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Uma Exposição de John Gill de 2 Coríntios 12:9

“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” (2 Coríntios 12:9)

 

E disse-me… Ou pelo que os Judeus chamam קול בת, “Bath Kol”, uma voz do Céu, uma voz articulada audível; ou por alguma revelação extraordinária do Espírito de Deus; ou por uma impressão Divina sobre sua mente; pelo que ele foi assegurado do que se segue,

A minha graça te basta; o Senhor sempre ouve e responde ao Seu povo, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, embora nem sempre na forma e maneira que eles desejam; mas ainda de tal forma que seja mais para a Sua glória e bem deles. O apóstolo não teve seu pedido concedido, a saber, que Satanás se apartasse imediatamente dele, ele somente teve a garantia de uma suficiência da graça para apoiá-lo no âmbito do exercício, enquanto ele tiver que durar. Aqui parece haver uma alusão à palavra שדי, “Shaddai”, uma denominação de Deus (Gênesis 17:1), e significa, “que é suficiente”, porque Deus é todossuficiente, e este é um nome que pertence ao Messias. O anjo que Deus prometeu aos israelitas, que andaria diante deles no deserto (Êxodo 23:23, os judeus dizem é “Metatron” (que é uma corruptela da palavra “Mediador”), cujo nome é como o nome do seu mestre. “Metatron” por gematria é “Shaddai, que é suficiente”: no entanto, certo é que a graça de Cristo é suficiente por si só para todo o Seu povo, para todos os fins salvíficos, em todos os seus momentos de necessidade. É suficiente por si só, não para excluir a graça do Pai ou o Espírito; mas em oposição e distinção a qualquer outra coisa, que pode ser com ou sem razão chamada de graça. O que os homens geralmente chamam de graça comum ou suficiente, o que, dizem eles, é dado a todos os homens, é uma mera quimera; nenhuma graça é suficiente, senão a que é eficaz, e esta é apenas a graça de Cristo. A luz da natureza é insuficiente para qualquer finalidade salvífica; o Evangelho, que é chamado de graça, e é o meio de graça, não é suficiente por si só para a salvação, sem que a graça poderosa e eficaz de Cristo vá junto dele; e por isso são dons, quer ordinários ou extraordinários. Nada menos do que a graça de Cristo é a graça suficiente; e isso é suficiente para todos os eleitos de Deus, judeus e gentios, santos do Antigo e Novo Testamentos, a família nos Céus e na terra, o povo de Deus que já foi chamado e os que estão sendo chamados, e para o pior e mais vil dos pecadores; e é suficiente para todos os fins salvíficos, para a aceitação de suas pessoas diante de Deus, para a sua justificação à Sua vista, o seu perdão e purificação, para a sua regeneração e santificação, para o suprimento de todas as suas necessidades, e sua perseverança em graça até a glória. E é suficiente em todos os seus momentos de precisão, em tempos de aflição física, de perseguição violenta, abandono na alma, de tentações de Satanás e na hora da morte, e no dia do julgamento. A razão dada para apoiar esta resposta, e para fortalecer a fé do apóstolo nEle, é,

o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza; por “poder”, o poder de Cristo se entende, não a sua força como o poderoso Deus, mas aquela força comunicativa que Ele tem, e está nEle como Mediador, e pelo que os santos olham para Ele, e recebem dEle. Esse “se aperfeiçoa na” sua “fraqueza”; não que a sua fraqueza adicione perfeição à Sua força, a Sua força é perfeita em si mesma, para não dizer nada sobre a contradição que tal sentido carrega em si; mas o significado é que o poder de Cristo é demonstrado, é ilustrado e resplandece em sua perfeição e glória, ao suprir, apoiar e fortalecer o Seu povo sob toda a fraqueza deles; e se eles não fossem deixados a algumas fraquezas em si mesmos, o Seu poder não seria tão evidente (veja Tiago 2:22). A resposta à súplica do apóstolo, apoiada com este motivo, foi maravilhosamente satisfatória para ele. Portanto, ele conclui,

De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas; nas deficiências que existem tanto em seu corpo ou sua alma, através das bofetadas do anjo de Satanás, e não em suas visões e revelações; ou em vez de insistir no apartar-se dele, ele está contente que as coisas estivessem assim, desde que ele tivesse uma tal promessa de uma suficiência da graça para sustentá-lo acima, por baixo e através de qualquer que fosse a vontade de Deus a respeito dele; e uma vez que a força de Cristo foi ilustrada através de sua fraqueza, de modo que Satanás não foi capaz de ter qualquer vantagem sobre ele, ele está disposto a permanecer na mesma postura e condições:

para que em mim habite o poder de Cristo, ele diz,

habite em mim, ou “tabernacule sobre mim”; ele se considerava como uma pobre, frágil, fraca criatura, e o poder de Cristo como um tabernáculo sobre ele, como o poder de Deus é representado como uma guarnição sobre o crente (1 Pedro 1:5), abrigando, preservando e protegendo-o dos insultos de Satanás, em todas as formas e maneiras (veja Isaías 4:6, onde Cristo é dito ser um tabernáculo, um lugar de refúgio e um esconderijo).