Muitas vezes, quando a doutrina da expiação limitada é considerada, as pessoas a veem apenas como um debate teológico sobre a extensão da expiação de Cristo. Raramente há é considerada uma conexão direta entre essa doutrina e suas implicações para a vida Cristã. Claro que um estudo bíblico da expiação é fundamental para nossa fé, mas também temos que lembrar que o que cremos impacta a maneira como vivemos. Nossa teologia conduz à nossa prática. Em outras palavras, o viver Cristão flui das verdades doutrinárias em que acreditamos. É por isso que não devemos ser conformados com esse mundo, mas transformados pela renovação das nossas mentes. Quando nossas mentes são renovadas pela Palavra de Deus, somos transformados a viver uma vida de acordo com a vontade de Deus. Então, qual diferença a expiação limitada faz em nossas vidas?
Minha Salvação é Consumada por Cristo
Cristo realizou plenamente minha salvação na cruz. Como um escolhido por Deus, Ele enviou Seu Filho para me salvar dos meus pecados. Em amor, Ele enviou Seu Filho para viver uma vida de justiça por mim. Em amor, Ele enviou Seu Filho para receber minha condenação em meu lugar, através de Sua morte na cruz. Em amor, Ele enviou Seu Filho para trocar meu pecado e injustiça pela obediência e justiça de Cristo. Eu fui salvo pelo sacrifício de Cristo!
Agora vamos considerar o que acontece quando negamos a expiação limitada. Se a expiação de Cristo é ilimitada, Ele morreu universalmente para salvar cada ser humano. Minha salvação é realizada por Cristo? Não totalmente, uma vez que eu posso sofrer o julgamento de condenação pelos meus pecados em incredulidade. A oferta de salvação dada por Cristo se torna provisória, dependendo da minha resposta. Como um bem-conhecido teólogo contemporâneo escreveu “Todos podem ser salvos, mas só os que creem serão salvos”, “todos são potencialmente justificáveis, não realmente justificados”, a “reconciliação de todos (‘o mundo’) não garante a salvação, mas a possibilidade de salvação de todos” e a “reconciliação por Cristo torna a salvação possível”.
Negando a expiação limitada, Cristo, na verdade, não me salva — Ele torna a salvação possível. Mas eu preciso de Cristo como meu real salvador, não como um possível salvador! Minha esperança de vida eterna depende completamente dEle. Longe de Cristo, não tenho esperança de salvação. Sua expiação limitada garante minha salvação, que me dá a vida eterna.
Minha Salvação Não Depende de Mim
Uma vez que Cristo realizou minha salvação, Ela não depende de mim. Essa verdade é o outro lado da moeda da expiação que garante a vida eterna. E que gloriosa verdade é essa! Se de algum modo minha salvação depende de mim, então estou condenado. Longe de Cristo, estou morto em transgressões e pecados. Eu sou escravo do pecado. Eu não irei buscar a Deus porque eu tenho paixão pelo pecado. É por isso que a expiação de Cristo é tão gloriosa. Ele fez tudo por mim.
No entanto, se Cristo morreu para salvar todos universalmente, então a diferença entre aqueles que estão salvos e aqueles que não estão reside em nós. A linha divisória entre a salvação e a condenação é achada em mim. Minha salvação depende de mim através do meu ato de fé. Mas isso retira minha certeza de salvação, uma vez que receber a vida eterna depende de mim. Eu não posso carregar esse fardo! Eu não tenho a capacidade de chegar à fé com a minha pecaminosidade. Por isso eu agradeço a Deus pois a expiação limitada de Cristo perdoou o meu pecado de incredulidade e garantiu a fé para mim. Toda a salvação (incluindo minha fé) é um presente de Deus, não um resultado de obras. Louvado seja Deus por esse precioso dom!
Meu Evangelismo é Confiante na Obra de Cristo
Além disso, com a expiação limitada de Cristo garantindo a salvação para aqueles a quem Deus, o Pai, deu a Cristo, eu posso livremente proclamar o Evangelho para todos. Eu tenho a confiança que todos aqueles por quem Cristo morreu irão abandonar seus pecados em arrependimento e seguirão a Cristo em fé. Uma vez que o arrependimento e a fé são dois dons da graça, então a crença deles em Cristo não depende da minha habilidade de persuasão. O Espírito Santo dá forças as minhas palavras de esperança em Cristo para levar o pecador a crer em Cristo.
A Palavra de Deus não irá retornar para Ele vazia, mas irá cumprir o que lhe agrada na salvação do Seu povo. E Cristo consumou a salvação de uma grande multidão que ninguém pode contar, de toda a nação, tribo, povos e línguas. Como um resultado disso, eu, corajosamente, trago as boas novas de Jesus Cristo para meus vizinhos, sabendo que aqueles por quem Cristo morreu certamente serão salvos.
Agora você a importância prática da expiação limitada? O grande pregador Batista, Charles Spurgeon, reconheceu a importância dessa doutrina, que é motivo dele ter proclamado em seu sermão, “A morte de Cristo”:
Eles creem em uma expiação feita para todos; mas então, sua expiação é apenas isso. Eles creem que Judas foi expiado tanto quanto Pedro. Eles creem que os condenados no Inferno eram tão objetos da satisfação de Jesus quanto aqueles que estão salvos no Céu. Agora, uma expiação como essa eu desprezo — eu a rejeito. Eu posso ser chamado de Antinomiano ou Calvinista por pregar a expiação limitada, mas eu prefiro crer em uma expiação limitada que é eficaz para todo o homem por quem ela foi intencionada, do que uma expiação universal que não é eficaz para ninguém, a não ser que a vontade do homem se junte a ela. Oh! Doutrina gloriosa! Eu desejaria morrer pregando isso! Qual testemunho melhor nós poderíamos carregar sobre o amor e a fidelidade de Deus do que um testemunho de uma substituição eminentemente satisfatória para todo aquele que crê em Cristo? [Sermão Nº 173, A Morte de Cristo ‒ Ouça a narração desse sermão no YouTube]