O Reino de Cristo, Seus Privilégios, Riquezas e Honras, por Abraham Booth

 [Excerto de Um Ensaio sobre o Reino de Cristo, por Abraham Booth]

 

 “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo” (João 18:36).

 

Riqueza, títulos e autoridade são frequentemente conferidos pelos príncipes seculares; mas estes são todas coisas exteriores. Uma patente de nobreza ou um ofício lucrativo, não dão sabedoria para a mente, não há paz para a consciência, nenhuma santidade para o coração. O possuidor, apesar de seu título rentável e esplendor abundante, pode ser um tolo, um desgraçado e uma vergonha para a espécie humana. As maiores honras e os maiores emolumentos que os súditos de um reino terreno podem desfrutar, todos eles, são insatisfatórios; e, portanto, os primeiros favoritos dos príncipes temporais são, por vezes, os mais infelizes. Disso, nós temos um exemplo notável em Hamã, o principal favorito de Assuero. Grandes privilégios e honras exaltadas são fruídos, comparativamente, por pouquíssimos súditos de qualquer monarca temporal, a natureza da questão, evita com que elas se tornem generalizadas entre os habitantes de qualquer país. Ducados, marquesados e concessões da coroa, são apenas raramente concedidos, conforme a constância da fidelidade de seus súditos. Além disso, esses favores ilustres são de curta duração e bastante incertos.

Ao passo que os privilégios, emolumentos e honras do reino de nosso Senhor são todos eles espirituais e interiores. Eles são adequados para o estado de uma mente iluminada, para os sentimentos de uma consciência despertada e para os desejos de um coração renovado.

Perdão de todos os pecados e completa aceitação para com Deus, adoção na família celestial e um título de glória futura são alguns dos privilégios e honras desfrutadas pelos súditos deste reino. Estas são bênçãos de valor infinito, por causa de sua natureza espiritual e duração imortal. Nem são confinadas a alguns favoritos ilustres de nosso Soberano celestial, pois, elas são comuns a todos os Seus súditos reais.

Sim, todos eles são enriquecidos, e todos enobrecidos, com justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

Agora, como os privilégios, concessões e honras concedidos pelo Rei Messias, são todos de natureza espiritual; Seus súditos fiéis não têm razão para pensar, ou para ser desencorajados, em quaisquer perseguições, aflições ou pobreza, os quais podem vir a ocorrer a eles.

Fosse o Seu império deste mundo, então, de fato, era de se esperar, a partir da bondade de Seu coração e o poder do Seu braço, que aqueles que são submissos à Sua autoridade, zelosos de Sua honra, e conformados com Sua imagem, poderiam comumente encontrarem-se em facilidade e prosperidade em suas circunstâncias temporais. Sim, fosse o Seu domínio de um tipo secular, poderia ser suposto um habitual zelo por Suas leis, asseguraria da opressão dos homens ímpios e das angústias das necessidades temporais. Assim era com Israel sob a sua teocracia. Quando os governantes e o povo em geral eram precisos em observar as nomeações de Jeová, as estipulações da Aliança do Sinai os guardavam de serem oprimidos por seus inimigos, e de qualquer aflição notável pela mão imediata de Deus. Cumprindo as condições de sua Confederação Nacional, eles eram, como um povo, garantidos de esperar cada tipo de prosperidade temporal. Saúde e vida longa, riqueza, honra e vitória sobre seus inimigos, foram prometidos por Jeová à obediência exterior deles1. As punições também, que eram denunciadas contra violações flagrantes da Aliança feita em Horebe, eram de um tipo temporal2.

A este respeito, no entanto, bem como em outras coisas, há uma grande diferença entre a economia judaica, e a Cristã. Esta disparidade foi claramente indicada, se não me engano, pelos modos opostos de procedimento Divino, ao estabelecer o reino de Jeová entre os judeus, e na fundação do império de Jesus Cristo. Ao estabelecer a Igreja Israelita, exaltar as tribos escolhidas acima das nações vizinhas, e tornar a antiga teocracia supremamente venerável, o Soberano Divino foi desvelando em Sua terrível majestade. Pragas devastadoras e mortes horríveis muitas vezes eram infligidas pela justiça eterna, sobre aqueles que ousavam se opor ao, ou oprimir o povo de Deus. Um anjo foi comissionado para destruir os primogênitos dos egípcios; Faraó juntamente com seu poderoso exército, foram afogados no Mar Vermelho; e as nações Cananéias foram expulsas à espada, para que os súditos de Jeová possuíssem o seu fértil país. Indicações manifestas disso, em conexão com as promessas expressas de que a providência especial de Deus exaltaria e abençoaria a semente natural de Abraão com felicidade temporal; desde que eles não violassem o Pacto do Sinai.

Mas quando o Príncipe Messias fundou Seu reino, todas as coisas foram de outra forma. Nenhuma marca de grandeza externa participou de Sua aparência pessoal, e, em vez de executar justa vingança sobre aqueles que se opunham a Ele, a sua linguagem era: o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las; Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Após uma vida de labor e de beneficência, de pobreza e reprovação, Ele foi vítima de perseguição e um mártir pela verdade. Esse era o plano da Providência Divina, com relação a Cristo, nosso Rei, e tal foi o tratamento que Ele encontrou no mundo! São declarações notáveis aquelas que Seus súditos mais fiéis não deveriam ter nenhum motivo de desânimo em quaisquer sofrimentos que poderiam esperam por eles; e que, considerados como Seus dependentes, bênçãos espirituais eram tudo o que eles deveriam esperar.

Com efeito, deve ser reconhecido que temperamento vicioso e práticas imorais têm uma tendência natural de prejudicar a saúde, angustiar a mente e desperdiçar posses; que o exercício de santas afeições, e a prática da verdadeira piedade, têm o aspecto mais amigável na própria felicidade temporal de um Cristão, (exceto na medida em que a perseguição intervém) e sobre o bem-estar da sociedade. Mas, então, é evidente que isso decorre da natureza das coisas, e da superintendência da Providência comum; em vez do domínio de Cristo, como um monarca espiritual. Pois, assim considerado, bênçãos espirituais são tudo o que eles devem esperar de Sua mão real.

Pelas declarações proféticas de nosso Senhor, e pela história deste reino, se torna evidente, que, entre todos os súditos de Seu governo, nenhum foi mais exposto à perseguição, aflição e pobreza do que aqueles que eram mais eminentes em obediência às Suas leis, e mais úteis em Seu império. A sujeição mais constante à Sua autoridade, e o mais ardente zelo por Sua honra, que alguma vez já apareceu sobre a terra; não foi assegurada da amarga perseguição, da opressora pobreza ou da complicada aflição. Nosso Divino Senhor, considerado como um soberano espiritual, está na causa pelos interesses espirituais daqueles que estão sob Seu governo. Suas perfeições pessoais e prerrogativas reais, Seu poder e Sua sabedoria, Seu amor e cuidado devem, portanto, ser considerados envolvidos, tanto pelo ofício e pela promessa, não para tornar os Seus dependentes à vontade e prósperos em suas preocupações temporais; mas para fortalecê-los para a sua guerra espiritual; para preservá-los de cair finalmente por causa de seus inimigos invisíveis; para fazer todas as aflições cooperarem juntamente para o bem deles; para torná-los, finalmente, mais do que vencedores sobre cada opositor; e para coroá-los com a vida eterna.

Nosso Senhor prometeu, na verdade, que a obediência deles ao Seu beneplácito real, se reunirá com Suas graciosas considerações na vida presente. Não entregando-lhes riquezas temporais, ou concedendo-lhes honra e facilidade exterior; mas por admiti-los em comunhão mui íntima com Ele, e alegrando seus corações com Seu favor3. Sim, libertá-los de seus inimigos espirituais, e suprir as necessidades espirituais; favorecer com riquezas espirituais, e enobrecer com honras espirituais, são os atos reais que pertencem Àquele cujo reino não é deste mundo. Na concessão dessas bênçãos, a glória de Seu caráter régio está muito envolvida. Todavia, milhões de Seus súditos devotos podem cair pela mão de ferro da opressão, serem oprimidos pela fome ou sofrer acumuladas aflições em outras maneiras; sem o menor impedimento de Seu poder, Sua bondade ou Seu cuidado como o soberano de um reino espiritual.

___________
Notas:

[1] Veja Êxodo 15:25-26; 23:25-28; Levítico 26:3-14; Deuteronômio 7:12-24; 8:7-9; 11:13-17; 28:3-13.

[2] Levítico 16:14-39; Deuteronômio 4:25- 27; 28:15-68; 29:22-28. Veja Dissert. Teológ. de Dr. Erskine, p. 22-29. Obediência externa — punições de natureza temporal. Estas e outras expressões neste ensaio devem ser entendidas como referindo-se ao Pacto do Sinai estritamente considerado, e às demandas de Jeová como o rei de Israel. Elas são bastante consistentes, portanto, como sendo o dever da semente natural de Abraão cumprirem a obediência interna ao Sublime Soberano, considerado como Deus de toda a terra; e com a punição final sendo infligida por Ele, na insuficiência daquela obediência.

[3] João 7:26 e 14:21, 23.

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