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Festa Eterna! Por Anne Dutton

[Cartas de Anne Dutton Sobre Temas Espirituais • That eternal feast!]

 

Querida Senhora,

 

Eu recebi o seu favor mais aceitável, com seu presente mais gentil, e retorno-lhe a minha mais humilde e máxima gratidão. Minha alma ora mui vivamente para que sejas ricamente recompensada em e a partir do Deus da graça e da glória, no tempo e na eternidade. Mas quem, ou o que eu sou, para que o Deus da minha misericórdia levante esses queridos amigos para cuidar de mim tão grandemente, em uma tal vasta distância, que nunca viram o meu rosto em carne? É maravilhosa bondade, e uma abundante prova de Sua infinita e pactual todo-suficiência. Oh, que eu tivesse um coração, lábio e vida para render a Ele o louvor adequado! Eu choro por minha impotência, nulidade e vileza. Alegro-me em viver sob o brilho da infinita graça, que perdoa todos os meus pecados, aceita meus anseios, e aceitará este louvor, em condescendência Divina, o qual, com relação a Ele, é indigno deste nome. Considero um muitíssimo grande privilégio que meus medíocres e imperfeitos louvores subam em aceitação diante do Deus Altíssimo, nos perfeitos louvores do grande Mediador, que é co-igual ao Pai em glória e majestade. Ali, o Deus de toda graça quanto a nós encontra, na complacência do Seu coração, Seu louvor pleno e adequado; e ali Ele aceita com prazer infinito cada pequenina porção nossa, sem rebaixar Sua infinita majestade ao demonstrar mui brilhantemente a Sua glória infinita.

 

E como você, querida Senhora, não somente supre-me livremente, mas estima a si mesma também como grandemente favorecida e honrada por Deus em ser feita um instrumento em Sua mão para aliviar a mínima de Seu povo em necessidade, e de enviá-los novamente com altos louvores ao Seu trono; esta é uma prova de que você ama o Senhor suprema e ardentemente, que ama a Deus em Cristo ardentemente, tanto em seu coração e vida, como pelos seus desejos sinceros pela destruição total de todo o pecado, e perfeição absoluta de toda a graça, e tudo isto em meio a muito trabalho secular e afluência, tais são exemplos eminentes dos distintos favores especiais do Senhor por você, como são muito raramente lançados sobre outros de Seus próprios filhos queridos em meio à abundância. Veja que por causa destas coisas você dê-Lhe o devido louvor. O fato de uma alma ser mantida viva em Deus, e para Ele, em meio à influência do pecado, de satanás e do mundo, que é mortal para o coração, é um milagre da graça onipotente; e tal alma pode dizer, quando a graça está em exercício:

“Nada além da glória pode satisfazer

O apetite da graça;

Eu anelo por Cristo, com olhos inquietos,

Eu desfaleço buscando Sua face.”

 

Desde que você anela, querida senhora, que a totalidade do que você é e tem seja santidade ao Senhor, esta é uma prova de que Cristo, seu grande Sumo Sacerdote, apresenta você diante da face de Seu Pai continuamente, com todos os Seus labores, para a maior aceitação, na Sua própria pureza absolutamente perfeita e flamejante. E, da mesma forma aqui, sobre seus desejos pela santidade perfeita, Ele grava santidade ao Senhor. Se você não fosse a Deus em perfeita santidade, em Cristo, e seus serviços apresentados a Deus e por Ele, como tal, você não sentiria aquela inerente santidade impressa em seu coração. E agora, porque você é santidade a Deus em Cristo, representativa e perfeitamente, isto assegura a sua perfeita santidade pessoal, em si mesma, em breve, pois: “assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” [1 Coríntios 15:49], o que deve animar-nos ansiosamente para que prossigamos crescendo em santidade diariamente, até que aquilo que é em parte — ou a imperfeição da nossa presente santidade pessoal — será aniquilado pela vinda dAquele que é perfeito.

 

Deleita-me muito, querida senhora, em ver que na mais gentil e enriquecedora Providência do Senhor, Ele lhe concede ver o seu dever, para que use a sua abundância dada por Deus para o Seu louvor, e bem-aventurança dos pobres santos, e que com isso Ele dá-lhe uma complacência cordial. É, sem dúvida, o dever de irmãos ricos servir ao interesse do Senhor, e ministrar à necessidade de seus irmãos pobres com suas riquezas, e considerar que o dinheiro melhor empregado é dado a Cristo e Seu povo; e, portanto, o apóstolo exorta, assim: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis” [1 Timóteo 6:17-18]. E quão maravilhosos são os motivos que ele apresenta diante deles para estimulá-los, e impor sobre eles esses deveres: “que entesourem para si mesmos um bom fundamento (ou recompensa) para o futuro, para que possam se apoderar da vida eterna” [v. 19]. Estranho, que os santos ricos quando lançam seus tesouros sobre o interesse do necessitado de Cristo e Seus pobres filhos, estão aqui apenas entesourando para eles mesmos, apenas estabelecendo um bom fundamente sobre o qual, a partir da infinita graça, a promessa deve ser erguida, e tão grandioso que, enquanto eles assim, de acordo com a promessa, tomam posse dela ou a possuem, eles herdarão a vida eterna!

Ninguém, senão o Deus infinito e eterno conferiria uma grande e eterna recompensa aos Seus servos favoritos, segundo as suas obras, seus pequenos, pequeninos, imperfeitos serviços terrenos. Podemos muito bem exclamar o Seu louvor com “Ó Senhor, quem é como Tu?”. Isso eu não escrevo, minha querida senhora, para estimulá-la a fazer mais por meu indigno ser. Eu estou abundante, tendo recebido o que você enviou-me livremente, o que para o Senhor e para mim é mais aceitável; mas o meu desejo aqui é promover a sua fecundidade para o Seu louvor e felicidade de outros irmãos, e que você mesma no grande dia do galardão encontre uma rica consideração de seus serviços terrenos, para a sua inefável alegria e glória eterna.

 

O relato que você me fez, querida senhora, do Senhor ter abençoado as minhas últimas pobres cartas, muito refrigera o meu coração, e excita os meus louvores ao Deus de toda a misericórdia, pois enquanto eu busco a Sua glória e alegria dos Seus filhos, quando eu os encontro, oh, quão grande é o consolo da minha alma!

 

Eu sou, querida senhora, um participante de sua alegria em sua vitória sobre os ídolos do coração. É o caminho direto para a destruição de nossos pecados trazê-los, os inimigos de nosso Senhor, até Ele, para serem mortos diante dEle. Nada nos separa de Deus como o pecado; nada provoca os olhos de Sua glória como a idolatria do coração: “Portanto”, diz Ele”, “desamparei o Meu povo… porque se encheram dos costumes do oriente”. E quão comoventemente o Senhor argumenta o caso com o Seu idólatra povo de Israel, a fim de que se convença e retorne a Ele: “Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, ainda que não fossem deuses? Todavia o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito”. E, novamente: “Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a noiva dos seus adornos? Todavia o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias”. E assim rapidamente, sob a Sua agência todo-poderosa, Seu apóstata Efraim é trazido ao arrependimento pelo seu pecado, e lamenta-se por isso, desta forma diante dEle: “Castigaste-me e fui castigado, como novilho ainda não domado; converte-me, e converter-me-ei, porque tu és o Senhor meu Deus”. Se comovem por ele as Suas entranhas, e assim irrompe sobre ele: “Não é Efraim para mim um filho precioso, criança das minhas delícias? Porque depois que falo contra ele, ainda me lembro dele solicitamente; por isso se comovem por ele as minhas entranhas; deveras me compadecerei dele, diz o Senhor”.

 

E desta grande graça, querida Senhora, você é feita participante de sua felicidade cada vez maior, e esta sua felicidade aumenta minha alegria. Tão grande é, e deveria ser, nossa simpatia como membros do corpo de Cristo, como a nos interessarmos mutuamente e inteiramente nas tristezas e alegrias de cada um. De que outra forma podemos amar uns aos outros, a não ser como o nosso querido Senhor nos amou e nos ama; sim, de que outra forma poderíamos amá-lO, uns nos outros? E, o seu Senhor retornou, querida senhora? Agora veja nisso a Sua graça imutável, a Sua fidelidade infinita; agora aprenda a dizer, como Ele, que Suas deserções são apenas por um momento; e agora aprenda a confiar nEle para o tempo por vir, pois eis! Sua bondade para com você tem sobre si a data da eternidade, passada e futura. E o tempo, com todas as suas mudanças, nem puderam, nem podem, nem tampouco, poderão fazer a menor variação em Seu amor, cujo nome é EU SOU! No amor de Seu coração, quero dizer, há uma infinita chama eterna! As manifestações deste variam, mas o Seu amor invariável, de acordo com a infinidade de Sua sabedoria, faz suas demonstrações, ou ofusca as suas glórias, exatamente como é mais para o Seu maior louvor e para a nossa maior felicidade.

 

E, embora, querida senhora, você não pode dizer que tem agora a fruição de seu Amado tão plenamente quanto poderia desejar, lembre-se que o estado atual deve ser uma vida de fé; aquele estado eterno vindouro, será por vista — uma visão imediata, completa e sem fim! E então, teremos tanto de Cristo quanto nossas almas possam desejar, ou capacidades de conter, sem o menor receio de que Ele Se retire novamente. Enquanto isso, “vislumbres transitórios” e “curtas antecipações” aguçarão os nossos apetites para a festa eterna!

 

Grande graça seja com você!