[Excerto de Um Ensaio sobre o Reino de Cristo, por Abraham Booth]
A maioria das pessoas em todos os países, nasceram súditos daqueles governos sob os quais viviam. Não mais cedo, por exemplo, fomos capazes de refletir sobre as nossas conexões civis, do que nós nos encontramos indivíduos nascidos livres da coroa britânica, e assim é comumente nas soberanias dos príncipes seculares. O domínio deles, sendo confinado ao exterior da conduta humana, e não atingindo o coração; nascimento natural e circunstâncias locais caracterizam e constituem os sujeitos deste estado, coloca-os sob a proteção da lei, e os reveste com os direitos civis. Tais sujeitos são perfeitamente adequados para os reinos deste mundo, e ao caráter de seus soberanos. Pois, considerados como homens, reis e súditos estão em um mesmo nível; e, como distinguidos por características políticas, as suas obrigações são mútuas: fidelidade por um lado e proteção por outro. Além disso, reinos temporais relacionam-se ao mundo atual. Os deveres recíprocos de soberanos e de súditos, como tais, consideram a felicidade da sociedade civil, e daqueles apenas. Visto que uma investidura com soberania política não constitui um senhor da consciência, ela não dá nenhuma pretensão de autoridade nas coisas espirituais, mas é totalmente confinada às preocupações deste mundo. É, na verdade, o dever indispensável de príncipes seculares, e do seu povo, amar e adorar a Deus. No entanto, essa obrigação não decorre de qualquer relação política subsistindo entre eles, mas a partir de sua condição de criaturas racionais. É também a sua felicidade o serem súditos de Jesus Cristo; mas esta felicidade não resulta de qualquer coisa menos do que a misericórdia Divina exercida sobre eles, como criaturas depravadas e culpadas.
Posto que o reino e as reivindicações de Cristo são muito diferentes dos de César, as qualificações e a obediência de Seus súditos reais devem ser assim também. Pois, as pessoas podem ser bons súditos de um soberano temporal e gozar dos direitos de tal caráter, enquanto eles estão tão longe de agir em verdadeira fidelidade a Jesus Cristo, a ponto de serem bastante hostis ao Seu domínio, e completos estranhos aos privilégios de Seu reino. O império de Cristo não é deste mundo, não é um reino temporal, mas um reino espiritual. Nosso Senhor, portanto, é um soberano espiritual; cujo domínio se estende à mente, consciência e coração, e nada menos do que ao comportamento externo. Consequentemente, todos os súditos de Seu governo devem ter disposições espirituais e prestar obediência espiritual proveniente de um entendimento iluminado, uma consciência despertada e um coração renovado. Pois, como é o Soberano, tais são os súditos, e tal é a fidelidade necessária. Um Soberano espiritual, e súditos que prestam uma obediência meramente exterior são manifestamente inconsistentes.
Visto que toda a humanidade nasce em um estado de apostasia de Deus e como a inclinação natural do coração, ou a mente carnal, não está sujeita à lei de Deus, e nem mesmo pode ser; nós devemos nascer de novo, não nascer do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus, antes de sermos autorizados a considerar-nos, ou sermos considerado por outros, como os súditos dAquele, cujo reino é de um tipo espiritual. Notáveis são as palavras de nosso Senhor, quando fala sobre Seus súditos leais: “não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” [João 17:14]. Não; eles são descritos pelos Apóstolos, como sendo da verdade, da fé e de Deus¹. Da verdade: iluminados, convertidos e santificados pelo Evangelho. Da fé: vivem por ela; derivando a paz e a santidade a partir de Jesus Cristo, através da fé nEle. De Deus: nascidos dEle; ou gerados de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
Tais são os súditos do reino de nosso Senhor, em oposição a quem, o Novo Testamento representa o restante de nossa raça apóstata, como sendo das obras da lei, do mundo, das trevas e do Diabo². Das obras da lei: buscando a aceitação de Deus por sua própria obediência imperfeita, o que os deixa sob uma maldição. Do mundo: seguindo as inclinações da carne, e em um estado de inimizade contra Deus. Das trevas: ignorantes de seu estado, de que estão perecendo, e não familiarizados com Jesus Cristo. Do Diabo: participantes da sua imagem, sujeitos de seu domínio e fazedores de sua vontade³. Isto mostra quão grande é o contraste formado pela Escritura entre aqueles que estão sob governo de nosso Senhor e o restante da humanidade!
Em conformidade com isso, verdadeiros Cristãos são ainda descritos como libertos do poder das trevas, ou da tirania de Satanás, e transportados para o reino do amado Filho de Deus, e como sendo de Deus, enquanto todo o restante do mundo jaz no maligno.
Ninguém, portanto, senão aqueles que nascem do alto, são os súditos de Jesus Cristo, pois se o coração não está sob o Seu domínio, Ele não reina em absoluto, como um monarca espiritual.
Que ninguém, senão os verdadeiros Cristãos são os súditos do reino de nosso Senhor, é ainda mais evidente a partir das características descritivas daqueles que eram membros das igrejas apostólicas*. Encontramo-los descritos no Novo Testamento, como os que de bom grado receberam a palavra de graça, como os chamados de Jesus Cristo e como chamados para ser santos. Os apóstolos os denominavam irmãos, irmãos fiéis, irmãos santos, santos e pedras vivas no templo espiritual4. Estas e outras características são frequentemente aplicadas aos membros das igrejas primitivas em geral; e destes as igrejas no reino visível de Cristo consistiam, então. Podemos, portanto, dizer, com Vitringa;
“O reino da graça, no qual Cristo é rei no monte Sião, é correta e enfaticamente o reino de Cristo; do qual nenhumas outras pessoas são os súditos, exceto aqueles que são eleitos, chamados, fiéis, mansos e humildes; em quem Jesus Cristo vive pelo seu Espírito, como nos membros de um corpo místico e espiritual, do qual Ele é a Cabeça”5.
Este ponto de vista sobre os súditos de nosso Senhor está perfeitamente de acordo com a natureza e a superioridade da Nova Aliança, com o que o Reino do Messias está intimamente ligado; porque ao que parece, tais indivíduos de qualquer outra descrição, não têm nenhuma razão para considerarem-se como pactuantes; e é claro que uma aliança Divina tem que se adequar ao Reino ao qual ela pertence, seja judaica ou Cristã. Quando, na plenitude dos tempos, Deus cumpriu a Sua graciosa e abrangente promessa de abençoar todas as nações, foi pela intervenção de um novo e melhor Pacto do que aquele que foi feito no Sinai. Pois, assim está escrito: “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. NÃO CONFORME A ALIANÇA QUE FIZ COM SEUS PAIS, NO DIA EM QUE OS TOMEI PELA MÃO, PARA OS TIRAR DA TERRA DO EGITO; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”.6
Este Pacto admiravelmente gracioso é completamente adequado a um reino espiritual, e aos súditos que estamos descrevendo; pois, ele não anuncia nenhuns propósitos, nem faz nenhumas provisões ou confere nenhumas bênçãos, senão àqueles que são espirituais, internos e eternos. O verdadeiro conhecimento de Jeová, escrevendo a Sua lei no coração, o perdão de todos os pecados, e relação perpétua com Deus, são as bênçãos que Ele se compromete; mas não há uma palavra que representa bênçãos temporais, nem sobre qualquer relação meramente exterior para com o Grande Supremo, embora estes foram os grandes artigos no Pacto feito em Horebe. Os pactuantes, portanto, sob a economia Cristã, não podem ser outros além da semente espiritual de Abraão, e tais são os súditos deste reino. Daí o pacto do Evangelho é chamado de novo, e é expressamente oposto à Confederação do Sinai, da qual é extremamente diferente. Ele também é pronunciado um Pacto melhor do que aquele que o Senhor fez com o antigo Israel; e assim é, se considerarmos seus objetos, suas bênçãos, sua confirmação ou a sua manutenção. Seus objetos: porque são a semente espiritual de Abraão, reunidos dentre todas as nações. Suas bênçãos: pois, todas são espirituais e internas. Sua confirmação: pois, ele foi ratificado por meio da morte de Cristo. Sua continuidade, pois é um pacto eterno em tudo bem ordenado e seguro. Sim, é muito melhor do que a aliança feita no Sinai, assim como sermos filhos de Deus pela regeneração, é preferível à sermos descendência carnal de Abraão — como o número dos eleitos de Deus em todas as nações, excedendo o das tribos escolhidas — como bênçãos inteiramente espirituais e imortais são mais excelente do que as de um tipo terreno e de curta duração — como a redenção da escravidão espiritual e ruína eterna é maior e mais nobre do que a libertação da escravidão temporal — como a ratificação da presente Aliança, pelo sangue de Emanuel é mais sagrada do que a Antiga Aliança recebida pelo abate de animais irracionais — como o Filho de Deus, o Mediador do mesmo, é maior do que Moisés, que apareceu sob esse caráter em Horebe — e como um Pacto de eficácia eterna, que estabelece a felicidade final de todos a quem se refere, é melhor do que uma de natureza temporária, que era violada pelo pactuante, e se tornava para sempre obsoleta. Por isso lemos, não só sobre um melhor Testamento, mas também de melhores promessas, na qual a Nova Aliança é estabelecida; uma melhor esperança é introduzida por ele; de sacrifícios melhores, pelos quais a culpa é expiada; de melhores coisas previstas para o Cristão, que eram apreciadas pela Igreja Judaica; e de um país melhor por herança7, do que a Canaã terrena. Não, temos a certeza por um escritor inspirado, que o Pacto do Sinai e a dispensação Mosaica não possuíam glória em si, em comparação com a da Nova Aliança e a economia do Messias8. Agora, a este mais glorioso Pacto, o reino de Cristo e os objetos dele, devem concordar. Visto, portanto, que nenhumas, senão bênçãos espirituais estão contidas nesse Pacto; deste modo nenhuns outros, senão os verdadeiros santos são os súditos do domínio de nosso Senhor.
Muito diferente, então, é o reino de Cristo da antiga Teocracia Israelita. Pois, daquela Teocracia, todos os descendentes naturais de Abraão eram sujeitos verdadeiros e membros devidamente qualificados da igreja judaica; como única exceção, os que não tinham sido circuncidados de acordo com a ordem de Deus, ou eram culpados de algum crime capital. Ser um sujeito obediente de seu governo civil e um pleno membro no seu estado eclesiástico, eram manifestamente a mesma coisa, porque, tratando Jeová como seu soberano político, eles O confessavam como o verdadeiro Deus, e tinham direito a todos os benefícios de Sua Aliança Nacional. Sob essa economia, Jeová reconheceu todos aqueles por Seu povo, e Ele mesmo como seu Deus, a saber, aqueles que praticavam uma obediência externa às Suas ordens, mesmo que em seus corações estivessem descontentes com Ele9. Estas prerrogativas foram apreciadas, independente da graça santificadora, e de qualquer pretensão a ela, ou em si mesmos, ou em seus pais.
O estado de coisas, no entanto, sob a nova economia, é extremamente diferente. Pois, o grande Proprietário e Senhor da igreja Cristã, tendo absolutamente negado um reino que é deste mundo, não pode reconhecer qualquer um como súdito de Seu governo, que não conheça-O e reverencie-O, que não confie nEle, e sinceramente O ame. Tendo inteiramente posto de lado aquelas insígnias da soberania política, e aquelas marcas de grandeza exterior, que fizeram uma aparição tão esplêndida na Teocracia Judaica, Ele despreza ser chamado de rei, ou Deus, por qualquer pessoa que não obedeça-O e adore-O em espírito e em verdade. Aparecendo como a Cabeça de Sua igreja, puramente sob o caráter de um monarca espiritual, sobre quem Ele reina, isso é no entendimento: à luz da Sua verdade; na consciência: pela força da Sua autoridade; e no coração: pela influência do Seu amor; porque, quanto a todos os outros, o Seu domínio é o da Providência, não este da Graça. O Novo Testamento não mais oferece fundamento para concluir, que o nosso ser descendente de pais de uma certa descrição nos constitui os súditos do reino de nosso Senhor; do que supõe que a descendência carnal, em uma determinada linhagem de ascendência, confere uma reivindicação ao caráter e obra de ministros no mesmo reino.
É de grande importância para a correta interpretação de muitas passagens do Antigo Testamento, que esta particularidade seja bem compreendida e mantida em vista. Jeová é muito frequentemente representado como o Senhor e Deus de todos os antigos israelitas; mesmo quando é manifesto que multidões deles foram considerados como destituídos de piedade interior, e muitos deles como extremamente perversos. Como, então, Ele poderia ser chamado de seu Senhor e seu Deus, em distinção de sua relação com os gentios (cujo Criador, Benfeitor, e Soberano Ele era), exceto no fundamento do Pacto do Sinai? Ele era SEU Senhor, como sendo o soberano a Quem, por uma operação federal, eles eram obrigados a obedecer, em oposição a todo monarca político, que presumisse em qualquer momento governá-los por leis de sua autoria. Ele era o SEU Deus, como o único objeto de santa adoração; e Quem, pelo mesmo Pacto Nacional, eles tinham solenemente se comprometido em servir de acordo com a Sua própria regra, em oposição a todo ídolo pagão. Mas esta relação Nacional entre Jeová e Israel sendo desde há muito tempo dissolvida, e o judeu não tendo nenhuma prerrogativa acima do gentio; a natureza da economia do Evangelho, e reino do Messias, absolutamente proíbem nossa suposição de que judeus ou gentios são garantidos chamarem o Grande Supremo de SEU Senhor, ou SEU Deus, se eles não rendem obediência voluntária a Ele, e lhe prestam culto espiritual. É, portanto, seja por falta de entendimento, ou por considerar, a natureza, aspecto, e influência da Constituição do Sinai, que muitas pessoas imaginam ser relacionadas à Nova Aliança em grande número de passagens, nas quais Moisés e os Profetas não tinham nenhum pensamento sobre isso; mas tinham a Convenção em Horebe diretamente em vista. É devido à mesma ignorância ou negligência, que outros argumentam a partir de várias passagens do Antigo Testamento, pela justificação diante de Deus por meio de sua própria obediência, e contra a perseverança final dos santos verdadeiros. Porque, ter direito à bem-aventurança nacional, por executar as condições da Aliança do Sinai, e perder esse direito por apostasia em desregramento dos costumes; são coisas muito diferentes, da obtenção da justificação diante de Deus, e de perder sua participação no grande Redentor — tão diferentes, que não há nenhuma argumentação de um para com o outro.
Novamente: Como ninguém, senão os Cristãos verdadeiros são os súditos do reino de nosso Senhor, nem os adultos, nem crianças, podem ser membros da Igreja do Evangelho, em virtude de uma aliança exterior, ou de uma santidade relativa. Há uma disparidade impressionante entre a igreja judaica e a Cristã. Sobre esta diferença nós podemos ser assegurados por considerar, de que uma santidade meramente relativa, supõe que os que a possuem sejam o povo de Deus em um sentido meramente externo: que tal povo exterior, supõe uma aliança exterior, ou uma que diz respeito à conduta exterior e bênçãos temporais; um pacto exterior supõe um rei exterior. Agora, um rei exterior é um soberano político, mas tal não é o nosso Senhor Jesus Cristo, nem ainda o Pai Divino. Uma vez que, na verdade, isso era o contrário: pois, a respeito da nação israelita, assim está escrito: Eu, Jeová, serei o vosso rei. Porém Gideão lhes disse: Sobre vós eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará. O Senhor vosso Deus, o vosso rei.10 Era a honra peculiar e felicidade de Israel, ter um Soberano que era o único objeto de seu culto. Porque assim o salmista canta: “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor”.11 Enquanto a queixa de Jeová é: “…antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles”. 12 Sim, Senhor, como um monarca temporal, estava relacionado com os antigos israelitas, e entrou em uma transação federal com eles no Sinai, não só como objeto de culto deles, mas como seu rei. Suas instituições judiciais e civis, Suas leis de guerra e de paz, várias ordens sobre a terra que ocupavam, e os reconhecimentos anuais ao grande Proprietário da mesma, eram todos de Deus, como seu soberano político. Daí toda a posteridade natural de Abraão era o povo de Jeová, com o fundamento de uma aliança externa feita com toda a nação.
Os filhos de Israel, sendo distinguidos do mundo gentio, por um sistema de preceitos cerimoniais, e seu Soberano Divino habitando entre eles, foram denominados de nação santa; pois aquela santidade externa que eles possuíam parece ter surgido, em parte, do seu Pacto Nacional, e em parte do fato de terem a Presença Divina entre eles. Pelo primeiro, eles renunciaram à idolatria em todas as suas formas, e entregaram-se a si mesmos ao Senhor em oposição aos falsos objetos de adoração pagã; cuja separação para o serviço de Deus é denominada santidade. Pelo último, eles tinham uma espécie de proximidade local para com Deus, que conferia uma santidade relativa; como aparece por vários exemplos. Quando, por exemplo, Moisés contemplou com espanto a sarça ardente, a terra em que ele estava foi declarada santa, por causa da presença peculiar de Jeová ali. Assim foi no caso de Josué, e assim em consideração ao local da transfiguração de nosso Senhor; pois Pedro, chama-lhe o monte santo13. E, por que uma parte do antigo santuário era chamada de o lugar santíssimo? Apenas porque o Senhor de uma maneira singular, e sob um emblema visível, habitou ali.
Por isso, é evidente, que a presença Divina, quer sob a forma de uma pessoa augusta, como no caso de Josué; ou sob o emblema do fogo consumidor, como na sarça e no monte Sinai14; ou sob a aparência mais suave de uma nuvem luminosa, como acontecia sobre o propiciatório, e na transfiguração de nosso Senhor, confere uma santidade relativa. Também é igualmente claro que esta presença milagrosa de Deus após ser retirada dos vários lugares a que acabamos de citar, os mesmos agora não têm mais santidade do que qualquer outra porção da terra.
Assim, os israelitas, sendo separados das outras nações para o culto a Jeová como seu Deus, com a exclusão de toda idolatria, consentindo em sujeitar-se a Ele como seu rei, em contraste com todos os outros soberanos; e Ele habitando entre eles no santuário, como em Seu palácio real; havia uma santidade relativa assistindo as suas pessoas, e quase todas as coisas que lhes diziam respeito. Pois, não somente o pavilhão real de Jeová, com todos os seus utensílios e serviços; os ministros daquele santuário e as suas várias vestimentas; mas o povo em geral, a cidade de seu país, as casas das pessoas, a terra cultivada por eles, e o produto dessa terra, eram todos denominados santos15. A Presença Divina habitando entre eles parece ter tido uma vasta influência sobre as pessoas, no que diz respeito à relativa santidade e pureza externa. Assim, em caso de contaminação corporal por doença, os doentes deveriam ser excluídos das relações comuns da sociedade, para que não contaminassem o acampamento, no meio do qual o seu sublime Soberano habitava16. Não, a lei Divina expressamente requeria que até mesmo a superfície do solo em que pisavam deveria ser preservada de uma espécie de profanação; e a injunção é imposta por esta consideração: “Porquanto o Senhor teu Deus anda no meio de teu arraial”.17
Notável para o nosso propósito é a declaração de Deus, quando falando sobre o antigo santuário: “E ali virei aos filhos de Israel, para que por minha glória sejam santificados”18. Pois, como observa Venema,
Nem o tabernáculo, nem o altar devem ser entendido como alvos desta declaração, mas os próprios israelitas, como aparece pela conexão e sequencia do discurso. Porque, no versículo imediatamente a seguir, a santificação do tabernáculo e do altar, é expressamente mencionada. Além disso, é claro que o símbolo externo da presença de Jeová era uma indicação suficiente da glória de Deus no tabernáculo. Assim, a santidade do povo, igualmente como a dos lugares, era derivada da presença exterior de Deus19.
Agora, como a presença Divina tinha uma habitação local e visível sobre o propiciatório, que era o trono do Senhor; como a presença entre os israelitas tinha uma tal extensa operação sobre sua época, tanto no que diz respeito ao privilégio quanto ao dever; como toda a nação foi um povo típico, e uma grande parte da natureza de seu culto consistia em sombras; não precisamos nos maravilhar, que, em tal reino eclesiástico-político quase cada coisa deveria ser estimada, em um sentido relativo, como santa.
Sob a dispensação do Evangelho, no entanto, essas peculiaridades não têm existência. Porque Cristo não fez uma aliança externa com qualquer povo. Ele não é o rei de qualquer nação particular. Ele não habita em um palácio feito por mãos. Seu trono está no santuário celestial; nem Ele concede a Sua presença visível em qualquer lugar na Terra. A parede de separação entre judeus e gentios foi derrubada e, consequentemente, nosso Divino Soberano não permanece relacionado a qualquer povo, ou a qualquer pessoa, de modo a conferir uma santidade relativa, ou a produzir uma santidade exterior.
Enquanto a Aliança do Sinai continuou em vigor, o Filho de Deus era o Rei dos Judeus; pois, embora, pelo fato de Saul e outros tenham possuído a característica régia, e o governo Divino tenha sido assim obscurecido, contudo, não foi abolido. O reino de Israel, nas mãos dos Filhos de Davi, era denominado o reino de Jeová; o trono sobre o qual Salomão se assentou sendo chamado o trono de jeová; e as leis do estado ainda sendo Divinas, somos levados a ver os reis judeus como os vice-regentes de Jeová.
Nesta luz a rainha de Sabá considerou Salomão quando ela disse: “Bendito seja o Senhor teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no seu trono como rei para o Senhor teu Deus” [2 Crônicas 9:8]. Sobre os magistrados judeus também está escrito: “porque não julgais da parte do homem, senão da parte do Senhor” [2 Crônicas 19:6]. Agora, desde que uma relação política subsistia entre o Filho de Deus e a descendência de Abraão, uma santidade externa se seguiu, como resultante dessa relação. Mas, embora esse alicerce de santidade relativa não foi removido até a morte de Cristo, não há nenhuma insinuação na história Evangélica de qualquer um ter direito a um rito do Novo Testamento, ou às características de uma participante no reino do Messias, em virtude daquela santidade. Não, o inverso é evidenciado na conduta de João em relação aos judeus.20
O Pacto feito em Horebe tendo sido desde há muito obsoleto, todas as suas peculiaridades desapareceram; entre as quais, a santidade relativa foi feita uma figura notável. Aquela Constituição Nacional tendo sido abolida, o governo político de Jeová finda. O Pacto, portanto, atualmente em vigor, e a relação real de nosso Senhor para com a igreja, é inteiramente espiritual. Tudo o que a santidade externa das pessoas, lugares e das coisas que existia sob a antiga economia se foi para sempre; de modo que se os professos do Cristianismo não possuem uma real santidade interna, eles não têm nenhuma santidade em absoluto. A Confederação Nacional no Sinai é expressamente contrastada, nas Sagradas Escrituras, com a Nova Aliança21, e embora esta última manifestamente prevê santidade interna, com relação a todos os pactuantes, todavia, não diz uma palavra sobre santidade relativa. E, de fato, como o faria? Uma vez que, por seu início, toda a Constituição do Sinai tornou-se obsoleta; a parede de separação foi derrubada; a relação especial entre Deus e a semente natural de Abraão cessou, tendo cessou também a diferença de um tipo religioso entre judeus e gentios — entre estes não há mais nenhuma diferença, em relação a proximidade de Deus e à comunhão com Ele, exceto o que a regeneração e a fé em Cristo produzem. Pois, sob a presente dispensação Cristo é tudo em todos. Podemos, portanto, concluir seguramente, que os judeus convertidos e reassentados na Palestina, tanto eles quanto os seus descendentes infantis, seriam tão inteiramente destituídos da antiga santidade relativa, quanto os maometanos que agora residem naquele país.
Mas se uma santidade exterior existisse agora, seríamos obrigados a considerá-la como sendo muito diferente daquela dos antigos israelitas, porque ao que parece, pelo que foi dito, os motivos de sua santidade exterior não fazem parte da economia Cristã. Além disso, sua santidade se estendia a toda a nação, mas em que Utopia encontraremos todos os habitantes possuindo essa pureza relativa? A deles permanecia enquanto eles vivessem, exceto se eles cometessem algum grande crime, pelo que eles perderiam as suas vidas, ou seriam expulsos da congregação, pois ela não se desgastava pelo tempo, nem era perdida meramente por continuarem em estado de não-regeneração. Considerando isso, aquela santidade exterior pela qual tantos pleiteiam, não é geralmente considerada por eles como se estendendo para além do tempo da infância. Mas, por que qualquer um contende pela santidade relativa de lactentes, e, contudo, nega a santidade desse tipo, quanto aos lugares de culto, hábitos clericais e várias outras coisas? Pois é claro que a pureza externa do judeu, seja de pessoas, de lugares ou de coisas, originou-se no mesmo Pacto Nacional, e na mesma relação de Deus para com Israel: e, consequentemente, devem ter a mesma duração em um caso, como no outro. Podemos, portanto, concluir justamente, que a santidade federal e relativa da qual muitos falam, nem concorda com as leis do judaísmo, nem com a natureza do Cristianismo. Pois se é assim, ela não pode pertencer ao reino de Cristo.
Além disso: Se todos os súditos de Cristo são verdadeiros santos, pode ser justamente questionado se qualquer estabelecimento religioso nacional pode ser uma parte de Seu reino. Que multidões de indivíduos pertencentes a esses estabelecimentos sejam súditos do Rei Messias, é alegremente concedido; mas não é claro, que uma igreja nacional seja hostil ao espírito da declaração de nosso Senhor: “Meu reino não é deste mundo”? Esta palavra abrangente e importante não nos obriga a ver a igreja e o mundo em um ponto de luz em contraste? E a ideia de uma igreja nacional não nos leva a confundi-los? Será que isso manifestamente não confunde a igreja dos primogênitos, que estão escritos nos Céus com o mundo, que se encontra na maldade, cujos nomes estão inscritos em registos paroquiais?22 Os súditos do reino de nosso Senhor são nascidos de Deus, são chamados para fora do mundo; mas o nascimento natural e as circunstâncias locais são considerados, quer como concedendo adesão, ou como que dando direito a um rito positivo que confere a adesão à uma igreja nacional. A Igreja da Inglaterra, por exemplo, inclui todos os súditos ingleses da coroa britânica, sejam eles morais ou devassos, piedosos ou profanos; unicamente com exceção daqueles que ainda não foram batizados, ou que permanecem sob uma sentença de excomunhão. Não, tão tenaz é a Igreja Inglesa desta ideia, a ponto de considerar os números dentro de sua esfera, os quais nunca se consideraram nesta luz. Pois, em certos casos, bem conhecidos dos doutores em Direito Canônico, Dissidentes Protestantes, e até mesmo Papistas teimosos, são expulsos da sua comunhão — lançados fora, com sanções terríveis em anexo, embora nunca reconheceram a si mesmo como estando dentro da igreja nacional!
A Igreja da Inglaterra, na verdade, é manifestamente um reino secular. Pois, ela é estabelecida por leis humanas, e reconhece um chefe político, nem sequer é estimado como relevante saber se aquela cabeça é homem ou mulher. A Igreja da Inglaterra é uma criação do Estado, apoiada pelo Estado, incorporada ao Estado, e regida por um código de leis confirmadas pelo Estado — um código muito diferente dos cânones sagrados do Novo Testamento, aliás aqueles são bastante alheios à sua constituição. Seus principais oficiais são nomeados pela coroa; e, em virtude da posição eclesiástica, são lordes do Parlamento23. Não, mesmo as doutrinas professadas, e o culto realizado no mesmo estabelecimento, são todos secularizados. Seus credos e formas de oração, as suas inúmeras rubricas e vários ritos, são adotados e usados sob a sanção da autoridade civil. Sua liturgia, portanto, pode ser justamente considerada como uma lei do Parlamento relativa a assuntos religiosos. Ela deve, portanto, ser considerada como um reino deste mundo.
O teor do Novo Testamento, no entanto, conforme a máxima de nosso Senhor, nos leva a considerar as Igrejas particulares como Congregacionais; e como constituídas por aqueles que fazem uma profissão credível de arrependimento e fé. Tais congregações, onde quer que estejam, constituem o reino visível de Cristo. Que as igrejas apostólicas eram congregacionais é claro a partir dos registros sagrados; e que não havia nenhuma igreja Nacional até os primeiros trezentos anos, é igualmente evidente. Porque não poderia haver qualquer destas instituições, até que o governo civil de algum país ou outro cristianismo fosse professado; o que não foi o caso antes de Constantino ter subiu ao trono imperial. Então, na verdade, uma espécie de cristianismo política entrou em moda, o que tem continuado desde então, e ainda está em grande estima. Nem também estão as igrejas nacionais susceptíveis de cair enquanto a política de príncipes soberanos e o orgulho dos prelados puderem apoiá-las. Mas, sendo estabelecidas por leis humanas e cada uma delas reconhecendo uma cabeça visível, civil ou eclesiástica, seja príncipe ou pontífice; as igrejas nacionais são reinos seculares e são indignas do nome de igrejas Cristãs.
Mais uma vez: Como ninguém, senão as pessoas regeneradas pertencem ao reino de Cristo, ninguém é melhor sujeito de seu domínio, ou um membro mais ilustre de Sua igreja, devido a riqueza ou poder, ou dote ou erudição. Essas coisas, embora úteis em seus lugares, de muita reputação para um império secular, e de grande importância para ele; nem pertencem à verdadeira glória de uma igreja Cristã, nem a libra esterlina à dignidade do caráter de um Cristão. Pois que relação a riqueza terrena e o poder civil tem em relação à formação de um caráter espiritual, ou em adornar um reino espiritual? A maior riqueza e a mais alta autoridade que os mortais podem desfrutar, nada acrescentam ao valor moral de qualquer um. Ninguém é um homem melhor pelo fato de ser rico e poderoso; nem pior, porque ele é pobre e de uma baixa posição. Essas coisas são todas exteriores ao caráter moral. Pois, o mais licencioso é frequentemente exaltado e rico, enquanto o mais reto e amável está perdido na obscuridade e oprimido pela carência. Além disso, quando a riqueza ou poder são possuídos por um verdadeiro súdito do reino de nosso Senhor, a honra de seu caráter não surge de suas riquezas, ou de sua autoridade, mas da santidade de sua vida, ou de sua semelhança com Jesus Cristo.
Como nosso Soberano britânico é a fonte de honra de todos os seus súditos, assim é o Rei Messias para todos os que estão sob o Seu domínio. A única maneira, no entanto, de ser grande e honrado em Seu reino, é ser humilde, diligente e útil, em promover a bem-aventurança dos nossos irmãos Cristãos e semelhantes. Dentre as leis fundamentais do império de Messias, a seguinte é uma, e esta se refere à honra comparativa: “Qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”24. Sendo esta a lei da honra e a regra de promoção no reino de Cristo, podemos com segurança concluir que o mais mediano criado pode ser alguém mui digno em uma igreja evangélica e um ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador; enquanto seu rico e poderoso mestre que professa a mesma fé pode desonrar o nome de Cristão, e trazer reprovação à congregação a que pertence. Se o primeiro for diligente e fiel em sua humilde posição; se ele for encontrado na fé, zeloso de Deus, e de mente celestial; ele é um súdito honrado de Jesus Cristo, e exaltado na estimativa dos Céus. Se, pelo contrário, este último for formal em sua profissão religiosa; se ele for injusto ou arrogante, voluptuoso ou avarento; ele não pertence ao reino de Cristo, mas é manifestamente um súdito de Satanás.
Nem as realizações mentais mais brilhantes ou aquisições literárias, celebram a verdadeira glória desse reino. Genialidade e erudição, assim como riqueza e poder, são frequen-temente possuídos pelo pior dos caráteres morais. Eles não podem, portanto, ter qualquer parte naquela excelência pela qual os súditos de Jesus Cristo são distintos daqueles príncipes seculares. Não é pelos dons da Providência comum, entre os quais dotes e erudição fazem uma figura conspícua; mas pelas graças do Espírito Santo, que qualquer pessoa, como um Cristão, é digna de respeito. Sim, é a fé em Cristo e obediência a Ele; amar a Deus e ao homem; a benevolência, a humildade, a paciência e a resignação; a espiritualidade e o espírito celeste que adornam os súditos do reino de nosso Senhor — o que os distinguem dos filhos deste mundo. Estas, e coisas semelhantes, relacionam-se ao estado da consciência e do coração. Eles formam um caráter para a eternidade, e favor do mundo celestial. Considerando que erudição e dotes, igualmente riqueza e poder, são de uma natureza muito diferente. A distinção que fazem entre um e outro é totalmente superficial, e muitas vezes desonrada por um coração perdulário, só pertencem a este mundo e não têm nenhuma ligação com o Céu. Mas, como aparece em seu devido lugar, o reino de Cristo é estritamente aliado ao Céu, é um estado de preparação para aquela bem-aventurança sublime; uma introdução aos seus serviços, e dá o penhor de suas fruições. Consequentemente, a verdadeira glória de tal reino não pode consistir, senão no vívido exercício de temperamentos santos e afeições celestiais. Quanto mais houver de uma semelhança com o Céu, no coração e na vida de qualquer Cristão, tanto mais há daquela honra que vem de Deus, e tanto mais a causa de Cristo é adornada. Ser um súdito real deste reino é uma honra muito maior do que simplesmente ser um profeta, ou um Apóstolo, pois, Balaão foi o primeiro, e Judas foi o último; ainda assim, ambos eram falsos e miseráveis. “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” [Lucas 10:20]; “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos… e ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria” [1 Coríntios 13:1-2], na consideração de um Soberano espiritual, ou em referência ao estado celestial.
Nenhum ministro da palavra, pois, ao realizar o seu trabalho público, alguma vez deve pensar de si mesmo como se exaltando como um oficial neste reino, exibindo seu conhecimento, sua genialidade ou sua eloquência; pois isso seria pregar a si mesmo, não ao Senhor Jesus Cristo; mas, como diante dos olhos de Deus, ele deve honestamente visar recomendar-se à consciência de todo homem, pela manifestação da verdade. Então, ele imitará um ministro aprovado no reino do Messias, e obterá a aprovação de seu Divino Soberano. Não em demonstrações de conhecimentos profundo, por dissertações críticas de grande perspicácia, por especulações metafísicas; ou de uma genialidade reluzente, nem por voltar-se agradavelmente à sagacidade. Cristo e a consciência sentem-se pouco estimados diante de seus interesses. O primeiro é muito observador dos motivos do pregador, e muito zeloso de Sua própria honra, para estar satisfeito com tal procedimento; e a última é demasiado sonolenta para ser despertada, ou muito dolorosa para receber alívio por esses meios. Se nosso Senhor considerar-Se como honrado pelo trabalho do pregador, e se o ministro tem qualquer razão para esperar êxito, ele deve ser um promulgador fiel e simples das verdades reveladas, aquelas verdades que relacionam-se à suprema autoridade da lei Divina e à graça salvífica no glorioso Evangelho — essas verdades, acrescentarei, que estão abertas às capacidades comuns. Se a consciência recebe vantagem, é pela operação das mesmas verdades, seja quanto a convencer acerca do pecado e estimular o dever a ser cumprido ou revelando perdão e proporcionando paz.
Mas a honra de Cristo e a tranquilidade da consciência raramente são promovidas, em um ministério público, pelos exames críticos, ou os requintes de genialidade, porque elas são muito sagradas, e também espirituais, para que reconheçam quaisquer obrigações para com essas coisas.
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Notas:
[1] João 18:17; Gálatas 3:7, 9, 1; João 4:4,6
[2] Gálatas 3:10; João 8:23; 1 João 4:5; 1 Tessalonicenses 5:5; João 8:38, 41, 44; 1 João 3:8.
[3] Romanos 3:6-8; Efésios 5:8; João. 8:44; Efésios 2:2
* “A Igreja de Deus é constituída dos mansos, os puros, os pacificadores, os humildes, os constantes, os justos. São esses as pedras vivas que compõem o edifício espiritual, e este edifício espiritual, esta Igreja de Deus, compreende tudo o que é excelente na terra, e isso somente da terra que durará através das eras eternas do céu. […] Tudo o mais – as honras e as realizações dos homens, as invenções dos homens, as vaidades dos homens, está condenado à perdição eterna” — Grace Webster. Prefácio Biográfico. In: BAYLY, Lewis. A Prática da Piedade. Diretrizes para o cristão andar de modo que possa agradar a Deus. 1ª Ed. [Tradução: Odayr Olivetti]. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas (PES), 2010, p.33.
[4] Atos 2:41; Romanos 1:6; 1 Coríntios 1:2; Efésios 1:1; Filipenses 1:1; Colossenses 1:2; 2 Tessalonicenses 1:3; Hebreus 3:1; 1 Pedro 1:1-3 e 2:5; 2 Pedro 1:1.
[5] Observat. Sac. L.V.C. iv.
[6] Jeremias 31:31-34; Hebreus 8:8-9.
[7] Hebreus 8:6, 7:19, 9:23, 11:17
[8] 2 Coríntios 3:7-11
[9] Juízes 8:23; 1 Samuel 8:6-7; 7:12; 2 Crônicas 28:5; 29:23; 9:8
[10] Oséias 13:10; Juízes 8:23; 1 Samuel 7:12.
[11] Salmo 33:12; 144:15; Hebreus. Veja a versão Septuaginta e aquela de Junius e Tremellius; juntamente com Poli Synopsis. e Venema Comment in loc.
[12] 1 Samuel 8:7
[13] Êxodo 3:5; Josué 5:15; 2 Pedro 1:18.
[14] Êxodo 19:18.
[15] Veja Êxodo 28:2, 4; 29:1; Levítico 19:23, 24; 20:26; 25:2,4; 27:14, 30; Números 26:3, 38; 35:34; Deuteronômio 7:6.
[16] Números 5:2,3; 35:34
[17] Deuteronômio 23:12, 13, 14
[18] Êxodo 29:43, Vid. Junium and Tremell. in loc.
[19] Differtat. Sac. L. ii. C. iii. § 6
[20] 2 Crônicas 19:6 & Mateus 3:7-12
[21] Jeremias 31:31-34; Hebreus 8:7-13.
[22] Tem sido bem observado por um escritor sensível, que quando Jesus disse a Pilatos “o fim exclusivo de Seu reino e de Sua vinda ao mundo, era dar testemunho da verdade e a propagação da mesma; então, Pilatos diz: ‘Que é a verdade?’ Ele sabia muito bem que a verdade tinha pouco ou nada a ver com as máximas da política mundana; que Ele, ou seja, Jesus, era um não era de todo provável ser um concorrente de César; que um reino da verdade não poderia interferir nas reivindicações de seu senhor; que era frívolo acusá-lO de ser um inimigo de César. Contudo, se Jesus houvesse dito que Ele estava assentado sobre um reino que alegava uma aliança com o Estado, e que pretendia uma supremacia, Pilatos teria tido de que O acusar”. Comentários sobre Bp. Warburton, Aliança entre a Igreja e o Estado, p. 9.
[23] Que os nossos primeiros Reformadores não aprovaram a grandeza, poder e empregos seculares, sendo anexados ao caráter de bispos, é muito aparente. Assim o Sr. Tyndale, por exemplo: “Não é uma vergonha, acima de todas as vergonhas, e uma coisa monstruosa, que nenhum homem seja encontrado capaz de governar um reino deste mundo, a não ser bispos e prelados, que são levados para fora do mundo e nomeados para pregar o reino de Deus? Pregar a palavra de Deus é demais para metade de um homem e ministrar um reino temporal é demais para metade de um homem também. Ambos requerem um homem inteiro. Ninguém, portanto, pode fazer bem as duas coisas. Portanto, se o reino de Cristo não é deste mundo, nem nenhum dos Seus discípulos pode ser diferente dEle; então, vigários de Cristo, que ministram o Seu reino na Sua ausência física e estão encarregados de Seu rebanho não podem ser nenhuns imperadores, reis, duques, lordes, cavaleiros, juízes temporais, ou qualquer outro oficial temporal; ou, sob quaisquer nomes falsos disponham de um tal domínio, ou um ministro de qualquer ofício, como os que demandam violência”. Assim diz, o Bispo Latimer, em seu Sermão Sobre o Arado: “Isso eu ouso dizer que desde o governo e a indolência tenham ascendido, a pregação vem para baixo, contrariamente aos tempos dos apóstolos. Pois, eles pregaram e não governavam e agora eles governam e não pregam — Desde que os prelados foram feitos senhores e nobres, o arado está retido, o trabalho não está sendo feito, as pessoas passam fome. Eles estão ocupados com outras coisas [além do que na pregação], alguns, em questões do rei; alguns são embaixadores; alguns, do conselho privado; alguns, suprem o tribunal; alguns, são senhores do Parlamento; alguns são presidentes, e os controladores das casas de moedas. Bem, bem, é esse o seu dever? É este o seu ofício? É este o seu chamado? Deveríamos ter ministros da igreja como controladores de casas de moedas? É este um ofício apropriado para um sacerdote que deve curar o imundo? É este o seu cargo? Gostaria de fazer aqui uma pergunta: Gostaria de saber quem controla o diabo em casa, em sua paróquia, se ele controla a casa de moedas? Se os apóstolos não puderam deixar o cargo da pregação para serem diáconos, vamos deixá-lo pela cunhagem de moedas?”. Assim também diz o Bispo Hooper: “Os nossos bispos têm muito com que eles possam governar e servir, como dizem, em ambos os estados: na igreja e também na política civil. Quando um deles é mais do que qualquer homem é capaz de satisfazer, deixe-o desempenhar sempre a sua melhor diligência — eles sabem que a igreja primitiva não tinha bispos tais como há hoje em dia”. In Reivindicações do Dissidente, do Sr. Peirce. Parte III, Capítulo 1.
[24] Mateus 20:26-27; Marcos 10:42-45