Um Duplo Dever
Duas expectativas consistentes do Cristianismo bíblico — a declaração e a proteção da pureza da fé — deram origem às confissões. À parte de alguma declaração do conteúdo da Fé, ninguém pode fazer uma profissão convincente de fé pessoal. O coração crente proclama sua confiança tanto na Pessoa quanto na verdade que salva. Romanos 10:9-10 inclui ambos: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”. O credo da justificação através da obra completa de Cristo, ao qual o coração dá o seu assentimento, é expresso publicamente pela submissão ao senhorio de Cristo. Antes que possa confessar, ele deve entender e acreditar. Quando alguém confessa, deve confessar verdades que previamente haviam adentrado em seu coração. Portanto, a fé não é somente uma questão de coração, mas ela concorda cordialmente com a proposição testável de que “Deus o ressuscitou dentre os mortos”.
Fé e a Fé
Essa afirmação implica um grande número de proposições verdadeiras que constituem um corpo de verdade para ser crido porque vieram até nós por meio da revelação divina. Essas proposições sintetizadas constituem o que a Bíblia chama de “a fé”, uma identificação que ocorre mais de 25 vezes no Novo Testamento. A submissão pessoal da mente e do coração a essas proposições é chamada de “fé”. Por exemplo, Atos 6:7 afirma: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé”. Paulo disse que seu chamado aos gentios era para levá-los à “obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome” (Romanos 1:5).
Uma Marca de Perseverança
A realidade da fé pessoal como confiança nessa verdade revelada é tão importante que Paulo pode apoiar sua doutrina da perseverança em manter a conformidade do coração e da mente com o sistema de verdade que ele pregou. Os Colossenses, na verdade todos os professos da fé em Cristo, serão apresentados irrepreensíveis perante Deus “se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé [fundamentados e estabelecidos], e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro” (Colossenses 1:23). Ele insistiu em pressionar essa admoestação para andar em Cristo: “Arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados” (Colossenses 2:7).
Toda a chamada “fé”, que não tem nenhuma verdade substancial como seu objeto não é fé de modo algum, mas um ato de vaidade mental e engano. Em demonstração desse fato, Paulo declarou sem equívoco a respeito de uma impressionante lista de verdades a serem afirmadas: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Coríntios 15:14).
Um Elemento de Unidade Cristã
A unidade Cristã é definida em termos de uma harmonia corporativa no consentimento de verdades reveladas: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus [não sendo]… levados em roda por todo o vento de doutrina levados em roda por todo o vento de doutrina levados em roda por todo o vento de doutrina… Antes, seguindo a verdade em amor” (Efésios 4:13-15). O desejo de Paulo para com os Filipenses também aponta para esta relação: “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho” (Filipenses 1:27).
Central para o Ministério Fiel
Timóteo era “o verdadeiro filho de Paulo na fé” e todo ministro da palavra deve guardar “o mistério da fé numa consciência pura”, assim como os espíritos enganadores trabalham para fazer com que os professos “apostatem da fé” (1 Timóteo 1:2, 3:9, 4:1). Se Timóteo ensinar a verdade revelada, ele será “bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé”, isto é, “a boa doutrina” que ele aprendeu seguindo a Paulo (1 Timóteo 4:6). Uma caraterística dos falsos ministros é uma oposição à verdade, o que mostra que eles são “corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (2 Timóteo 3:8).
Uma marca da segurança de Paulo de que a mordomia de seu chamado foi executada fielmente é formulada em sua linguagem: “Eu guardei a fé” (2 Timóteo 4:7). A ligação virtualmente inextricável entre a graça da fé e o corpo, ou conteúdo da fé pode ser discernida na percepção de Paulo sobre seu apostolado que transparece quando ele usa a expressão: “a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade” (Tito 1:1). Tão inescapavelmente importante é a interdependência dessas duas “crenças” que encontramos Judas, em sua breve carta, exortando seus leitores à uma integração apropriada dessas preocupações gêmeas, com sinceridade ele diz para “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” e a permanecer no amor de Deus, edificando-vos a vós mesmos “sobre a vossa santíssima fé” (Judas 3, 20).
Confissões: Um Conservador Vital da Fé
O propósito das confissões, tanto conceitualmente quanto em seu desenvolvimento histórico, tem sido a consolidação de proposições doutrinárias. Essas proposições condensam as ideias centrais da revelação bíblica em relação às quais o consentimento foi visto como vital para a verdadeira adesão à fé. Essa prática começou entre os escritores da Escritura e tem continuado ao longo da história Cristã. Na próxima vez, veremos alguns exemplos desse processo.