“Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32)
Por vezes tenho pensado sobre a doce figura de Salomão, como um tipo de Cristo, em sua generosidade real com a rainha de Sabá. Lemos que ele “E o rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo o que ela desejou, tudo quanto pediu, além do que dera por sua generosidade”. Portanto, nosso Benfeitor Real dá mais aos filhos dos homens do que o coração deles pede. E Ele dá livremente, por sua generosidade. Tão livremente quanto a chuva cai do céu; tão livremente quanto o sol lança seus gloriosos raios e amadurece os frutos do campo; tão livremente quanto o vento corre sobre a terra; tão livremente como o orvalho cai sobre a grama da manhã; tão livres são os dons de Deus para Sua igreja e Seu povo. De fato, ao dar a Cristo, Deus deu tudo.
O apóstolo declara que Ele “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”. Nunca devemos considerar as bênçãos espirituais como fragmentos dispersos do amor de Deus, meros pedaços, migalhas dispersas, como partes flutuantes de algum navio naufragado; mas devemos considerar as bênçãos do evangelho como todas armazenadas em Cristo, nosso Cabeça pactual. Tudo o que é dado, é dado por Cristo, em Quem agradou ao Pai que toda a plenitude deveria habitar; e é em virtude da união com Ele e de Sua plenitude que todas essas bênçãos são recebidas.Como podemos elevar nossos pensamentos e corações adequadamente ao conceber que o dom do Filho unigênito de Deus – Seu Filho eterno – o Filho do Pai em verdade e amor – foi dado do seio de Deus para que Ele pudesse se encarnar, sofrer, sangrar e morrer; e por meio de uma vida de sofrimento e uma morte meritória oferecer um sacrifício aceitável a Deus, um sacrifício pelo qual os pecados do povo de Deus foram para sempre perdoados?A grande fonte de toda a admiração e adoração e a eterna bênção dos santos será o gozo santo do “mistério de um Deus encarnado”.
A encarnação da segunda Pessoa na gloriosa Trindade – o eterno Filho do eterno Pai – a união da natureza humana com Sua própria Pessoa divina – será o mistério que arrebatará os corações e encherá os lábios dos santos de Deus de uma infinita admiração e alegria através das incontáveis eras da eternidade.
Sobre o autor
J.C. Philpot
Joseph Charles Philpot (1802–1869) era conhecido como “o Separatista”. Foi um pastor, teólogo, escritor e editor. Ele se demitiu da Igreja da Inglaterra em 1835 e tornou-se um batista estrito e particular. Enquanto estava na Igreja da Inglaterra, foi um membro do Worchester College, em Oxford, e parecia ter uma carreira acadêmica brilhante. A carta que enviou para o reitor afirmando suas razões para deixar a Igreja da Inglaterra foi publicada e teve várias edições. Após isso ele se tornou um batista estrito e particular, e foi batizado por John Warburton em Allington (Wilts). O resto de sua vida foi gasto ministrando entre os batistas estritos. Por 26 anos, teve um pastorado conjunto em Stamford (Lines) e Oakham (Rutland). Além disso, por mais de 20 anos, foi editor de “The Gospel Standard”, onde muitos de seus sermões apareceram pela primeira vez.
“Meu desejo é exaltar a graça de Deus, proclamar a salvação através de Jesus Cristo somente; declarar a condição pecaminosa, miserável e desesperada do homem em seu estado natural; descrever a experiência vívida dos filhos de Deus em suas aflições, tentações, tristezas, consolações e bênçãos.” — J.C. Philpot