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Inimigos Reconciliados pela Morte, por Robert Murray M´Cheyne

“A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.” (Colossenses 1:21-23)

 

I. A condição passada de todos os que agora são crentes: “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más”. Quando duas famílias brigavam umas com as outras, tornavam-se estranhas umas das outras: elas não se visitavam mais; seus filhos não eram autorizados a conversarem entre si, como antigamente; se eles se encontrassem na rua, eles se olhariam de outra maneira. Assim é com os pecadores não-convertidos e Deus; eles são estranhos a Deus; eles não visitam a Deus; eles não procuram a Sua presença; eles não amam encontrar os Seus filhos; eles não gostam de Suas palavras, nem de Seus caminhos. Quando Deus lida com eles em um sermão severo ou providência, eles tentam olhar para outro caminho, de forma que eles não possam encontrar os olhos de Deus.

 

1. Separados. Esta palavra é usada três vezes: “Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel” (Efésios 2:12), “separados da vida de Deus” [Efésios 4:18]. E mais uma vez aqui. Ao todo, isso retrata a vida e o verdadeiro caráter de cada homem não-convertido. É inútil esconder isso, queridos irmãos não-convertidos. Vocês podem fingir o maior amor pelos ministros, pelos sacramentos, pelas reuniões de Cristãos; ainda assim, o verdadeiro estado do vosso coração é a separação de Deus. Ah! Temo que muitos de vocês vêm para a igreja, e até mesmo para o sacramento, com o nome de Cristo em seus lábios, e um coração frio, distante em seu peito: “Todavia lisonjeavam-no com a boca, e com a língua lhe mentiam. Porque o seu coração não era reto para com ele” (Salmos 78:36-37)

 

2. Inimigos no entendimento. Isso é mais do que estranhamento. Vocês podem ser estranhos a um homem, e ainda assim, não odiá-lo; mas as almas não-convertidas odeiam a Deus. A Bíblia inteira é testemunha de que todos os homens não-convertidos odeiam a Deus. Em Romanos 1:28 diz: “eles não se importaram de ter conhecimento de Deus”, então, Deus os entregou a um sentimento perverso, para que eles se tornassem “inimigos de Deus”. Em Êxodo 20:5, Deus diz: “Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”. E ainda: “não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4).

 

Será que Deus diria isso se este não fosse o caso? Deus sabe melhor o que realmente está no coração do homem. É verdade que vocês podem não mostrar esse ódio em suas palavras, ou em sua atitude; vocês podem não amaldiçoar a Deus, nem mesmo em um sussurro; mas Deus diz que isso está na sua mente. Isso está na parte inferior deste poço de lama. No inferno, onde todas as restrições são retiradas, vocês amaldiçoarão a Deus por toda a eternidade.

 

O julgamento mais surpreendente que poderia haver disto foi quando Deus veio a este mundo. Deus foi manifestado em carne. NEle habitou toda a plenitude da Divindade. Todas as perfeições de Deus fluíam através de Seu seio. Não havia uma característica de Deus, senão a que estivesse brilhando através de Seu glorioso semblante, mas suavizado aos olhos humanos por todas as perfeições de sua Humanidade. Será que os homens O amaram quando O viram? Permitam que Isaías responda: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens”. Ou, ouçam suas próprias palavras: “O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim” [João 7:7]. E, mais uma vez: “Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai”. [João 15:23-24]. Como lidaram com Ele? Eles O mataram, e penduraram em um madeiro, eles bateram e cuspiram nEle, eles O açoitaram e O crucificaram, eles O pregaram e O traspassaram. Eles não eram piores do que os outros homens; homens de paixões semelhantes a nós, ainda assim, a oportunidade mostrou o que há no homem.

 

É inútil que vocês escondam isso, queridos irmãos não-convertidos, que o vosso coração está cheio de inimizade contra Deus; que vocês são inimigos de Deus. Embora seja temeroso pensar, é verdade que todos os que são amigos do mundo são inimigos de Deus; e embora eu creio em meu coração que não há um dentre vocês aqui presentes que deliberadamente matem uma mosca ou um verme, ainda assim eu temo que há muitos que, se pudessem, matariam a Deus.

 

Qual é a razão dessa inimizade? Resposta. “Por causa das más obras”. É o amor aos seus pecados que faz com que os homens odeiem a Deus. O próprio Jesus diz-lhes isto: “O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más” [João 7:7]. Vocês mal podiam imaginar que fosse possível que qualquer pessoa pudesse odiar o Senhor Jesus. “Ele é totalmente desejável” [Cânticos 5:16]. Não há perfeição em Deus, senão a que habitasse nEle; não há beleza no homem, senão a que brilhasse nEle. E, nessa ocasião, a Sua missão foi uma de mais puro amor. Ele veio buscar e salvar o que estava perdido. Ele curou todos os que vieram a Ele; falou amavelmente a todos. Até mesmo Suas ameaças se misturavam com lágrimas de compaixão. Como eles poderiam odiá-lO? Ele falou-lhes de seus pecados; que esses pecados estavam afundando-os em direção ao inferno. Ele disse: “morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir” [João 8:21]. Ele Se ofereceu para salvá-los de seus pecados; para dar-lhes descanso; aliviá-los do cansativo fardo da culpa; aliviá-los da agitação de um coração ímpio. Foi isso que os enfureceu. Eles amavam as suas más obras; eles não queriam ser salvos delas; portanto, eles odiavam a Jesus.

 

Ainda hoje é assim. Muitos de vocês, quando ouviram pela primeira vez o Evangelho, disseram: Isso é muito bom, “acerca disso te ouviremos outra vez” [Atos 17:32]. A oferta de perdão e do céu, uma coroa e uma harpa, e de ser liberto do inferno; tudo isso soa bem; mas quando vocês descobriram que é preciso por “fim aos teus pecados, praticando a justiça” [Daniel 4:27], que Cristo “salvará o seu povo dos seus pecados” [Mateus 1:21], então vocês começaram a protelar, a ponderar, hesitar, voltar atrás e odiar a Deus. Quando vocês viram que Cristo vos separaria de seu copo, de seus juramentos, de suas cartas e dados, de suas luxúrias, então vocês O odiaram. Ai, que escolha triste vocês fizeram! Amaram o seu pecado, e odiaram o Salvador! “Todos os que me odeiam amam a morte” [Provérbios 8:36].

 

Filhos de Deus, este era o vosso estado. Comam ervas amargas com a sua páscoa neste dia. Oh! não esqueçam o seu pecado. Vocês em algum momento estavam separados e inimigos de Deus pelas suas obras más. Vocês podem olhar para trás sem ficarem desconcertados?

 

II. A reconciliação: “agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte”, versículo 21. Esta é a maravilhosa obra do Senhor Jesus Cristo, e este é o estado abençoado para o qual Ele traz todas as almas salvas.

 

1. Ele tomou sobre Si um corpo de carne. Retirado do amor puro pelos vermes merecedores do inferno, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” [Filipenses 2:6-7]. Para ser o Salvador dos pecadores, Ele obedece a Lei, que nós nunca havíamos obedecido; Ele tem que viver uma vida de obediência sem pecado; mas como o grande Deus que fez a Lei fará isso? Ele foi nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para que pudesse resgatar os que estavam debaixo da Lei. Mais uma vez, se Ele salvará os pecadores, Ele deve beber o cálice do seu sofrimento, Ele deve suportar os seus vergões e pecados em seu próprio corpo. Mas como o Deus infinitamente santo, feliz e imutável, sofre isso? Porque os filhos eram de carne, Ele mesmo também se tornou participante desta. Ele tornou-se unido a uma alma e corpo humanos fracos e frágeis, para que Ele pudesse sofrer, chorar, gemer, sangrar e morrer. “Grande é o mistério da piedade, Deus se manifestou em carne” [1 Timóteo 3:16]. Mais uma vez: se Ele será o Salvador e Irmão mais velho dos pecadores; se Ele conhecerá as suas tristezas, e será o Seu compassivo Pastor; Ele deve ter um coração humano […]. Mas como pode ser isso, quando Ele é infinitamente santo, sábio, justo e verdadeiro? Ah! Ele se tornou osso de nosso osso e carne da nossa carne. “Então todas as tribos de Israel vieram a Davi, em Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, somos teus ossos e tua carne” (2 Samuel 5:1), e assim podemos em ir a Cristo: “Ele pode compadecer-se de nossas fraquezas” (Hebreus 4:15). Ah! Por toda a eternidade a encarnação de Jesus será o tema da nossa admiração e louvor. Irmãos, todos vocês verão aquela face. Alguns de vocês chorarão quando a virem. Quando aquele amável rosto brilhar através das nuvens, vocês chamarão pelas rochas e montanhas para cobri-los. Ele é o Salvador a quem vocês têm rejeitado e desprezado.

 

2. Ele morreu: “Pela morte”. A morte de Cristo é o evento mais maravilhoso que já ocorreu no universo; e, portanto, a Ceia do Senhor é a mais maravilhosa de todas as ordenanças. Os anjos desejam contempla-lo. Eu não tenho dúvida de que os anjos circundam a mesa da comunhão, e cantam seus louvores mais doces ao Cordeiro, quando veem o pão partido e este vinho derramado. Se a encarnação de Jesus foi maravilhosa, muito mais maravilhosa foi a Sua morte. Este foi o ponto mais alto de Sua obediência: “obediente até à morte”. Esta foi a mais baixa profundidade de Sua humilhação. Ele ficou em silêncio sob nossas acusações; permaneceu sob a nossa maldição; Ele suportou o nosso inferno, e morreu a nossa morte. Ele era o grande Legislador, o Juiz de todos, diante do qual toda criatura deve permanecer e ser julgada; e ainda assim Ele concordou em vir e ficar no tribunal de Suas criaturas ímpias, e ser condenado por eles! Ele era adorado por toda criatura santa; seus louvores mais doces foram derramados aos Seus pés; e ainda assim Ele veio ser cuspido e insultado, ser escarnecido, cravado e crucificado pelos mais vis dos homens! “Nele estava a vida!” [João 1:4]. Ele era o Príncipe da vida, o autor de toda a vida natural e espiritual; Ele deu vida a todos, a respiração e todas as coisas; e ainda assim eles O mataram. Ele entregou o espírito, Ele esteve no túmulo frio. O Pai O amava infinitamente, eternamente, sem começo ou intervalo ou fim; e ainda assim Ele foi feito maldição por nós, suportou o mesmo furor que se derramou sobre espíritos malditos.

Ah! Irmãos, aqui houve amor infinito. Infiéis zombam disso, os insensatos o desprezam; mas isso é a maravilha de todo o céu. O Cordeiro que foi morto será a maravilha da eternidade. Hoje Cristo é, evidentemente, estabelecido crucificado. Anjos, eu não tenho dúvidas, olharão para baixo, em surpreendente maravilha para aquela mesa. Vocês olharão com corações frios e impassíveis? Esta é uma visão do Cordeiro imolado que move as hostes do céu ao louvor. Apocalipse 5:8: “prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso”. Vocês não O louvarão?

 

3. Ele nos reconciliou: “Agora, contudo, vos reconciliou”. Pecadores, nós não somos reconciliados no dia de nossa eleição, nem na morte de Cristo, mas na hora da conversão. Oh! Isso é precioso agora: “Agora… vos reconciliou”. É um momento feliz, quando o Senhor Jesus se aproxima da alma pecadora, e a lava, purifica em Seu precioso sangue, e a veste em Suas vestes brancas, e assim a reconcilia com Deus. Há uma dupla reconciliação que acontece na hora de crer. (1) Deus torna-Se reconciliado com a alma. Quando a alma encontra-se em Cristo, o Pai diz: “Eu sararei a sua infidelidade, eu voluntariamente os amarei; porque a minha ira se apartou deles”. [Oséias 14:4]. A alma responde a Deus: “ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas” [Isaías 12:1]. Deus não imputa àquela alma as suas ofensas; Ele imputa a ela a obediência do Senhor Jesus. Deus a justifica: “O Senhor teu Deus, o poderoso, está no meio de ti, ele salvará; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo” (Sofonias 3:17). (2) A alma é reconciliada com Deus. O Espírito Santo, que inclina a alma a submeter-se a Jesus, muda o coração para amá-lO. Quando os animais entraram na arca, suas naturezas foram alteradas; eles não rasgaram uns aos outros em pedaços, mas em amor entraram de dois em dois na arca; o leão não devorou o manso cervo, nem a águia perseguiu a pomba. Assim, quando os pecadores vêm a Cristo, seu coração é alterado da inimizade para o amor.

 

Queridos irmãos, Ele vos reconciliou com Deus? Vocês estavam, em algum momento longe; vocês foram trazidos para perto? Vocês estavam, alguma vez em trevas; vocês foram iluminados no Senhor? Vocês em algum momento estavam separados e inimigos em sua mente; Ele vos reconciliou? Ele vos trouxe para a luz do semblante reconciliado de Deus? A ira de Deus afastou-se de vocês? Vocês podem cantar; “Graças te dou, ó SENHOR, porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas” [Isaías 12:1], ou: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades, que redime a tua vida da perdição” (Salmos 103:2-3). Vocês já foram transformados para amar a Deus? Vocês amam a Sua Palavra, Seu povo, Sua forma de vos conduzir?

 

III. O objetivo futuro em vista: “para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis”.

 

Dias sacramentais são dias solenes, mas não há um dia mais solene ao nosso alcance, mesmo à porta. Aqui nos reunimos para ensiná-los, alimentá-los e levá-los a encontrar-se com Cristo, e viver nEle; ali nos encontraremos para vos apresentar como uma virgem pura a Cristo. Naquele dia Cristo levará aqueles de vocês que Ele redimiu e reconciliou, e vos apresentará a Si mesmo igreja gloriosa. Ele confessará o vosso nome diante de Seu Pai, e vos apresentará irrepreensíveis diante da presença de Sua glória, com júbilo. Há uma dupla perfeição que os santos terão naquele dia.

 

1. Vocês serão perfeitamente justos. Vocês serão “irrepreensíveis”. Satanás vos acusará, e o mundo, e a consciência; mas Cristo dirá: “O castigo que lhes traz a paz estava sobre Mim”. Cristo mostrará as Suas cicatrizes, e dirá: “Eu morri por essa alma”.

 

2. Vocês serão perfeitamente santos: “Santos, e irrepreensíveis”. O corpo de pecado, vocês o deixarão para trás. O Espírito que habita em vocês agora completará a Sua obra. Vocês serão como Jesus; pois vocês O verão como Ele é. Vocês serão santos como Deus é santo, puro como Cristo é puro.

 

Cada um que é reconciliado por Cristo, Ele o faz santo e o confessa diante de seu Pai: “aos que justificou a estes também glorificou” [Romanos 8:30]. Se Cristo verdadeiramente começou a boa obra em vocês, Ele a completará até o dia de Jesus Cristo. Cristo diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro” [Apocalipse 22:13]. Sempre que Ele começa, Ele consumará. Sempre que Ele constrói uma pedra como fundamento, Ele a preservará inabalável até o fim. Apenas certifiquem-se de que vocês estão sobre o fundamento, que vocês estão reconciliados, que vocês têm a verdadeira paz com Deus, e então vocês podem olhar através das montanhas e rios que estão entre vocês e aquele dia, e dizer: “Ele é poderoso para guardar-me de tropeçar” [Judas 1:24]. Vocês têm apenas dois rasos riachos a atravessar, a saber, o da doença e o da morte; e Ele prometeu vos encontrar, para ir com vocês, a cada passo. Mais algumas lágrimas, mais algumas tentações, mais algumas orações agonizantes, mais alguns sacramentos e vocês estarão com o Cordeiro no Monte Sião!

 

IV. A perseverança é necessária para a salvação: “Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido”, versículo 23. Todos a quem Cristo reconcilia serão salvos; mas apenas no caminho da perseverança na fé. Ele os fundamenta e estabelece na fenda da rocha, e os impede de serem movidos.

Caros crentes, verifiquem se vocês permanecem na fé. Lembrem-se que vocês serão provados.

 

1. Vocês podem ser provados por falsas doutrinas. Satanás pode transforma-se em anjo de luz, e tentar enganar vocês por meio de um outro Evangelho. “Conserva o modelo das sãs palavras” [2 Timóteo 1:13].

 

2. Vocês serão provados pela perseguição. O mundo vos odiará por seu amor a Cristo. Eles falarão todo tipo de mal contra vocês.

 

3. Vocês serão provados pela lisonja. O mundo sorrirá para vocês. Satanás espalhará seus caminhos com flores; ele perfumará o seu leito com mirra, aloés e canela [Provérbios 7:17].

 

Vocês permanecerão na fé? Vocês não se afastarão? Vocês poderão suportar todos esses inimigos? Lembrem-se, a perseverança é necessária para a salvação; tão necessária quanto a fé ou quanto o novo nascimento. É verdade, todo aquele que crê em Cristo será salvo; mas eles serão salvos, por meio da perseverança: “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” [João 15:6]. Eis que em Jesus há um poder para a perseverança. Esse pão e vinho hoje são uma garantia disso. Busquem por graça perseverante hoje. Peçam isso quando vocês tomarem o pão e o vinho.

 

Hipócritas! Um dia vocês serão conhecidos por isso. Muitos de vocês parecem estar unidos, os quais realmente não estão. Todos vocês tiveram convicções de pecado que já passaram, todos vocês têm a aparência de Cristãos, mas interiormente um coração não-convertido, todos os que participam das ordenanças, mas vivem em alguma forma de pecado, em breve serão descobertos. Vocês revestem-se de uma aparência, vocês fingem que se apegam a Cristo, e obtêm graça de Cristo, oh! Quão em breve vocês mostrarão as suas verdadeiras cores. Oh! Que a consideração possa perfurar seu coração, para que mesmo agora, embora vocês venham com uma profissão mentirosa em sua mão direita, sejam persuadidos a unirem-se a Jesus em verdade. Amém.

 

São Pedro, 1 de Agosto de 1841.