7 Razões Para Ensinar História da Igreja aos Seus Filhos, por Jeff Robinson

Pergunte aos meus quatro filhos o que o pai deles ama e coloca no topo da lista depois de “Jesus, nossa mãe, beisebol e os Georgia Bulldogs[1]“, a resposta pode ser apenas “pessoas mortas”. Por quê? Eu penso que o fato de eu ensinar história da igreja para os meus filhos é importante — tendo começado desde pequeninos — para que eles entendam a riqueza da fé, e que eu sou ordenado a isso a partir das Escrituras. (E sim, eles sabem que o herói deste Livro ressuscitou dentre os mortos).

 

Presumindo que eles têm ouvido, meus filhos podem dizer algo sobre Lutero, sobre as 95 teses e sobre uma porta da igreja em Wittenberg. (Eles até mesmo pronunciam o “W” como um “V”, porque acham que parece com o som de um inseto). Eles conseguem lhe dizer tudo sobre Calvino e seu confronto desagradável com William Farel. Podem dizer-lhe que William Carey é o pai das missões modernas (e provavelmente eles lembrarão que ele era um Batista). Podem dizer-lhe que Spurgeon fumava um charuto ocasionalmente e que um homem com o nome engraçado de Atanásio ganhou o dia em uma reunião convocada pelo Concílio de Nicéia (eles provavelmente dirão a data, a qual é 325 d.C.). Eles sabem que uma importante batalha ocorreu em uma ponte chamada Mílvio (ou como meu filho de 6 anos de idade chama: “Melvin”). Eles têm aprendido que aquelas pessoas que aparecem na nossa varanda especificamente aos sábados, com as suas revistas Sentinela nas mãos são os Arianos modernos. Eu tinha 30 anos antes que soubesse tudo isso.

 

De maneira alguma a história da igreja deve sobrepujar o ensino da Bíblia em família. O culto familiar e a Palavra de Deus devem vir em primeiro lugar em sua casa. Porém, os benefícios de ensinar-lhes algo sobre as pessoas importantes e movimentos da rica herança da Igreja são inumeráveis. Aqui estão sete razões pelas quais devemos ensinar história da Igreja aos nossos filhos.

 

1. Porque eles devem saber que o Cristianismo é uma fé histórica. Jesus realmente viveu. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele subiu ao Céu. Ele está edificando a Sua igreja, assim como prometeu. A história da Igreja testemunha todos esses fatos, os quais ocorreram e estão ocorrendo no tempo, espaço e história. Eu não quero que eles confundam a história da redenção com O Hobbit, As Crônicas de Nárnia, Robinson Crusoé ou Rapunzel.

 

2. Porque queremos que eles evitem o esnobismo cronológico. Como C. S. Lewis disse, novo não significa necessariamente melhor (ou vice-versa). Tal como os seus pais, nossos filhos são constantemente inundados com mensagens de “novas” e “melhores” versões 1.1, 1.2, 1.3, e assim por diante. Eu quero que meus filhos saibam que o Evangelho não é novo, ele não pode ser melhorado e nunca mudará. Eles devem saber também que, enquanto não há nenhuma “era de ouro” no que diz respeito à história do homem, grandes avivamentos no passado nos levam a orar para que Deus os realize novamente.

 

3. Porque eles devem saber é algo digno morrer pela Bíblia. Uma das definições da história da igreja que eu dou aos meus alunos é simplesmente “uma batalha pela Bíblia”, o que significa que a história da igreja é um relato da guerra de 2.000 anos entre a heresia e a ortodoxia, entre as divergentes interpretações da santa Palavra de Deus. Eu quero que meus filhos saibam que nossas Bíblias — especialmente nós, que temos uma tradução em Inglês em praticamente todos os quartos da nossa casa — não custaram barato. Homens e mulheres foram presos, perseguidos, espancados e mortos para que pudéssemos ler a Bíblia em nossa língua nativa. Eles também argumentaram, lutaram, foram perseguidos e até mesmo morreram por permanecerem firmes em uma interpretação ortodoxa das Escrituras.

 

4. Porque eles devem saber que a teologia é importante. Eu quero que eles saibam sobre Agostinho e Pelágio, Calvino e Armínio, Wesley e Whitefield e as diferenças teológicas que os dividiam e o motivo pelo qual tal divisão era necessária, em primeiro lugar. Quero que meus filhos sejam bons teólogos, conscientes de que todo mundo tem uma teologia e nem todas elas se encaixam nas Escrituras. Eu quero que eles saibam que as ideias têm consequências para o bem e para o mal. O apóstolo Paulo teve uma visão de mundo. Hitler também tinha.

 

5. Porque eles precisam perceber que somos parte da Igreja de Cristo através dos tempos. Nós não somos os primeiros Cristãos. E por mais que o ensino de minha igreja Deep South pudesse ter sugerido (principalmente através da música) o contrário, vovó não foi a primeira Cristã. Eu quero que eles conheçam sobre a coragem de Atanásio, o martírio de Justino e Policarpo, o resplendor de Calvino, as palavras inesquecíveis de Lutero e a batalha pela Bíblia em minha própria denominação, a Convenção Batista do Sul. Os capítulos finais da vida dos nossos heróis foram escritos e assim sabemos como a sua caminhada com Deus acabou, e grandes homens e mulheres da história da igreja são excelentes exemplos de fé perseverante (veja Hebreus 11).

 

6. Porque nós queremos que eles saibam que mesmo os grandes homens são profundamente falhos. Faça um relato completo, vívido dos seus heróis a partir das páginas da história da igreja — o bom, o mau, o feio — para lembrar aos seus filhos que Jesus era e é o único Homem perfeito. Diga-lhes que alguns grandes líderes espirituais, como o rei Davi no Antigo Testamento, fizeram coisas tolas, um lembrete de que os pecadores são salvos pela justiça de Outro. Deus desenha linhas retas com instrumentos tortos. Talvez essa perspectiva ajudará a direcionar os seus filhos para longe das valas mortais do farisaísmo e do perfeccionismo.

 

7. Porque isso os encoraja a obedecerem ao Nono Mandamento. Deturpar a teologia ou as ideias de outrem é dar falso testemunho contra eles. Calvino não inventou a predestinação. O livre-arbítrio não foi obra exclusiva de Armínio. Wesley (os dois Wesley, na verdade) e Whitefield, muitas vezes contenderam pessoalmente em cartas e sermões, não tinham muitas condições de contato, e quase não tinham o tipo de relacionamento de “doce discórdia” que é popularmente retratado (veja a excelente biografia de Thomas Kidd, de 2014, para confirmação). Portanto, caricaturar é deturpar. E deturpar intencionalmente é violar a ordem de Deus. Acostume-os com essa ideia desde pequeninos. Pela graça de Deus, podemos prepará-los para serem piedosos membros da igreja.

 

Então, por onde começamos? Felizmente, há muitos recursos para ensinar a Bíblia e teologia às crianças atualmente, mas não muitos para ensinar-lhes história da igreja. Abaixo estão alguns recursos que têm sido úteis para a nossa família:

 

[Preferimos não omitir esta parte abaixo por uma questão de fidelidade ao artigo, embora saibamos que soará meio “fora de contexto” para os leitores de língua portuguesa. Gratos pela compreensão – Editores EC]

 

History Lives: Chronicles of the Church Box Set (Christian Focus) por Mindy e Brandon Withrow. Estes cinco volumes são perfeitos para a leitura de sua família por um longo período de tempo, digamos um a dois anos, um capítulo a cada noite. Nossas crianças os amam.

 

Trial and Triumph: Stories from Church History (Canon Press) por Richard M. Hannula. Uma excelente visão geral de pessoas importantes na história da igreja, em um volume.

 

The Church History ABCs: Augustine and 25 Other Heroes of the Faith (Crossway) por Stephen J. Nichols. Breves leituras conduzem através do alfabeto a cada nome figuras históricas correspondentes a uma determinada letra (“E para Jonathan Edwards”). Este volume é colorido e alegremente ilustrado por Ned Bustard.

 

Reformation Heroes por Joel Beeke e Diana Kleyn. Este livro é um excelente recurso para ensinar seus filhos sobre todas as vidas, ministérios e convicções doutrinárias de todas as pessoas importantes da Reforma.

 

Biographies by Simonetta Carr. Esta é uma bela e bem escrita série de biografias para crianças mais velhas. Carr fala sobre grandes e notáveis figuras da história da igreja, como Calvino, Lutero, Agostinho, Atanásio, Jonathan Edwards e Anselmo, bem como alguns que são menos conhecidas, incluindo Lady Jane Grey e Marie Durand.

 

Nota do Editor: Esta publicação é uma adaptação de um artigo originalmente publicado em The Gospel Coalition.

 

 

[1] Time de futebol americano.

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