Piedade Cristã: O Dever do Marido em Relação à Esposa

(Capítulo 2 do livro “Piedade Cristã”, por John Bunyan)

 

Você tem uma esposa? Então precisa considerar como deve se comportar nessa relação, e para fazer isso corretamente, deve considerar a condição de sua esposa, seja ela crente ou não. Primeiro, se ela for crente:

  1. Bendiga a Deus por ela: “O seu valor muito excede ao de rubis”. A mulher é um ornamento e a glória do homem (Provérbios 12:4, 31:10; 1 Coríntios 11:7). “Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada” (Provérbios 31:30).
  2. Você deve amá-la, sob uma dupla consideração: (1) Por ela ser carne de sua carne e osso de seu osso: “Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne” (Efésios 5:29). (2.) Por ela ser uma co-herdeira da graça da vida (1 Pedro 3:7). Isso deve fazer com que você a ame com amor cristão; crendo que vocês dois são muito amados por Deus e pelo Senhor Jesus Cristo, e como aqueles que devem estar juntos com Ele na bem-aventurança eterna.
  3. Deve conduzir a si mesmo e a sua esposa como Cristo fez com a Sua igreja, como diz o apóstolo: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios 5:25). Quando os maridos se comportam como devem, eles não serão apenas maridos, mas serão como uma ordenança de Deus para suas esposas, isto é, que pregarão e apontarão para o modo como Cristo conduz a Sua esposa. Há um doce aroma perfumando as relações de maridos e esposas crentes (Efésios 4:32); a esposa consegue simbolizar a igreja, e o marido o Cabeça e Salvador: “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo” (Efésios 5:23).

Um dos principais objetivos de Deus em instituir o casamento é que Cristo e Sua igreja, em uma figura, possam estar onde quer que haja um casal que, pela Sua graça, crê. Portanto, aquele marido que se comporta de modo indevido para com sua esposa não apenas se porta de maneira contrária à regra, mas também faz com que ela seja privada do benefício de tal ordenança e o que prejudica o mistério representado nessa relação.

Portanto, “quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja” (Efésios 5:28-29). Cristo entregou a vida por Sua igreja, Ele cuida de Suas fraquezas, comunica-lhe a Sua sabedoria, protege e ajuda-a em seus afazeres neste mundo; e isso é o que os homens devem fazer por suas esposas. Salomão e a filha de Faraó tinha o dom de fazer isso, como você pode ver no livro de Cânticos. Maridos, suportem as suas fraquezas de suas esposas, ajudem-nas em suas enfermidades e as honrem co-mo vasos mais fracos e frágeis (1 Pedro 3:7).

Em uma palavra, seja um tal marido para a sua esposa crente que ela possa dizer: Deus não apenas me deu um marido, mas um marido que é como uma pregação diária a mim sobre o modo como Cristo trata a Sua igreja.

Segundo, se a sua esposa for incrédula ou carnal, então você também tem um dever diante de si, pelo qual precisa cumprir sob um duplo compromisso: (1.) Pois ela está sujeita a cada momento à condenação eterna. (2.) E porque a mulher que está nessa situação tão triste é sua esposa.

Ah! Quão pouco senso do valor das almas existe no coração de alguns maridos! Isso é manifestado por sua conduta anticristã para com e diante de suas esposas! Agora, marido, para agir de modo adequado você deve:

  1. Esforçar-se seriamente para sentir o estado miserável de sua esposa, de maneira que seu coração de comova por causa do estado da alma dela.
  2. Cuide para que não tenha ocasião devido a qualquer comportamento indecoroso de sua parte que lhe sirva de estímulo para prosseguir no mal. E aqui você precisa redobrar a sua diligência, pois ela está muito próxima e, portanto, é capaz de observar o menor mal em você.
  3. Se ela se comportar de maneira indecente e indisciplinada, como pode acontecer pelo fato de ela estar sem Cristo e sem a Sua graça, então se esforce para vencer o mal dela com a sua bondade, e a ousadia dela com a sua paciência e mansidão. É uma vergonha para você, que possui outros princípios, agir como ela.
  4. Aproveite as oportunidades para convencê-la. Observe o estado emocional dela e, quando for mais propício, fale ao coração de sua esposa.
  5. Quando você falar, faça-o com um propósito. Não importa se serão com muitas palavras, desde que sejam pertinentes. Jó, em poucas palavras, responde à sua esposa e a repreende por sua fala insensata: “Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal” (Jó 2:10).
  6. Que tudo seja feito sem rancor, ou com a menor aparência de ira: “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que a vontade dele estão presos” (2 Timóteo 2:25,26). “De onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?” (1 Coríntios 7:16).
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