Entre ou cadastre-se

Vera Pink, A Esposa do Editor, por Diane Bucknell

“Eu gosto dessas palavras, ‘Nossa vida é como a tessitura do tecelão’, pois isso é tão verdadeiro quanto à vida. Nós vemos apenas o lado avesso do tecido, agora, pois o Tecelão não finalizou a sua obra. Mas, no Dia vindouro, onde a veremos do Seu lado, então contemplaremos a formosura da Sua obra e não os nós e fins que os nossos pecados e fracassos têm causado” — Vera E. Pink, em uma carta a uma amiga [1].

É dito que “Por trás de todo grande homem, ali está uma mulher” e isso foi certamente verdade em relação ao notável escritor e mestre Arthur W. Pink. Este homem viveu a maior parte de sua vida na obscuridade, porque ele esteve tanto à frente quanto atrás de seu tempo. Ele abraçou os escritos dos Puritanos há muito esquecidos e as Doutrinas da Graça em uma época em que a maior parte do evangelicalismo era ferrenhamente Arminiano.

Pink nasceu em 1886, em Nottingham, Inglaterra, e mais tarde veio para a América para estudar no Moody Bible Institute. Sua passagem pelo instituto durou apenas seis semanas antes que ele sentisse que estava perdendo tempo e decidiu entrar no ministério. Seu primeiro cargo foi no Colorado e de lá ele pregou na Califórnia e Inglaterra e, em seguida, pastoreou igrejas na Carolina do Sul e na zona rural de Kentucky. Foi ali, em Kentucky, em 1916 que Deus respondeu a sua oração por “uma mulher piedosa e espiritual” [2], dando-lhe Vera E. Russell, “uma Cristã pequena, vivaz, que falava com um forte sotaque de Kentucky” [3].

A inspiradora biografia “A Vida de Arthur W. Pink”, por Iain Murray nos diz: “Ao lado de sua própria conversão Vera deveria ser a maior bênção na vida de Arthur Pink” [4]. E isso ela foi! Para nosso conhecimento, eles nunca tiveram filhos e eles se mudavam frequentemente, porquanto o Sr. Pink nunca estabeleceu-se em um pastorado a longo prazo. Embora ele tenha pregado em todo os EUA, Canadá, Austrália e Reino Unido, seu ministério ocorreu principalmente através de seus “Studies in the Scriptures” (Estudos nas Escrituras). Este era um periódico mensal que o Sr. Pink escrevia e Vera ajudava a produzir, o qual era enviado para um número relativamente pequeno de assinantes em todo o mundo de 1922 a 1953. Os Pinks mudaram-se para Hove, Inglaterra, em 1936, e depois de desistirem da esperança de quaisquer futuros ministérios de pregação pública, eles continuaram os [periódicos] Estudos, nunca tendo faltado nem mesmo uma única publicação mensal. Quando a Segunda Guerra Mundial iniciou eles permaneceram por tanto tempo quanto poderiam, em Hove mas ataques aéreos e bombardeios contínuos fizeram com que eles se mudassem para a calma vila litorânea de Stornoway, Escócia, onde eles continuaram o seu trabalho e sossegadamente viveram o restante de seus dias.

Os Pinks nunca se encaixaram nas igrejas de fala gaélica, em Stornoway, então, eles mesmos permaneciam a maior parte do tempo e observavam o Sabath em casa. Eles eram o que chamaríamos hoje de minimalistas, vivendo com humildade e livres das armadilhas do materialismo. Eles nunca possuíram um carro e geralmente alugavam pequenos apartamentos que tinham, muitas vezes, não mais do que dois quartos. Arthur permanecia longas horas em sua mesa de trabalho, enquanto Vera, além de auxiliar o marido, cuidava de jardins, fazia suas próprias conservas e cozinhava, e era tão moderada que ela nunca desperdiçava mesmo um “pedaço de nabo”.

Vera raramente falava de sua contribuição para o ministério de seu marido, mas escreveu em uma carta a uma amiga,

“Ninguém imagina as horas e horas de intenso esforço mental envolvidos na composição e prosseguimento no fundamento de assegurar-se que nenhum erro que conduza algumas ovelhas a desviarem-se de verdes pastos seja impresso. Depois da revisão — o trabalho de um homem — além da composição. Por último, mas não menos importante, o cuidado com as correspondências. Assim, você percebe que o Sr. Pink realmente faz o trabalho de três homens. Por essa razão, eu faço tudo o que posso no processo de contabilidade, datilografia e endereçamento dos envelopes para auxilia-lo” [5].

A parte da Sra. Pink no ministério não era uma tarefa pequena porque por volta de 1946 seu marido havia escrito mais de 7.000 páginas de estudos e 20.000 cartas de correspondência aos seus assinantes! Juntos, eles fielmente produziram os Estudos até o fim. O Sr. Pink sofreu com uma forma dolorosa de anemia, que veio a causar sua morte e entrou no gozo de seu Mestre em 15 de julho de 1952, aos 66 anos. Vera contou a triste notícia aos seus assinantes, que carinhosamente o conheciam como o Editor, na edição de setembro, em artigo intitulado “The Late Editor’s Last Days” (Os Últimos Dias Do Recém Falecido Editor — Apêndice deste e-book).

… Em uma noite, em maio, ele teve uma convulsão que durou vários minutos. Depois que isso passou, ele disse, ‘eu logo estarei em casa na glória, eu não posso ir cedo o bastante. ‘Bendito seja o Senhor, ó minha alma, e tudo o que há em mim bendiga o Seu santo nome’. Eu estou muito feliz, me sinto como a cantar por meio deste salmo’. Ele observou que eu estava chorando e perguntou: ‘Minha querida, por que choras? Você deveria estar regozijando-se que eu estarei em breve em casa’. Eu disse a ele que eu estava chorando por mim mesma, por estar sendo deixada para trás. Eu sabia que era bom para ele, mas eu temia a separação. Ele gentilmente disse: ‘O Senhor tem sido tão maravilhosamente bom para nós por todos esses anos e nos trouxe completamente em segurança até agora. Ele não te abandonará em sua hora de maior necessidade. Apenas confie nEle com todo seu coração. Ele não te deixará” [6].

Vera conta sobre a história das últimas palavras de seu amado marido, que foram:

“‘As Escrituras explicam a si mesmas’, mostrando-nos em que a sua mente estava. Então, depois de ter findado o seu curso, e completado o seu trabalho, ele partiu para estar com Aquele, a quem amou e serviu por tantos anos. ‘Oh, engrandeça ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o Seu nome’” [7].

Embora seu profundo luto a levou a ficar doente por um tempo, Vera nunca deixou de louvar ao Senhor por Sua bondade para com ela. Ela sofreu um acidente vascular encefálico enquanto trabalhava nas edições remanescentes que o Sr. Pink concluiu antes de sua morte, mas com a ajuda de amigos, ela foi capaz de publicá-los. Vera viveu 10 anos além de seu marido e foi uma alegria e bênção para todos que a conheciam em Stornoway. Em 17 de julho de 1962, com a idade de 69 anos, Vera E. Pink foi para casa para estar com o seu Senhor.

Arthur Pink foi muitas vezes desencorajado pelo relativo pouco interesse em suas obras publicadas, ainda assim, eles prosseguiram, orando para que Deus ampliasse as suas fronteiras e que Ele pudesse assim fazê-lo mesmo depois que eles partissem desta terra. Em seus últimos anos os Pinks começaram a ver um maior interesse em seu trabalho por pregadores, o que muito encorajou os seus corações.

É maravilhoso testemunhar a resposta de Deus às suas orações, visto que o fruto do seu trabalho continua a multiplicar-se nesta geração. O Tecelão, de fato, teceu uma bela tapeçaria a partir das vidas destes dois fiéis servos de Cristo. A vida de Vera Pink se destaca como um exemplo para as mulheres na atualidade sobre o que o Senhor tinha em mente quando disse:

“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele” (Gênesis 2:18).

Este artigo é baseado em informações colhidas a partir de “A Vida de Arthur W. Pink”, por Iain H. Murray, Edição revisado e ampliada; Banner of Truth Trust; 2004.

Notas:

[1] A vida de Arthur W. Pink por Iain H. Murray, edição revista e ampliada; Banner of Truth Trust; 2004; p. 237.

[2] Ibid página 34.

[3] Ibid, página 35.

[4] Ibid página 37.

[5] Ibid página 241.

[6] Ibid página 273.

[7] Ibid página 276.


Os Últimos Dias de A. W. Pink, por Vera Pink

O escrito de um relato sobre o recém falecido Editor, meu querido marido, recai sobre mim, e eu me sinto tão desqualificada para uma tarefa tão sagrada que eu tremo ao tentar fazê-lo. Fazendo das palavras do profeta as minhas próprias, “eu não sou profetisa, nem filha de profeta” [Amós 7:14], mas eu sinto que os caros leitores de Estudos nas Escrituras são amigos e desejo dar-lhes alguns detalhes de seus últimos dias conosco. Eu sei que o seu amor cobrirá todos os erros encontrados neste pequeno escrito. Como ele abominava a lisonja, eu confio que vou dar-lhes um relatório verdadeiro em minha maneira débil. O senhor Pink manteve um padrão tanto na espiritualidade quanto na dicção fato que torna difícil para alguém rivalizar com ele, como se fosse um dom especial para o labor designado a ele. Que Aquele, que uma vez usou uma “pequena criada” se agrade em ajudar-me agora, e Ele terá todo o louvor.

Há um versículo da Bíblia que se grava em minha mente mais do que qualquer outro enquanto eu busco trazer meus pensamentos ao objetivo destas linhas, e que me permitiu formar o todo em minha mente sobre como eu deveria apresentar o que segue. Em Hebreus 13:7, lemos: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver”. Certamente não há poucos leitores em todo o mundo que passaram a ver o Sr. Pink como seu instrutor espiritual ou guia para a verdade, como muitas, muitas dezenas de cartas abundantemente testificam, e estou certa de que ele será lembrado por muito tempo por cada um deles, os quais lamentam profundamente a sua perda. Ele procurou escrever-vos (e falar com as pessoas com quem ele entrou em contato) a Palavra de Deus como ela foi-lhe dada, não omitindo nada que ele sentia ser proveitoso para as nossas almas, seja isso exortação, reprovação ou correção. Nós confiamos que existem centenas espalhados aqui e acolá no mundo que conhecem o significado da próxima cláusula: “a fé dos quais imitai”, que não precisam ser admoestados por esta pobre escriba, mas eu preciso transformar essas palavras em oração para que eu possa “cumpri-las”. ESTUDOS NAS ESCRITURAS é um monumento vivo de sua fé na veracidade da Palavra de Deus, na grandiosa e gloriosa obra redentora de Cristo, e na obra do Espírito Santo na aplicação da verdade para a alma em poder vivificante, e não é necessária nenhuma palavra minha para confirmar que ele permaneceu nos fundamentos da fé.

Ele considerava os leitores de ESTUDOS NAS ESCRITURAS como amigos, e estava a cada dia em oração por todos, mostrando que ele tinha um verdadeiro amor pastoral. Até os últimos três dias de sua vida, ele tinha um interesse mui vivo em todas as cartas que vieram à mão e quis agradecer ao Senhor pelas encorajadoras palavras nelas contidas. Ele era um fervoroso estudante das Escrituras, muitas vezes sendo tão absorto em suas meditações a ponto de perder todo o rastro de tempo, ou qualquer consciência da minha existência no ambiente. Muitas vezes eu o ouvi exclamar: “Ah, isso é maravilhoso. Eu nunca vi isso antes. Alegro-me como aqueles que encontram grande despojo quando o Senhor tem o prazer de abrir a Sua verdade para mim. É indizivelmente precioso que Ele me conduza à Sua verdade. Quanto mais eu estudo a Palavra de Deus, mais preciosa eu a encontro, e tanto mais eu me maravilho com os inesgotáveis tesouros contidos nela. Quão incomparavelmente glorioso é pensar que vamos passar a eternidade com Cristo, e Ele, nosso Mestre, desvelando a nós os grandes mistérios da Sua ‘Palavra viva, e que permanece para sempre’. O que acabo de ver é apenas uma antecipação que faz com que eu deseje que Ele apresse o dia em que deve ter concluído com todas as coisas seculares”.

Ele era tão cheio de ação de graças e louvor por tudo, e embora muito fraco no corpo, ele era “fortificado na fé, dando glória a Deus” [Romanos 4:20], de forma contínua. Ele não era desatento com as muitas gentilezas mostradas a ele pelos muitos amigos queridos que estavam trazendo coisas à porta ou enviando. Sentindo-se tão indigno da menor de todas as Suas misericórdias, suplicou as mais ricas bênçãos do Senhor a cada um que tão generosamente ministrava às suas necessidades temporais.

“Atentando para a sua maneira de viver”. Este é o propósito deste escrito e há muito diante de mim, embora seja difícil para mim, contudo, eu confio que eu possa ser capaz de escrever para Seu louvor, pois eu bem sei que o meu querido marido não desejava nenhum [louvor] para si mesmo. O seu espírito era o do apóstolo, “e que tens tu que não tenhas recebido?”. Vários meses antes do fim, eu vi que ele estava desfalecendo e isso me preocupou muito. Cada vez que eu fazia uma referência a ele, sempre dizia: “É a velhice, minha querida. Graças ao Senhor que é assim. Eu sou grato que eu estou assim perto do fim, e não apenas começando a vida. Eu sinceramente me apiedo dos jovens de hoje que estão apenas começando. Será terrivelmente difícil para aqueles que estão conscientes. Os tempos são tão sombrios e ficará muito mais tenebroso para eles, mas o Senhor sustentará os Seus próprios”. Muitas vezes ele parecia tão cansado e exausto como se ele estivesse perdendo a sua energia, que eu gostava de pressionar-lhe para descansar e ele poderia ser mais capaz de fazer o seu trabalho. Ao que ele sempre responderia: “Nós devemos trabalhar enquanto é dia. A noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Eu desejo ser encontrado em meu posto, quando o chamado vier”. Ele não parava com exceção dos intervalos curtos em que ele estava acostumado a sair todas as manhãs, ao que ele continuou até três semanas antes de sua morte. Ele nunca deixou de louvar o Senhor por nos trazer para a Ilha de Lewis, e por colocar-nos na casa em que ele tem sido nosso privilégio feliz de permanecer por 12 anos. Ele sentia que era uma marca distintiva de favor que estivéssemos com aqueles que amam e honram o Sabath como nós, também sempre fizemos. Ele amava o Sabath. Era um dia sagrado e santo para ele, e ele amava aqueles que tinham a mesma reverência por ele. Na paz e sossego aqui em Lewis, buscávamos e apreciávamos seus estudos longe das insensatas multidões das cidades. Mais de uma vez ele me disse que não tinha nenhum desejo que estivesse em qualquer outro lugar e nunca esperava deixá-lo, até que o Senhor o levasse para glória.

Em uma noite, em maio, ele teve uma convulsão que durou vários minutos. Depois que passou, ele disse: “Eu, em breve estarei em casa na glória. Eu não posso ir breve o suficiente. ‘Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome’. Estou tão feliz que eu sinto vontade de cantar através deste salmo”. Ele observou que eu estava chorando, e perguntou: “Minha querida, por que você chora? Você deveria estar se alegrando que eu em breve estarei em casa”. Eu disse a ele que eu estava chorando por mim mesma, por ser deixada para trás. Eu sabia que era bom para ele, mas eu temia a separação. Ele gentilmente disse: “O Senhor tem sido tão maravilhosamente bom para nós por todos esses anos e nos trouxe em segurança até agora. Ele não abandonará você em sua hora de maior necessidade. Apenas confie nEle com todo seu coração. Ele não lhe faltará”.

Depois daquela noite, ele estava fazendo planos e ordenando todas as coisas para a sua partida, como se ele estivesse indo para uma longa viagem, e ele gostaria de dizer-me o que fazer. Entre outras coisas, ele queria que eu publicasse em ESTUDOS NAS ESCRITURAS todo o material que ele estava deixando comigo antes de concluir a revista. Como ele viu que o seu tempo era curto, ele se aplicou mais vigorosamente à composição dos artigos, de modo a deixar o máximo que pôde e completar o máximo possível de algumas séries em que ele estava trabalhando. “O Senhor é bom e faz o bem” esteve diariamente em seus lábios. Ele descansou como poucos na soberania de Deus e parecia estar completamente resignado à Sua vontade em relação a ele, a tal ponto que ele disse muitas vezes: “Que Ele faça comigo o que bem Lhe parecer”. Uma vez, quando estávamos falando dos lidares do Senhor no passado e presente em nossa peregrinação, ele disse: “‘Ele tudo faz bem’ [Marcos 7:37]. Tudo, minha querida, não algumas coisas”.

Na manhã de quarta-feira antes de sua morte na seguinte manhã de terça-feira, enquanto ainda na cama, e eu com meus deveres na sala, ele começou a falar: “A escuridão é passada e a verdadeira luz já brilha. Sim, ela vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”. Levantando a mão em direção ao teto, ele disse: “Tudo é glória diante de mim. Eu não posso dizer com o Sr. Rutherford, ‘escura, escura tem sido a meia-noite’, pois a minha experiência tem sido tão diferente da dele. Mas eu posso dizer: ‘A aurora está à mão, e glória, glória habita na terra de Emanuel’. Eu estou deixando a escuridão para trás, para você, que ainda tem que terminar a sua peregrinação”. Eu disse a ele: “Isso é tudo muito bonito para você”. Ao que ele respondeu rapidamente: “E isso pode ser para você também se deixar de lado as suas dúvidas e medos e colocar toda a sua confiança nEle”. Ele sentou-se na cadeira a maior parte do dia ditando um artigo com grande esforço, pois ele estava muito desejoso de terminá-lo, mas disse que ele sentia que havia deixado para fazê-lo tarde demais. Faltavam apenas quatro sentenças quando ele parou, colocou o seu papel e óculos, e disse: “Ponha-me à cama”. Eu nunca saberei como eu o levei à cama, mas pela misericórdia do Senhor eu o fiz, apoiando-o por mais de uma hora, até que ele obteve alívio e eu pude deitá-lo. Depois de alguns minutos de repouso, ele disse: “Pegue seus óculos, e papel, e lápis e venha para a cama, e eu lhe darei as últimas quatro frases e você pode digitá-las quando eu me for”. Abaixei-os e quando eu terminei de escrever, ele disse: “Meu trabalho está terminado. Minha carreira está cumprida. Eu estou pronto para ir. Eu não posso ir breve o suficiente”. Ele jamais levantou-se depois disso, mas ainda permaneceu feliz e louvando o Senhor.

O Salmo 23 esteve quase constantemente em seus lábios, tanto para mim e para a enfermeira Cristã, e ele disse muitas coisas maravilhosas para nós, entre as quais: “Nem uma boa coisa falhou de todas as coisas boas que Ele prometeu”. Outra vez o ouvi dizer: “Ele não lidou comigo conforme os meus pecados, nem me recompensou segundo as minhas iniquidades”. Mais uma vez: “Noites de trabalho me prepararam, mas não tenho nada a dizer, porque o Senhor tão maravilhosamente poupou-me da dor corporal por toda a minha vida até agora”. Uma vez o ouvimos perguntar à enfermeira se ela conhecia aquelas linhas amáveis: “O Rei do Amor é o meu Pastor, cuja bondade nunca desfalece; nada me falta se eu sou dEle, e Ele é meu para sempre”. Uma vez, em grande agonia, ele disse: “Provai e vede que o Senhor é bom, bem-aventurado é o homem que nEle confia”. Uma querida amiga veio aliviar a enfermeira e estar comigo e vimos o seu rosto radiante muitas vezes, e nos asseguramos de que ele estava tendo visões da glória. Então, nós o ouvimos dizer aquelas que foram as suas últimas palavras: “As Escrituras explicam a si mesmas”, mostrando-nos no que sua mente estava. Então, depois de ter terminado o seu caminho, e completado o seu labor, ele partiu para estar com Aquele a que ele amou e serviu durante tantos anos. “Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu nome” [Salmos 34:3].

Agradeço a todos os queridos leitores que enviaram essas cartas amorosas de empatia neste momento de meu doloroso luto, e sinceramente peço as orações de todos em minha hora de maior necessidade.