido seis dias antes da Páscoa. Será um estudo interessante para vocês, alguma tarde de Dia do Senhor, se vocês estiverem em casa, sentar-se e investigar essas diferentes mulheres e ver o quão longe elas são em tudo semelhante, ou no que há uma diferença. Eu não tenho tempo de sobra sobre o assunto, esta manhã, e se eu tivesse, eu não iria utilizá-lo, pois fará bem a vocês examinarem as Escrituras e encontrá-lo por si mesmos! Se esta, contudo, era Maria, irmã de Marta, ou não, deixarei indeterminado. Não erraremos ao falar dela como “uma certa mulher.” Cristo estava sentado, ou reclinado, à mesa de Simão, o leproso. Um pensamento repentino atinge essa mulher. Ela vai para a sua casa, ela pega seu dinheiro e o gasta em vaso de alabastro com unguento, ou talvez ela houvesse guardado, já armazenado. Ela o traz; ela corre para dentro da casa. Sem pedir licença a ninguém ou comunicar a sua intenção, ela quebra o vaso de alabastro, que era, em si, de grande valor, e para adiante corre um ribeiro do mais precioso unguento, com uma fragrância muito agradável. Isso ela derramou sobre a Sua cabeça. Tão abundante foi a efusão que fluiu até aos Seus pés e toda a casa se encheu com o cheiro do unguento! Os discípulos murmuraram, mas o Salvador a elogiou. Agora, o que houve na ação desta mulher digno de louvor e de tão elevada recomendação, também, para que sua memória fosse preservada e transmitida com o próprio Evangelho em todas as eras?

 

Eu acho que, em primeiro lugar, este ato foi feito a partir do impulso de um coração amoroso e isso foi que a tornou tão notável. Ah, meus irmãos e irmãs, o coração é melhor do que a cabeça, afinal de contas, e o coração renovado é infinitamente superior à cabeça, porque, de alguma forma ou de outra, embora, sem dúvida, a graça Divina renovará o entendimento, ainda assim, leva mais tempo para santificar a compreensão, do que o afeto, ou, pelo menos, o coração é o primeiro afetado, é o que é tocado primeiro e é mais rápido em suas saídas do que a cabeça. Este é, em geral, mais incontaminado pela atmosfera ao redor e percebe mais claramente o que é reto. Nós, em nosso dia, caímos no hábito de calcular se algo é nosso dever ou não; porém não temos nunca um impulso do coração mais impressionante e mais expressivo do que a mera aritmética das obrigações morais? Nossos corações nos dizem: “Levanta-te, e visita fulano de tal que está doente.” Nós paramos e dizemos: “Isto é meu dever? Se eu não for, não será que alguém irá? Este serviço é absolutamente necessário?” Ou seu coração já disse, talvez, uma vez, “Dedique a sua substância amplamente para a causa de Cristo”, se obedecêssemos ao coração, faríamos isto de uma só vez. Mas em vez disso, nós paramos e agitamos a nossa cabeça e começamos a calcular se a questão é precisamente o nosso dever! Esta mulher não fez tal coisa! Isto não era seu dever — eu falo amplamente — não era seu dever positivo levar o vaso de alabastro e despejar o conteúdo sobre a cabeça de Cristo. Ela não fez isso a partir de um senso de obediência; ela o fez a partir de um motivo mais nobre. Havia um impulso em seu coração que jorrou como uma corrente pura transbordando cada trocadilho e questão: “Dever ou não dever, vá e o faça”, e ela toma as coisas mais preciosas que pôde encontrar, e por puro amor, guiada por seu coração renovado, ela vai de uma vez e quebra o vaso de alabastro e derrama o perfume sobre a Sua cabeça! Se ela tivesse parado um minuto para considerar, ela não poderia ter feito isso absolutamente. Se ela ponderasse e contasse e racionalizasse, ela nunca teria feito isso; mas isto foi a ação do coração, do coração invencível, a força de um impulso espontâneo, se não uma própria inspiração, contudo à cabeça com seus vários órgãos não foi concedido tempo para efetuar um conselho! Isto foi o ditame do coração total e inteiramente realizado! Agora, nestes tempos, nós prendemos a nós mesmos tão apertados que não damos aos nossos corações espaço para agir. Nós apenas calculamos se devemos fazê-lo, isto é precisamente o nosso dever. Oh, quisera Deus que os nossos corações pudessem dilatar! Deixemos nossas cabeças serem como são, ou deixemos serem melhoradas, mas permitamos que o coração tenha a plena ação e quanto mais seria feito por Cristo do que nunca foi feito até agora? Mas gostaria que vocês lembrassem que esta mulher, agindo a partir de seu coração, não agiu como uma questão de forma.

 

Você e eu geralmente buscamos ver se a coisa que o nosso novo coração nos diz para fazer, já foi feita antes. E então, se, como Marta, amamos a Cristo, nós ainda pensamos que será o modo adequado de mostrar nosso amor preparar um jantar para Ele e ir e permanecer e esperar à mesa. Nós procuramos um precedente! Nós relembramos que o Fariseu deu uma ceia a Cristo, nós lembramos que outros discípulos ofertaram-lhe um jantar, e então pensamos que é o caminho ortodoxo correto e vamos e fazemos o mesmo! “Sr. Fulano de tal deu dez guinéus, vou dar dez guinéus. Sra. Fulano de tal ensina na escola dominical, eu ensinarei na escola dominical. Sr. Fulano de tal tem o hábito de fazer a oração com os seus servos; farei o mesmo”. Vocês veem, nós buscamos descobrir se mais alguém nos dá o exemplo e, em seguida, adquirimos o hábito de fazer todas essas coisas como uma questão de forma! Mas essa mulher nunca pensou nisso. Ela nunca perguntou se existia outra pessoa que já havia quebrado um vaso de alabastro com unguento sobre a sagrada Cabeça. Não, ela segue seu caminho, seu coração diz: “Faça isso”, e ela o faz! Ela quebra o vaso e para fora flui o azeite precioso. Eu gostaria que nós também obedecêssemos aos ditames do coração; mas não, nós temos segundos pensamentos! Confie nisso, nas coisas de Cristo, os primeiros pensamentos são os melhores! Esta é aquela inspiração celestial do Espírito, que adentra na alma e diz: “Faça algumas grandes coisas para o seu Mestre, saia e demonstre o seu amor a Ele em alguma expedição arriscada”. Oh, se apenas obedecêssemos isso, que resultados não veríamos? Sentamo-nos e dizemos: “É razoável? Isto é esperado de mim? É o meu dever?” Não, meu Amigo, não é esperado de você! Não é o seu dever! Mas você parará de repente no mero dever? Você dará a Cristo não mais do que o Seu tributo, como você dá a César quando paga seus impostos? O quê? Se o costume é apenas um siclo, é o siclo tudo o que Ele deve ter? É um tal Mestre como este para ser servido por cálculos? Ele deve ter o Seu centavo todos os dias, assim como o trabalhador comum? Deus nos livre que toleremos tal espírito! Ai, pois a maioria dos Cristãos, eles nem sequer sobem tão alto quanto isso! E se eles chegaram ali uma vez, cruzam os braços e eles ficam bastante contentes! “Eu faço tanto quanto qualquer outra pessoa, na verdade, um pouco mais; estou seguro que eu faço o meu dever, ninguém pode encontrar qualquer falha em mim. Se as pessoas esperassem que eu fizesse mais, elas seriam realmente irracionais. Ah, então você ainda não aprendeu o amor dessa mulher em todas as suas alturas e profundidades! Você não sabe como fazer uma coisa imoderada, algo que não seja esperado de você, vindo do impulso Divino de um coração totalmente consagrado a Jesus! A primeira era da Igreja Cristã foi uma época de maravilhas, porque, então, os Cristãos obedeciam ao impulso dos seus corações.

 

Que maravilhas que eles costumavam fazer! Uma voz dentro do coração disse a um apóstolo: “Vá a um país pagão e pregue”. Ele nunca contou a relação de custo, se sua vida estaria segura ou se ele seria bem sucedido! Ele foi e fez tudo o que seu coração lhe disse. Para outro, ele falou: “Vá e distribua tudo o que você tem”. E o Cristão foi e fez isso e lançou o seu tudo no depósito simples. Ele nunca perguntou se isto era seu dever, seu coração lhe ordenou a fazer isto e ele obedeceu de uma vez! Agora, nós nos tornamos estereotipados; corremos no antigo caminho. Todos nós fazemos o que as outras pessoas fazem, nos contentamos com a realização da rotina e efetuar o formalismo dos deveres religiosos! Quão diferente desta mulher, que saiu de toda a ordem porque seu coração lhe disse para fazê-lo e ela obedeceu a partir de seu coração! Isso, eu penso, é a primeira parte da ação da mulher que ganhou um elogio merecido.

 

A segunda recomendação é: o que esta mulher fez foi feito puramente para Cristo e por Cristo. Por que ela não tomou este nardo e o vendeu e deu o dinheiro aos pobres? “Não”, ela poderia ter pensado: “Eu amo o pobre, posso aliviá-lo a qualquer momento. Ao máximo da minha capacidade eu vestiria os nus e alimentaria os famintos, mas eu quero fazer algo para Ele”. Bem, por que ela não se levantou e tomou o lugar de Marta e começou a esperar na mesa? Ah, ela pensou, Marta estava à mesa dividindo os seus serviços. Simão, o leproso e Lázaro e todo o resto dos convidados tinham uma participação em sua atenção. Eu quero fazer algo diretamente para Ele, algo que Ele terá tudo para Si mesmo, algo que Ele não pudesse dar, mas que Ele deve ter e que deve pertencer a Ele. Agora, eu não acho que qualquer outro discípulo, em toda a experiência de Cristo, já teve esse pensamento. Eu não encontro, em todos os evangelistas, outra instância como esta. Ele tinha discípulos, a quem Ele enviou de dois e dois para pregar e bem valentemente eles fizeram isso, pois desejavam beneficiar seus semelhantes no serviço do seu Senhor. Ele tinha discípulos, também, eu não tenho dúvida, que foram muito, muito felizes quando eles distribuíram o pão e os peixes para as multidões famintas, porque eles achavam que estavam fazendo um ato de humanidade ao suprir as necessidades dos famintos. Mas eu não acho que ele tinha um discípulo que pensou em fazer algo exata e diretamente para Ele, algo em que ninguém mais poderia participar, algo que deveria ser de Cristo e de Cristo somente. Isso é algo, meus irmãos e irmãs, que eu gostaria que lembrassem. Como muito do que fazemos em prol da religião falha em ter alguma excelência em si porque nós não realizamos isso por amor a Cristo! Subimos para pregar e, talvez, não sentimos que estamos pregando por Cristo; talvez estejamos pregando com um sincero desejo de fazer o bem aos nossos semelhantes, até aí tudo bem. Mas mesmo isso não é um tão sublime motivo como o desejo de fazê-lo por Aquele que nos amou e entregou a Si mesmo por nós! Vocês muitas vezes não se percebem, quando colocam uma moeda na mão do pobre, pensando que há uma virtude nisto? E há, em certo sentido, mas vocês não se encontram esquecendo que deveriam fazer isso por Ele e dar isso como para Cristo, dando aos pobres e emprestando para o Senhor? Professores da escola Dominical! Pergunto-lhes, também, vocês não encontram, no ensino de sua classe, que muitas vezes se esquecem de que vocês deveriam estar ensinando por Ele? Seu ato é feito para a Igreja, para a escola, para os seus semelhantes, para os pobres, por causa das crianças, ao invés de por causa de Cristo!

 

Mas a própria beleza do ato desta mulher repousava nisto: que ela fez tudo isso para o Senhor Jesus Cristo! Você não poderia dizer que ela fez isso por Lázaro, ou o fez para os discípulos. Não, isto foi exclusivamente para Ele. Ela sentia que lhe devia tudo. Foi Ele quem tinha perdoado seus pecados, foi Ele quem abriu os seus olhos e lhe fez ver a luz dos dias celestiais; Ele que era sua esperança, sua alegria, seu Tudo! O seu amor expressou-se nessa ação comum para seus semelhantes, isso saiu em direção aos pobres, aos doentes e aos necessitados, mas oh, foi em toda a sua veemência para Ele! Aquele homem, aquele bendito homem, o Deus-Homem, ela precisou oferecer algo para Ele! Ela não podia se contentar em colocar isso naquela bolsa, não, ela teve que ir e colocá-lo direito em Sua cabeça! Ela não estaria contente se Pedro, ou Tiago, ou João tivessem uma porção disto. Toda a libra deve ir para a Sua cabeça; e embora os outros possam dizer que foi desperdício, ainda assim ela sentia que não era, seja o que for que ela pudesse dar a Ele era bem aplicado, porque isso foi para Aquele a quem ela devia o seu tudo!

 

Ah, meus queridos ouvintes, aprendam esta lição, peço-vos. A cena é muito simples, mas é extremamente cativante. Vocês farão suas ações na Religião muito melhor se sempre puderem cultivar o desejo de fazê-las todas para Cristo. Oh, pregar por Cristo! Que trabalho precioso é! Quando a mente está cansada e o corpo fraco, isso fará um homem forte para o trabalho e para o sofrimento, também, se ele ouve o sussurro: “Vá e faça isto por causa do seu Mestre.” Oh, visitar o doente para Cristo e distribuir aos pobres por amor a Ele! Isso fará a labuta leve, a autonegação se tornará um prazer, isto deixará de ser autonegação por completo, se nos lembrarmos que estamos fazendo isso para Ele! Mas, agora, nós não fazemos como essa mulher fez; eu receio que o nosso amor seja apenas fraco e frio. Se da faísca fosse acesa uma chama, nós nunca nos contentaríamos com assistir à Religião a partir de um motivo egoísta, não faríamos obras santas com a ideia de obter bem para nós mesmos, mas o nosso único objetivo e desejo seria glorificá-lO, gastar e ser gasto por Aquele que sofreu na cruz por nós! Estas duas recomendações foram certamente o suficiente para imortalizar esta mulher: ela obedeceu às indicações do seu coração e ela fez tudo por Ele!

 

Há ainda uma terceira coisa. Temo, no entanto, ter me antecipado. Esta mulher fez algo extraordinário para Cristo. Não contente em fazer o que as outras pessoas tinham feito, nem desejosa de encontrar um precedente, ela aventurou-se a expor sua afeição ardente, embora ela pudesse saber que alguns a chamariam de louca e todos poderiam pensar [ser] ela tola e inútil! Ainda assim, ela fez algo extraordinário, pelo amor que ela tinha por seu Senhor! Nossa igreja atuante hoje — tanto quanto eu conheço a Igreja de Cristo a partir de extensa jornada e considerável experiência — exibe um nível uniforme, tedioso, morto. Há alguns poucos homens que atingem, de vez em quando, em um novo curso, que não se contentam em perguntar o que os pais fizeram. Eles não se importam com o que é canônico, com o que será permitido e consentido pela política eclesiástica ou pela opinião pública, eles só perguntam: “Será que meu coração manda-me fazer isso por Cristo? Então isso é feito! Mas a maioria dos Cristãos nunca tem um novo pensamento, simplesmente porque novas ideias geralmente vêm do coração e eles não permitirão que seus corações trabalhem, e consequentemente, eles nunca obtêm uma nova emoção. Eu acredito que a origem da Escola Dominical deve ser encontrada no coração de algum homem. Seu coração o impeliu, dizendo: “Toma esses pequenos ouriços esfarrapados e ensina-lhes a Palavra de Deus”. Se esse pensamento houvesse entrado em alguns de vocês, teriam dito: “Bem, não há nenhuma Escola Dominical vinculada à Igreja de Cristo por toda a Inglaterra, eu tenho certeza que o ministro colocará muitos obstáculos no caminho. Ninguém mais fez isso, mas teria sido uma coisa boa se tivesse sido feita há muitos anos”. Robert Raikes nunca falou assim. Ele foi e fez isso e nós, pobres pequenas criaturas, podemos imitá-lo, depois! Se deixássemos o nosso coração trabalhar, faríamos coisas novas. Dentro de 50 anos a partir desta data, a menos que o Senhor venha antes disso, haverá novas operações para a causa de Cristo, as quais, se as ouvíssemos agora, pularíamos de alegria! Talvez elas nunca venham a passar pelos anos, simplesmente porque esta é a era do raciocínio intelectual, e não a época do impulso do coração. Se nós apenas ouvíssemos nossos corações e atentássemos às sugestões do Espírito no interior, poderiam existir 50 programas para a promoção da causa de Cristo iniciados em tantos dias e todos os cinquenta, através da bênção do Espírito Santo, poderiam ser úteis para as almas dos homens!

 

“Mas”, diz alguém, “você tornaria a nós todos fanáticos!” Sim, sem dúvida que este é exatamente o nome que muito em breve você ganhará e um nome muito respeitável, também, porque é um nome que tem sido suportado por todos os homens que foram singularmente bons! Todos aqueles que têm feito maravilhas para Cristo sempre foram chamados de excêntricos e fanáticos. Ora, quando Whitefield primeiramente veio a Bennington Common para pregar porque não conseguia encontrar um edifício grande o suficiente, era algo bastante inédito pregar no ar livre, como você poderia esperar que Deus ouça a oração, se não houvesse um telhado por cima das cabeças das pessoas? Como poderiam ser abençoadas as almas, se as pessoas não tinham assentos e bancos regulares de encostos elevados para sentarem-se? Whitefield foi considerado estar fazendo algo escandaloso, mas ele foi e o fez! Ele foi e quebrou o vaso de alabastro sobre a cabeça de seu Mestre e, no meio de escárnios e zombarias ele pregava ao ar livre! E o que decorreu disso? Um reavivamento da piedade e uma poderosa propagação da Religião! Eu gostaria que fôssemos, todos nós, prontos para fazer alguma coisa extraordinária para Cristo, dispostos a ser ridicularizados, a ser chamados de fanáticos, a ser vaiados e escandalizados, porque nós fomos para fora do caminho comum e não estávamos contentes com o que todo mundo poderia fazer ou aprovar ser feito!

 

E aqui, deixe-me observar que Jesus Cristo certamente merece ser servido segundo uma maneira extraordinária. Já existiu um povo que tinha um Líder ou um Amado, tal como temos na Pessoa de Cristo? E, no entanto, meus queridos amigos, tem havido muitos impostores no mundo que tiveram discípulos mais ardentemente ligados a eles do que alguns de vocês estão a Cristo Jesus! Quando eu leio sobre a vida de Maomé, vejo homens que o amavam tanto, que eles explodiriam as suas próprias pessoas à morte a qualquer momento pelo falso profeta! Eles iriam correr para a batalha quase nus, cortariam seu caminho através de exércitos de inimigos e fariam proezas de um zelo apaixonado por aquele a quem eles de fato acreditavam ser enviado de Deus. E mesmo a moderna ilusão de Joe Smith não carece de seus mártires. Eu leio a história dos emigrantes Mórmons e de todas as misérias que eles suportaram quando expulsos da cidade de Nauvoo; como eles tiveram que passar por montanhas nevadas e sem trilhas. Como eles estavam prontos para morrer sob as armas dos saqueadores dos Estados Unidos e como sofreram por aquele falso profeta! Eu fico envergonhado dos seguidores de Cristo de que eles permitam que os seguidores de um impostor sofram dificuldades e perdas de membro e vida e de tudo o mais que os homens consideram valioso, por um impostor, enquanto eles, eles mesmos, mostram que não amam o seu Mestre, o seu verdadeiro e amorável Senhor, nem bem a metade, senão eles iriam servi-lO de uma maneira extraordinária, como Ele merece! Quando os soldados de Napoleão desempenharam tais feitos únicos de ousadia na sua época, as pessoas deixaram de surpreenderem-se. Eles disseram: “Não é à toa que eles fazem isso, veja o que o líder deles faz”. Quando Napoleão, de espada na mão, atravessou a ponte de Lodi e os impeliu a prosseguir, ninguém se maravilhou que todo soldado comum foi um herói! Mas é surpreendente quando consideramos o que o Capitão da nossa salvação tem feito por nós, e estamos contentes em sermos tais nulidades cotidianas como a maioria de nós é! Ah, se nós apenas considerássemos a Sua glória e o que Ele merece, se nós somente pensássemos em Seus sofrimentos e no que Ele merece de nossas mãos, certamente nós faríamos algo fora do comum! Nós quebraríamos o nosso vaso de alabastro e derramaríamos o arrátel de unguento sobre a Sua Cabeça novamente!

 

Mas não somente fazer algo extraordinário deixa de parecer extraordinário quando você pensa sobre a pessoa que é compelida a fazê-lo, uma coisa extraordinária torna-se mui comum, de fato! Meus amigos, se eu deixasse este lugar e fosse para o meio da morada de alguns selvagens índios Vermelhos e ali fosse exposto ao frio e à fome, à escassez, e nudez; se através de longos anos eu devesse pregar o Evangelho a um povo que me rejeitou, e se depois eu fosse queimado vivo na fogueira por eles, eu reconheço e confesso que eu sinto que isto era apenas algo débil que eu deveria fazer por Aquele a quem tanto devo! Quando penso no que meu Mestre tem feito por mim, certamente as cicatrizes e prisões, os perigos, os naufrágios, as jornadas as quais mesmo Paulo sofreu, parecem ser menos do que nada e vaidade em comparação com a dívida de amor eu devo! Agora, eu não espero que todos vocês amem a Cristo, como eu acho que deveriam, pois talvez vocês não devem tanto a Ele quanto eu. Talvez vocês nunca tenham sido tão grandes pecadores quanto eu fui. Talvez vocês nunca tenham sido tão perdoados e nunca provaram tanto do Seu amor e nunca tiveram tanta comunhão com Ele, mas isso eu sei: se cada átomo de meu corpo pudesse tornar-se um homem e cada homem pudesse assim sofrer e ser cortado pouco a pouco, todo este sofrimento não seria uma recompensa digna pelo que Ele tem feito por mim! Eu acho que existem alguns de vocês que podem levantar-se e contar a mesma história. Eu posso ao redor de alguns de vocês que eram bêbados, que juravam, mas vocês obtiveram misericórdia e, meus caros amigos, se vocês fizerem algo extraordinário por Cristo, enquanto outras pessoas se perguntam com um olhar vago de espanto, vocês podem dizer, “Você está maravilhado sobre mim?”:

 

“Eu amo muito? Eu fui mais perdoado!

Eu sou um milagre da graça Divina!”

 

Vocês, por quem Jesus fez pouco, se existem os tais, amam pouco; mas eu lhes suplico —aqueles a quem Ele amou com uma afeição extraordinária e que sentem que vocês devem muito à Sua graça — que Ele tem feito “coisas por vós pelas quais estão alegres”, não se contentem em fazer o que as outras pessoas fazem! Pense dos outros, assim, “Eu não tenho nenhuma dúvida de que o que eles fazem é o seu melhor; mas devo fazer mais do que eles fazem, pois devo-Lhe mais do que eles!”. E oh, se cada um de nós pudéssemos sentir isso, nós consideraríamos o labor leve e a dor fácil e estaríamos descontentes conosco por desperdiçarmos tanto de nossas vidas não fazendo nada por Aquele que nos comprou com Seu preciosíssimo sangue!

 

Eu tenho, apenas mais uma razão para acrescentar. Parece-me que Jesus elogiou esta mulher e proferiu este memorial porque a ação foi expressa tão belamente. Havia mais virtude nisto do que você poderia ver. A forma, bem como a questão de seu sacrifício votivo poderia provocar a repreensão dos homens, cuja religião prática é mercenária e econômica. Não é o suficiente que ela derrame o unguento com tal ousada profusão, mas ela é tão arrojada e extravagante, que tem que quebrar o vaso! Não vos maravilheis, Amados, mas admira-me o entusiasmo arrebatador de sua alma piedosa. Por que, o amor é uma paixão! Se vocês apenas conhecessem e sentissem a sua veemência, nunca iriam se maravilhar com um ato tão expressivo. Seu amor não mais poderia tardar para conformar-se às rubricas do serviço do que poderia considerar o custo de sua oferta! Um poderoso impulso da devoção carrega sua alma acima de toda rotina usual; sua conduta apenas simbolizou a inspiração de uma homenagem agradecida. Um coração santificado, mais belo do que o vaso transparente de alabastro, era naquela hora quebrado! Somente a partir de um coração quebrantado as doces especiarias da graça podem exalar o seu precioso perfume. “O amor e a dor, o nosso coração atravessando”, nós cantamos às vezes, mas oh, deixe-me dizer isso: amor, sofrimento e gratidão, o nardo, mirra e incenso do Evangelho se misturam aqui! O coração deve expandir-se e quebrar-se ou os aromas nunca encheriam a casa. Cada músculo de seu rosto, cada movimento involuntário de seu corpo, frenético como poderia parecer para o espectador indiferente, estava em harmonia com a emoção do seu coração! Cada feição dava provas de sua sinceridade. O que eles poderiam criticar friamente, Jesus ofereceu-lhes como um ensino. Aqui está alguém em quem o amor de um Salvador tem produzido os seus efeitos apropriados! Aqui está um coração que trouxe à luz os frutos mais preciosos! Não apenas a admiração por ela, mas a bondade para conosco moveu o nosso Senhor quando Ele resolveu doravante ilustrar o Evangelho, onde quer que seja pregado, com este retrato de santo amor em um instante quebrando o vaso delicado e cheio do terno coração! Por que, aquela mulher queria dizer a Cristo: “Querido Senhor, eu me entrego”. Ela foi para casa. Ela trouxe a coisa mais preciosa que tinha. Se ela tivesse algo dez mil vezes mais valioso, ela teria levado, em verdade, ela realmente Lhe trouxe tudo.

 

 

II. Tendo descrito esta mulher como tão bem digna de ser lembrada para sempre, AGORA EU VOS CONVIDO A OLHAR PARA O ROSTO DO AMORÁVEL SENHOR. Ouçam! Sobre o que é todo aquele murmúrio? O que eles estão dizendo um ao outro lá longe? Ora, ali está Judas! Ele foi pegar um pequeno pedaço de papel e lançando uma soma, ele percebe que aquele vaso de unguento valia 300 dinheiros! E sobre o que estão falando Pedro e Tomé e os outros discípulos? “Ah, querido”, eles dizem, “olhe que desperdício! Sinto muito, se eu soubesse o que ela ia fazer, eu teria tomado aquele vaso dela! Na verdade eu teria — eu não teria permitido isso — que desperdício! E tudo por este pequeno aroma, este logo passa e um daqui a pouco já terá acabado. Que multidões de bocas famintas poderiam ter sido supridas se isso tivesse sido vendido e dado aos pobres”. “Oh”, diz um deles, “Eu nunca vi uma coisa tão insensata na minha vida! Pergunto-me se o Senhor Jesus não estaria zangado com ela”. Você ouve essa conversa? Você ouve isso? Já ouvi isso muitas vezes antes e eu a ouço agora! É um tipo de conversa que às vezes é muito abundante na Igreja de Cristo; se há um homem que faz um pouco mais do qualquer outro, as pessoas dizem: “Não há nenhum motivo para isto em absoluto, não há necessidade disto”. Se alguém dá mais do que qualquer outro para a causa de Cristo, eles dizem: “Ah, eu não consigo entender tal motivo que o leva a fazer isso! Há um meio termo em todas as coisas! Há um limite para o qual as pessoas devem ir e elas não devem ultrapassar isso!” E assim eles começam a conversar e falar, uns com os outros, e se há qualquer coisa realizada que pareça extraordinária, eles começarão a apontar um buraco nisto. Em vez de imitar a devoção superior, eles mesmos, começam a murmurar e a considerar o quanto poderia ter sido feito com o mesmo esforço, se tivesse sido conduzido de forma ortodoxa! “Aquele jovem, ao invés de pregar na esquina da rua, se ele ensinasse em uma escola dominical, o quão bem ele poderia fazer?”, “Se, ao invés de vagar por todo o país”, alguns poderiam ter dito: “se Whitefield tivesse mantido a sua própria congregação, ou à sua própria paróquia, ele poderia ter feito um grande bem!” Sim, eu ouso dizer, mas você e Judas falam juntos sobre a questão! Não temos tempo para nos preocupar com isso nesta manhã! Vejamos o que Jesus Cristo, Ele mesmo disse! Ele disse: “Não a aflijam, não a aflijam. Eu tenho três bons motivos para desculpa-la, apenas os ouçam”. E as três interpretações que nosso Senhor deu sobre a mulher foram estas: “Ela praticou uma boa ação para coMigo”. Note esta última palavra “coMigo”! “Porque”, eles dizem, “isto não é uma boa ação, ir e derramar todo aquele unguento e cometer tal desperdício”. “Não”, disse Jesus, “isto não é uma boa obra em relação a vocês, mas é uma boa ação para coMigo”. E, afinal de contas, esse é o melhor tipo de boa ação, uma boa obra que é feita para Cristo, um ato de homenagem como a da fé em Seu nome e amor por Sua Pessoa ditaria! Uma boa ação para com os pobres é louvável, uma boa ação para a Igreja é excelente, mas uma boa ação para com Cristo, certamente este é um dos tipos mais elevados e mais nobres de boas obras! Mas sou obrigado a dizer que nem Judas nem os discípulos podiam compreender isso, e há uma virtude mística nos atos de alguns homens Cristãos que os Cristãos comuns não compreendem e nem podem compreender! Essa virtude mística consiste nisso, que eles o fazem “como ao Senhor e não como aos homens” [Colossenses 3:23], e em seu serviço, eles servem ao Senhor Jesus Cristo. Além disso, nosso Senhor protege a mulher com outro pensamento. “Não a aflijam. Não pensem no que poderia ter sido feito aos pobres, ‘Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a Mim não me haveis de ter sempre’, vocês podem fazer o bem a eles, quando lhes agradar”. Ora, Ele parece aqui para retrucar sobre seus acusadores: “Se houver algum pobre por perto, dê a eles vocês mesmos! Esvazie a Minha bolsa, Judas, não a esconda desta forma em seu cinto. Quando vocês quiserem, podem fazer-lhes bem. Não comecem a falar sobre os pobres e sobre o que poderia ter sido feito, vão e façam o que poderia ter sido feito vocês mesmos! Esta pobre mulher fez algo de bom para Mim. Eu não me demorarei aqui. Não a aflijam”. E assim, amado, se você murmura sobre homens, porque eles não seguem nos seus caminhos comuns; porque se aventuram um pouco fora da linha regular, lembrem-se, há muito para vocês fazerem! Sua missão, talvez, não é exatamente lá, mas há muito para vocês fazerem, vão e o façam e não censurem aqueles que fazem coisas extraordinárias! Há multidões de pessoas comuns para tratar de coisas comuns. Se você quiser assinantes da lista guiné, você pode tê-los — são aqueles que dão tudo o que têm que são as exceções. Não os aflijam, não há muitos deles. Eles não vão incomodá-lo. Você terá que viajar daqui para a casa de John O'Groat antes de encontrar com muitas dúzias! Eles são criaturas raras não frequentemente descobertas. Não os perturbem! Eles podem ser fanáticos, eles podem ser excessivos, mas se você deve construir um asilo para colocá-los todos dentro, seria necessária apenas uma pequena espécie de casa. Deixe-os, não há muitos que fazem muito por seu Mestre, não muitos que são irracionais o suficiente para pensar que não vale a pena viver, senão para glorificar a Cristo e engrandecer o Seu santo nome!

 

Mas a terceira desculpa é a mais extraordinária que poderia ser dada. Cristo diz “Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento”. O quê? Será que essa mulher previu a morte do Messias? E teve ela a amável ideia de que uma vez que nenhuma mão amorosa poderia O embalsamar, ela ungiria Seu corpo sagrado por antecipação? Será que a sua fé apenas depois penetrou aquelas profundas sombras de mistério prestes a serem gradualmente desvendadas? Acho que não. Eu acho que o amor dela era mais notável do que a sua fé! Parece-me que, com estas Palavras, temos melhor construção que Cristo colocou sobre o seu ato. Se assim for, a virtude de sua ação foi derivada dEle sobre quem ela foi operada! “A tua justiça é Minha”, diz o Senhor. Algumas vezes, quando o seu coração lhe pede para ir e fazer tal e tal coisa para Cristo, você não consegue dizer o que está fazendo. Você pode estar fazendo uma coisa muito simples na aparência, mas nisto pode haver alguns significados maravilhosos, incomparáveis. Cristo pode estar apenas enviando-lhe, por assim dizer, para tomar posse de um vínculo de ouro, talvez existam dez mil elos pendurados a isto e quando você executa este um, todos os dez mil virão após esse. Esta mulher pensou que ela estava apenas ungindo a Cristo. “Não”, diz Cristo, “Ela está Me ungindo para o Meu sepultamento”. Havia mais em seu ato do que ela imaginava. E há mais nos sussurros espirituais do nosso coração do que nós jamais descobriremos até o Dia do Juízo. Quando, antes de tudo, o Senhor disse a Whitefield: “Ide e pregai fora em Kennington Common”, Whitefield sabia qual seria o resultado? Não, pensou ele, sem dúvida, que ele poderia ficar uma vez no púlpito e discursar para cerca de 5.000 pessoas; mas houve uma maior intenção no ventre da providência! O Senhor pretendeu estabelecer todo o país em um esplendor e gerar um reavivamento glorioso […]. Apenas busque ter seu coração cheio de amor e, em seguida, obedeça a sua primeira prescrição espiritual. Não pare, embora o extraordinário seja o mandato, vá e o faça! Tenha as suas asas estendidas como os anjos diante da verdade de Deus, e no exato momento em que o eco vibrar em seu coração, voe, voe e você estará voando você não sabe para onde, você estará sobre uma missão maior e mais nobre do que a sua imaginação alguma vez já sonhou!

 

 

III. Agora eu cheguei à esta conclusão, APELAR PESSOALMENTE A VOCÊ, e perguntar se você conhece algo sobre a lição que a história desta mulher visa ensinar.

 

Imagine o seu Salvador, que comprou você com o Seu sangue, de pé neste púlpito por um momento. Ele levanta as Suas mãos, uma vez rasgadas com os cravos, Ele expõe a você Seu lado perfurado com uma lança! Agora imagine-O; perca a visão de mim por um momento e veja-O! E Ele coloca a cada um de vocês esta pergunta: “Eu sofri tudo isso por você; o que você já fez por Mim?” Responda-O! Como seguidores honestos do Cordeiro de Deus, olhe para trás e veja o que você já fez. Você tem ido, você diz, para a Sua casa. Isso não foi para o seu próprio benefício? Você fez isso por Ele? Você tem contribuído para a Sua causa. Ah, você tem, e alguns de vocês fizeram bem tal coisa! Mas pense, o quanto você deu em proporção ao que Deus tem dado a você? O que você fez por Cristo? Bem, você, talvez, há alguns anos, ensinou as crianças para Ele na Escola Dominical, mas está tudo acabado, você não tem sido um professor de Escola Dominical nestes muitos últimos anos. Jesus lhe pergunta: “O que você fez para mim? Em três anos”, diz Ele, “Eu labutei por Sua redenção. Em três anos de agonia, de labor, de sofrimento, Eu o comprei com o Meu sangue! O que você fez por Mim nesses dez, vinte, 30 anos desde que você conheceu o Meu amor e provou do Meu poder para salvar?” Cubram seus rostos, meus amigos, cubram seus rostos! Que cada homem entre nós faça assim. Vamos corar e chorar. Senhor Jesus, nunca houve tal amigo como Tu és! E nunca existiram tais pessoas não amigáveis, como nós somos! Cristo tem alguns dos seguidores mais ingratos que o homem já teve. Nós temos feito pouco. Se nós fizemos muito, fizemos pouco. Mas alguns de vocês não fizeram nada em absoluto para Cristo.

 

Essa pergunta respondida, aí vem outra. Rogo-vos, deixemos que a visão daquele Crucificado permaneça diante de vocês! Ele pede-lhe esta manhã, “O que vocês farão por Mim?” Deixando de lado o passado, vocês choraram por isso e envergonharam-se: o que vocês farão agora? Será que vocês agora não pensarão em algo para fazer para Ele, algo que você possa consagrar a Ele? Venham, Marias, tragam o vosso vaso de alabastro! Venham vocês, amáveis Joãos, reclinem as suas cabeças por um momento em Seu peito e pensem em algo que possam fazer para Ele, que deixou vocês reclinarem a cabeça sobre Seu coração! Venham, venham, vós seguidores de Cristo! Necessito pressiona-los? Certamente, se eu necessito, minha insistência seria em vão. Mas não, instintivamente inspirados pelo Espírito Santo, vocês, cada um de vocês, digam: “Senhor Jesus, a partir deste dia em diante eu desejo servi-lO melhor. Mas, Senhor, diga-me o que Tu queres que eu faça”. Ele lhe dirá agora. Eu não sei o que é. O Espírito dirá a cada um dentre vocês. Mas, eu lhes suplico, não pensem nisso, façam-no!

 

Para toda a Igreja de Cristo, eu tenho uma palavra a dizer. Sinto-me, e eu falo aqui de mim mesmo e de todos os Cristãos como um todo. Eu sinto que a Igreja de Cristo nestes dias esquece-se muito das suas obrigações para com o Seu Mestre. Oh, na Igreja primitiva como a Religião se espalhou! Isto foi porque nenhum homem pensava em sua própria vida, ou considerava qualquer coisa valiosa a ele, para que ele pudesse ganhar a Cristo e ser achado nEle, por fim. Veja como a Igreja antiga, que era apenas um punhado, dentro de um século invadiu cada nação conhecida e levou o Evangelho por todo o comprimento e largura de todo o mundo conhecido! Mas, agora, ficamos em casa, isolados na Inglaterra, ou enfiados na América. Nós não vamos para o exterior onde moram os pagãos. Apesar de enviarmos, aqui e ali, um homem e um esboço, por assim dizer, de milhares, nós fazemos pouco ou nada pela evangelização do mundo e envio adiante dos ministros da verdade de Deus! Ora, a Igreja primitiva, se estivesse aqui agora e fôssemos embora, dentro de mais 50 anos soaria a trombeta de jubileu celestial em toda a terra! Com os nossos meios de viajar, com os nossos aparelhos, com nossos livros e recursos, dê tal Igreja como no primeiro Pentecostes, apenas 50 anos e toda a terra estaria coberta com o conhecimento do Senhor; Deus, o Espírito Santo operando com eles! Mas não, não podemos gastar nossas vidas para Cristo, nós não somos como os soldados que marcharam para a vitória sobre os cadáveres de seus irmãos! Nós nunca semearemos o mundo com a verdade de Deus até que esta seja semeada com o nosso sangue novamente! “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”. Gostaria que a Igreja rompe-se de todos os seus laços e enviasse seus guerreiros escolhidos para a batalha contra os exércitos infiéis! Mas e se eles falharem? E se eles morrerem? Com o Espírito de Cristo aquecendo os nossos corações, iríamos adiante, a nossa coragem não seria amortecida nem o nosso ardor diminuído por tudo isso, cada um considerando uma honra morrer por Cristo, cada um colocando a si mesmo na brecha determinado a vencer por Cristo e espalhar o Seu nome por toda a terra, ou então perecer na tentativa!

 

Que Deus dê à Sua Igreja este zelo e ardor! E, então, o tempo para favorecer Sião, sim, o seu tempo determinado, virá!