Estamos vivendo dias incomuns e desafiadores. O coronavírus (Covid-19) criou uma pandemia mundial que deixou doença e morte em seu rastro. Enquanto os líderes na esfera da medicina e do governo trabalham para resolver os problemas criados por esse vírus, observando grandes mudanças que acontecem em um ritmo de tirar o fôlego. A doença é altamente contagiosa — assim como o pânico que tomou conta de muitos por causa disso.
Embora as estimativas variem, muitas autoridades governamentais dos Estados Unidos estão alertando o país para se preparar para dezenas de milhares, senão centenas de milhares de mortes como resultado do vírus.
Indústrias inteiras pararam de funcionar à medida que os fabricantes passaram a produzir equipamentos médicos para ajudar a lidar com o vírus. Muitas empresas passaram por mudanças drásticas ou tiveram seu funcionamento suspenso por serem consideradas não essenciais.
Nas últimas duas semanas de março, uma marca sem precedentes de 10 milhões de pedidos de auxílio desemprego foi registrada nos Estados Unidos. Espera-se que outros 7 milhões sejam feitos nesta semana. Muitos na igreja que sirvo na Flórida perderam o emprego ou sofreram uma queda em sua renda. Estou certo de que isso está acontecendo nas igrejas, não apenas na América do Norte, mas também em todo o mundo.
Com toda a incerteza e nervosismo que permeiam todos os setores da sociedade em meio a essa pandemia, a Palavra de Deus lembra os cristãos que não temos motivos para temer diante do coronavírus. Pelo contrário, por causa do que nosso Deus soberano fez por nós em Jesus Cristo, podemos enfrentar a pandemia de Covid-19 com grande confiança.
Paulo faz uma forte argumentação quando a isso em Romanos 8:28-39. Nesses doze versículos, ele nos dá quatro razões pelas quais os cristãos podem enfrentar todas as situações da vida — incluindo pandemias — com confiança em nosso Deus soberano.
O Propósito Salvífico de Deus
Primeiro, os versículos 28-30 garantem que podemos ter confiança no propósito soberano de Deus. Embora o versículo 28 não signifique que “tudo sempre dá certo”, certamente ensina que Deus trabalha em todas as coisas para o bem do seu povo. Somente os cristãos podem ser descritos como aqueles que amam a Deus e foram chamados de acordo com seu propósito.
“Propósito”. Essa é a palavra mais importante no versículo 28. Deus tem um propósito — um plano — para o seu povo. ele tem um objetivo para nós. Esse objetivo é explicado na “corrente de ouro da salvação”, encontrada nos versículos 29-30. Ela se estende desde a eternidade passada (“Porque os que dantes conheceu também os predestinou”) até a eternidade futura (“e aos que justificou a estes também glorificou”).
Qual é o propósito de Deus para Seus filhos? Em resumo, serem “serem conformes à imagem de seu Filho” (29). Ou, como Paulo coloca no versículo 30, que sejamos “glorificados”. Este é o “bem” pelo qual Deus está trabalhando em todas as coisas na vida de seu povo. ele nos salvou não apenas de propósito, mas com um propósito. E esse propósito não será frustrado por nada que aconteça à nossa vida — incluindo pandemias.
Provisão Soberana de Deus
Paulo encoraja os cristãos a serem confiantes não apenas por causa do propósito soberano de Deus, mas também por causa de sua provisão soberana. Nos versículos 31 e 32, o apóstolo sustenta esse ponto, fazendo a primeira de uma série de perguntas retóricas: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Paulo diz isso para nos fazer parar e pensar. É o mesmo método e ponto que o salmista coloca no Salmo 27:1: “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O SENHOR é a força da minha vida; de quem me recearei?”. A resposta óbvia é: “Ninguém!”
O Deus que ressuscita os mortos não está apenas conosco, mas também é por nós. ele é nosso Pai que prometeu cumprir seu propósito para nós e nos tornar semelhantes a Jesus!
Não apenas isso, mas, como o versículo 32 diz, Deus também nos dará todas as coisas gratuitamente: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?”. J.I. Packer chama isso de uma promessa pantechnicon, porque nela estão reunidas todas as outras promessas da Bíblia.
Paulo raciocina do maior para o menor. Se Deus não poupou seu maior presente — seu Filho unigênito —, podemos ter certeza de que ele não poupará nenhum outro presente de que precisamos. Isso é verdade, não importa quais sejam nossas necessidades, incluindo finanças, saúde, conforto, sabedoria, proteção etc. A promessa inclui “todas as coisas”.
Se um homem dá uma aliança à sua noiva, ele certamente não lhe negará a ela a caixa em que ela veio. De um modo muito mais sublime, se Deus não poupou seu próprio Filho, antes o entregou para realizar tudo o que é necessário para nossa salvação — incluindo sua encarnação, vida obediente e, especialmente, aua morte sacrificial na cruz — podemos ter certeza de que ele livremente nos dará, juntamente com seu Filho, tudo o que precisamos para nos tornar completamente semelhantes a Cristo.
A Soberana Salvação de Deus
Nos versículos 33 e 34, Paulo nos lembra da soberania de Deus na salvação. ele faz isso primeiro se referindo aos cristãos como “eleitos de Deus”. Os crentes devem lembrar que muito antes de chegarmos a confiar em Jesus Cristo como Senhor, fomos escolhidos por Deus e amados por ele com um amor eterno. Deus nos justificou e o fez com base em “Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (34).
Nossos pecados foram pagos. Nossa justiça foi assegurada e reside para sempre no Deus-homem, no céu. Nosso Salvador está entronizado à destra de Deus, dominando o mundo. E ele faz isso como nosso advogado. Charles Wesley captou bem essa verdade nas imagens poéticas de seu hino,
Ele tem cinco feridas sangrentas; recebidas no Calvário;
Elas fazem orações eficazes; elas me suplicam fortemente:
“Perdoem-no, ó perdoem”, elas clamam,
“Perdoem-no, ó perdoem”, elas clamam,
“Não deixe esse pecador resgatado morrer!”
Os cristãos não correm o risco de perder sua salvação porque ela foi soberanamente assegurada por Jesus Cristo.
O Soberano Amor de Deus
Não há absolutamente nenhuma dificuldade neste mundo que possa separar os cristãos do amor que Cristo tem por nós. Esse é o ponto central da pergunta retórica do versículo 35 e das explicações seguintes que Paulo dá ao final do capítulo. “Quem nos separará do amor de Cristo?”. Nada nem inguém. Nem “A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada”. Paulo está refletindo sobre alguns dos desafios de sua própria vida quando faz essa lista.
Tais provações são dolorosas e as experimentamos no momento como ameaças genuínas. No entanto, em meio e através de todas elas, os crentes são “mais que vencedores” (37). Como? Através de nossa própria sabedoria, maturidade, inteligência ou força? Não. Pelo contrário, “por aquele que nos amou”. Venceremos porque Deus nos ama.
Porque Deus é eterno, assim é seu amor. Porque ele é imutável, o mesmo acontece com o seu amor. Porque ele é soberano, o mesmo acontece com o seu amor. E é por isso que Paulo pôde escrever que tinha certeza “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (38-39).
Conclusão
Isso significa que nós, cristãos, podemos enfrentar todas as situações da vida — incluindo essa pandemia de coronavírus — com absoluta confiança em nosso Deus soberano.
Embora estes dias sejam assustadores, nada temos a temer porque conhecemos a Deus; o Deus soberano que está realizando seu propósito soberano, prometeu-nos sua provisão soberana, realizou uma salvação soberana a nosso favor e nos ama com um amor soberano.
Então, sim, lave suas mãos frequentemente; pratique o distanciamento social; coloque-se em quarentena se estiver doente ou exposto a quem estiver; cancele viagens e atividades não essenciais. Mas, enquanto você faz isso, lembre-se do seu Deus, o Deus soberano. E enfrente estes dias com confiança.