[Um excerto do Sermão Nº 762, “A Relação de Casamento”]
Irmãos, nenhum homem é salvo contra a sua vontade. Se alguém dissesse que foi salvo contra a sua vontade, seria uma prova de que ele não foi salvo de modo nenhum; pois, relutância ou indiferença revelam uma alienação completa de todas as afeições do coração. Se a vontade ainda está estabelecida contra Deus, então, todo o homem é provado estar em inimizade contra Ele. Por natureza, nós não escolhemos Deus, por natureza, recalcitramos contra a Sua lei e recusamos o Seu domínio. Mas, não está escrito: “Meu povo será voluntário no dia do meu poder” [Salmos 110:3]? Você não entende como, sem qualquer violação de sua livre agência, Deus usou argumentos e motivos adequados, de modo a influenciar o seu entendimento? Através de nosso entendimento, a nossa vontade é convencida e nossas almas são atraídas espontaneamente.
Em seguida, abaixamos as armas de nossa rebelião e nos humilhamos ao pé do estrado do Altíssimo; e agora nós livremente escolhemos aquilo que uma vez perversamente abominávamos. Você, Cristão, neste mesmo momento, não escolhe a Cristo com todo seu coração para ser o seu Senhor e Salvador? Se fosse colocado diante de você mais uma vez escolher se você amará o mundo ou amará a Cristo, você não diria: “Oh! O meu Amado é melhor para mim do que dez mil mundos! Ele atrai todo o meu amor, absorve toda a minha paixão: eu entrego-me a Ele mui livremente; Ele me comprou por um bom preço, Ele me conquistou com Seu grande amor, Ele me extasiou com Seus encantos inefáveis, então, eu me entrego a Ele”? Aqui há uma escolha mútua.
Eu gostaria que alguns de nossos amigos se abstivessem de fazer tal posição contra a doutrina que fala que Deus nos elegeu. Se eles o farão, apenas leia a Escritura com uma mente sem preconceitos; eu tenho a certeza de que a encontrará ali. Sempre parece inexplicável para mim que aqueles que reivindicam o livre-arbítrio ao homem tão corajosamente, não admitem também o livre-arbítrio de Deus. Suponho que meus irmãos não gostariam de ter se casado com alguém com quem não tivessem escolhido, e por que Jesus Cristo não tem o direito de escolher a Sua própria Noiva? Por que Ele não poria o Seu amor onde Ele quisesse, e não teria o direito de exercer, de acordo com Sua própria mente soberana, a concessão de Seu coração e mão, a qual ninguém poderia, por qualquer meio, merecer? Sabido isso, Ele fará a Sua própria escolha, quer resistamos à doutrina ou não; pois Ele terá misericórdia de quem quiser ter misericórdia e terá compaixão de quem quiser ter compaixão.
Ao mesmo tempo, eu gostaria que aqueles amigos que acreditam nesta verdade, recebessem a outra, que também é verdadeira. Escolhemos a Cristo em retorno, e isso sem qualquer violação de nossa livre agência. Algumas pessoas não podem ver duas verdades de uma só vez; elas não conseguem entender que Deus fez toda a verdade ser dupla. A verdade tem muitos aspectos. Enquanto a predestinação Divina é verdade, a responsabilidade humana também é verdade […].