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O Terceiro Mandamento — Revelação, por Cornelius Van Til

1. Observações

Para a correta compreensão do Terceiro Mandamento é necessário, antes de tudo, compreender o que as Escrituras, em geral, querem dizer com um “nome”. Chegamos a pensar em nomes como marcas convenientes usadas para fins de identificação. Mas isso é na melhor das hipóteses um uso subordinado de um nome. No “reino dos céus” cada nome é uma expressão significativa da essência dos vários membros. Podemos até mesmo ampliar esta ideia. Em um teísmo bíblico cada membro pode ter um significado porque a adesão a um sistema teísta implica relação com Deus. Por outro lado, em “sistemas” antiteístas nenhum nome pode ter mais do que uma marca de identificação, uma vez que não existe um sistema no qual podemos ser membros. Mesmo a marca de identificação é uma importação teísta, já que em um nativo antiteísmo não há nada, senão pluralidades alheias entre si, em que ninguém pode significar nada para ninguém.

Agora, uma vez que através da redenção o teísmo é restaurado esperamos achar que haverá alguma indicação do significado de nomes. O “nome” de Cristo restaura o centro da unidade. Ele re-liga o homem a Deus, que é o centro e a fonte de toda a predicação significativa. Assim, o homem está habilitado a ter um nome real novamente.

Novamente, uma vez que na dispensação do Antigo Testamento temos uma expressão mais exterior do princípio da redenção do que no Novo Testamento, esperamos que nomes do Antigo Testamento sejam mudados mais frequentemente à medida que eles são postos em relação com a promessa do que acontece no Novo Testamento. Especialmente àqueles que ocupam um lugar de importância estratégica no processo da redenção serão dados nomes que se encaixam à sua posição. Tais nomes podem ser dados no momento em que os destinatários são elevados para uma posição mais elevada na nação redimida, como no caso de Jacó, que é mudado para Israel. Outrossim, o nome pode ser dado quando pela primeira vez alguém recebe formalmente uma posição de importância como quando Abrão e Sarai são mudados para Abraão e Sara. Novamente tal nome pode ser dado de acordo com a direção de Deus no nascimento ou mesmo antes do nascimento, como foi o caso do nome que estava acima de todo nome.

Não é de admirar, então, que o “nome” seja de grande importância. Os apóstolos fizeram milagres em nome de Jesus, e batizaram os homens em nome do Triuno Deus.

Mas se este for o caso, o nome de Jesus ou o nome de Deus deve ser mais do que “a minha ideia sobre Deus”. Assim vemos que nas Escrituras Deus diz ao Seu povo o que o Seu nome é e como Ele quer que eles o usem. O nome Yahwéh não é dado a Deus pelo povo, mas por Deus para Si mesmo.

O nome de Deus representa Sua personalidade. Isso significa algo diferente para o Seu povo do que para aqueles que não são o Seu povo. O nome de João por exemplo pode significar muito para sua esposa enquanto que para um estranho pode significar pouco ou nada. Então, o povo de Deus conhece o nome Yahwéh, porque eles são conhecidos, ou seja, amados por Ele. Deus revelou Seu propósito gracioso para o Seu povo em Seu nome. Yahwéh significa aquele que será fiel para consumar Suas promessas de redenção para os Seus próprios. Assim, quando Deus em Cristo Se revelou a você, e você recebeu a plena posse desta revelação, você expressa tudo isso, invocando por seu Deus numa relação de aliança, Yahwéh.

Não é de admirar, então, que o nome do Senhor torne-se um ponto de discórdia em um mundo de pecado. Os homens vão trabalhar por sua honra ou buscarão arrastá-lo na lama. Mesmo ser “neutro” é impossível e pecaminoso, uma vez que explicita o escárnio de um coração altivo contra o Deus gracioso e Seu amor condescendente pelo qual Ele Se revelou ao pecador. Não há, pois não pode haver, por exemplo, um conhecimento imparcial que investigará as reivindicações da revelação especial de Deus nas Escrituras que não seja mais ou menos do que a explicação do nome de Yahwéh.

2. O que é Comandado

A. Seus Povo Deve Conhecer Esse Nome ou Revelação

Se o nome Yahwéh significa a revelação do gracioso poder salvífico de Deus para com Seu povo, segue-se que o Seu povo deve buscar conhecer a plenitude da revelação na medida em que pode compreendê-la. Todos os homens têm alguma revelação de Deus dentro deles, a voz da consciência, um anseio por algo acima deles, um medo dos seus pecados serem descobertos. Mas o crente teve as escamas de escuridão que estavam sobre seus olhos, por causa do pecado, removidas pelo Espírito Santo. Assim sendo, ele pode ver o verdadeiro caráter da revelação geral e mais particularmente a revelação especial que veio a ele. No entanto, há muito progresso a ser feito. Pois, muitos dos que entraram em contato salvífico com Jesus enquanto Ele estava na terra demoraram muito tempo antes que eles pudessem conhecer mais e mais a profundidade da redenção graciosa que haviam recebido.

Portanto, o estudo particular das Escrituras é uma obrigação sagrada para cada crente. A negligência nisto resulta inevitavelmente em pobreza espiritual. Quem pode calcular até que ponto o fracasso do estudo das Escrituras de forma privada e familiar, é responsável pelo fato de que a igreja é invadida pelo Modernismo? Tanto pelo modernismo, bem como por outros ismos especialmente todos os tipos de ocultismo como o Buchmanismo florescem quando as pessoas são ignorantes das Escrituras.

O indivíduo deve ter um conhecimento sistemático da Escritura. A falta disto faz dele uma presa fácil do Russelismo, Mormonismo, etc. Muitas dessas seitas afirmam basear seu sistema na Escritura e não encontram nenhuma dificuldade em citar passagens que soam como se corroborassem a interpretação colocadas sobre elas. O russelita cita João e diz que Deus é amor de modo que não pode haver qualquer punição eterna. Como crentes se manterão preservados de se desviarem para todos os tipos de caminhos a menos que possam interpretar a Escritura com a Escritura e, portanto, tenha uma concepção integral e holística dos propósitos e natureza de Deus? Agora, os Catecismos visam dar justamente tal conhecimento sistemático da Escritura. Haveria uma melhor proteção para a igreja contra todos os tipos de heresias do que um ensinamento fiel das crianças e dos jovens nos Catecismos da Igreja? É claro que uma política consistente e a única segura política de instrução Cristã, inclui a provisão de uma escola Cristã primária e do ensino médio, na qual apenas um conhecimento muito sistemático do geral, bem como a revelação especial de Deus sejam lecionados.

A responsabilidade coletiva do povo de Deus é tão grande quanto a responsabilidade individual no que diz respeito à questão de conhecer a revelação de Deus.

Como “o corpo de Cristo”, a igreja deve prover a formação de ministros. A igreja como uma instituição é responsável pela perpetuação especialmente dos oficiais de ensino e dos anciãos regentes. Disso segue-se que seminários teológicos devem ser providos. Não é como se esta fosse uma maneira baseada no senso comum de promover a propagação da verdade apenas. É isso, porém é muito mais. É dever sagrado da igreja estabelecer seminários verdadeiros em favor da promoção da revelação de Deus sem se importar se haverá ou não quaisquer resultados visíveis. Aqueles que são fiéis podem deixar o futuro nas mãos de Deus.

O currículo de tais seminários não será formado de acordo com os caprichos passageiros de ensino, mas serão formados de acordo com os requisitos da maneira mais eficaz de ensino da Palavra. Naturalmente, então, as línguas originais da Escritura estarão entre as primeiras prioridades do programa. Sem que se trabalhe para conhecê-las não se pode realmente interpretar a Escritura em nome e com a autoridade de Cristo.

Em seguida, ainda mais, a igreja instituída recebe o dever sagrado de levar o conhecimento da revelação de Deus até os confins da terra. Missionários bem preparados de modo que possam “manejar bem a Palavra” são muito necessários hoje. Não é possível calcular os tristes resultados já colhidos por nós, por causa da falha da igreja a este respeito.

Mas a responsabilidade coletiva do povo de Deus não se esgota quando, enquanto igreja instituída, eles foram fiéis no ensino doméstico e na promoção pública de ensino. Como um organismo, ou seja, como um grupo de Cristãos, concebidos agora não como a igreja, mas em suas relações mais amplas, o povo de Deus deve procurar honrar o nome de Deus em todo o mundo em todos as áreas de empreendimento humano. A terra é do Senhor. A ciência, a arte e a moral são do Senhor. Daí a obrigação dos Cristãos de conhecer e dar a conhecer o nome do Senhor nestes domínios. Para o efeito, procurará estabelecer faculdades e universidades verdadeiramente Cristãs, totalmente equipadas com a melhor técnica para anunciar o nome do Senhor sobre “o universo estrelado acima de mim e a lei moral interior”. Nós podemos estar certos de que seminários ortodoxos por si só não podem conter a onda de incredulidade. Seu trabalho é de caráter mui especial, mas limitado. Para se obter uma vida Cristã e uma visão de mundo realmente eficaz, a média dos estudantes precisa de mais do que um curso de seminário de três anos. Não é justo esperar que nossos ministros tenham uma visão muito abrangente e realmente Cristã das coisas, a menos eles sejam ajudados a relacionar todos os seus interesses à concepção central do nome de Deus.

B. Nós Confessamos o Nome do Senhor

A confissão, no sentido de dar a conhecer o nome do Senhor, seria a tarefa profética original que o homem deveria executar. O homem estaria buscando a verdade, envolvendo-se cada vez mais profundamente na revelação de Deus. Nesta base teria sido realizado o que é agora tão frequentemente apresentado como sendo o verdadeiro esforço da ciência, isto é, a busca cooperativa e mutuamente apreciativa pela verdade.

Desde a entrada do pecado, no entanto, a guerra chegou ao acampamento dos buscadores da verdade. No início, eles se dividiram sobre a questão de onde a verdade pode ser encontrada. Um grupo diz que não pode ser encontrada em Deus, mas deve ser encontrada no Universo como revelado na mente do homem. O outro grupo diz que isso tornaria a busca desesperançada. A verdade deve ser fundada em Deus e, desde a entrada do pecado, em Deus através de Cristo. A ciência verdadeira, como vimos, também deve ser mediada assim como a verdadeira adoração tem que ser.

Ora, é a coisa mais fácil para o Cristão omitir-se em relação ao princípio da revelação justamente neste ponto. Aqui, se é que isso existe em qualquer lugar, a neutralidade parece ser possível. Por isso, é o dever sagrado da igreja afirmar a verdade da Escritura sistematicamente e sob a forma de Confissões. Devemos trazer essas confissões sempre atualizadas no sentido de que uma visão mais profunda da revelação de Deus é dada à igreja em cumprimento da promessa do Espírito, a igreja deve dar expressão a esta visão mais profunda.

Há um slogan que possui uma grande sonoridade piedosa muito em evidência nos dias de hoje. Esse slogan é: “nenhum credo, senão Cristo”. Com este slogan um autoenganado e bem-intencionado grupo de líderes eclesiásticos procura ganhar novos convertidos para Cristo em uma era “científica”. Que pobre serviço tal slogan presta a Cristo! Além do fato de que todas as pessoas, na realidade, têm um credo de algum tipo, o que reduz o slogan à manifestação de um absurdo psicológico, nada poderia ser menos fiel ao espírito de Cristo do que contrastar Ele com um credo. Ele mesmo procurou nos dar uma crença sobre Deus e sobre Si mesmo, ou seja, que Ele e o Pai com o Espírito Santo é o único Deus absoluto e Triuno. A igreja não tem feito nada mais do que transmitir o credo que Cristo nos deu. Um credo não pode, mesmo na natureza do caso, de acordo com o modo Cristão de pensar, ser contrastado com a Pessoa de Cristo. Um credo não é nada mais do que uma declaração sobre o Cristo. Esta afirmação pode ser verdadeira ou falsa, pelo que credos verdadeiros e falsos podem ser contrastados, mas a própria declaração não pode ser contrastada com a Pessoa.

Em vez de prestar um serviço a Cristo, o slogan: “nenhum credo, senão Cristo”, fortalece as mãos daqueles que negam a Cristo. Foi o pecado de Eva dizer que não havia nenhum credo sobre Deus. O Diabo disse que não havia. Ele disse que o credo que Deus disse sobre Si mesmo era questionável, que estava aberto a questionamentos. De quem? De sua majestade, o próprio homem. Será que o homem ouvindo o arquienganador lançou fora o credo? Não, ele mudou o credo. Ele agora acreditava em si mesmo, em vez de acreditar em Deus. Por esta razão, Satanás gosta de questionar crenças sobre Cristo. Ele ama a atmosfera enevoada da imprecisão e da generalidade. Transfigurado em um anjo de luz ele diz a ministros “piedosos” que eles não devem anunciar uma Pessoa e não um princípio intelectual frio. Como se estivessem anunciando a Pessoa de Cristo, ao mesmo tempo que negligenciam o credo da Sua Divindade. Se eu sou um homem com uma dor de dente, eu preciso saber se o homem que se apresenta como cirurgião-dentista é mesmo um dentista ou um encanador. Nesses casos eu não evito o credo nem o comparo com uma pessoa. Eu o conecto com a pessoa que deve me salvar. Assim o credo tem o mais direto e prático significado para mim.

Vemos que a tarefa da igreja como uma instituição é estabelecer e também defender o credo. Aqui há novamente uma atitude de paz a qualquer preço. Ministros testemunham que eles próprios são ortodoxos, mas não movem um dedo quando outros ministros na mesma igreja minam a própria fé em Cristo como Deus. Agora, além da consideração de que tal atitude seria considerada subversiva mesmo em qualquer organização de negócios, é altamente desonroso para Cristo. Aqueles que negam as verdades do Cristianismo não são tolerantes. Chamar o que os homens creem de uma questão de diferença é negar a importância da crença em si. Não se pode crer sem um objeto em que acreditar. Qualquer descuido sobre as doutrinas de Cristo a respeito dEle ou de Deus é ipso facto uma negação de Cristo e de Deus. Dizer que você crê em Cristo como Filho de Deus, e ao mesmo tempo dizer que aqueles que não creem nEle são seus irmãos é, no sentido Cristão do termo, contradizer-se. Você não diz em linguagem comum que você ama sua esposa e filhos ainda que você tenha feito nenhum esforço para protegê-los contra o assassino que os matou. Você não diz que você é um verdadeiro soldado americano quando no exercício de guerra você nunca movimentou tanto quanto um dedo para proteger as estrelas e listras. Fracassar em ser um defensor em tempo de guerra é traição ao país. Agora, a tarefa do Cristão é uma guerra. “Não penseis que vim trazer paz sobre a terra…”. Na medida em que o mal e o pecado estão aqui, e na medida em que Cristo veio com o propósito declarado de destruir as obras das trevas, o Cristão deve lutar, frequentemente pela honra de Cristo (Tito 2:10; 1 Coríntios 11:19; Gálatas 5:19-20; 2 Pedro 2:1).

O dever sagrado da controvérsia está implícito na própria tarefa de sustentar o testemunho confiado aos cuidados da Igreja. Alguém não pode testemunhar fielmente de Cristo se não testemunhar contra aqueles que se opõem a Cristo. Se o conhecimento do nome de Cristo deve avançar é preciso avançar em face de obstáculos. O “homem natural” odeia as coisas de Deus e tentará se opor a elas. Apenas no confronto com a oposição é que o Cristianismo pode avançar. Ele se encontrará com a oposição em todos os lugares. Como pode algum fiel discípulo de Cristo, então, esperar testemunhar de Cristo em qualquer lugar sem testemunhar contra a oposição a Cristo?

Em consonância com o que foi citado anteriormente, podemos observar que o pregador não deve fazer nenhum desprezível pedido de desculpas por apresentar sua mensagem. Ele deve, antes, falar com autoridade. Ele fala não as suas próprias palavras, mas as palavras de Cristo e as palavras de Cristo nunca podem ser anunciadas aos homens, exceto com autoridade. O pregador não vende ações e títulos que podem ser resgatados acima do valor no banco do Céu algum dia. Nem ele aconselha as pessoas a terem um interesse nisso junto com outras coisas. Pelo contrário, ele traz as demandas de Deus sobre o homem. O julgamento deve ser sempre o plano de fundo, mesmo quando ele usa para seu texto as palavras de Jesus: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”. Jesus ofereceu descanso, mas Ele também disse que aqueles que não aceitassem o Seu descanso, seriam lançados nas trevas exteriores.

Aplicando ainda mais as exigências de Cristo sobre o fato de que nós devemos confessar o Seu nome diante dos homens, podemos considerar a questão da disciplina doutrinária na congregação local. Está se tornando muito comum na igreja, este costume de sessões permitindo qualquer um e todos à membresia da igreja caso eles deem uma garantia razoável de concordar com as normas da igreja ou não. Tal coisa não é digna de qualquer organização humana. Tornar-se um cidadão da América pressupõe pelo menos algum conhecimento da constituição deste país. Muito mais, então, é um dever sagrado daqueles a quem estão confiadas as chaves do reino dos Céus que estejam razoavelmente certos de que aqueles que procuram a adesão plena naquele reino saibam algo sobre o amor e a constituição que rege os seus cidadãos. Falha em ser fiel, significa, além disso, consequências desastrosas. Em breve, membros admitidos absolutamente sem qualquer padrão podem ser eleitos para se tornarem presbíteros da igreja. O que então pode impedir o púlpito de apresentar um evangelho pagão em vez de um Evangelho Cristão?

Finalmente, nós podemos notar que, como foi o caso em conhecer a revelação de Deus, assim também acontece no que diz respeito ao confessar o nome de Deus; o dever dos Cristãos não é plenamente cumprido na qualidade de membros da igreja eu Cristo institui, se eles não forem fiéis em todas as questões enumeradas. O povo de Deus, além disso, tem um dever a cumprir em campos mais amplos do que o abrangido pela igreja instituída. O mundo propaga a mentira, instigado pelo príncipe das mentiras, pelas avenidas da ciência e da arte. Consequentemente os Cristãos não podem limitar o seu anúncio da verdade à palavra pregada na igreja. Os Cristãos devem entrar no campo da ciência. Se possível, eles devem treinar Cristãos físicos, biólogos, etc. Tais cientistas devem investigar e interpretar a natureza como a obra de Deus, nunca temendo a farsa muito elogiado da “neutralidade”. Assim, também os Cristãos devem entrar no campo da arte para reivindicá-la para Cristo. O dano feito à causa de Cristo, por romances e literatura não-Cristãos, em geral, é incalculável. Um jornal Cristão diário pode ser um ideal impossível de realização no momento presente, no entanto, é um ideal verdadeiro.

3. O que é proibido

O que é proibido é naturalmente a negligência ou uma oposição aberta à revelação de Deus. Podemos omitir uma discussão completa sobre este ponto, simplesmente apontando que a negligência da e oposição à revelação de Deus irá, naturalmente, revelar-se em uma negligência de e oposição a qualquer tentativa de conhecer e confessar o nome do Senhor. Nós já sugerimos várias formas de transgressão, a fim de deixar claro o que foi ordenado. No entanto, pode ser de alguma utilidade enumerar algumas formas mais específicas do espírito geral da oposição à revelação de Deus.

Como a primeira destas, podemos citar novamente as nações pagãs. Sua “busca da verdade” não é algo tão inocente como ela é muitas vezes apresentada ser. O paganismo é uma deflexão de um teísmo original, ou em si o teísmo não é verdade. O paganismo é antiteísta. Se ele procura a verdade, pesquisando no universo à parte de Deus.

Em segundo lugar, nós podemos mencionar cada movimento no pensamento que aparece no meio de uma civilização “Cristã” e ainda não realmente contemplar a revelação de Deus. É claro que todo o pensamento civilizado tem, em certo sentido especulado sobre o fenômeno do Cristianismo. Mas a implicação da cruz de Cristo é que a própria essência da personalidade humana é corrupta. Portanto, se o Cristianismo for levado a sério em absoluto, aqueles que o aceitam devem levar “seus pensamentos cativos à obediência de Cristo”. Assim uma ciência ou filosofia que procura interpretar a natureza da realidade em toda a independência da Escritura é ipso facto não-Cristã. Não que gostaríamos de pedir a Einstein que fosse diretamente à Bíblia. Ele lida, obviamente, com os fatos da natureza. Mas quando ele conclui a partir dos fatos da natureza que não pode haver Deus absoluto, ele não somente é não-Cristão, mas não-científico. Ele assumiu a existência independente dos “fatos” desde o início e com isso assumiu a não-existência de Deus. Depois disso era desnecessário e impossível provar algo sobre Deus. Assim, descobrimos que a chamada abordagem “neutra” na ciência ou filosofia é, na realidade, uma abordagem negativa, tanto quanto a revelação de Deus está em causa e, como tal, é condenada pelo Terceiro Mandamento.

[…]

O Espiritismo apresenta um fenômeno que é mais difícil de explicar. Mesmo que nós o consideremos como repleto de fraudes, e como um controle incrementado dos poderes da natureza, continua sendo difícil excluir os poderes do mal como fonte de explicação. Como Cristãos, acreditamos na existência real do Diabo. Acreditamos, ainda, que ele tem um grande talento. O nosso grande conforto com respeito a Satanás é que ele está totalmente sob o controle de Deus. Por isso, se obedecermos a revelação de Deus não precisamos temer nenhum Diabo.

Deve-se observar que, mesmo se o poder satânico, não for realmente operativo através de um determinado médium, o próprio médium afirma comunicar-se com o “outro mundo”. Além disso aqueles que vão ao médium esperam obter através dele uma revelação do outro mundo. Estas considerações são suficientes por si só para os Cristãos, para evitar o Espiritismo. Para o Cristão deve ser uma abominação sequer tentar ir a outro lugar além de a Deus para a sabedoria que ele precisa. Se ele vai para outros lugares, ele reduziu Deus ao nível de um mago. “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías 8:20).

Na Teosofia, uma falsa filosofia antiteísta combina-se com o ocultismo, a fim de levar o povo de Deus ao erro. Em 1877, Henry Olcott e Madame Blavatsky publicaram “The Isis Unveiled” [A Ísis Sem Véu]. Agora, Madame Blavatsky tinha viajado ao Tibete, onde ela esteve em contato com os sábios do Oriente. isso, sem dúvida, explica o panteísmo ateísta da teosofia. O panteísmo dos Vedas reside aparente em sua doutrina de Brahma. Brahma é o princípio eterno de todo o ser. Agora, a alma humana está em sua profundidade íntima idêntica com este Brahma, e por isso é divina. Da mesma forma a doutrina de Deus da teosofia é a de um princípio impessoal falado pelo pronome neutro “isso”. O mundo é um sopro disso, e o homem como uma parte do mundo, segue no caminho de rarefação e condensação a partir de e para “isso”. Não é de maravilhar-se que sobre um tal fundamento não seja necessária nenhuma revelação salvífica de Deus. Não é a existência do mal, mas o mal da existência que perturba a mística oriental.

Não é de admirar que estas seitas orientais estão encontrando entrada pronta nas terras ocidentais. Elas encontram o solo preparado para elas. Radhakrishman, em seu livro, “The Reign of Religion in Contemporary Philosophy” [O Reino da Religião na Filosofia Contemporânea], aponta que a filosofia idealista é muito semelhante às filosofias orientais. Ambas mantêm a autossuficiência do homem. Não precisa de revelação. Não é tanto uma sociedade ímpar de teosofia que a igreja precisa temer como o espírito teosófico do modernismo dentro da igreja. O inimigo está dentro dos portões.

O uso de lançar sorte apresenta um problema diferente novamente. O mundo não pode realmente falar do uso de sorte. Uma pessoa descuidada pode tomar alguma decisão importante, através do estabelecimento de um determinado sinal. Quando ela faz isso, está apelando para um destino ou acaso. Quando mais científico, ele pode usar a lei das médias, como as companhias de seguros de vida fazem. Agora, essa utilização seria perfeitamente legítima se fosse reconhecida que não são mais do que formas da providência de Deus, mas quando isso é esquecido — como quando acontece que algum computador nos diz quantos seres humanos podem, eventualmente, nascer de acordo com a lei das chances — tal uso se torna antiteísta.

Mas, e sobre o uso de lançar sortes pelo Cristão? Parece que a primeira condição de qualquer uso correto de sorte seria o reconhecimento da verdade de Provérbios 16:33: “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a determinação”. Este é o reconhecimento da providência de Deus. Agora esse reconhecimento de uma só vez coloca Deus, em vez da chance, por detrás da sorte. Por conseguinte, parece também diminuir a ocasião para a utilização de sorte. A genuína confiança na providência de Deus normalmente é suficiente para o Cristão.

Então, além disso, a vida do Cristão deve ser guiada mais diretamente pela revelação especial de Deus. Esta revelação especial contém princípios de orientação. É o Cristão deve procurar entender estes princípios. Normalmente, um claro entendimento destes princípios salvará de muitas perplexidades. Nós geralmente estamos em dúvida quanto ao que fazer, não porque não há nenhuma orientação, mas porque não conseguimos observá-la. Se, então, em tal caso, procurarmos uma pessoal dispensação da revelação de Deus, isso seria desonrar a Deus, e não poderíamos esperar obter nenhuma resposta.

Deve ser notado ainda que, como Cristãos, nós temos a revelação especial de Deus concluída. Consequentemente, descobrimos que duas formas de uso de sorte que eram comuns na dispensação do Antigo Testamento não são mencionadas no Novo Testamento. A primeira é a sorte de previsão (Sors divinatoria); o Urim e o Tumim eram muitas vezes, e isso legitimamente, usados para determinar qual seria o resultado de um curso de ação (Números 27:21; Êxodo 28:30). A segunda é a sorte de consulta (Sors consultatoria, em Josué temos o caso de Acã ou em Levítico 16:8, os dois bodes). Os moralistas Cristãos geralmente consideram estas duas formas de usar a sorte como pertencentes à dispensação de sombras ou como estabelecidas por razões pedagógicas.

Resta ainda, então, a sorte de divisão (Sors divisoria) usada no Antigo Testamento na divisão de Canaã. Esta forma, se usada sobre a base do reconhecimento da providência de Deus e segundo os princípios da revelação de Deus tendo sido consultadas com oração, podem ser usadas pelos Cristãos de acordo com a maioria dos moralistas Cristãos. Esta é, então, uma oração mais solene para um testemunho de Deus com relação a alternativas possíveis a fim de resolver uma diferença de julgamento.

O juramento é amiúde considerado como sendo a principal forma de transgressão do Terceiro Mandamento. A profanação pública, naturalmente, um mau uso grosseiro da natureza de Yahwéh. Isso reduz esse nome tão cheio de santidade a um palavrão vazio. Assim também qualquer uso leviano do nome é desonroso a Deus.

Mas a questão agora surge é se os Cristãos podem alguma vez usar o nome de Deus de modo que, assim, deem testemunho da veracidade de suas declarações. Muitos disseram que isso é ilícito por si. A fim de verificar se esta afirmação é bíblica é preciso primeiro discutir o que se entende por juramento.

Ora, o juramento é a tentativa do homem de trazer as suas declarações à presença imediata de Deus, a fim de testificar a sua verdade. Enquanto não havia pecado no mundo não havia nenhuma ocasião de usar o juramento. Adão estava constantemente consciente da presença imediata de Deus. Mas, por causa do pecado, o homem pensa que Deus está mui longe. Parece ao pecador que ele lida com Deus somente em ocasiões especiais. Por isso, se houver necessidade especial de veracidade, o homem coloca-se logo diante do julgamento de Deus admitindo que a ameaçada punição de Deus pode justamente descer sobre ele se ele não tiver falado a verdade.

Agora, encontramos que Deus tem condescendido com as necessidades do pecador tanto quanto ao uso do juramento. Deste juramento Yahwéh duplamente assegurou que as promessas de Deus devem ser cumpridas. “E disse: Por mim mesmo jurei diz o Senhor, pois por teres feito isso e não me negaste o teu filho, o teu único filho…” (Gênesis 22:6). Em Hebreus 6:17 é feita uma referência a isso a fim de nos dizer que o Senhor propositalmente usou o juramento para confirmar o Seu pacto (Hebreus 6:17). O apóstolo compara esse ato de Deus com atos similares dos homens[1] (Salmos 95:11; 110:4).

Por conseguinte, não somos surpreendidos ao descobrir que o próprio Jesus fez juramento em uma ocasião importante quando Se apresentou perante o tribunal de Pilatos. Ele não usou a forma usada hoje, mas Ele usou a forma vigente na época. Os Apóstolos seguiram esta prática. “Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto” (Gálatas 1:20). Nós até mesmo encontramos que Deus mesmo comandou ocasiões para usar o juramento. “O Senhor teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás” (Deuteronômio 6:13). “Então haverá juramento do Senhor entre ambos” (Êxodo 22:11).

Mas aqueles que sustentam que nenhum Cristão pode, a qualquer momento, utilizar o juramento apelam diretamente para as palavras de Cristo em Mateus 5:36: “Não jurarás”. Mas estas palavras não poderiam muito bem significar um comando ilimitado, a menos que estivéssemos prontos a sustentar que o próprio Cristo não fez jus a este comando quando jurou diante de Pilatos. Por causa dos dados bíblicos aduzidos, será necessário investigar se as palavras de Jesus devem ser tomadas em um sentido ilimitado. Nós encontramos que elas podem e devem ser consideradas em um sentido limitado. Jesus se opôs e proibiu o juramento antiteísta e nada mais. Os fariseus tinham medo de usar o nome Yahwéh no sentido genuinamente teísta, mas eles tentavam encontrar um reino de coisas humanas, através da qual eles poderiam jurar livremente, sem envolver o nome de Deus em absoluto. Como se todo juramento por qualquer criatura de Deus não fosse também, ainda que indiretamente, jurar pelo próprio Deus. Por isso, Jesus diz a eles que não jurem em absoluto por qualquer criatura pensando que tal juramento não envolve Deus. Assim, as palavras de Jesus não são dirigidas contra aqueles que juram com propósito sério apelando diretamente a Deus.

Se, então, a legitimidade do juramento está estabelecida, devemos perguntar sobre o seu uso.

Quem deve administrar o juramento? Nós temos nos acostumado com a ideia de que o governo tem o direito de administrar o juramento. Agora, a razão que se sugere de imediato para a posição elevada do governo é que é em matéria de governo a mais solene verdade é necessária. No entanto, uma razão adicional e mais profunda deve ser procurada. O governo foi instituído por Deus. Obediência ao governo é exigida do Cristão, porque o governo é servo de Deus. Claro que, quando o governo em si é ateu, isso reduz o seu privilégio a um sacrilégio e um absurdo.

Quem pode fazer o juramento? No que diz respeito a natureza do caso, uma criança ou uma pessoa irresponsável não podem fazer um juramento. Porém, mesmo um Cristão responsável deve estar certo de que ele é verdadeiro não apenas em propósito (veritas in mente), mas também verdadeiro de fato. Além disso, o assunto sobre o qual ele jura deve ser justo (justitia in objecto). Agora, quando os três estão presentes, (a) capacidade ou judicium in jurante, (b) veritas in mente, e (c) justitia in objecto, o juramento não pode ser evitado. Mas nós ainda podemos ser confundidos, apesar das precauções mais cuidadosas. Em tais casos, devemos agarrar-nos ao nosso juramento a menos que tal apego ao nosso juramento comprometa a honra de Deus.

Chegamos agora a um assunto relacionado, a Imprecação. No discurso comum, o juramento não é usado exclusivamente para o testemunho da verdade, mas também como uma expressão de ódio aos inimigos. Agora é evidente que tal imprecação é antiteísta. Os homens muitas vezes recorrem a forças externas a Deus. Se eles realmente recorressem a Deus eles também seriam muito cuidadosos em como eles recorreriam a Ele. A questão agora é saber se é alguma vez admissível ou um dever de um Cristão apelar a Deus para a destruição de um inimigo. Nós podemos dizer de uma vez que isso não é permitido a menos que seja um dever. Se a imprecação está errada em todos os casos, o Cristão não pode permitir-se a qualquer momento a privilégio de ser não-Cristão. Para o verdadeiro Cristão não é privilégio ser não-Cristão, em qualquer sentido.

O modernista e o crente ortodoxo dão respostas contrárias à questão de saber se a imprecação pode, a qualquer momento, ser um dever para o Cristão. O modernista diz que não e o crente ortodoxo diz que sim.

Os modernistas apelam de uma vez às palavras de Jesus que nós devemos amar nossos inimigos e apelam ainda mais para a “consciência Cristã”, que nos proíbe de odiar alguém. Assim, ele argumenta em favor de sua posição aparentemente com grande facilidade.

O crente ortodoxo está, de uma vez, sob a suspeita de não ter nenhum amor real e nem um espírito Cristão em seu coração, se ele sustenta o possível dever da imprecação. Sua “Consciência” é uma do tipo modernista e não realmente Cristã. Mas isso de uma vez levanta a questão de saber que consciência é realmente a “consciência Cristã”, a do modernista ou a do crente ortodoxo. Agora, a “consciência Cristã” do modernista em nenhum caso hesita em modificar o Antigo Testamento, nem mesmo as palavras dos Apóstolos, nem — se considerar necessário — as palavras de Cristo. Por conseguinte, não considera que o mal e o pecado são tão grandes que requerem um poder realmente autorizado para a sua eliminação. A experiência é tomada como o ponto de partida e teste de toda a verdade. Mas com essa atitude o modernismo tem perdido o nome de Cristão, desde que Cristo e os Apóstolos claramente reivindicam autoridade absoluta. Com esta posição, o modernismo também desistiu do teísmo, uma vez que o teísmo implica o controle absoluto de Deus sobre o mal, cujo controle é destruído caso o Cristianismo não seja absoluto.

Como crentes Cristãos nós não nos desculpamos por considerarmos o Antigo e o Novo Testamentos como autoritativo no assunto. Especialmente neste ponto é necessário manter a harmonia essencial de seu ensino. Há uma certa plausibilidade sobre o argumento de que o Antigo Testamento admitia a imprecação enquanto o Novo Testamento definitivamente a exclui. As palavras de Jesus no Sermão do Monte, parecem ser contrastadas por Ele com o Antigo Testamento. No entanto, este não é o caso. Jesus em nenhum lugar contradiz o espírito do Antigo Testamento. Ele somente rejeita aqueles que interpretaram mal o Antigo Testamento. Jesus, é claro, admite uma diferença de dispensações. Ele afirma mesmo que Deus atenuou temporariamente o absolutismo de Suas demandas por causa da dureza dos corações dos crentes do Antigo Testamento. Mas tudo isso não afeta de modo algum a unidade do princípio entre os dois Testamentos. Além disso, pode haver uma grande diferença na forma de manifestação por parte da experiência do crente. Devido ao externalismo da dispensação anterior, Deus pôde exigir de Seu povo que eles matassem os inimigos do Senhor. Devido ao maior internalismo da dispensação do Novo Testamento Deus não ordenará uma coisa dessas. Matar um inimigo de Deus, mesmo partindo do ponto de que o Cristão estivesse certo de quem era o verdadeiro inimigo de Deus, seria um pecado na presente dispensação. Mas, novamente, tudo isso não afeta minimamente a unidade de princípios entre os dois Testamentos. Ou, o que é o maior mal que pode acontecer a um inimigo de Deus, ser corporalmente morto ou ser lançado na escuridão eternada qual Jesus tanto fala? Jesus nos diz repetidas vezes que aqueles que não amam a Deus serão excluídos da vida eterna. Em seguida, Ele Se identifica com Deus e diz que aqueles que não O desejam como rei, não amam a Deus e devem, portanto, ser separados de Deus. Ora, Ele espera que os Seus próprios devam amar a Deus e a Ele com todo o seu coração. E se o fizerem, devem ter a mesma atitude para com os ímpios que Deus e Cristo têm para com os ímpios. Assim, nós encontramos que somente o mais espiritual dos filhos de Deus, o mais completamente preenchido com o amor de Deus, se atreveu a imitar a Deus e a Cristo totalmente, pronunciando ódio contra os inimigos de Deus. “Não odeio eu, ó SENHOR, aqueles que te odeiam?” [Salmo 119:21]. A falta de verdadeira espiritualidade é que não consegue entender o elemento imprecatório nas Escrituras. A hiper-espiritualidade do modernismo é um bom exemplo da flexibilidade espiritual dos nossos dias. O modernismo é tão “amável” que ele amaria o próprio Diabo. O modernismo tanto amou o Diabo que o colocou para fora da existência. Não pode haver, ele pensa, ninguém tão mal; o “Diabo” é apenas um símbolo do mal.

Diante deste hiper-espiritualismo é fácil para os Cristãos suavizarem a sua demanda por espiritualidade. “Então disse eu: Não me lembrarei dele, e não falarei mais no seu nome” [Jeremias 20:9a]. Tal foi a tentação de Jeremias. “Mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou fatigado de sofrer, e eu não posso mais” (20:9b). Tal foi a vitória do profeta. Cristo e Seus profetas e apóstolos são unânimes em dizer que o reino de Deus não pode ser estabelecido, a menos que o inimigo seja destruído. Durante a dispensação do Antigo Testamento, o Senhor separou o Seu povo externamente para que Seu povo soubesse diretamente quem eram os inimigos do Senhor. Hoje esse não é definitivamente o caso, mas o princípio de que o dia do juízo é um dia de alegria para o povo de Deus permanece inalterado.[2]


[1]. Cf. Há ainda outros exemplos: Salmos 95:11: “A quem jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”; e Salmos 110:4: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno…”.

[2] “Meu Pai trabalha até agora” (João 5:17).