Transcrição do sermão pregado na Igreja Batista do Marco em Belém do Pará.
Noite de 26 de abril de 2015, por ocasião do aniversário de 63 anos da Igreja.
Leiamos o Evangelho de João capítulo catorze, do verso primeiro ao verso quinze. Não farei uma exposição detalhada deste texto, mas retirarei dele alguns princípios que nos ajudarão a entender nosso assunto. Leiamos:
“NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. 3 E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. 4 Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. 5 Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? 6 Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. 7 Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. 8 Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. 9 Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. 11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. 12 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. 13 E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. 15 Se me amais, guardai os meus mandamentos” (João 14:1-15).
Quero ler novamente o verso treze: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho”.
Oremos…
Nosso Senhor, nosso Deus, neste momento tão sério, tão solene, nós te pedimos, Senhor, concede-nos a Tua graça. Abre para nós a Tua Palavra. Abre para nós este texto meu Deus. Concede-nos entendimento da Tua mensagem. Que o Espírito Santo mostre a cada mente, a cada coração, a Tua verdade, Senhor. Não somente mostre, mas aplique também. Que possamos conhecer mais de Ti hoje, Senhor, em Cristo, para Tua glória e o bem de nossa alma. Te louvamos pelo grande privilégio de estarmos reunidos aqui com nossos irmãos. Em Cristo. Amém!
I. A IMPORTÂNCIA DESTE TEMA.
Meus irmãos, o tema que vocês bem sabem que tratarei nesta noite é: Solus Christus. Quando pensamos em um tema geralmente somos levados a refletir na importância dele. Quando você começa a meditar numa coisa você logo pensa: “Por que eu tenho que parar para pensar nisso? Será que vale a pena eu gastar alguns minutos pensando e meditando nisso? Ou será que é algo no qual não devo nem pensar, nem analisar, nem refletir?”. Pois, eu quero dizer a você hoje que este assunto é extremamente importante para cada pessoa que está neste lugar. Na verdade, para cada pessoa que vive neste mundo. Para cada ser humano que já viveu, que já cresceu. Esse é o tema essencial do qual depende a sua eternidade, do qual depende a esperança verdadeira. Se você não conhece nada do Solus Christus, isso significa que você não conhece nada de Cristo. E se você não conhece nada de Cristo você não tem esperança alguma, seja você quem for. Você pode ser uma pessoa extremamente inteligente, culta; pode ser alguém com muito poder econômico ou político; pode ser uma pessoa de muita influência na sociedade; pode ter muitos amigos, mas se não conhece nada do que trataremos aqui, você não tem esperança alguma para esta vida nem para a eternidade. Em breve estaremos mortos. Um dia chegará aquele momento derradeiro, final, quando iremos encarar a morte. E esta hora será a hora das coisas mais importantes, dos pensamentos mais importantes, das questões mais importantes da vida. A morte vai determinar se você viveu uma vida proveitosa ou se você perdeu a sua vida. Porque ali será a entrada para a eternidade. Será a entrada para a prestação de contas a Deus. Isso tudo tem a ver com o Senhor Jesus Cristo. Por isso, meus irmãos, eu iniciei com este texto. Aqui o Senhor está nos apresentando o único consolo que existe. Ele começa este texto dizendo: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim”. Significando que se você de fato crê em Deus necessariamente vai acreditar no Senhor Jesus Cristo. Mas se você não acredita em Cristo, pode até dizer que crê em Deus, mas verdadeiramente não crê de forma alguma. A você não é dita essa palavra: “Não se turbe”. Só existe uma maneira de nosso coração estar em paz, só existe uma maneira de nosso coração estar acalentado, isto é, se tivermos confiança no Senhor Jesus Cristo. Se não tivermos tal confiança não existe nada disso. Toda a paz será falsa, toda a tranquilidade será falsa se não confiarmos em Cristo.
O Senhor Jesus havia dito algumas coisas muito difíceis neste seu discurso, e ainda haveria de falar de outras situações muito difíceis também. Ele havia dito que Pedro iria negá-lO. Havia dito que um deles iria traí-lO. Havia dito, conforme outros Evangelhos, que todos eles iriam abandoná-lO. Aqueles homens haviam convivido com o Senhor Jesus Cristo. Eles amavam a Cristo. Imagine você o que era conviver com Cristo. E agora o Senhor diz estas coisas claramente: “Vocês vão me abandonar, um de vocês vai me trair, e outro vai me negar e mais… eu vou morrer. Daqui a pouco vocês não me varão mais. E mais… Vocês se quiserem me servir terão que dar a própria vida por isso. Vão perseguir vocês, vão matar vocês… vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus (João 16:2). Haverá momentos em que aqueles que matarem vocês acreditarão que prestam um culto a Deus”. Jesus deu todas estas notícias para eles para que não se surpreendessem quando acontecessem.
Eles sabiam que servir Jesus Cristo não era questão de não ter problemas nesta vida. Não era questão de você não passar dificuldades nesta vida, mas muito pelo contrário, servir a Jesus Cristo significa ter uma porção de dificuldades nesta vida. Significa que você será tido por inimigo por muita gente. Muitas pessoas irão aborrecê-lo, serão seus inimigos. Muita gente vai odiá-lo, vai desejar sua morte. Servir a Cristo não é uma porta aberta para facilidades, ou para a prosperidade, ou para alguma situação como se Cristo te dissesse: “Pare de sofrer”. Nada disso! Mas, servir a Cristo é ingressar no grupo dos perseguidos, de pessoas que sofrem neste mundo, de pessoas que não são compreendidas pelo mundo. Porém de forma surpreendente Jesus diz a estes e apenas a estes, não diz a outros, mas a estes: “Não se turbe o vosso coração”. Não são aqueles que não sofrem por Cristo, que não amam a Cristo que ouvem estas palavras. Não são aqueles que abandonam a Cristo por causa das perseguições, que não servem a Cristo devido as dificuldades inerentes a este serviço a quem Ele diz isso. Mas Ele diz isso exatamente àquelas pessoas que terão que enfrentar falsos irmãos como Judas, que terão a sua própria natureza lutando contra eles, como Pedro, que enfrentarão muitos inimigos que desejarão matá-los. A esses Ele diz: “Não se turbe o vosso coração”. Somente estes ouvem estas palavras. Por quê? Porque Jesus Cristo olha para a eternidade. Ele está como que dizendo: “Vocês vão sofrer, vocês vão passar por dificuldades, mas isso é muito rápido em comparação com a eternidade. Vocês vão sofrer, daqui a pouco Eu vou morrer, mas saibam que quando estiver morrendo estarei preparando lugar para vocês na casa de meu Pai. Vocês vão sofrer, mas saibam que Eu estarei garantindo a vocês uma morada eterna na presença de Deus, quando Eu estiver morrendo por vocês naquela cruz. Vocês sofrerão, mas em breve Eu voltarei e então estarão para sempre coMigo sem nenhuma tristeza ou dor. Vocês sofrerão, mas a vocês Eu posso dizer que não se preocupem, não se turbem, não fiquem preocupados porque na Casa de Meu Pai há muitas moradas e Eu vou prepara lugar para vocês, para vocês que creem em Mim”.
Cristo apresenta toda a situação dentro de uma ampla realidade não somente desta vida, mas olhando para a eternidade. Não olha somente para este momento da vida, mas para a eternidade. Esta é a esperança verdadeira. Se você confia no seu dinheiro, no seu poder, se confia apenas em coisas desta vida, então você é o mais infeliz de todos os homens. Como diz o Apóstolo Paulo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Coríntios 15:19). Paulo estava dizendo que se Cristo não ressuscitou nada tem sentido, pois significará que tudo o que temos é esta vida. E se este é o caso, a vida é totalmente sem esperança. Mas se Cristo ressuscitou, mas se Ele morreu pelos pecados de Seu povo e ressuscitou, existe esperança verdadeira. Jesus então diz a todos os crentes: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11:25). Prezado amigo, onde está sua esperança? Qual sua situação hoje? Em que você confia? O Senhor Jesus Cristo é Aquele que você deve conhecer, deve saber quem é, porque Ele é a única esperança para você. Por isso você deve confiar apenas nEle. Ele será a tua segurança absoluta quando chegar aquele momento de partir deste mundo. Ele é a única esperança para a eternidade. Se você não confia nEle, ou se disser que confia nEle e noutro ao mesmo tempo, ou não confia nEle mas em outro, em qualquer destes casos não haverá esperança. Você precisa confiar somente em Cristo, pois você precisa de Cristo diante do fato de Ele ser o único, absolutamente o Único Redentor. O Senhor diz no verso 6 de João 14: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Ele é a única forma de chegarmos ao Pai. Por isso este assunto é tão importante. Se você tomar este assunto como nada, estará lutando contra si próprio, estará destruindo-se. Este é o assunto que você deve procurar conhecer profundamente. Disso depende sua alma. Cristo é sua única esperança.
II. O Solus Christus EM RELAÇÃO AOS DEMAIS LEMAS DA REFORMA.
Solus Christus é um dos lemas da Reforma Protestante. Na verdade, existem cinco lemas: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo Gloria.
Assim temos:
1 – Sola Scriptura – Somente a Escritura.
2 – Sola Fide – Somente a Fé.
3 – Sola Gratia – Somente a Graça.
4 – Solus Christus – Somente Cristo.
5 – Soli Deo Gloria – Somente a Deus toda a glória.
Os Reformadores quando usavam estes lemas estavam combatendo uma distorção que havia na Igreja da sua época, especialmente na Igreja Romana. Bem, a Igreja Romana dizia que acreditava na Bíblia Sagrada, e falava sim do valor da fé, do valor da graça, de Cristo, e do valor de dar a Deus a glória. Mas em sua doutrina e na sua prática os romanos acabavam por negar isso devido aos seus acréscimos. Irmãos, existe um perigo muito grande na religião humana. Tenho mencionado na minha Congregação que basicamente o pecado se manifesta em engano e de duas formas. Ou ele nos engana pelo secularismo fazendo com que a pessoa viva sem pensar nas realidades espirituais, como se Deus não existisse, ou, se a pessoa de alguma forma começa a meditar nas questões religiosas, o pecado cria uma religião para ela. O pecado tem muitos meios de criar esta religião. O pecado é um poder de engano do próprio coração do homem. Quando se pensa que está servindo a Deus pode ser que ali, na verdade, seja o pecado se manifestando na falsa religião, em coisas tais como a justiça própria e o cerimonialismo. Isso ocorreu na religião da Igreja Romana. Neste caso se manifestava em acréscimos e nisso estava o perigo do engano do pecado, pois parecia Cristianismo. Todavia, os acréscimos distorciam a mensagem Cristã, desfiguravam o Evangelho, afastavam as pessoas da Verdade.
Tudo começava com a questão da Escritura Sagrada. Os Romanos diziam: “Sim, a Bíblia é a Escritura Sagrada”. Mas eles vinham com algo mais. Eles diziam: “A Escritura Sagrada mais a Tradição”. Os Romanistas diziam: “Sim, a Fé, mas Fé e as obras”. Eles diziam: “Sim, a graça, mas a graça e os méritos, alguma coisa que o homem tenha em si mesmo”. Eles diziam: “Sim, Cristo, mas também nós precisamos da intercessão de Maria e dos santos”. Eles diziam: “Sim, a Deus a glória, mas também há a glória da hierarquia da Igreja”. Estes acréscimos, meus irmãos, os Reformadores observaram que distorciam o Evangelho, que afastavam as pessoas da realidade do Evangelho de Cristo. Mas na verdade nisto estava essa religião humana que o tempo todo busca a autonomia. Desde que Adão pecou, entrou um poder de autonomia muito forte na humanidade. Os homens quiseram ser o próprio Deus e controlar suas vidas. Autonomia humana, controle, a minha vontade é que tem que prevalecer. A tentação do maligno foi: “Sereis como Deus” (Gênesis 3:5). Satanás disse: “Deus disse isto, disse para não comerem do fruto? Mas olhem”, disse o Diabo, “Deus não está querendo fazer o bem para vocês. Vocês precisam se libertar de Deus, desta prisão. Vocês precisam se manifestar. Precisam colocar para fora sua vontade. Vocês precisam de liberdade de Deus”. No Salmo 2 está escrito que os homens lutam contra Deus e contra o Seu Ungido, que eles querem se libertar das amarras, das cadeias. Dizem: “Vamos lutar contra Deus”. Assim é que o poder do pecado leva a esta busca de autonomia por parte dos homens. O homem quer se manifestar. O homem quer ser o centro de todas as coisas. Quer que tudo o sirva.
Assim, desde que entrou o pecado, também entrou em cena a autonomia humana e esta autonomia está na religião falsa. Quando a Igreja daquela época dizia: “Escritura mais a Tradição” eram os homens querendo impor a sua Tradição. Queriam impor as decisões dos papas, dos concílios, dos teólogos, enfim, estavam impondo decisões doutrinárias dos homens em pé de igualdade com a Revelação de Deus na Bíblia. Aqui estava a autonomia pecaminosa dos homens. Quando eles apregoavam a fé mais as obras, também estavam impondo a força humana, a capacidade humana de adquirir algo diante de Deus. Quando acrescentavam à graça de Deus os méritos humanos, estavam fazendo a mesma coisa. Quando não confiavam apenas no Senhor Jesus Cristo, mas também em Maria e nos santos, também estavam confiando no poder dos homens, nos méritos humanos. Quando não davam a glória apenas a Deus, mas também à Igreja e à hierarquia, por traz disso também estava esta vanglória e autonomia humana do pecado.
No texto que lemos, no verso treze, o Senhor resume tudo o que a Bíblia vai dizer como o propósito último de Deus, o propósito principal de toda a Sua obra: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (João 14:13). A Bíblia sempre terá esta mensagem. Tudo o que Deus faz, tudo o que Ele realiza não é primordialmente para o bem do homem. Nós vivemos em um tempo muito difícil. É um tempo antropocêntrico, onde em tudo o homem é posto sempre no centro. Mas a Bíblia não vai dizer isso. Ela vai afirmar que Deus é o centro, que toda a honra e toda a glória sejam dadas ao Senhor. Assim, quando Ele salva, ama aquele a quem salva e o redime em Cristo, mas faz isso acima de tudo para que Ele mesmo seja glorificado. E quando Ele não salva alguém, mas o entrega à condenação, também faz isso para que seja glorificado, de forma que na salvação manifesta-se a Sua graça e na condenação a Sua justiça, e tudo isso O glorifica.
Você pode ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse e será esta verdade que encontrará sempre: Tudo é para a glória de Deus. Os Reformadores compreenderam isso. Eles compreenderam que tudo tinha que ser para a glória de Deus. Por isso que ensinavam: Soli Deo Gloria — Somente a Deus toda a glória. Dessa forma foi entendido que quando a Escritura é tida como única fonte verdadeira e suficiente de Revelação de Deus, o Senhor estava sendo glorificado, pois Deus se revelava nas Escrituras, as Escrituras são a Palavra de Deus. Compreenderam que quando dizemos somente a fé, estamos confiando apenas na obra de Cristo e Deus é honrado. Compreenderam que somos salvos somente pela graça, que não há nada em nós que possa nos salvar, que não podemos nem mesmo crer e nos arrepender, tudo é obra da graça de Deus, e assim a glória é apenas para Deus. Deus é glorificado na obra da salvação. Quando diziam: “Somente Cristo”, quando diziam que não há salvação em Maria, apesar de ter sido uma piedosa mulher, uma serva de Deus, porém não pode salvar, mas apenas Cristo, estavam também dizendo: “Deus é glorificado em Cristo”. E finalmente eles diziam: Soli Deo Gloria — Somente a Deus toda a glória. Assim, enquanto que a Religião Romana exaltava o homem, dava glória ao homem; a Religião Reformada, a Fé Reformada — que nada mais é que a volta à Escritura, a volta ao Evangelho Bíblico — dava toda a glória a Deus.
III. O Solus Christus E A SITUAÇÃO ATUAL.
Aqui fica uma questão para você: Você é um Cristão genuíno ou falso? Seu cristianismo glorifica a quem? Seu cristianismo é humanista? É antropocêntrico? Seu cristianismo glorifica ao homem? Se sim, então ele é falso. É mais uma vez a Religião Romana se manifestando, só que em outras formas. Porém é a mesma autonomia humana, a religião humana. Mas quando somos Cristãos verdadeiros nosso Cristianismo glorificará a Deus. Repito: Vivemos tempos muito difíceis. São tempos difíceis porque mais uma vez de forma extensa, declarada, sem nenhuma vergonha, o “cristianismo” está centralizado nos homens. Para que coloquemos o assunto dentro de nosso contexto, pois vivemos noutro momento da história, e não no período dos Reformadores, contudo hoje a falsa religião se manifesta em outras formas, devo dizer que existem forças na sociedade, existem movimentos, pensamentos, ideias que operam isso. Eu gostaria de sugerir três movimentos. Bem, são apenas sugestões. Poderíamos pensar noutras coisas, mas creio que o que falarei sem dúvida tem influenciado a sociedade e igrejas em direção à autonomia pecaminosa dos homens na sociedade e religião. Estas coisas têm influenciado o chamado evangelicalismo moderno. Hoje ser evangélico é algo bem indefinido devido à influência destes pensamentos. Quero lhes falar um pouco sobre o Arminianismo, o Movimento Carismático e o Relativismo.
O Arminianismo
O Arminianismo, como muitos já sabem, é no que a maioria das igrejas acredita hoje. Acreditam que o homem escolhe a Deus. Creem no poder do “livre-arbítrio”. Assim: “Eu escolho a Deus. Eu escolho a Cristo”. E não somente dizem que o homem escolhe a Deus, escolhe a Cristo, mas também acreditam que a qualquer momento o homem pode, digamos assim, “desescolher”. Ele pode dizer: “Eu não quero mais a Cristo”. Acreditam que o poder final de decisão não está em Deus, que Deus criou apenas uma espécie de mecanismo, de máquina redentora em que cada um pode apertar o botão se quiser ou não, e que também se pode desligar o botão. Seria como um ventilador. Eu posso ligar o ventilador e ele logo começa a funcionar enviando-me seu vento. Mas se não quiser mais, se estiver com frio, eu também posso desligá-lo. Não é como o vento natural que não está no meu controle. Mas aquele vento, gerado pela máquina, está no meu controle. Eu posso ligar e desligar. Enfim, os Arminianos creem que não é Deus quem elege, não é Deus quem escolhe, mas sim o homem. E quando a Bíblia fala em eleição? O Arminiano responde: “Aquilo é apenas uma antevisão de Deus. Deus apenas viu antecipadamente quem creria nEle e então escolheu quem, na verdade, O escolheria”. No final das contas a “eleição Arminiana” tem apenas o nome de eleição, pois para eles Deus não escolhe nada, mas é o homem quem escolhe. É a autonomia humana.
O Movimento Carismático
O Movimento Carismático invadiu as Igrejas. É a crença em dons atuais, a saber, a crença de que Deus fala hoje por profetas da mesma forma que falava nos tempos apostólicos. É a crença de que hoje Deus fala pela Bíblia, mas fala também por seus “profetas”. Trata-se de outra manifestação da autonomia humana. Por quê? Porque também neste caso é a vontade humana impondo-se em termos de que as suas opiniões, as suas palavras, vem também de Deus. Isso abriu uma porta tão grande para todo o tipo de liberdade, de possibilidade para os homens incluírem na fé Cristã todo o tipo de coisa, que hoje, por exemplo, está cheio de apóstolos modernos. Existem apóstolos para todo o lado. E quando dizemos que não existem mais apóstolos as pessoas nos dizem: “Como não existem mais apóstolos hoje? Eu sou da igreja de um apóstolo”. Existe um afastamento tão grande da verdade bíblica que as pessoas não compreendem que os verdadeiros apóstolos são aqueles que viram ao Senhor. Eles são o fundamento e Cristo é a Pedra Principal (Efésios 2:20). Este movimento foi com o tempo desfigurando o Evangelho ao ponto de hoje as pessoas entenderem que Deus é o seu empregado, que Deus é seu servo, que “Deus tem obrigação de me abençoar”, que Cristo Jesus é um servo meu, que cura minhas enfermidades e me prospera, e que tem que fazer isso quando eu ponho a minha confiança nEle. Neste caso Jesus Cristo não é mais visto como o Cristo Salvador do pecado, mas um salvador de minhas necessidades, e como Aquele que tem que satisfazer as minhas vontades. Por exemplo, se eu quero um carro, uma casa bonita, uma mansão, uma grande empresa, Jesus tem que me dar. A coisa foi desfigurando tanto, meus irmãos, que hoje vivemos num tempo em que nas Igrejas o homem é o centro, o homem tem que ser satisfeito, o homem é “Deus”. Na verdade, é um culto ao homem, onde “Jesus” é posto como alguém que fica sentadinho para apenas servir aos homens.
Relativismo
Para os relativistas não existe mais uma verdade absoluta. Cada um tem sua própria ideia, seu conceito, sua religião, sua fé. Não existe uma verdade única sobre Deus, sobre o pecado, sobre Cristo, sobre a alma, ou seja, você faz o que quer de sua vida, e pensa o que quer. Cada um se manifesta e expressa a sua vontade. É mais uma vez a autonomia humana.
Gostaria, então, de sugerir que estes movimentos penetraram na sociedade e nas igrejas produzindo uma religião falsa onde se manifesta a autonomia humana, e onde não existe mais o Sola Scriptura, o Sola Fide, o Sola Gratia, o Solus Christus, e consequentemente o Soli Deo Gloria. O “cristo” que é pregado em muitas “igrejas” não é mais o Cristo da Escritura, não é mais o Cristo da Bíblia, o Suficiente Salvador. Mas é o “cristo” dos homens, o “cristo” sem sentido, o “cristo” que está para satisfazer as nossas necessidades desta vida. Não é o Cristo que diz que você vai sofrer. Não é o Cristo que disse e diz aos Seus discípulos que eles muitas vezes terão que morrer por causa dEle. Não é o Cristo que diz que eles passarão inevitavelmente por dificuldades. Mas é o “cristo” que diz: “Pare de sofrer”. É o “cristo” que tem, à semelhança da Igreja Romana, os seus santos de hoje, os seus “redentores” de hoje, os seus “apóstolos” de hoje, os seus “profetas” de hoje, os seus “homens ungidos” de hoje, que declaram coisas tais como: “Ai daquele que toca no ‘ungido do Senhor’”. É o “cristo” que precisa de muitos e muitos ajudadores e redentores como homens representantes dele na terra. É o “cristo” que diz a todos: “Sirvam a estes homens, não questionem estes homens, não os critiquem”. É o “cristo” que não aponta mais para as Escrituras (Sola Scriptura), mas que aponta para as Escrituras segundo a visão destes redentores modernos. É o “cristo” que não aponta mais para a fé somente nEle (Sola Fide), mas para fé nele e nestes redentores modernos. É o “cristo” onde não existe mais sentido para a mensagem da graça (Sola Gratia), porque afinal de contas o homem pode tudo e é o “senhor”. É o “cristo” onde Cristo não é mais o “Somente Cristo” (Solus Christus). É finalmente o “cristo” que diz: “Seja dada glória a vocês e não ao meu Pai”. É o “cristo” onde Deus não é glorificado. É o “cristo” da igreja evangélica moderna. É o “cristo” popular de nossos tempos. É o “cristo” onde não há mais a mensagem sobre o Solus Christus. É o “cristo” que levará muita gente para o inferno, para a perdição eterna. Se você confia neste “cristo” você está perdido. Este não é o Cristo das Escrituras. Este não é o Cristo das Escrituras. Este não é o Cristo da Palavra de Deus. É um falso cristo que levará muita gente para o inferno.
IV. CRISTO E AS ESCRITURAS.
Gostaria então que meditássemos um pouco sobre o Jesus Cristo da Bíblia. Observe o que o Senhor diz no versículo 6 ao 10: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?”. Com estas palavras Cristo deixa claro que você conhece a Deus quando conhece ao próprio Cristo. E Ele é o único caminho para o Pai (v. 6). É o Solus Christus. Somente Cristo. Mas aqui Ele também mostra como estas coisas acontecem, isto é, mostra-nos como você conhece a Cristo, e consequentemente, nEle conhece o Pai. Ele prossegue nos versos 10 e 11: “As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras”. Jesus nos fala aqui em palavras e obras. Ele diz que a sua Palavra é Palavra do Pai. Jesus Cristo é o Verbo de Deus, a Palavra de Deus. Mas Ele também fala em obras. Que obras são estas? São obras que somente Ele operou, meus irmãos. Por exemplo, somente Jesus Cristo ressuscitou um morto de quatro dias. Somente Jesus Cristo andou por sobre as águas. Somente Jesus Cristo alimentou multidão com um pouquinho de pão e de peixe. E quando você lê os Evangelhos você percebe que Jesus fez muitos e muitos milagres. Estes milagres registrados são extraordinários. São milagres de verdade. Não é “milagre” no sentido do que se chama de “milagre” hoje, mas são milagres de verdade, coisas realmente extraordinárias, como ressuscitar um morto de quatro dias, e diante de muitas testemunhas que podiam dizer: “Vimos isso acontecer!”. Coisas extraordinárias, diante de muitas testemunhas, inquestionáveis. Milagres de verdade. Jesus disse: “São obras do Pai”. E as palavras de Cristo, segundo Ele, são a Palavra do Pai. Em conhecê-las está o conhecimento do Pai. E os milagres foram extraordinários. As Palavras e obras revelam quem é Cristo, e em conhecendo a Cristo conhecemos o Pai.
Mas onde está Jesus? Está Jesus agora andando pelas ruas desta cidade? Não! Está Jesus pelas ruas desta cidade operando milagres como Ele fez naquela época? Não! Mas logo em seguida, no versículo 12, Ele diz: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai”. Aqui é dito que todos os que creem “em mim” farão “obras maiores”. Estes vão revelar o Pai. Pois, observe a sequência do pensamento de Cristo: Cristo revela o Pai, mas aqueles que creem em Cristo vão fazer as obras dELe, em seu Nome. Consequentemente vão revelar a quem? Resposta: Vão revelar a Cristo e consequentemente vão revelar ao Pai. Mas que obras são estas? Será que Cristo quis dizer, por exemplo, que hoje em dia nós iríamos por aí nos sepultamentos ressuscitando todos os mortos? Será que quis dizer que não precisaríamos mais trabalhar, mas que multiplicaríamos um pouco de pão e de peixe, acabando com a fome no mundo? Será que era isso que Ele estava falando? Será que Ele queria dizer que estes milagres iriam se repetir desta forma? Não meus irmãos. Na verdade, o que Cristo está falando é da função da Igreja de proclamar o que Ele fez e o que Ele revelou quando esteve neste mundo, e posteriormente aos Seus apóstolos e profetas do Novo Testamento. Ele morreu, ressuscitou, e depois veio o Espírito no Pentecostes. E o Espírito trouxe revelações aos Seus apóstolos e profetas, aqueles que depois escreveram o Novo Testamento. Eles estevam sendo guiados pelo Espírito para escreverem o que viram e a explicarem estas coisas. Você vê isso, por exemplo, num homem como Paulo, que subitamente encontrou Cristo Ressuscitado e a partir daí passou a proclamá-lO. Tudo isso era obra do Espírito Santo. Toda esta revelação de Cristo está na Escritura, e a Igreja quando proclama a Escritura está proclamando a Cristo e consequentemente ao Pai. Por isso Ele diz: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará”. Maiores em que sentido? Não no sentido de milagres maiores. Estude a História e você descobrirá que não houve milagres maiores que aqueles que Cristo operou quando esteve na terra. Os próprios movimentos de hoje que muitos enfatizam milagres, quando você pesquisa-os, logo se manifesta que nenhum de seus “milagres” são comparáveis com aqueles genuínos milagres que Cristo operou. Todavia podemos entender este texto lembrando que Jesus Cristo era um único Homem agindo na terra. Mas quando Espírito Santo foi derramado, a Igreja se tornou Igreja internacional e se espalhou por todas as partes. Essas são as obras maiores. Cristo disse: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). A pregação nada mais é que a proclamação da mensagem das Escrituras, e consequentemente é fazer Cristo conhecido. É o Cristo das Escrituras. É a mensagem apostólica. Cristo é conhecido na medida em que a Escritura é conhecida, proclamada com fidelidade. É na medida que nós entendemos o “Sola Scriptura” que chegamos a compreender o “Solus Christus”. À medida que nos afastamos da Escritura, nos afastamos também de Cristo. À medida que nos aproximamos das Escrituras, que Deus nos dá graça, que os ministros do Evangelho não vêm ao púlpito para anunciar as suas próprias ideias e pensamentos, mas tão somente a mensagem da Escritura, então nestas circunstancias, Cristo está sendo conhecido. E à medida que o povo, como os de Beréia (Atos 17:11), examina a Escritura ao ouvir pregador fiel, então Cristo está sendo conhecido. À medida que tudo isso está acontecendo, Deus está sendo glorificado, toda a religião humana, toda a autonomia humana, toda essa coisa suja que é a religião humana, conforme o Romanismo da época dos Reformadores e do falso cristianismo e evangelicalismo de nosso tempo, tudo isso é então desmascarado e Deus é honrado. Isso é Reforma. A Reforma é o quê? Resposta: É voltar às Escrituras, voltar à Palavra, voltar a Cristo, e dar toda a glória a Deus. A Reforma é uma transformação que começa com a obra da graça no coração. Não é simplesmente alguma coisa de nível meramente intelectual, apenas um conceito que você aprende. Não! É a graça que faz voltar à Bíblia e a Deus em Cristo.
V. O PROBLEMA DO HOMEM E O ÚNICO SALVADOR – SOLUS CHRISTUS.
Quero dizer a você bem claramente: Só Jesus Cristo pode lhe salvar. Quero dizer a você que seu problema não é a sua doença. Seu problema não é a sua necessidade material. Seu problema não são as dificuldades que você enfrenta nesta vida. O seu problema é que você é um pecador. O seu problema é que você vive num Universo como um rebelado contra o Criador deste Universo. O Seu problema é que o Deus deste Universo não é como você. Você é pecador. Você ama o pecado. Você ama a iniquidade. Mas o Deus que criou este Universo, que criou você e que lhe mantém, é “Santo, santo, santo… toda a terra está cheia da sua glória” (Isaías 6:3). O seu problema é que um Dia este Deus vai chamá-lo para a prestação de contas. O seu problema é que em você não há absolutamente nada que possa ser apresentado diante dEle em forma de justiça ou mérito, mas apenas imundície, podridão, “trapo da imundícia” (Isaías 64:6). O seu problema é que você não pode fazer nada para se salvar. O seu problema é que você está completamente perdido em si mesmo, é que se confiar em si estará perdido, porque em você não existe nada que agrade a Deus. O seu problema é que toda a sua religião é religião que vem de um coração imundo. O seu problema é que se seu cristianismo não é bíblico, não é o cristianismo que vem de Deus, mas de seu próprio coração. Então, Deus olha e diz: “MALDITO!”. O seu problema é que toda a sua religião, todo o seu ritualismo, todas as suas “boas obras”, e toda a sua “justiça”, diante de Deus não possuem valor algum. Tudo isso diante dEle fede e é imundo porque vem de um coração mau. Seu problema é que um Dia você estará diante deste Deus que é Todo Santidade, Todo Pureza, Todo Justiça, e você é todo pecado.
O seu problema é que o pecado não está apenas em suas mãos e obras, mas está na sua mente, em seus desejos, em seu coração, está no que você é. O seu problema é que você odeia a Deus. Deus é Santo e você odeia a santidade. Você quer ver Deus morto, por mais que diga que O sirva, por mais que diga que é religioso, por mais que diga que serve a Ele. Se você não for objeto da obra de Deus, da graça de Deus, você odeia a Deus. O seu problema é que se você morrer hoje neste estado estará merecidamente no Inferno. O seu problema é que você não merece nada, nem mesmo que Deus olhe para você planejando alguma forma de lhe salvar. O seu problema é que se Deus quiser te mandar para o Inferno não estará fazendo nada de injusto. O seu problema é que você não merece nada dEle. Mas louvado seja Deus que Jesus Cristo disse: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). O “Solus Christus” está aqui. Somente Jesus Cristo pode resolver o seu problema. Você pergunta: Por que, pastor? Porque Ele é o Deus-Homem. Porque Ele é o Cordeiro Deus que tira todo o pecado (João 1:29).
Este é o Santo Jesus prometido desde o início quando homem pecou, quando o homem caiu diante de Deus. Ó amados, Deus estava com Adão. Ele tinha comunhão com Deus. Mas Deus disse: “Não peque”, “Não coma do fruto proibido, pois morrerás” (Gênesis 2:16-17). Mas o homem foi e pecou. Então Deus perguntou: “Onde estás Adão?” (Gênesis 3:9). Ó meu amigo, isso é para você. Você vive sem Deus. Você vive rebelado. Você vive como Adão. Você se esconde de Deus. Mas quando Deus pergunta: “Onde estás”, ali Ele estava Se revelando como Deus cheio de graça. Aí vem Gênesis 3:15. Agora Deus fala com a serpente. Por traz da serpente está quem? Resposta: Satanás. Deus diz a ele: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Genesis 3:15). Cristo está aqui. Cristo está em Gênesis 3:15. Virá um homem descendente da mulher. Virá Aquele que irá desfazer esta amizade medonha, terrível. Que terrível é isso, que miséria o fato de que existe uma raça vendida a Satanás, amiga de Satanás, indo para o Inferno junto com Satanás. Mas, o Senhor diz: “Eu porei inimizade”, e somente Ele poderia fazer isso. Ninguém mais poderia desfazer esta amizade terrível. Esta é a amizade com o Diabo, amizade com o pecado. Esta é a situação do homem caído. O homem ama isso. Jesus disse: “Vocês são filhos do Diabo, vocês amam a mentiram, e porque eu falo a verdade vocês não querem saber do que digo, mas se alguém vier falar uma mentira vocês o ouvirão” (João 8:37-47). Assim é o homem natural, isto é, escravo do Diabo, amante da mentira. Mas o Senhor diz: “Libertarei um povo, porei inimizade”. E por todo o Antigo Testamento Deus vai anunciando este descendente. Anunciando nos personagens destacados. Anunciando nos tipos. Anunciando no Culto e nas cerimônias muito elaboradas e muito complexas do Antigo Testamento. Anunciando nos sacrifícios. Anunciando e anunciando, e cada vez mais mostrando a todos do Antigo Testamento, e dizendo a todos: “Vocês querem ser salvos? Então creiam no Descendente, porque Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Ele é o Cabeça de uma Nova Raça (Efésios1:22; Romanos 5:12-21; 1 Coríntios15:45-49). Em Adão temos morte, perdição, Inferno, alienação, ira e juízo de Deus, pecado, destruição, morte eterna.
Mas o Senhor disse: “Trarei um homem a esta terra”. Este homem nasceu. Mas não era apenas homem, mas Deus-homem. Esta Santíssima Pessoa, duas naturezas, a saber, uma natureza Divina e uma natureza humana. Nasceu de uma virgem por obra e graça do Espírito Santo. Nasceu puro, santíssimo, sem a contaminação do pecado. Nada havia nEle que pudesse demostrar algo pecaminoso. Como, por exemplo, disse um amigo meu: “Nunca, quando pequenino, Ele deu um tapinha no rosto da sua mãe em rebeldia”. Amigos, nunca Ele revelou alguma maldade. Nunca Ele olhou com alguma malícia. Nunca Ele disse uma palavra para o mal. Mas Ele viveu uma vida completamente santa, de obediência perfeita. Foi o único homem que assim viveu na Terra, em toda a História da humanidade. Ele andou em perfeita obediência à Lei de Deus. Ele fez o que Adão não fez. Adão pecou e se rebelou, mas Ele disse: “Eu só faço o que vejo o meu Pai fazer. Eu só falo as Palavras do meu Pai. Quem me vê, vê o Pai” (João 5:19; 14:9-10).
Ele pôde perguntar aos Seus inimigos se alguma acusação eles poderiam fazer contra Sua pessoa (João 8:46). Ele nunca pecou e assim tinha que ser. Por quê? Porque Ele é o Cabeça de uma raça redimida, o representante dessa raça redimida. Assim, Paulo dirá que Ele morreu uma morte maldita, uma morte de Cruz (Gálatas 3:13). Por quê? Ora, qual o salário do pecado, meus irmãos? Resposta: A morte (Romanos 5:23). Assim Ele morreu pelos pecados do Seu povo. Ele estava dizendo: “Venha sobre Mim os pecados daqueles que vim salvar. Caia sobre Mim toda a ira e maldição por estes pecados” (Gálatas 3:13; Isaías 53:4-5; 2 Coríntios 5:21). Então toda aquela carga terrível e pesadíssima caiu sobre Ele. A justiça foi feita. Ele pagou o preço da redenção de Seu povo. Ele disse: “Está consumado” (João 19:30). Então Ele morreu, mas ao terceiro dia ressuscitou (Lucas 24:46; 1 Coríntios 15:4). No Dia do Senhor. Que maravilha! Domingo, o Dia do Senhor. Estamos aqui neste dia. Estamos aqui para fazer o quê, meus irmãos? Ora, celebrar a Obra de Cristo. E hoje no aniversário desta tão amada Igreja Batista do Marco estamos aqui para dizer: Solus Christus – Somente Cristo.
Eu olho para você e afirmo: Só Jesus Cristo pode lhe salvar. No que depender de você não há esperança, pecador. Mas Cristo salva pecadores. Oh, como chegarei a Deus sem Cristo? Como chegarei Àquele que disse: O lugar em que pisas é santo (Êxodo 3:5)? Como chegarei Àquele que quando Se revelou a Israel tremeu o monte e o povo se assombrou (Êxodo 19:16-25; 20:18-21)? Como me achegarei Àquele que é Santo, Santo, Santo (Isaías 6)? Como chegarei a Ele, por meus méritos? Como chegarei a Ele, pelos méritos dos santos ou de Maria? Por mais santos que tenham sido, como os méritos deles poderão me sustentar diante do Santíssimo Deus? Como chegarei a Ele, pelos méritos dos “apóstolos” modernos? Como chegarei a Ele, pelos líderes falsos desta terra? Como chegarei a Ele, em comunhão com os falsos profetas deste mundo? Não, não, mil vezes não! Solus Christus! Solus Christus! Solus Christus! Somente Cristo! Somente Cristo! Somente Cristo! Porque somente Cristo morreu na Cruz para pagar o preço pelos pecados de Seu povo, e de forma absoluta e cabal. Não sobrou mais nada para pagar pela Redenção do povo de Deus. Mas lembre-se: SOLA FIDE – Somente a Fé. Assim, creia. Creia! Creia! Creia somente em Cristo! A mensagem de chamado do Evangelho é: “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1:15). Anunciei a você hoje qual o seu problema e qual o Único Redentor. Nunca mais você poderá dizer que jamais ouviu isso. Seu problema é a ira de Deus contra você pelo seu pecado, mas Cristo é o Redentor único. Ó pecador, olhe para Cristo com fé apenas nEle. Desista de toda a sua justiça e olhe para Cristo como único Redentor, Salvador. Olhando para Ele, crendo nEle, você é justificado e estará em paz com Deus (Romanos 5:1). E se assim for, isso significará que a graça atuou em sua vida, que Ele lhe deu o novo nascimento, que você pertence a Deus em Cristo Jesus.
Mas agora digo aos meus irmãos amados. Cristo é nossa Rocha. Qual o conselho a você que já é um crente, que já é um Cristão? Bem, esforce-se, esmere-se em conhecer mais e mais a Cristo. Olhe o que Cristo diz a você no verso 11: “Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amais, guardai os meus mandamentos” (João 14:11-15). Que Cristo apareça em nós. Que Cristo seja glorificado em nossas vidas. Que Cristo Se revele mais e mais em nossas vidas, e à medida que Cristo Se revelar mais e mais em nossas vidas, o Pai é glorificado. Mas apesar de isso ser uma gloriosa verdade, esta graça vai ainda mais longe. Significa que devo conhecer mais e mais a Cristo, e nisso conhecer mais e mais a Deus. E isso acontece por meio das Escrituras, pois a Bíblia é a Palavra de Cristo. Portanto, leia a sua Bíblia e clame a Deus, pois Jesus diz: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (João 14:13). O que Ele está falando aqui? Ora, muito mais que pedir por necessidades desta vida, o texto com certeza se refere a pedir mais de Cristo. Assim, peça mais de Cristo, peça mais revelação de Cristo, peça mais iluminação do Espírito sobre Cristo nas Escrituras. Lembre-se que Jesus Cristo diz também: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mateus 7:7).
Ó Cristão, vá a Deus e diga: “Deus eu quero mais e mais e mais de Cristo”. Você passará a eternidade inteira e não conhecerá tudo de Cristo. Mas prossiga em conhecê-lO já agora. Leia a sua Bíblia com esse desejo, com esse clamor. Não venha prioritariamente a Deus para pedir coisas, mas para conhecê-lO pelas Escrituras. Faça o mesmo ao ouvir a pregação, e ore pelo pastor Paulo (Pastor da Igreja Batista do Marco), ore pelos pregadores, ore pelos pastores da Igreja, ore pelos irmãos, ore pelo ministro da Palavra. Peça: “Ó Deus, dá-lhe a Tua graça. Senhor abre a Tua Palavra para ele. Senhor revela-lhe Cristo, para que quando ele proclamar a verdade da Tua Palavra seja Cristo anunciado. Que então eu conheça mais de Cristo, os pecadores sejam trazidos a Ele. Ó Deus, que tudo fora de Cristo seja descartado. Que todos os acréscimos humanos, da religião humana, que todos os intercessores falsos, que todos os mediadores falsos, sejam desmascarados, e resplandeça a glória de Deus em Cristo e novamente a Igreja proclame: Solus Christus! Solus Christus! Solus Christus! Somente Cristo! Somente Cristo! Somente Cristo! Que a Igreja diga: Ó pecadores, venham para Cristo e vocês serão salvos (João 20:31), Ó Deus, que a Reforma venha. Venha novamente o Sola Scriptura, o Sola Fide, o Sola Gratia, o Solus Christus e Soli Deo Gloria”. Ó irmãos que Deus seja o centro de nosso culto, porque aqui nós estamos não para satisfazer os seus desejos, mas para a glória de Deus, para que Ele seja honrado em Cristo. Que assim seja na Igreja Batista do Marco, mais e mais e mais. Digo que estou muito feliz pelo que vejo acontecer nesta Igreja. Que o Senhor lhes fortaleça. Que isto prossiga para a glória de Deus em Cristo. Amém!
Vamos orar, meus irmãos:
Senhor, por Tua graça abençoe nosso viver. Só o Senhor pode nos preservar do erro. Só o Senhor pode nos libertar de nossos enganos, de nosso pecado. Ó Senhor faz isso na vida destas pessoas. Derrama Tua graça, liberta os corações do mal. Que haja arrependimento e fé. Traga todos para Cristo. Não deixe que nenhum deles se desvie para falsos redentores. Senhor abençoa Teu povo. Que Te busquem mais e mais. Que conheçam mais a Ti em Cristo e vivam para Tua glória. Manifesta Tua glória. Derrama Tua graça, derrama Teu Espírito. Que haja uma Reforma verdadeira que é a volta a Escritura, que é a volta a pregação bíblica, a volta ao culto teocêntrico, para Tua glória. Senhor opera de uma tal maneira que possamos dizer com Isaías: O que há de ser de mim (Isaías 6:5). Que possamos refletir a obra da graça apenas. Possamos ter a Tua revelação como Santo, Santo, Santo (Isaías 6:3). Que possamos ser quebrantados. Que possamos ser humilhados e cheios da Tua graça. Que possamos ser mandados de volta, Senhor, para proclamar apenas o Evangelho, apenas o Solus Christus para glória do Senhor. Faz isso especialmente em Tua amada Igreja do Marco. Bendito seja o Senhor pelo o que está fazendo aqui. Faça mais para a glória do Teu Nome. Bendito seja Deus, bendito seja Teu Nome, honrado seja Deus em Cristo Jesus. Amém e amém!