Sermão Nº 181. Um sermão pregado na manhã de Sabath, 28 de fevereiro de 1858. Por C. H. Spurgeon, no Music Hall, Royal Surrey Gardens.
“Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mateus 20:28)
Quando pela primeira vez foi meu dever ocupar este púlpito e pregar neste salão, minha congregação assumiu a aparência de uma massa irregular de pessoas vindas de todas as ruas desta cidade para ouvir a Palavra. Eu era, na ocasião, simplesmente um evangelista pregando a muitos que não tinham ouvido o Evangelho antes. Pela graça de Deus, uma mudança mui abençoada ocorreu e agora em vez de ter um grupo irregular reunido, minha congregação é tão constante quanto a de qualquer ministro em toda a cidade de Londres! Posso, a partir deste púlpito, observar os rostos dos meus amigos que ocuparam os mesmos lugares, tanto quanto possível, nestes muitos meses. E eu tenho o privilégio e o prazer de saber que uma proporção muito grande, certamente, três quartos das pessoas que se reúnem aqui não são pessoas que se veem aqui devido à curiosidade, mas são meus ouvintes regulares e constantes. E observo que as minhas características também mudaram! Antes eu era um evangelista, mas o meu ofício agora é ser o vosso pastor. Vocês uma vez foram um grupo heterogêneo reunido para me ouvir, mas agora somos unidos pelos laços do amor. Pela associação, temos crescido em amor e respeito uns para com os outros e agora vocês se tornaram as ovelhas do meu pasto e os membros do meu rebanho. E eu tenho agora o privilégio de assumir a posição de um pastor neste lugar, bem como na capela onde eu trabalho à noite. Eu penso que é razoável para o julgamento de todas as pessoas que, assim como a congregação e o ministro passaram por mudanças, o próprio ensino deve, em alguma medida, ter sofrido alguma diferença.
Tem sido o meu desejo falar-lhes das verdades simples do Evangelho. Muito raramente, neste lugar, eu tenho tentado adentrar às coisas profundas de Deus. Um texto que eu pensei ser adequado para minha congregação para a noite, eu não faria disso assunto de discussão neste lugar na parte da manhã. Há muitas doutrinas altas e misteriosas, com que muitas vezes tenho tido a oportunidade de lidar em particular, as quais eu não tomei a liberdade de falar com vocês como uma reunião de pessoas que casualmente se reuniam para ouvir a Palavra. Mas agora, uma vez que as circunstâncias foram mudaram, o ensino também será mudado. Não vou agora simplesmente limitar-me à doutrina da fé ou ao ensino do Batismo de crentes. Eu não me deterei sobre questões superficiais, mas devo ousar, à medida que Deus me guiar, a introduzir aquilo que está na base da religião, que nós afirmamos com tanto amor. Não me envergonharei de pregar diante de vocês a doutrina da soberania Divina. Eu não titubearei em pregar a doutrina da eleição da maneira mais irrestrita e aberta. Não terei medo de anunciar a grande verdade da perseverança final dos santos. Eu não reterei aquela verdade inquestionável das Escrituras, a saber, o chamado eficaz dos eleitos de Deus. Tentarei, conforme Deus me ajudar, não omitir nada de vocês que se tornaram o meu rebanho. Visto que muitos de vocês agora “provaram que o Senhor é bom”, vamos nos esforçar para expor todo o sistema das Doutrinas da Graça, para que os santos sejam edificados e cresçam em sua santíssima fé!
Começo esta manhã com a doutrina da redenção. “Veio… para dar a sua vida em resgate de muitos”. A doutrina da redenção é uma das doutrinas mais importantes do sistema da fé. Um erro nesse ponto conduzirá inevitavelmente a um erro por todo o sistema de nossa crença! Agora, você está ciente de que existem diferentes teorias da redenção. Todos os Cristãos sustentam que Cristo morreu para redimir, mas nem todos os Cristãos ensinam a mesma redenção! Somos diferentes quanto à natureza da expiação e quanto à concepção da redenção. Por exemplo, o Arminiano afirma que Cristo, quando morreu, não morreu com a intenção de salvar qualquer pessoa em particular. Os Arminianos ensinam também que a morte de Cristo não significa, por si só, a garantia inquestionável da salvação de qualquer homem vivo. Eles acreditam que Cristo morreu para tornar possível a salvação de todos os homens, ou que, por fazer alguma coisa, qualquer homem que quiser pode alcançar a vida eterna!
Consequentemente, eles são obrigados a afirmar que se a vontade do homem não ceder e voluntariamente entregar-se à graça Divina, então a expiação de Cristo seria inútil! Eles afirmam que não havia nenhuma particularidade e especialidade na morte de Cristo. Segundo eles, Cristo morreu tanto por Judas no Inferno quanto para Pedro que subiu ao Céu! Eles acreditam que para aqueles que são lançados ao fogo eterno, houve tão verdadeira e real redenção consumada, quanto para aqueles que agora estão diante do trono do Altíssimo! Ora, nós não cremos em tal coisa! Nós afirmamos que Cristo, quando morreu, tinha um objetivo em vista e que esse objetivo será cumprido mui seguramente e sem sombra de dúvida! Medimos o desígnio da morte de Cristo pelo efeito da mesma. Se alguém nos perguntar: “O que Cristo designou fazer por meio de Sua morte?”, nós respondemos fazendo-lhe outra pergunta: “O que Cristo fez, ou o que Cristo fará por meio de Sua morte?”. Nós declaramos que a medida do efeito do amor de Cristo é a medida do Seu propósito! Não podemos assim contrariar a nossa razão ao pensar que a intenção do Deus Todo-Poderoso poderia ser frustrada ou que o propósito de algo tão grande quanto a expiação poderia, de algum modo, falhar. Nós afirmamos — não temos medo de dizer no que cremos — que Cristo veio a este mundo com a intenção de salvar “uma multidão, a qual ninguém podia contar” [Apocalipse 7:9]. E acreditamos que, como resultado disso, que cada pessoa por quem Ele morreu deve, sem sombra de dúvida, ser purificada do pecado e permanecer lavado em Seu sangue diante do trono do Pai. Nós não cremos que Cristo fez qualquer expiação eficaz por aqueles que estão condenados para sempre! Não nos atrevemos a pensar que o sangue de Cristo foi derramado com a intenção de salvar aqueles a quem Deus previu que nunca seriam salvos, e alguns dos quais já estavam no Inferno quando Cristo, segundo o relato de alguns homens, morreu para salvá-los!
Tenho, portanto, apenas declarado a nossa teoria da redenção e pontuado as diferenças que existem entre duas grandes partes na Igreja professa. Agora, o meu esforço será mostrar a grandeza da redenção de Cristo Jesus. E ao fazê-lo, espero ser habilitado pelo Espírito de Deus para anunciar todo o grande sistema da redenção, de modo que seja compreendido por todos nós, mesmo se todos nós não pudermos aceitá-lo. Vocês devem ter isso em mente, que alguns de vocês, talvez, podem estar prontos para disputar sobre as coisas que eu afirmo. Mas vocês serão lembrados que isso não é nada para mim. Em todos os momentos ensinarei as coisas que eu afirmo serem verdadeiras, sem considerar quaisquer oposições das reações humanas! Vocês têm a liberdade de fazer o mesmo em seus próprios lugares e pregar aquilo que creem em suas próprias assembleias, como eu reivindico o direito de pregar na minha, plenamente e sem hesitação!
Cristo Jesus “deu a sua vida em resgate de muitos”. E por esse resgate Ele operou para nós uma grande redenção. Eu devo me esforçar para mostrar a grandeza desta redenção, medindo-a em cinco maneiras. Observaremos a sua grandeza, em primeiro lugar, a partir da hediondez da nossa própria culpa, da qual Ele nos libertou. Em segundo lugar, medirei a Sua redenção pela severidade da justiça Divina. Em terceiro lugar, devo mensurá-la pelo preço que Ele pagou: as dores que Ele sofreu. Depois, vamos procurar ampliar isto, observando a libertação que Ele realmente consumou. E vamos concluir observando o grande número daqueles por quem esta redenção foi feita, que em nosso texto são descritos como “muitos”.
I. Primeiro, então, veremos que a redenção de Cristo não foi pouca coisa, se nós apenas a medirmos, em primeiro lugar, pelos nossos próprios pecados. Meus irmãos e irmãs, olhem por momento para a caverna do poço de onde foram cortados e para a rocha de onde foram tirados. Vocês que foram lavados, purificados e santificados, façam uma pausa por um momento e olhem para trás, para o antigo estado da sua ignorância. Pense nos pecados que cometiam, nos crimes para os quais vocês se apressavam, na rebelião contínua contra Deus, na qual era o seu hábito de vida. Um pecado pode arruinar uma alma para sempre. Não está no poder da mente humana compreender o infinito do mal que dorme no coração de um único pecado! Há uma infinidade de culpa oculta na transgressão contra a majestade do Céu. Se, então, vocês e eu tivéssemos pecado apenas uma vez, nada além de uma infinitamente valiosa expiação poderia ter lavado o pecado e feito satisfação por ele! Mas, vocês e eu pecamos uma vez? Não, meus irmãos e irmãs, as nossas iniquidades são mais numerosas do que os cabelos da nossa cabeça! Elas têm poderosamente prevalecido contra nós! Nós também podemos tentar contar as areias da praia, ou contar as gotas que formam o oceano, tanto quanto contar as transgressões que marcaram as nossas vidas! Voltemos à nossa infância. Quão cedo começamos a pecar! Como nós desobedecemos nossos pais e mesmo assim aprendemos a fazer da nossa boca a casa das mentiras! Na nossa infância, quão cheios de lascívia e desobediência estávamos! Obstinada e insensatamente preferíamos o nosso próprio caminho e nos irritávamos contra todas as restrições que os nossos pais piedosos nos impunham. Nem a nossa juventude nos tornou sóbrios. Descontroladamente muitos de nós mergulhamos na dança do pecado! Nós nos tornamos mestres na iniquidade. Nós não só pecamos, mas nós ensinamos os outros a pecar. E quanto à sua maturidade, vocês que entraram no auge da vida, podem ser mais sóbrios exteriormente, podem estar um pouco livres da dissipação de sua juventude, mas quão pouco os homens têm se tornado melhores! A menos que a soberana graça de Deus tenha nos regenerado, não estamos melhores agora do que estávamos quando começamos. E mesmo que ela tenha operado, ainda assim, temos pecados dos quais nos arrepender, pois todos nós colocamos nossas bocas no pó, lançamos cinzas sobre a nossa cabeça e clamamos: “imundo! imundo!”.
E oh, vocês que estão cansados, que têm se inclinado sobre os seus bordões e suportado a idade avançada; os pecados não continuam apegados às suas vestes? As suas vidas estão tão alvas quanto os cabelos brancos que coroam suas cabeças? Vocês não sentem ainda que a transgressão suja as orlas de seus mantos e estraga a sua pureza? Quantas vezes agora vocês se jogam na lama, de modo que mesmo as suas roupas vos abominam! Voltem os seus olhos para os sessenta, setenta, oitenta anos durante os quais Deus tem poupado suas vidas, vocês por um momento podem pensar que é possível que possam numerar as suas incontáveis transgressões ou calcular o peso dos crimes que vocês cometeram? Oh, estrelas do céu! O astrônomo pode medir a sua distância e dizer sua altura; mas oh, vós, pecados da humanidade, vós superais todos os pensamentos! Oh, vós, altas montanhas! A casa da tormenta, o berço da tempestade! O homem pode subir os seus cumes e ficar admirado com a sua neve; mas vós, montes do pecado, vossa altura é mais alta do que os nossos pensamentos podem alcançar! Vós, abismos de transgressões, vós sois mais profundos do que nossa imaginação se atreve a adentrar. Vocês me acusam de difamar a natureza humana? É porque vocês não a conhecem! Se Deus já houvesse desvelado os seus corações para vocês, seriam testemunhas de que tão longe de exagerar, minhas pobres palavras não conseguem descrever a desesperança de nosso mal! Oh, se pudéssemos, cada um de nós, olhar para os nossos corações hoje, se nossos olhos fossem transformados de modo a ver a iniquidade, que está gravada como com ponta de diamante em nossos corações de pedra; estariam, então, dizendo ao ministro que embora ele possa representar a desesperança da culpa, ainda assim ele não consegue por qualquer meio superá-la! Quão grande, então, amados, devia ser o resgate de Cristo quando Ele nos salvou de todos esses pecados? Os homens por quem Jesus morreu, por maior que sejam seus pecados, quando eles creem, são santificados de todas as suas transgressões! Embora eles possam ter cometido todos os vícios e toda concupiscência que Satanás poderia sugerir e que a natureza humana poderia realizar, ainda assim, uma vez que creem, pela graça de Deus, toda a sua culpa é lavada! Anos após anos podem tê-los revestido com as trevas, até que o seu pecado ter se tornado duplamente maligno, mas no momento em que ele crê, um momento triunfante da confiança em Cristo, a grande redenção tira a culpa de muitos anos! Não, mais! Se fosse possível que todos os pecados que os homens cometeram em pensamento, palavra ou ação desde que os mundos foram criados ou o tempo começou estivessem sobre uma miserável cabeça, a grande redenção é toda-suficiente para remover todos esses pecados e lavar o pecador de modo que se torne mais alvo que a neve!
Oh, quem medirá as alturas da toda-suficiência do Salvador? Em primeiro lugar, diga quão grande é o pecado e, em seguida, lembre-se que, como o dilúvio de Noé prevaleceu sobre os cumes dos montes da terra, assim o fluxo da redenção de Cristo prevalece sobre os topos das montanhas de nossos pecados! Nos tribunais do Céu há homens hoje que antes eram assassinos, ladrões, bêbados, adúlteros, blasfemos e perseguidores! Mas eles foram lavados, eles foram santificados! Pergunte-lhes de onde o brilho de suas vestes veio e de onde obtiveram a sua pureza e eles, em uma só voz, dirão a você que eles lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro! Oh, vocês, consciências pesadas! Ó queridos cansados e sobrecarregados! Ó vocês que estão gemendo por causa do pecado! A grande redenção agora proclamada a vocês é toda-suficiente para as suas necessidades! E apesar de seus numerosos pecados excederem as estrelas do céu, aqui há uma expiação por todos eles, um rio que pode transbordar todos eles e levá-los para longe de você para sempre!
Esta, então, é a primeira mensuração da expiação: a grandeza de nossa culpa.
II. Agora, em segundo lugar, temos que medir a grande redenção pela severidade da justiça Divina. “Deus é Amor”, sempre amoroso, mas a minha próxima proposição, afinal, não interfere nesta afirmação: Deus é severamente justo, inflexivelmente severo em Seus lidares com a humanidade! O Deus da Bíblia não é o Deus da imaginação de alguns homens que dão tão pouco peso à malignidade do pecado como se Deus lidasse com o pecado sem exigir qualquer punição por ele. Deus não é o que os homens imaginam, como se as nossas transgressões fossem coisas tão pequenas, tais meros pecadinhos que o Deus do Céu é leniente para com eles que os deixa impunes! Não. Senhor, o Deus de Israel declarou sobre isso: “O Senhor vosso Deus é um Deus zeloso”. É a Sua própria declaração: “Eu não terei culpado por inocento” [Êxodo 34:7]. “A alma que pecar, essa morrerá” [Ezequiel 18:4]. Aprendam, meus amigos, a olhar para Deus como sendo tão severo em Sua justiça, como se Ele não fosse amoroso, e ainda assim, tão amoroso como se Ele não fosse severo! Seu amor não diminui Sua justiça, nem a Sua justiça, mesmo em mínimo grau, contradiz o Seu amor. As duas coisas estão docemente unidas na expiação de Cristo.
Entretanto, observem, nunca podemos compreender a plenitude da expiação até que tenhamos primeiro nos apegado à verdade bíblica da imensa justiça de Deus. Nunca houve uma palavra mal falada, nem um pensamento mal concebido, nem uma má ação feita, pelo qual Deus não punirá uma ou outra pessoa. Ele terá a satisfação de você ou então de Cristo! Se você não tem nenhuma expiação para apresentar, por meio de Cristo, você deve para sempre pagar a dívida que você nunca poderá pagar, em miséria eterna; pois, tão certo quanto Deus é Deus, Ele antes perderá a Sua Divindade a permitir que um pecado fique impune, ou uma partícula de rebelião não seja vindicada! Você pode dizer que este caráter de Deus é frio, rígido e severo. Eu não posso ajudar quanto ao que você diz sobre isso. No entanto, é verdade. Tal é o Deus da Bíblia! E embora nós repetimos, é verdade que Ele é amor, não é mais verdade que Ele é amor do que Ele é cheio de justiça, pois, cada coisa boa reúne-se em Deus e é levada à perfeição; enquanto o amor chega a consumar a beleza, a justiça chega à severidade da inflexibilidade nEle. Ele não tem nenhuma tortuosidade, nada a consertar em seu caráter. Nenhum atributo de algum modo predomina de forma a lançar sombra sobre o outro. O amor tem o seu pleno domínio e a justiça não tem limite mais estreito do que o Seu amor. Oh, então, amados, quão grande deve ter sido a substituição de Cristo quando Ele satisfez a Deus por todos os pecados de Seu povo! Deus exige a punição eterna pelo pecado do homem. E Deus preparou um Inferno no qual Ele lança os que morrem impenitentes.
Oh, meus irmãos e irmãs, vocês podem pensar qual deve ter sido a grandeza da expiação que foi a substituição para toda essa agonia que Deus teria lançado sobre nós se Ele não a tivesse derramado sobre Cristo? Vejam! Vejam! Olhem com solenidade para das sombras que nos separam do mundo dos espíritos e vejam aquela casa de miséria que os homens chamam de Inferno! Vocês não podem suportar o espetáculo! Lembrem-se que naquele lugar há espíritos pagando para sempre a sua dívida para com a justiça Divina, mas que alguns deles estão lá há seis mil anos sufocados nas chamas, eles não estão mais perto de quitar a sua dívida do que quando começaram! E quando dez mil vezes dez mil anos tiverem passado, eles não terão feito mais satisfação a Deus por sua culpa do que fizeram até agora! E agora, vocês podem compreender o pensamento da grandeza da mediação do seu Salvador quando Ele pagou a sua dívida e a pagou toda de uma única vez, de modo que agora não há um centavo de dívida do povo de Cristo para com o seu Deus, a não ser uma dívida de amor? Para a justiça o crente não deve nada! Embora ele devia originalmente tanto que a eternidade não seria suficiente para quitar o pagamento da mesma, ainda assim, em um momento Cristo pagou tudo! O homem que crê é inteiramente santificado de toda culpa e liberto de toda punição através do que Jesus fez! Pensem, então, em quão grande é a Sua expiação, posto que Ele fez tudo isso!
Devo apenas fazer uma pausa aqui e proferir outra frase. Há momentos em que Deus o Espírito Santo mostra aos homens a severidade da justiça em sua própria consciência. Há um homem aqui hoje que acaba de ter seu coração partido com um senso de pecado. Uma vez era um homem livre, um libertino, escravo de ninguém. Mas agora a seta do Senhor penetra firmemente em seu coração e ele veio sob uma escravidão pior do que a do Egito! Eu o vejo hoje, ele me diz que a sua culpa o persegue em toda parte. O escravo, guiado pela estrela polar, pode escapar das crueldades de seu mestre e chegar a outra terra onde ele pode ser livre, mas este homem sente que se ele vagasse pelo mundo inteiro, ele não conseguiria escapar da culpa. Ele que tem estado preso por muitas correntes e não consegue encontrar uma chave que possa desprendê-lo e libertá-lo! Este homem diz que ele tentou orações, lágrimas e boas obras, mas não é possível tirar as algemas dos pulsos. Ele ainda se sente como um pecador perdido, e a alforria parece-lhe impossível, não importando o que ele venha a fazer! O preso na masmorra é, às vezes, livre em pensamento, embora não no corpo. Através das paredes da masmorra, seu espírito salta e voa para as estrelas, livre como a águia que de ninguém é escrava. Mas este homem é um escravo em seus pensamentos, ele não consegue ter um pensamento luminoso, feliz!
Sua alma está abatida dentro dele. Seu espírito está acorrentado e ele está extremamente aflito. O preso, às vezes, se esquece de sua prisão durante o sono, mas esse homem não consegue dormir. À noite ele sonha com o Inferno; durante o dia, ele parece senti-lo. Ele carrega uma fornalha ardente dentro de seu coração e faça o que quiser, ele não consegue apagá-la. Ele foi confirmado, ele foi batizado, ele toma o sacramento, frequenta uma igreja ou uma capela. Ele considera todas as leituras e obedece a toda regra, mas o fogo ainda queima. Ele dá dinheiro aos pobres; ele está pronto para entregar o seu corpo para ser queimado. Ele alimenta o faminto, ele visita os doentes, ele veste o despido, mas o fogo ainda queima; faça o que quiser, ele não consegue apagá-lo! Ó, você filho do cansaço e lamento! Isso que você sente é a justiça de Deus severamente perseguindo-te; e feliz será você quem sente isso; por agora é a você que eu prego este Evangelho da glória do Deus bendito! Você é o homem por quem Jesus Cristo morreu! Para você Ele satisfez a inflexível justiça. E agora tudo o que você tem que fazer para obter a paz e a consciência é apenas dizer ao seu adversário que lhe persegue: “Olhe aqui! Cristo morreu por mim! Minhas boas obras não poderiam fazer você parar; nem minhas lágrimas poderiam apaziguar-te. Olhe aqui! Lá está a Cruz! Ali esteve o Deus sangrando! Ouça a Seu brado ao morrer! Veja-O espirar! Agora você não está satisfeita?”. E quando você fizer isso, você terá a paz de Deus que excede todo o entendimento, a qual guardará o seu coração e seu pensamento por meio de Jesus Cristo seu Senhor, e então, você conhecerá a grandeza de Sua expiação!
III. Em terceiro lugar, podemos medir a grandeza da redenção de Cristo, pelo preço que Ele pagou. É impossível para nós sabermos o quão grande foram as dores do nosso Salvador, mas ainda algum vislumbre destas dores nos renderá uma pequena ideia da grandeza do preço que Ele pagou por nós. Ó Jesus, quem descreverá a Tua agonia?
“Venham, todas as fontes
Estejam em minha cabeça e olhos. Venham, nuvens e chuva!
Minha dor tem necessidade de todas as águas
Que a criação produziu. Que cada veia
Extraia um rio para abastecer meus olhos,
Meus cansados e lacrimejantes olhos, muito secos para mim,
A menos que obtenha novos fluxos, novas fontes
Para jorrá-las a partir de e em conformidade à minha condição.”
Ó Jesus! Tu foste um sofredor desde o Teu nascimento, um homem de dores e sofredor! Os Teus sofrimentos vieram sobre Ti como em uma chuva perpétua até a última temível hora de escuridão. Depois, não em uma chuva, mas em uma nuvem, uma torrente, uma catarata de tristeza Tuas agonias caíram sobre Ti. Veja-O além! É uma noite de geada e frio, mas Ele está ao relento. Anoiteceu. Ele não dorme, Ele está em oração. Ouça os Seus gemidos! Ou se algum homem lutou como Ele luta? Vá e olhe o Seu rosto! Já houve tal sofrimento em um semblante mortal, como o que você contempla? Ouça as Suas próprias palavras? “A minha alma está cheia de tristeza até a morte” [Mateus 26:38]. Ele se levanta. Ele é tomado por traidores e é preso. Vamos ao lugar onde agora Ele estava envolvido em agonia. Ó Deus! O que é isto que vemos? O que é esta mancha no chão? É sangue! De onde veio? Ele tinha alguma ferida que escorria por causa de Sua terrível luta? Ah, não. “O seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão” [Lucas 22:44]. Oh, agonias, que ultrapassam a palavra pela qual nós as nomeamos! Oh, sofrimentos, que não podem ser pronunciados pela linguagem! O que é isso que assim conseguiu atingir a estrutura bendita do Salvador e fez que com todo o Seu corpo suasse sangue?
Este é o início, o começo da tragédia. Siga-o com tristeza, você Igreja entristecida, para testemunhar a consumação da mesma. Ele é arrastado pelas ruas. Ele está primeiramente em um tribunal, depois em outro. Ele é lançado perante o Sinédrio e condenado. Ele é ridicularizado por Herodes, Ele é julgado por Pilatos. Sua sentença é pronunciada: “Crucifica-o!”. E agora a tragédia vem ao seu clímax. Suas costas são feridas. Ele é amarrado à pequena coluna romana. O azorrague sangrento provoca sulcos em Suas costas. Suas costas estão avermelhadas pelo escorrer do sangue, um manto carmesim O proclama imperador da miséria! Ele é levado para a sala da guarda. Seus olhos estão cobertos, em seguida, eles Lhe batem na face e dizem: “Profetiza, quem é que te feriu?” [Lucas 22:64]. Eles cospem em Seu rosto. Eles fazem uma coroa de espinhos e colocam-na com força sobre Suas frontes. Eles colocam sobre Ele uma capa cor de púrpura.
Eles se inclinam e zombam dEle. Ele permanece em silêncio. Ele não responde a uma palavra. “Quando o injuriavam, não injuriava”, mas entregava-se Àqueles que Ele veio servir. E agora eles O levam com muito escárnio e zombaria, e O conduzem deste lugar e O arrastam pelas ruas. Emagrecido pelo jejum contínuo e deprimido com agonia de espírito, Ele tropeça sob a Sua cruz. Filhas de Jerusalém! Ele desmaia em suas ruas! Eles O levantam. Eles colocaram a Sua cruz sobre outros ombros e O apressam, talvez, com varapaus, até que finalmente, Ele chega ao monte da desgraça. Os rudes soldados O prendem e ferem nas costas. O madeiro transversal é colocado debaixo dEle, Seus braços são esticados para alcançar a distância necessária. Os pregos são cravados. Quatro martelos em um momento introduzem quatro pregos nas partes mais sensíveis de Seu corpo! E ali jaz sobre o Seu próprio local de execução, morrendo na Sua cruz. Ainda não acabou. A cruz é erguida pelos rudes soldados. Há um encaixe preparado para isso. A cruz é fixada no lugar, o qual eles enchem com terra. E ali ela permanece.
Mas, olhem para os membros do Salvador, como eles tremem! Cada osso ficou fora da junta quando a cruz foi erguida! Como Ele brada! Como Ele suspira! Como Ele soluça! Não só isso; ouça como, finalmente, Ele grita em agonia: “Deus Meu Deus, Deus Meu, por que me desamparaste?”. Ó sol, não admira que tu tenhas fechado os teus olhos para não mais comtemplar um ato tão cruel! Ó rochas!, não admira que vós tenhais vos fendido e rasgado os vossos corações com compaixão quando teu Criador morreu! Nenhum homem sofreu como este! Mesmo a própria morte cedeu e muitos daqueles que estavam em seus túmulos se levantaram e entraram na cidade. Este, contudo, é apenas o exterior. Confiem em mim, irmãos e irmãs, o interior era muito pior. O que o nosso Salvador sofreu em Seu corpo não foi nada comparado com o que Ele suportou em Sua alma! Você não pode imaginar e eu não posso ajudá-lo a cogitar o que Ele suportou interiormente. Suponham por um momento — para repetir uma frase que muitas vezes tenho usado — suponhamos que um homem foi ao Inferno, suponhamos que o seu tormento eterno fosse condensado em uma hora? E, então, suponham que isso fosse multiplicado pelo número dos salvos, que é um número além de toda quantificação humana, e agora vocês podem pensar que grande condensação de miséria haveria nos sofrimentos de todo o povo de Deus se fossem punidos por toda a eternidade?
E lembrem-se que Cristo teve que sofrer algo equivalente a todos os Infernos de todos os Seus redimidos! Eu nunca posso expressar esse pensamento melhor do que usando essas palavras muitas vezes repetidas: parecia que o Inferno havia sido colocado em Seu cálice, Ele o tomou: “Em um grandioso desígnio de amor, Ele bebeu a condenação até o fim”. De modo que não havia mais nada de todas as dores e misérias do Inferno eterno que o Seu povo deveria sofrer! Eu não digo que Ele sofreu o mesmo, mas que Ele suportou um equivalente a tudo isso e ofereceu a Deus a satisfação por todos os pecados de todo o Seu povo, e consequentemente, pagou a Ele um equivalente por todo o castigo deles! Agora, vocês podem imaginar, vocês podem supor o que é a grande redenção de nosso Senhor Jesus Cristo?
IV. Serei muito breve sobre o próximo ponto. A quarta forma de medir as agonias do Salvador é esta: devemos considerá-las pela libertação gloriosa que Ele consumou.
Levante-se, crente, levante-se em seu lugar e hoje testemunhe a grandeza do que o Senhor tem feito por você! Deixe-me dizer isso para você! Contarei a sua experiência e a minha de uma só vez. Houve um tempo em que minha alma estava sobrecarregada com o pecado. Eu havia me revoltado contra Deus e transgredido gravemente. Os terrores da lei tinham domínio sobre mim. As dores da convicção se apoderaram de mim. Vi-me culpado. Olhei para o céu e vi um Deus irado jurando punir-me. Olhei para baixo de mim e vi um Inferno com a boca aberta, pronto para me devorar! Busquei, pelas boas obras, satisfazer a minha consciência. Mas tudo em vão! Esforcei-me, por participar das cerimônias da religião, apaziguar as dores que eu sentia interiormente, mas tudo se mostrou sem efeito. Minha alma estava cheia de tristeza quase até a morte. Eu poderia ter dito com aquele antigo sofredor: “a minha alma escolheria antes a estrangulação; e antes a morte do que a vida” [Jó 7:15]. Esta era a grande questão que sempre me afligia: “Pequei. Deus deve me punir. Como Ele pode ser justo se Ele não me punir? Então, uma vez que Ele é justo, o que será de mim?”. Finalmente, meus olhos se voltaram para essa doce Palavra que diz: “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” [1 João 1:7]. Tomei esse texto, fui para o meu quarto. Ali sentei-me e meditei. Eu vi Alguém pendurado numa cruz. Era o meu Senhor Jesus. Ali estavam a coroa de espinhos e os emblemas de miséria inigualável e incomparável. Olhei para Ele e os meus pensamentos daquela Palavra que diz: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” [1 Timóteo 1:15]. Então, eu disse dentro de mim: “Este Homem morreu pelos pecadores? Eu sou um pecador. Então, Ele morreu por mim! Aqueles por quem Ele morreu, Ele salvará. Ele morreu pelos pecadores. Eu sou um pecador. Ele morreu por mim! Ele me salvará”. Minha alma invocou aquela verdade. Olhei para Ele, e enquanto eu “via o fluxo de Seu sangue redentor de almas”, o meu espírito se alegrou, pois eu pude dizer:
“Nada em minhas mãos eu trago,
Simplesmente à Tua cruz me apego!
Nu eu olho para Ele por veste,
Desamparado, Eu venho a Ele por graça!
Sujo, eu corro para esta fonte,
Lava-me, Salvador, ou morro!”
E agora, crente, você dirá o restante. No momento em que você creu, o seu fardo caiu de seu ombro e você tornou-se leve como o ar. Em vez de trevas, houve luz! Em vez de vestes de opressão, você teve vestes de louvor. Quem falará da sua alegria desde então? Você tem cantado na terra os hinos do Céu e na sua alma reconciliada você tem antecipado o Sabath eterno dos remidos. Porque você creu, entrou no descanso. Sim, conte isso para todo o mundo: os que creem, pela morte de Jesus, são justificados de todas as coisas a partir das quais eles não poderiam ser libertos pelas obras da lei! Diga isso nos céus: ninguém pode acusar os eleitos de Deus! Diga isso na terra: os redimidos de Deus estão livres do pecado aos olhos de Yahwéh! Diga isso mesmo ao Inferno: os eleitos de Deus nunca irão para este lugar, Cristo morreu pelos Seus eleitos e quem os condenará?
V. Apressei-me para o último ponto que é o mais doce de todos! Jesus Cristo, somos informados em nosso texto, veio ao mundo, “para dar a sua vida em resgate de muitos”. A grandeza da redenção de Cristo pode ser medida pela extensão do Seu desígnio. Ele deu a Sua vida “em resgate de muitos”. Devo agora retornar a esse ponto controverso novamente. Aqueles de nós que somos comumente apelidados pelo título de Calvinistas (e não estamos envergonhados disso. Nós pensamos que Calvino, afinal, sabia mais sobre o Evangelho do que quase qualquer homem não-inspirado que já viveu!), somos muitas vezes acusados de limitar a expiação de Cristo, porque dizemos que Cristo não fez uma expiação por todos os homens, ou todos os homens seriam salvos. Agora, a nossa resposta a isso é que, por outro lado, os nossos adversários O limitam, não nós! Os Arminianos dizem que Cristo morreu por todos os homens. Pergunte a eles o que querem dizer com isso. Cristo morreu, de modo a assegurar a salvação de todos os homens? Eles dizem: “Não, certamente não”. Fazemos-lhes a próxima pergunta: “Cristo morreu, de modo a assegurar a salvação de qualquer homem em particular?”. Eles respondem: “Não”. Eles são obrigados a admitir isso, se eles forem consistentes. Eles dizem: “Não, Cristo morreu para que qualquer homem possa ser salvo se”; e então, seguem citando determinadas condições de salvação. Dizemos, então, que somente voltaremos para a declaração anterior: “Cristo não morreu para que sem dúvida assegurasse a salvação de qualquer um, não é?”. Você deve dizer: “Não”. Você é obrigado a dizê-lo, por que você acredita que mesmo depois que um homem foi perdoado, ele ainda pode cair da graça e perecer. Agora, quem é que limita a morte de Cristo?
Ora, você! Você diz que Cristo não morreu de modo a assegurar infalivelmente a salvação de ninguém. Nós nos escusamos, quando você diz que nós limitamos a morte de Cristo! Nós dizemos: “Não, meu caro senhor, é você que o faz. Nós dizemos que Cristo morreu de modo que Ele infalivelmente garantiu a salvação de uma multidão que ninguém pode contar, que através da morte de Cristo não só podem ser salvos, mas são salvos, serão salvos e de maneira alguma correrão o risco de serem qualquer outra coisa, senão salvos! Você acolhe bem a sua expiação. Você pode sustentá-la. Nós nunca renunciaremos à nossa por causa disso”.
Agora, amados, quando vocês ouvirem alguém rindo ou zombando da Expiação Limitada, poderão dizer-lhe isso. A expiação geral é como uma ponte grande e larga que vai apenas até a metade do caminho; ela não vai até a outra margem do rio; só professa percorrer metade do caminho; não assegura a salvação de ninguém. Ora, eu, antes, poria meu pé em cima de uma ponte tão estreita quanto Hungerford, que percorresse todo o caminho, do que em uma ponte tão larga quanto o mundo, se esta não percorresse todo o caminho até a outra margem do rio. Disseram-me que é meu dever dizer que todos os homens foram resgatados e me informaram que há um mandado bíblico para isso: “O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo” [1 Timóteo 2:6]. Agora, este parece ser um grande argumento, de fato, para o outro lado da questão! Por exemplo, veja aqui: “Eis que toda a gente vai após ele” [João 12:19]. Será que todo o mundo seguia a Cristo? “Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão” [Mateus 3:5]. Toda a Jerusalém ou toda a Judéia foi batizada no Jordão? “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno” [1 João 5:19]. Será que “todo o mundo” aqui significa o mundo todo? Se assim for, como podia ser então, que houvessem alguns que eram “de Deus”? As palavras, “mundo” e, “todos”, são usados em cerca de sete ou oito sentidos diferentes nas Escrituras. E é muito raro que, “todos” signifique todas as pessoas consideradas individualmente! As palavras são geralmente usadas para significar que Cristo redimiu alguns de todos os tipos — alguns judeus, alguns gentios, alguns ricos, alguns pobres — e que Ele não restringiu a Sua redenção, quer a judeus ou a gentios.
Deixando a controvérsia, no entanto, agora responderei a uma pergunta. Diga-me, então, senhor, por quem Cristo morreu? Responda-me uma ou duas perguntas e eu vou lhe dizer se Ele morreu por você. Você precisa de um Salvador? Você sente que você precisa de um Salvador? Você está, nesta manhã, consciente de pecado? O Espírito Santo te ensinou que você está perdido? Então, Cristo morreu por você e você será salvo! Nesta manhã, você está consciente de que não tem esperança no mundo, mas somente em Cristo? Você sente que por si mesmo não pode oferecer uma expiação que satisfaça a justiça de Deus? Você desistiu de toda confiança em si mesmo? E você pode dizer sobre seus joelhos: “Senhor, salva-me, ou pereço”? Cristo morreu por você!
Se você está dizendo nesta manhã: “Eu sou tão bom quanto deveria ser. Eu posso chegar ao Céu por minhas próprias boas obras”, então, lembre-se da Escritura que diz de Jesus: “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” [Lucas 5:32]. Enquanto você estiver nesse estado eu não tenho expiação a pregar para você! Mas se nesta manhã você se sentir culpado, miserável, consciente de sua culpa e está disposto a ter a Cristo como seu único Salvador, eu posso não somente dizer-lhe que você pode ser salvo, mas o que é melhor ainda, que você será salvo! Quando você estiver despojado de tudo, apenas espere em Cristo. Quando você estiver preparado para vir de mãos vazias e ter a Cristo como o seu tudo e você mesmo como nada, então você pode olhar para Cristo e dizer: “Tu querido, Tu ensanguentado Cordeiro de Deus! Suas dores foram suportadas por mim. Por Tuas pisaduras eu sou sarado e por Teus sofrimentos eu sou perdoado”. E depois veja que paz de espírito tu terás, pois, se Cristo morreu por ti, tu não serás perdido! Deus não punirá duas vezes por uma coisa.
Se Deus puniu a Cristo pelo seu pecado, Ele nunca punirá você. “A justiça de Deus não pode exigir duas vezes o pagamento; primeiro da mão do Fiador ensanguentado, e depois novamente da minha”. Podemos, hoje, se cremos em Cristo, ir até o trono de Deus, ficar ali, e se for dito: “Você é culpado?”. Podemos dizer: “Sim, culpado”. Mas, se outra pergunta for feita: “O que você tem a dizer para que não seja punido por sua culpa?”. Podemos responder: “Grande Deus, tanto a Sua Justiça e Seu amor são as nossas garantias que não me punirás pelo pecado. Pois, Tu não puniste a Cristo pelo nosso pecado? Como Tu podes, então, ser justo, como Tu podes ser Deus, se puniste a Cristo, o Substituto, e depois punisses os próprios homens?”.
Sua única pergunta é: “Cristo morreu por mim?”. E a única resposta que podemos dar é: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores”. Você pode escrever seu nome entre os pecadores? Não entre os pecadores impenitentes, mas entre aqueles que sentem isso, que lamentam, se entristecem e buscam a misericórdia por causa disso? Você é um pecador? Após haver sentido, conhecido e professado isso, você agora é convocado a crer que Jesus Cristo morreu por você, porque você é um pecador, você está ordenado a lançar-se sobre esta grande Rocha inamovível e encontrar segurança eterna no Senhor Jesus Cristo!