Relatou-se que o falecido Martyn Lloyd-Jones disse que “o Arminiano ignorante não sabe a diferença entre o Calvinismo e o hiper-Calvinismo”. Com base na frequência com que os dois são comumente confundidos, eu gostaria de sugerir que a ignorância não é limitada aos nossos amigos Arminianos. Embora muito mais poderia ser dito, o seguinte resumo revela as diferenças básicas entre o Arminianismo, Calvinismo e hiper-Calvinismo.
Em certo sentido, o hiper-Calvinismo, como o Arminianismo, é uma perversão racionalista do verdadeiro Calvinismo. Enquanto o Arminianismo subestima a soberania divina, o hiper-Calvinismo subestima a responsabilidade humana. A ironia é que o Arminianismo e o hiper-Calvinismo começam a partir do mesmo equivocado pressuposto racionalista, ou seja, que a capacidade e a responsabilidade humana são coextensivas. Ou seja, elas devem corresponder exatamente ou então há irracionalidade. Se um homem deve ser considerado responsável por algo, então ele deve ter a capacidade de fazê-lo. Por outro lado, se um homem não tem a capacidade de realizar algo, ele não pode ser obrigado a fazê-lo.
O Arminiano olha para esta premissa e diz: “Concordo! Nós sabemos que a Bíblia afirma a responsabilidade de todas as pessoas de se arrependerem e crerem (o que é verdadeiro). Portanto, devemos concluir que todos os homens têm a capacidade em si mesmos para se arrependerem e crerem (o que é falso, de acordo com a Bíblia)”. Assim, os Arminianos ensinam que as pessoas não-convertidas têm dentro de si a capacidade espiritual para se arrependerem e crerem, ainda que tal capacidade precise ser auxiliada pela graça.
O hiper-Calvinista considera a mesma premissa (que a capacidade e a responsabilidade do homem são coextensivas) e diz: “Concordo! Sabemos que a Bíblia ensina que em si todos os homens não têm capacidade espiritual para se arrependerem e crerem (o que é verdadeiro). Portanto, devemos concluir que as pessoas não-convertidas não estão sob a obrigação de se arrependerem e crerem no Evangelho (o que é falso, de acordo com a Bíblia)”.
Em contraste com esses dois, o Calvinista olha para a premissa e diz: “Errado! Embora pareça razoável, não é bíblica. A Bíblia ensina tanto que o homem caído não tem capacidade espiritual e que ele é obrigado a se arrepender e crer. Somente pela poderosa obra regeneradora do Espírito Santo, ao homem é dada a capacidade para cumprir o seu dever de se arrepender e crer”. E, embora isso possa parecer irracional para as mentes racionalistas, não há nenhuma contradição e é precisamente a posição que a Bíblia ensina. A visão Calvinista pode parecer irracional, mas na realidade é suprarracional — é revelada.