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A Mensagem de Spurgeon Sobre o Sacrifício Expiatório de Cristo, por Thomas Nettles

“Estou convicto de que difamamos a Cristo quando pensamos que estamos atraindo as pessoas por alguma outra coisa que não seja a pregação de Cristo crucificado. Sabemos que a maior concentração de pessoas em Londres foi reunida durante estes 30 anos graças a nada mais do que a pregação de Cristo crucificado. Onde está a nossa música? Onde está a nossa oratória? Onde está a arquitetura atraente, ou a beleza do ritual? ‘Um serviço nu’, eles o chamam. Sim, mas Cristo compensa todas as deficiências”.1

 

O Senhor Jesus Cristo em Sua cruz de redenção era o centro, circunferência, e somatório do ministério de pregação de Charles Haddon Spurgeon. Seus temas se repetiam contínua e incansavelmente, mas sempre com um frescor de poder e paixão que poderia impactar seus ouvintes e colocá-los na congregação da Galácia, perante os olhos de quem Cristo foi claramente retratado como crucificado. Spurgeon foi uma catarata, uma avalanche, uma inundação Mississippiana em sua ênfase implacável sobre a morte por crucificação do Senhor Jesus Cristo. A Redenção é o “coração do evangelho” e a “essência da redenção é a expiação substitutiva de Cristo”2. É tanto o coração quanto a “pedra angular do Evangelho”. Ao anunciá-la como seu tema, com algum espanto ele se perguntaria muitas vezes: “Quantas vezes vou conseguir, eu me pergunto? A doutrina de Cristo crucificado está sempre comigo”.3

 

Ironicamente, Spurgeon acreditava que essa verdade estava tão claramente delineada nas Escrituras que no início de seu ministério ele duvidava que ela jamais seria um ponto de controvérsia entre os Cristãos. “Há alguns homens que zombam da declaração e rejeitam a ideia de sacrifício”, Spurgeon reconheceu, em 1859, mas estes “nunca serão mais do que uns poucos; eles nunca poderão ser muitos”. O sistema que “nega a doutrina da expiação pelo sangue de Jesus… nunca pode ter sucesso [e] que nunca vai convencer as massas”. Ao invés de discutir com tais escarnecedores devemos destruir seus argumentos “por nossa própria determinação pessoal para pregar mais intensamente e de forma mais consistente `Jesus Cristo, e este crucificado’”.4

 

Em 1886, no entanto, Spurgeon estava preocupado com as novas interpretações e filosofias daqueles que “negam as doutrinas que professam ensinar” e disse que alguns que sabem no que eles acreditam “devem apenas colocar o pé no chão e manter a nossa posição”5. Em abril de 1887 Spurgeon, nos primeiros meses da Controvérsia Downgrade, atualizou a potência de sua linguagem: “Nossa guerra é com os homens que estão desistindo do sacrifício expiatório”6. Em outubro, Spurgeon escreveu: “Se nós acreditamos na inspiração das Escrituras, na Queda, e no grande sacrifício de Cristo pelo pecado, cabe-nos ver que não nos tornemos cúmplices com aqueles que ensinam outro evangelho”7. Em dezembro, depois que ele demitiu-se da União Batista, ele mostrou que sentiu-se obrigado a “argumentar” muito sinceramente, para “sair em protesto sério” contra aqueles que “tratam a Bíblia como resíduos de papel, e não consideram a morte de Cristo como substitutiva”.8

 

Spurgeon nada sabia de um cristianismo sem o sangue de Cristo porque a própria Sagrada Escritura estabelece a doutrina da morte de Cristo como “o âmago do Cristianismo”. Ele sustentou que “um erro neste aspecto conduziria inevitavelmente a um erro através do todo sistema de nossa crença”9. “A morte de Cristo pelos homens é a grande doutrina da igreja” e tão necessária de ser realçada continuamente que Spurgeon “não se sentiria satisfeito sem partir o pão a cada Dia do Senhor”10 e sentia que era impossível pensar ou pregar sobre isso com muita frequência.

 

Um homem nunca é responsabilizado no Céu por pregar demais a Cristo. Na terra o toque dessa única corda, monótona para alguns, estabelece ressonâncias e vibrações tão simpáticas ao povo de Deus que eles não poderiam ouvir harmonias mais surpreendentes em todas as outras doutrinas juntas. “Todas as coisas boas estão dentro do compasso da cruz”, Spurgeon diria. É na cruz que se pode começar a compreender o todo da realidade, porque, “os braços estendidos na cruz ofuscam todo o mundo do pensamento” e de fato a morte de Cristo é a “dobradiça da história do mundo”11. “O seu pé é plantado profundamente em mistérios eternos e seu topo penetra todas as nuvens, e sobe ao trono do Altíssimo”12.

 

 

A Centralidade da Redenção

 

Por uma série de razões Spurgeon insiste nesta centralidade da cruz. Na verdade, que o próprio Deus quer que isto fique sempre claro em nossas mentes é visto no estabelecimento das duas Ordenanças, sendo ambas imagens da morte de Cristo e seus efeitos.

 

Central à Escritura

 

Uma das razões para a sua centralidade é que todo o corpo da Escritura encontra a sua coerência no pressuposto da cruz. Os sermões de Spurgeon sobre o sacerdócio do Antigo Testamento, o sistema sacrificial, profecia, profetas, as leis dos reis, o Êxodo, e muitos outros temas, todos deslizam através de uma estrada majestosa e claramente iluminada até o Calvário.

 

Spurgeon (na maioria das vezes) não força a questão em tais textos, mas mostra que tem base clara para tal procedimento. A teologia bíblica, reconhecendo que tudo isso é subjugado para a glória de Deus, move-se inexoravelmente da Queda à Redenção. A Bíblia não pode ser entendida à parte de Cristo e este crucificado. Nem o ministério e a pregação de Spurgeon.

 

Quando Cristo disse: “Está consumado”, todos os “tipos, promessas e profecias foram plenamente cumpridos nEle”. De fato, “o livro inteiro, do começo ao fim, tanto a lei e os profetas, foi consumado nEle” Do Éden até Malaquias, da novilha vermelha à rola, de um ramo de hissopo ao templo de Salomão, se maiores ou menores, todos os tipos foram cumpridos nEle. Todas as profecias, todas as aparentes contradições, todos os mistérios, os ofícios de profeta, sacerdote e rei, bem como todos os libertadores de Israel, ser adorado e desprezado, reinar para sempre depois de morrer e ser sepultado, tomados em conjunto eles aparecem como hieróglifos indecifráveis ​​até alguém vir e exclamar: “A cruz de Cristo e o Filho de Deus encarnado”.13

 

Falando sobre o rasgar do véu na morte de Cristo, Spurgeon indaga: “Será que isso não significa que a morte de Cristo é a revelação e explicação de todos os segredos?”. Desvanecidos são todos os tipos e sombras da lei cerimonial. Eles foram abolidos, Spurgeon elabora, porque são “cumpridos e explicados pela morte de Cristo”.

 

Mas, mesmo para além da sua relevância essencial para a compreensão bíblica, a morte de Cristo é a “chave para toda verdadeira filosofia”. “Deus feito carne, um homem mortal – se isso não explica um mistério, não pode ser explicado”. E mais: “Se com este cordão em sua mão você não pode seguir pelo labirinto dos assuntos humanos, e conhecer o grande propósito de Deus, então você não pode segui-lo em absoluto14.

 

Central para a Plena Compreensão de Deus e do Homem

 

Outra razão para a sua centralidade é que a cruz é a exibição compendiada do caráter de Deus e da depravação do homem. A sabedoria de Deus, Seu poder, justiça, santidade, e amor, são todos mostrados mais claramente na cruz; mais claramente até do que na lei. A cruz mostra o horror moral absoluto em que a humanidade caiu. “Você não precisa falar sobre as virtudes do mundo”, Spurgeon recordaria em Londres; “Isso matou a Cristo e isso é suficiente para condená-lo”. E para fazer o ponto mais pungente, acrescenta, “Não queremos nenhuma outra prova de sua culpa; você não pode trazer evidências mais completas e esmagadoras do que esta: eles mataram o Senhor da vida e da glória”15.

 

E em outro lugar, Spurgeon aponta sua congregação para a luta de Cristo com os nossos pecados: “Vejam queridos amigos, que coisa má é o pecado, uma vez que o Crucificado sofre tão amargamente para fazer expiação por ele”. Considere também as implicações preocupantes de tratamento irreverente do homem ao Senhor: “Amados, o tratamento de nosso Senhor Jesus Cristo pelos homens é a prova mais clara da depravação total que pode, eventualmente, ser apresentada. Esses devem ser corações empedernidos, de fato, que podem rir de um Salvador morrendo, e mesmo zombar de Sua fé em Deus!”.16

 

E alguém ousa não passar sem grande melancolia e medo pelo caminho no qual os homens hoje ignoram tal maravilha tão infinita quanto a cruz. Os próprios demônios são incapazes de um pecado maior do que este: “O Deus encarnado sangra até a morte para salvar os homens, e os homens odeiam tanto a Deus que eles nem sequer se importam, enquanto Ele morre para salvá-los”. Embora Ele Se incline de Sua imponência para a aflição deles, eles se recusam a se reconciliar com o seu Criador”. “Isso é a completa depravação e rebelião desesperada”17.

 

De um modo igualmente infalível e consumado o caráter de Deus é apresentado na cruz, de tal modo que ao contemplá-lo Spurgeon diria: “Eu vi Seu pé descer tão profundo como são as nossas misérias; e que visão tive do Teu esplendor, ó Crucificado!”. A verdade, a justiça, a santidade, a sabedoria, a imutabilidade, a ira, a compaixão, o amor, e a graça, todas se fundem na cruz de Cristo sem a menor diminuição de qualquer atributo. “Aprendam, meus amigos”, Spurgeon apelou, “a olhar para Deus como sendo tão severo em Sua justiça como se não fosse amoroso, e ainda assim tão amoroso como se não fosse severo. Seu amor não diminui Sua justiça nem a justiça, no mínimo grau, conflita com Seu amor. Os dois são docemente unidos na expiação de Cristo”18.

 

Central para o Poder Evangelístico

 

Uma terceira razão para a centralidade da cruz é que por ela os pecadores são atraídos para a salvação. Certamente os pecadores são atraídos efetivamente pelo Espírito de Deus, que altera as afeições e subjuga a vontade. Mas o conteúdo desta atração é a iluminação da mente no conhecimento de Cristo e sua ação é o abraçar a Cristo livremente oferecido a nós no Evangelho. Depois de um discurso incomparável descrevendo o alcance geográfico e histórico do poder de atração de Cristo, Spurgeon disse: “o povo de Cristo será feito voluntário no dia do Seu poder; e a grande atração pela qual eles serão chamados a Ele será a Sua morte na cruz”. Em uma discussão sobre a realeza de Jesus e como ela se aplica a empreendimentos missionários ele descreveu o poder magnético da Pessoa de Cristo apresentado como um Rei no ápice de Sua humilhação. “Isso é o que toca o coração dos homens”, disse ele. “Cristo crucificado é o conquistador”.

 

Não com vestes de glória Ele subjuga o coração, mas com vestes de vergonha. Não assentado sobre o trono Ele ganha a fé e as afeições dos pecadores, mas sangrando, sofrendo e morrendo no lugar deles… E embora todos os temas que estão conectados com o Salvador devessem desempenhar o seu papel no nosso ministério, este é o tema principal. A obra expiatória de Jesus é a nossa grande arma. A cruz é o poderoso aríete para quebrar em pedaços os portões de bronze dos preconceitos humanos e as barras de ferro da obstinação. O Cristo juiz alarma, mas Cristo, o Homem de Dores, subjuga. A coroa de espinhos tem um poder real que impele a uma aliança voluntária, o cetro de cana quebranta corações melhor do que uma vara de ferro, e as vestes de zombaria inspiram mais amor do que a púrpura imperial de César. Não há nada como isso debaixo do Céu.19

 

Central Para a Doutrina

 

A cruz é central também porque é o fator coerente na Doutrina Bíblica. Argumentos abundam que fazem distinção entre a pregação para edificar os santos e a pregação estritamente evangelística. Tal divisão não pode ser feita entre as duas. Nem mesmo a espada do Espírito, que é a espada afiada de dois gumes, poderia cortar tanto. Por exemplo, o livro de Hebreus é para edificação dos crentes ou é evangelístico? E o livro de 1 João? Será que essas passagens que edificam os crentes não mostram também o caminho da salvação para os incrédulos? Não são avisos destinados ao mesmo tempo para condenar os ímpios e servir como um cânone para exame para o santo? E as passagens de conforto aos filhos de Deus, pela graça de Deus não chamam aqueles que estão espiritualmente cegos, tornando-os desejosos por tais prazeres que estão na mão direita de Deus? Alguns sermões intencionalmente são projetados para chamar o incrédulo ao arrependimento e à fé; mas se o fizerem através de uma exposição do Evangelho, os crentes, inevitavelmente, serão edificados.

 

Alguns podem isolar passagens do todo do contexto bíblico tão severamente que eles podem pregar um sermão completo com esboço, estudo de palavras e conselhos bastante aceitáveis, mas sem ter o poder da cruz na sua entrega. Spurgeon não poderia fazer isso, e qualquer tentativa de fazê-lo não seria uma mensagem bíblica.

 

Em um sermão em João 13:1, Spurgeon finaliza resumindo sua intenção. “Eu tenho pregado o que eu confio que vai consolar o povo de Deus”; ele imediatamente acrescenta: “mas eu desejo que alguma pobre alma venha a Cristo através dele”. E, como que para estabelecer a validade de seu estilo de homilética e a unidade da exortação e do evangelismo, afirma, “eu acredito que é o modo certo de pregar o Evangelho”. Referindo-se brevemente à parábola do filho pródigo, ele começou então a aplicar as palavras do Pai: “Vamos comer”. “Então, queridos irmãos e irmãs em Cristo, vamos comer”, Spurgeon incentiva, “e então pecadores começarão a sentir suas bocas salivando, e eles também vão querer comer, e ter parte na festa”. Pressionando este ponto e continuando a demonstrar a teoria que sustentava sua pregação, Spurgeon acrescenta: “Então, se você e eu desfrutamos a doçura do amor de Cristo, pode haver alguns na galeria, e alguns no andar de baixo que irão dizer, ‘Nós desejamos conhecer isso também’ e eles vão querer isso; essa é a maneira de fazê-los comer”.20

 

A cruz penetra tudo na Escritura, e se ela não penetra a nossa pregação, então não estamos cumprindo a convocação de ministros Cristãos. Ele estava em toda parte com Spurgeon, porque ele acreditava ser o fator determinante de todas as facetas dos caminhos de Deus com os homens.

 

Isto é particularmente notório no modo como Spurgeon desenvolveu a centralidade da cruz para as doutrinas da graça. “Lembrem-se, queridos amigos”, Spurgeon ternamente lembra aos seus ouvintes, “que a redenção é o que dá sentido a todas as outras grandes bênçãos de Deus”. Todas essas “grandes bênçãos” precisam da redenção para completá-las. A Eleição, “o carro-chefe da graça, precisa do fio condutor de redenção para trazer seus fluxos para os pecadores”. O sermos escolhidos por Deus assegura a nossa obediência e torna necessária a aspersão do sangue de Jesus. Se os santos são escolhidos nEle, de que adiantaria a eleição sem Ele? Seria um chamado sem qualquer propósito, sem redenção? “Vão seria sermos chamados se não houvesse nenhuma festa do amor morrendo por nós para sermos convidados, e nenhuma fonte cheia de sangue para que pudéssemos atender à chamada”. A morte redentora de Cristo “é a plenitude de todas as bênçãos de Deus”, a “chave do céu, o canal da graça, a porta da esperança”. Ela constitui a substância da nossa adoração, e, portanto, a motivação para a nossa perseverança, nesta jornada terrena “e será o tema de nossa eterna canção lá em cima”.21

 

 

A Pessoa do Redentor

 

Um fator chave para a compreensão de Spurgeon sobre a expiação, e ao qual ele se refere explicitamente, muitas vezes, e, implicitamente, sem falha, é a Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo na ortodoxia formada por Nicéia e Calcedônia. A adesão ao mistério da piedade foi vista como essencial para a soteriologia bíblica desde que a igreja se envolveu em interação literária com o mundo. Irineu, Tertuliano, e Atanásio todos defenderam a plena divindade e humanidade de Cristo, duas naturezas em uma Pessoa, como particularmente necessária “para nós homens e para nossa salvação”.

 

Em seu sermão, “O nosso Substituto Sofredor”, Spurgeon diz: “O Substituto era de natureza complexa [uma frase favorita de Spurgeon]. Ele era verdadeiramente homem, e ainda assim Ele era verdadeiramente Deus”. Em sua humanidade, Cristo compartilhava da substância de Sua mãe e de todas as fraquezas naturais dos seres humanos, mas sem a depravação original ou pecado. Embora o depósito das tentações do Inferno tenha se esvaziado sobre Ele, permaneceu invencível e invulnerável; na verdade, “Ele não poderia ser ferido pela tentação”. Se Ele tinha que redimir o homem pagando a dívida humana pelo pecado, e dar ao homem a vida eterna vencendo a morte, então Ele próprio teria que ser um ser humano.

 

Mas tenhamos também em mente que Ele era, na frase de Nicéia citada com frequência por Spurgeon, “Deus de verdadeiro Deus”. Sua perfeita humanidade não diminuiu Sua perfeita divindade. Spurgeon declara: “Nada sabemos de uma expiação humana separada da Divindade de Cristo Jesus. Não ousamos confiar nossas almas a um Salvador que seja um mero homem”. Nem se todos os homens que já viveram, e todos os anjos que existem, tivessem trabalhado por toda a eternidade, conseguiriam forjar um sacrifício para propiciação pelos pecados de um único homem. Eles falhariam completamente. “Nada, senão os ombros do Deus encarnado poderiam suportar esse jugo estupendo. Nenhuma mão, senão a que formou os mundos, poderia abalar as montanhas de nossa culpa, e afastá-las para sempre. Precisamos de um Sacrifício Divino, e é nossa alegria saber que o temos na Pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo”.22

 

A Divindade foi requerida na expiação por causa dos problemas infinitos e eternos envolvidos no pecado contra Deus. “Não é possível manter uma propiciação substitutiva adequada para o pecado, a menos que você sustente que Cristo era Deus”23. Um dos desenvolvimentos clássicos desta ideia é a discussão de Anselmo da proposição: “Você ainda não considerou o que o pecado é”, em Por que Deus se fez homem. Na ocasião, Spurgeon combinou o impacto dessa condescendência moral por parte de nosso Senhor com uma contemplação da condescendência metafísica. Não só o Santo veio habitar entre os pecadores e levar a sua maldição, mas o Único infinito, eterno e imutável colocou-Se dentro da esfera e estrutura do temporal e mutável para resgatá-los, da corrupção, sim, mas também da mutabilidade e decadência da condição temporal também.

 

Quem Se abaixou para pegar-te, ó inseto que dura um dia? Quem Se inclinou para te salvar? Quem, senão Aquele que sustenta os grandes pilares da Terra e que estendeu os céus? O Filho de Deus onipotente, eterno e infinito, amou os caídos filhos dos homens, e por eles vestiu a veste de carne humana, e em carne sofreu até a morte, e morreu a morte mais vergonhosa no Calvário. Oh, conte em todos os lugares que Jesus Cristo, que é Deus sobre todos, bendito para sempre, nos redimiu! E depois disso, quem dirá que não pertencemos a Ele?24

 

E no sermão “Majestade na Miséria” Spurgeon maravilha-se de que “o Deus, que reinou em glória sobre miríades de anjos, teve que ser ridicularizado por canalhas” que, em uma ironia infinita da relação do eterno com o temporal “não poderiam mesmo ter vivido mais que um instante em Sua presença se Ele não tivesse permitido”. A incongruência é insondável que “Aquele que fez os céus e a terra, estava ali para ser desprezado e rejeitado pelos homens, e para ser tratado com a máxima injúria e desprezo”.25

 

 

Substituição e Propiciação

 

Absolutamente essencial para uma visão bíblica adequada da expiação é o entendimento de Spurgeon de que é substitutiva e propiciatória. Ele visualizou estes elementos como inseparáveis ​​e inegociáveis. Em 1858, ele pregou: “Pense quão grande deve ter sido a substituição de Cristo, quando satisfez a Deus por todos os pecados de Seu povo… Pense no que deve ter sido a grandeza da expiação que foi a substituição de toda essa agonia que Deus teria lançado sobre nós, se Ele não a tivesse derramado sobre Cristo”26. Trinta anos mais tarde, ele afirmou sem vacilação: “Não existe caminho de salvação debaixo do céu, a não ser pela fé no sacrifício substitutivo de Jesus Cristo”; e, mexendo no ingrediente da propiciação, ele imediatamente continua: “e a maneira pela qual somos redimidos da ira eterna é por Cristo ter oferecido a Si mesmo como substituto por nós, e ter morrido em nosso lugar”.27

 

Por causa da expiação propiciatória de Cristo, a justiça e a misericórdia pacificamente se abraçam e conferem dupla honra uma à outra. Estes dois elementos combinam-se inextricavelmente em um ponto. Spurgeon explica desta forma:

 

Foi conhecer que o Substituto deveria ter um castigo semelhante ao que deveria ter caído sobre o pecador… Ele suportou a dor, a perda, a separação, a angústia da morte. Ele ainda foi abandonado por Deus… A lei exigia a morte, e a morte caiu sobre a nossa cabeça… Alegremo-nos porque o Senhor Jesus Cristo tem, evidentemente, por Seu sacrifício substitutivo removido, não uma parte ou porção do nosso pecado, mas todo ele. Por suportar a morte, Ele removeu todas as nossas obrigações legais, e nos colocou fora do alcance de novas demandas.28

 

Spurgeon frequentemente enfatizava que a posição de Cristo como Senhor da Aliança da nova raça necessariamente envolvia substituição. Jesus não foi morto como indivíduo, mas foi condenado à morte como um representante, e por Sua morte selou todas as bênçãos da Aliança; todas as disposições da aliança eterna foram ratificadas. Spurgeon desejava que “mais e mais desta doutrina da aliança” fosse espalhada por toda a Inglaterra. Uma pessoa que entende as “duas alianças encontrou o coração de toda a teologia”, de acordo com Spurgeon, “mas quem não conhece as alianças pouco sabe do Evangelho de Cristo”.29

 

O pacto da graça foi bem-ordenado e assegurado pelo sangue de Cristo. “Quando o sangue do coração de Cristo salpicou o rolo Divino, nunca poderia ser revertido, nem poderia uma de suas ordenanças ser quebrada, nem uma de suas estipulações falhar”30. Entre estas, estava a determinação de dar novos corações e espíritos justos ao povo por quem o Fiador da Aliança tinha morrido. Enquanto como Cabeça do Pacto Sua morte produz o perdão e a justificação, também se torna a dinâmica pela qual o Seu povo é santificado. “Ele perdoa nossos pecados com intenção de curar nossa pecaminosidade. Somos perdoados para que possamos nos tornar santos”31. Spurgeon apontou muitas vezes para a água e o sangue do lado de Cristo e, na tradição de Toplady, falou de limpeza da culpa e do poder do pecado.32

 

Em um sermão em Zacarias 13:1 Spurgeon enfatiza a natureza dupla do mal do pecado. A fonte aberta na expiação remove “a ofensa proferida contra a honra e a dignidade de Deus”. Deus “puniu o pecado na Pessoa de Seu próprio Filho”. A culpa, portanto, “daqueles a quem Ele substituiu foi removida consistentemente com a justiça do grande Legislador”. Mas, há um segundo prejuízo, ou seja, “que a nossa natureza tornou-se imunda” e “a nossa mente é, em si, inclinada para o mal e avessa ao bem”. Deus, portanto, não concede um perdão que deixa “o pecador como ele era em outros aspectos”. Quando o perdão é concedido “uma renovação da natureza é operada; a fonte aberta para o perdão também é aberta para a purificação”. Não somente a ofensa é removida, mas o amor pela ofensa é mortificado.

 

Nisto há dupla a alegria, pois todo verdadeiro penitente não sente que o mero perdão seria um benefício pobre para ele, se fosse permitido que ele continuasse em pecado? Meu Deus, livre-me do pecado, porque este é o grande fardo de minha alma. Oh, eu poderia ter o passado perdoado, e ainda viver como um inimigo de mim mesmo, escravizado pelo mal, um estranho à santidade; então eu ainda estaria amaldiçoado! … Amar o errado é o começo do Inferno.33

 

 

A Extensão da Expiação

 

Em 1854, no primeiro ano completo de Spurgeon como um pastor em Londres, New Park Street Chapel, o comentarista Albert Barnes publicou um artigo no Church Advocate [Defensor da Igreja] intitulado “A Limited Atonement Not to be Preached” [Uma Expiação Limitada Não Deve Ser Pregada]. Barnes afirmou que “não há nada que limite mais os poderes, aprisione as mãos, e gele o coração do pregador, do que tal doutrina”. A caracterização que ele deu do pregador que se atreveria a fazer tal é singularmente pouco lisonjeira: “alguém tão clara e completamente contaminado de tal forma da teologia sistemática, tão agrilhoado e preso pela autoridade, e pelas algemas de um credo tão inteiramente sob a influência de uma teologia derivada de uma era passada” que se está congelado pela doutrina que prega.

 

Barnes considerou tão contraditório a cada aspecto do ministério do Evangelho e tão contrário aos sentimentos mais puros de uma pessoa santificada e tão frio e fulminante em sua influência sobre o coração que “os homens não vão pregar isso”. Se fosse considerado parte essencial da mensagem do Evangelho, os ministros fervorosos “abandonariam a pregação por completo, e se envolveriam com a agricultura, ou o ensino ou a mecânica — qualquer coisa; em vez de ter os seus melhores sentimentos submetidos à tortura constante”. Barnes, além disso, considerou a doutrina tão desagradável que ele disse que não só não deveria ser pregada, mas que não poderia ser pregada.

 

Isso pode ser encontrado nos livros antigos de teologia, escritos em uma época mais rígida, e quando os princípios de interpretação eram menos compreendidos e a natureza grande e liberal do Evangelho era menos apreciada. É petrificada em certos credos sustentados pela Igreja, firmes como restos fósseis em um estado de transição, quando as opiniões antigas estavam passando para uma forma mais liberal. É ensinada em poucos seminários, onde os homens sentem-se constrangidos a reprimir as emoções de suas próprias mentes para chegar a conclusões que mal se podem evitar. Mas a doutrina não é pregada, exceto quando o coração está frio e morto. Não é pregada quando a alma está ardendo de amor pelos homens, e quando a cruz, em sua verdadeira grandeza levanta-se para ser vista. Nunca é pregada em um reavivamento da religião — uma prova, não frágil, de que a doutrina não é verdadeira.34

 

Barnes não poderia ter sabido que o mais caloroso, o mais poderoso pregador do século XIX poderia e pregaria a doutrina que Barnes achou tão impensável, e a pregaria sem trazer frio quer para si ou para seus ouvintes. Spurgeon acredita que a fonte do sangue de Cristo foi aberta e limparia todo pecador que viesse a ela. Ele não sentia mais inibição ao convidar os pecadores para esta fonte do que ao chamar todo pecador para se arrepender e crer no Evangelho. Tanto o chamado eficaz e efetivo, ou limitado, e a expiação são Doutrinas da Graça. A graça nunca serve como uma barreira para quem está vindo para Cristo, nem para a liberdade com que os ministros podem, na verdade devem, emitir o convite do Evangelho.

 

 

Incapacidade e Responsabilidade

 

Spurgeon trabalhava para demonstrar a congruência entre estas duas doutrinas. O mandamento para arrepender-se do pecado e crer em Cristo, ele pregava como uma obrigação universal. Ele sabia, no entanto, que “há alguns que vão negar isto, e negarão na base de que o homem não tem a capacidade espiritual de crer em Jesus”. Sua resposta enfatiza que “é totalmente errado imaginar que a medida da capacidade moral do pecador seja a medida de seu dever”.

 

A responsabilidade universal apenas acentua a prerrogativa Divina na graça para que ninguém jamais “crê em Jesus com a fé aqui pretendida, exceto que o Espírito Santo o tenha levado a fazê-lo”. “A fé é uma graça muito celestial”, Spurgeon argumentou, “para brotar na natureza humana, até que esta seja renovada”. Os Cristãos devem “superar a meninice”, que trunca essas doutrinas e devem “não achar difícil acreditar que a fé seja ao mesmo tempo dever do homem e dom de Deus”.35

 

Devido a que, onde existe fé, existe a regeneração. “Crer em Jesus é um melhor indicador de regeneração do que qualquer outra coisa, e em nenhum caso isso jamais induziu ao erro”. Da mesma forma, crer em Jesus é o indicador certo de que Jesus morreu por você. A fé não consiste em acreditar que Cristo morreu por mim em particular. Pelo contrário, ela está vindo de mãos vazias, mas de todo o coração ao próprio Cristo que morreu pelos pecadores. Ao confiar somente nEle, descobre-se que Cristo morreu por ele em particular e com efeito. Spurgeon disse:

 

“Eu não creio em Jesus porque estou convencido de que o Seu sangue foi derramado por mim, mas sim por eu descobri que o Seu sangue foi derramado especialmente por mim a partir do fato de eu ter sido levado a crer nEle. Eu temo que existem milhares de pessoas que acreditam que Jesus morreu por elas, que não são nascidas de Deus, mas sim endurecidas em seu pecado por suas esperanças infundadas de misericórdia. Não há eficácia especial em um homem supor que Cristo morreu por ele; pois é um mero truísmo, se é verdade, como alguns ensinam, que Jesus morreu por todos. Em tal teoria cada crente em uma expiação universal necessariamente deveria ser nascido de Deus, o que está muito longe de ser o caso. Quando o Espírito Santo nos leva a confiar no Senhor Jesus, então a verdade de que Deus deu o Seu Filho unigênito para que todo aquele que crê nEle possa ser salvo, é aberta para as nossas almas, e vemos que para nós que somos crentes, Jesus morreu com a intenção especial de que fôssemos salvos… Apenas concluir que Jesus morreu por nós na noção de que Ele morreu por todos é tão distante quanto o leste é do oeste, de ser verdadeira a fé em Jesus Cristo”.36

 

 

A Fonte Aberta

 

Spurgeon puxa essa mesma corda da unidade para dentro das Doutrinas da Graça em seu sermão intitulado, “A Fonte Aberta”. Ninguém participará desta fonte que erradica o pecado e a impureza a menos que saiba que é um pecador; mas se “houver aqui alguém realmente culpado, que sente que seu pecado é digno da ira de Deus”; que lamenta seu pecado, confessa sua culpa, e sente-se indigno, “então você é o homem a quem a misericórdia do Céu é hoje proclamada livremente”.

 

Neste contexto, então, não é de admirar que Spurgeon pudesse proclamar a eficácia salvífica da morte de Cristo com tal entusiasmo e generosidade. Porque a fonte está aberta “não há nenhuma barreira devido a incircuncisão ou a descendência natural”. Nós também aprendemos que é ela “pessoalmente acessível a nós” e não dependemos de nenhum mediador ou intercessor que não seja o próprio Senhor Jesus. Também “a fonte não está impedida por qualquer quantidade de pecado que nós já tenhamos cometido”. Nenhuma barreira eficaz é criada pela consideração de nossa pecaminosidade interior, nem existem quaisquer “exigências no Evangelho que requeiram que você se prepare para ela antes de vir”.

 

Spurgeon cresce em ousadia enquanto vai prometendo empurrar qualquer teólogo para a fonte o qual pretendesse barrar qualquer pecador que esteja vindo. “Não pode haver nada na teologia, nem na criação, nem no Céu, nem na terra, nem no Inferno, que possa fechar o que Deus declara estar aberto. Se queres ser salvo, se vieres a Cristo, creia nEle, não há nada que possa fechar a fonte da vida ou impedir-te de ser purificado e curado. Se houver algo a fechá-la e proibi-la é o teu coração que está fechado, e o teu orgulho que o proíbe”.37

 

É claro que Spurgeon absorveu e implementou essa linha de pensamento desenvolvida e defendida com tanta clareza e força por Jonathan Edwards sobre a relação entre habilidades naturais e habilidades morais. Todo o esquema da salvação brota da santidade de Deus. A depravação total deve ser definida em termos da santidade de Deus e da antipatia do pecador a esse atributo conglomerado. “Sua condição não é apenas a sua calamidade, mas sua culpa”, Spurgeon insistia. O pecador deve não só ser lamentado, mas culpado porque ele não tem desejo para o que é bom; “Seu ‘não posso’ significa ‘não desejo’, sua incapacidade não é física, mas moral, não a do cego que não pode ver por falta de olhos, mas a daquele ignorante que de bom grado se recusa a olhar”.38

 

A Eleição determina que fôssemos santos e irrepreensíveis; o chamado eficaz e o novo nascimento produzem a nova criatura que reflete verdadeira justiça e santidade; a perseverança implica que a semente de Deus permanece em nós e não podemos continuar na direção do pecado, mas devemos ser santos; a cruz atrai os pecadores a si, se eles são atraídos para a salvação, por causa do seu justo veredicto sobre seu pecado e sua exibição esmagadora da santidade de Deus. Portanto, a santidade da cruz é uma barreira para o pecador abraça-la, e não o fato de que no propósito secreto de Deus, Ele determinou que ela deve certamente ser salvífica em seus efeitos para as pessoas que Ele deu ao Filho.

 

Spurgeon foi esmagado com a prodigalidade da graça de Deus na expiação, e embora ele falasse claramente da sua natureza limitada, era sempre no contexto da certeza com que Deus realizou Seus propósitos da graça. É infinita misericórdia que um Deus santo quisesse Se rebaixar para salvar os pecadores! E é incrível que Ele tivesse que fazê-lo de forma pública, de modo que ninguém pudesse reclamar que fora feito em um canto.

 

A certeza da salvação que Deus realizou concedeu um material sem fim para as afirmações claras de Spurgeon. “Há uma fonte aberta na expiação, através da qual a ofensa proferida à honra e dignidade de Deus é posta de lado. E se pecamos, o Senhor puniu o pecado na Pessoa de Seu próprio Filho; Ele tem, assim, cumprido Sua ameaça, e comprovou a veracidade de Sua Palavra. Em Jesus Cristo, portanto, a culpa daqueles para quem Ele foi Substituto é removida de forma consistente com a justiça do grande Legislador”.39

 

Essa “justiça do grande Legislador” em conjunto com os aspectos substitutivos e propiciatórios da expiação foram convincentes para Spurgeon. Eles produziram infinito consolo ao povo de Cristo, e Spurgeon não privaria os seus ouvintes de qualquer conforto espiritual legitimamente deles. Uma vez que Cristo sofreu a penalidade do pecado e fez recompensa à justiça Divina, se o Senhor Jesus foi condenado por nós, então, “enquanto a justiça sobrevive no Céu, e a misericórdia reina na terra, não é possível que uma alma condenada em Cristo também deva ser condenada em si mesma. Se o castigo foi dado ao seu Substituto, não é coerente nem com a misericórdia nem com a justiça que a pena deva ser uma segunda vez executada”.40

 

Claramente um hino favorito de Spurgeon foi o de Toplady intitulado: “De onde esse medo e incredulidade?”. Ele citou-o inteiro ou em parte em várias ocasiões e era particularmente ligado a este verso:

 

Se Tu tens meu resgate obtido, e livremente no meu lugar sofreu

A totalidade da ira Divina; pagamento Deus não pode duas vezes exigir,

Primeiro da mão sangrenta do meu Fiador, e então novamente da minha.41

 

Ele não queria que ninguém perdesse o mistério inefável do fato de que o próprio Deus tinha morrido pelo pecado da Sua criatura, o homem. E que isto proporcionou tal certeza de sua eficácia, e rompeu toda limitação para as suas possibilidades, seria impossível que ele não pudesse expiar qualquer pecado em qualquer lugar.

 

Nunca poderia a justiça ser mais gloriosamente exaltada na presença de seres racionais do que pelo Senhor de todos submetendo-Se às Suas exigências. Deve haver um mérito infinito sobre Sua morte: um mérito indescritível, imensurável. Parece-me que se tivesse havido um milhão de mundos para resgatar, a redenção deles não poderia ter precisado de mais do que deste ‘sacrifício de Si mesmo’. Se todo o universo, repleto de mundos tão diversos como as areias da praia do mar, tivesse que ser resgatado, Aquele que rendeu o espírito pagaria o preço suficiente por todos eles. Apesar de pesados os insultos que o pecado possa ter lançado à lei, eles devem ser todos esquecidos, uma vez que Jesus engrandeceu a lei tão abundantemente e tornou-a tão honrosa por Sua morte. Eu acredito no propósito especial da morte expiatória do nosso Senhor, e não vou desistir por ninguém da minha crença no valor absolutamente infinito da oferta que nosso Senhor Jesus apresentou; a glória de Sua Pessoa torna a ideia de limitação um insulto.42

 

Por esta razão Spurgeon usou a nomenclatura sobre limitação com moderação e com a explicação positiva em sua exposição da expiação. Ele preferiu falar de eficácia e certeza. Mas, com essa mesma força, a sua consideração de “limitação” como um insulto o levou a rejeitar o conceito de expiação universal. Na verdade, ele estava feliz em usar o termo “limitada” se a definição da ideia de “geral” fosse oposta a isso, pois que tal limitação não era realmente nenhuma limitação.

 

Agora, amados, quando vocês ouvem alguém rindo ou zombando de uma expiação limitada, poderão dizer-lhe isso. A expiação geral é como uma ponte grande e larga com apenas metade de um arco; ela não passa através do córrego; só professa percorrer metade do caminho; não assegura a salvação de ninguém. Ora, eu, antes, poria meu pé em cima de uma ponte tão estreita quanto Hungerford, que percorresse todo o caminho, do que em uma ponte tão larga quanto o mundo, se esta não percorresse todo o caminho através do córrego.43

 

 

A Eficácia da Expiação

 

A infinita dignidade da Pessoa de Cristo exigiu o sucesso total de Seu objetivo em dar a Si mesmo por causa dos pecadores. A recusa de Spurgeon de admitir qualquer inadequação à morte de Cristo significa, sobretudo, que a eficácia da expiação não estava sujeita à vontade do homem. O árbitro final dessa operação infinita que foi ordenada nos decretos de eternidade não pode ser a vontade de uma criatura mutável, temporal, caída e rebelde.44

 

Além da dignidade da Pessoa que é nossa substituta, dois fatores tornam esta operação segura e eficaz. Primeiro, era intenção e o propósito de Deus salvar um povo para Si pelo sacrifício de Seu filho. “Nós declaramos que a medida do efeito do amor de Cristo é a medida do Seu propósito. Não podemos de modo algum pensar que a intenção de Deus Todo-Poderoso pudesse ser frustrada, ou que algo tão grande como a expiação pudesse, de qualquer forma, falhar.45

 

Sem blasfêmia não é possível conceber que Cristo falhou em Seu propósito. “É bem certo, amados”, Spurgeon fundamentou, “que a morte de Cristo deve ter sido eficaz para a remoção daqueles pecados que foram impostos sobre ele”. Não podemos conceber que Cristo morresse em vão. “Ele foi designado por Deus para levar o pecado de muitos”, e “não é possível que Ele fosse derrotado ou frustrado em Seu propósito. Nem um jota ou til da intenção da morte de Cristo será frustrado. Jesus verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito. Aquilo que ele pretendia fazer pela Sua morte será feito, e Ele não derramaria o Seu sangue em vão de maneira alguma”46. Se Ele foi condenado, aqueles unidos a Ele na Sua morte, como indicado pela sua fé nEle, de modo algum entrarão em condenação.

 

Esta declaração de propósito leva à consideração do segundo ponto que contribui para a eficácia infalível da morte de Cristo. Ou seja, que em algum sentido os sofrimentos de Cristo foram quantitativos. Spurgeon pinta uma imagem mental vívida da intensidade e exata justiça dos sofrimentos substitutivos de Cristo por Seu povo e sugere que eles supõem um homem que passou pelo Inferno. Em seguida, supõe que o Seu tormento eterno se passaria dentro de uma hora e seria multiplicado pelo número dos salvos, um número além de toda contagem humana. É possível agora imaginar que “um vasto agregado de miséria haveria nos sofrimentos de todo o povo de Deus, se tivessem sido punidos por toda a eternidade?” Então, devemos nos lembrar de que “Cristo teve de sofrer o equivalente a todos os infernos de todos os seus redimidos.” Cristo deu a Deus “a satisfação por todos os pecados de todo o seu povo, e, consequentemente, deu-Lhe um equivalente por toda a punição deles”.47

 

Ao falar sobre “A determinação de Cristo de sofrer por Seu povo”, Spurgeon considera por que Cristo recusou a taça de vinho misturado com mirra. Uma das razões era que essa recusa era “necessária para fazer a expiação completa”. Se Cristo tivesse bebido da taça da expiação não teria sido válido porque Ele não teria sofrido “na medida em que era absolutamente necessário”. Cristo sofreu “apenas o suficiente, e nenhuma partícula a mais do que era necessário pela redenção do Seu povo”. O preço do resgate não teria sido pago se a taça de vinho tirasse parte de Seus sofrimentos. Se tanto quanto um grão de Seu sofrimento fosse atenuado “a expiação não teria sido suficientemente satisfatória”. Insuficiência em qualquer grau teria condenado o Seu povo ao desespero perpétuo. O maior preço deve ser pago; a inexorável justiça não pode omitir uma fração de sua reivindicação. Cristo deve provar toda a extensão do sofrimento.48

 

Não só Spurgeon vê grande conforto e segurança na doutrina da expiação limitada, ele encontrou que a doutrina da expiação universal seria positivamente destrutiva dos atributos morais de Deus. Em sua autobiografia, Spurgeon dá uma “Defesa do Calvinismo”, e inclui uma defesa particularmente notável da expiação limitada.

 

Algumas pessoas amam a doutrina da expiação universal, porque elas dizem: “É tão bonita. É uma bela ideia a que Cristo teria morrido por todos os homens; ela recomenda a si mesma”, dizem eles, “pois, em relação instintos da humanidade, há algo nela cheio de alegria e beleza”. Admito que existe, mas a beleza pode estar muitas vezes associada com a falsidade. Há muito que eu possa admirar na teoria da redenção universal, mas apenas mostrarei o que a suposição envolve necessariamente. Se Cristo, em Sua cruz, intencionou salvar todos os homens, então Ele pretendia salvar os que estavam perdidos antes dEle morrer. Se a doutrina for verdadeira, que Ele morreu por todos os homens, então Ele morreu por alguns que estavam no inferno antes que Ele viesse a este mundo, pois, sem dúvida, havia até então miríades que foram lançadas ali por causa de seus pecados. Mais uma vez, se fosse a intenção de Cristo salvar todos os homens, quão deploravelmente Ele tem sido decepcionado, pois temos Seu próprio testemunho de que existe um lago que arde com fogo e enxofre, e nesse abismo de aflição têm sido lançadas algumas das próprias pessoas que, segundo a teoria da redenção universal, foram compradas com o Seu sangue. Isso me parece uma concepção mil vezes mais repugnante do que qualquer uma dessas consequências que dizem ser associadas com a Doutrina Cristã e Calvinista da redenção especial e particular. E pensar que meu Salvador morreu pelos homens que estavam ou estão no inferno, parece uma suposição horrível demais para eu sustentar. Imagine por um momento que Cristo fosse o Substituto para todos os filhos dos homens, e que Deus, após ter punido o Substituto, posteriormente venha a punir os próprios pecadores, parece entrar em conflito com todas as minhas noções sobre a justiça Divina. Que Cristo tenha oferecido uma expiação e satisfação pelos pecados de todos os homens, e que depois alguns desses mesmos homens sejam punidos pelos pecados os quais Cristo já havia expiado, parece-me ser a iniquidade mais monstruosa que jamais poderia ter sido imputada a Saturno, a Juno, à deusa dos Thugs, ou às divindades pagãs mais diabólicas. Que Deus não permita que alguma vez pensemos assim sobre Yahwéh, que é justo, sábio e bom!49

 

Este conceito de uma expiação definitiva incentivou Spurgeon em seu evangelismo também. Quando Jesus usou a palavra “muitos”, indicou uma certeza na eficácia da Sua morte. Mas, com certeza Ele quis dizer “muitos”. Não apenas alguns, mas “muitos”. “Vamos esperar para ver grandes números trazidos dentro do recinto sagrado”, Spurgeon incentivava a sua congregação. Porque o sangue é derramado por muitos, as multidões devem ser obrigadas a entrar. Enquanto um grupo de meia dúzia que se converte nos dá alegria, por que não devemos esperar mil vezes meia dúzia de uma vez! “Lançai a grande rede ao mar”, Spurgeon desafiava e aos seus jovens ele pedia: “Pregue o evangelho nas ruas desta cidade lotada, pois ele é para muitos”. E aos obreiros pessoais ele disse: “Você que vai de porta em porta, não ache que você pode ser muito esperançoso, pois o sangue do seu Salvador foi derramado por muitos, e o ‘muitos’ de Cristo é muito, muito grande”. Ninguém nunca deve confiar em Cristo em vão ou achar a expiação insuficiente para ele. “Oh, por uma grande fé de coração”, ele clamou, “para que, por santo esforço possamos prolongar nossas cordas, e fortalecer nossas estacas, esperando ver a família de nosso Senhor se tornar muito numerosa”. Isaías 53, uma passagem crucial na exposição de Spurgeon sobre a expiação limitada, firma bem a realidade do “muitos”. “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; por Sua retidão Ele justificará a muitos, porque carregará as suas iniquidades” “Pense nessa palavra `muitos’”, Spurgeon argumentou em sua recapitulação, “e deixe-a animá-lo para trabalhos de longo alcance”.50

 

 

Conclusão

 

O dom da oratória de Spurgeon foi exclusivamente dele e seria insensatez sentir-se capaz ou obrigado a duplicá-lo. Seu compromisso com a centralidade da cruz e todas as suas conexões, no entanto, é propriedade comum para o ministério Cristão. Estamos sob comissão para competir isso, tanto quanto é garantido pela Escritura.

 

Em primeiro lugar, devemos cultivar a sua paixão pela cruz. Mesmo ao ler seus sermões pode-se sentir sua intensidade pela paixão de Cristo, ele O devorava. Ele esgotou-se verbalmente, emocionalmente e fisicamente procurando transferir o poder mental e espiritual que emanava dEle a partir da cruz e energizou o seu ministério.

 

Em segundo lugar, não devemos ser intimidados pela disciplina moderna da teologia bíblica de modo que possamos deixar de ver a centralidade da cruz em toda a Escritura. Spurgeon está certo em vê-la permear todo o corpo da revelação Divina e em tratá-la como fator de coesão. Mesmo se ocasionalmente ele leva dicas verbais desarticuladas para se envolver em alegoria aplicativa, sua visão geral é verdadeira e fará muito para infundir intensidade evangelística bíblica em nosso estudo e nossa comunicação.

 

Em terceiro lugar, devemos aprender a explorar a doutrina da segurança a partir do fundamento da cruz como Spurgeon fez. A morte do Verbo Encarnado e o propósito de Deus de salvar os pecadores por essa morte deve ser um imenso incentivo para qualquer pessoa cuja angústia vem de uma verdadeira imagem da natureza mortal de seu pecado. Spurgeon protestaria sem parar e esgotaria seus poderes criativos e aplicativos para mostrar a um “pecador que chega” quão firme e infalível a sua garantia pode ser, uma vez que ele capta a realidade de que Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, certamente nos dará todas as coisas.

 

Em quarto lugar, devemos aprender a ver na cruz a apresentação tangível histórica dos propósitos eternos de Deus no Pacto Eterno. Predestinação, eleição, chamado eficaz — estas estão escondidas de nossa visão e são misteriosas em sua operação. A cruz, embora seus poder, sabedoria e dimensões sejam misteriosos e insondáveis, é, no entanto, o lugar em que todos os aspectos metafísicos da redenção se tornam imanentes. É aí que podemos dizer: “Estas coisas não foram feitas num canto qualquer”.

 

Em quinto lugar, podemos aprender com Spurgeon o poder evangelístico da expiação definida. Seus sermões se movem e vibram com a aplicação positiva e otimista da doutrina maravilhosa. Muitos que acreditam na doutrina parecem secretamente acreditar que deve ser proibida sua exibição pública. Obviamente Spurgeon meditou longamente nessa verdade bíblica e descobriu seu poder com santos e pecadores igualmente. Ela arma o evangelista com certeza e cada pecador com esperança. Deus salva os pecadores e não vai trazer este mundo a um fim até que a eficácia da morte do Messias seja plenamente satisfeita.

 

Em sexto lugar, podemos aprender a aplicar a cruz à santificação. Porque pela cruz fomos comprados por um preço e já não somos de nós mesmos, podemos estar certos de que Deus será glorificado nos corpos de Seu povo. Ele vai transformar as suas mentes, recriá-los em verdadeira justiça e santidade, e mortificar a carne da mesma forma como Ele os salvou de seu domínio.

 

“Deus me livre de gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gálatas 6:14).

 

 


[1] Charles Spurgeon, “A Crise Deste Mundo”, em A Paixão e Morte de Nosso Senhor, vol. 6 de Um Tesouro de Spurgeon sobre a Vida e Obra de Nosso Senhor, 6 vv. (Grand Rapids: Baker Book House, 1979), p. 8. A partir de agora esta referência será citado como P & D [Passion and Death]. O leitor pode assumir futuramente também que todas as notas serão de “Charles Spurgeon”, salvo indicação em contrário.

[2] “O Coração do Evangelho”, em Enciclopédia Expositiva de Spurgeon, 15 vol. (Grand Rapids: Baker Book House, 1977) 8:91.

[3] “O Sangue Derramado por Muitos”, em P & D., p. 34.

[4] “Nosso Substituto Sofredor”. (Pensacola: Chapel Library, nd), pp. 2-3 citadas integralmente e não editadas a partir do volume de New Park Street Pulpit, 1859.

[5] “O Coração’ em SEE 8:97.

[6] Espada e Espátula, Abril de 1887, p. 195.

[7] Ibid., Outubro de 1887, p. 513.

[8] Ibid., Em dezembro de 1887, p. 642.

[9] “Redenção Particular” em New Park Street Pulpit, 4:130.

[10] “O Sangue Derramado por Muitos” em P & D, p. 36.

[11] “Crise”, P & D, p. 2.

[12] “O Sangue Derramado por Muitos”, P & D, pp. 34-36.

[13] “Está Consumado”, P & D, p. 581.

[14] “Os Milagres da Morte do Nosso Senhor”, em P & D, p. 646.

[15] “Crise”, P & D, p. 3.

[16] “Livre-o agora”, P & D, p. 511.

[17] “Por Quem Cristo Morreu?”, Metropolitan Tabernacle 20:504.

[18] “Redenção Particular”, New Park Street 4:132.

[19] “Ecce Rex”, P & D, p. 365.

[20] “Amor Mais Forte do que a Morte”, P & D, p. 19.

[21] Metropolitan Tabernacle, 20:159.

[22] “Nosso Substituto Sofredor”. cit., pp. 3-7. Consulte também “Majestade na Miséria”, P & D, p. 232.

[23] “Jesus, o Substituto Por Seu Povo”, Metropolitan Tabernacle Pulpit, 21:159.

[24] “A Redenção e Sua Reivindicação” Metropolitan Tabernacle, 20:162.

[25] “Majestade na Miséria”, P & D, p. 233.

[26] “Redenção Particular”, New Park Street Pulpit, 4:132.

[27] “Sangue Mesmo no Altar de Ouro”, SEE, 1:366. Em uma mensagem de 1874, intitulada, “Por Quem Cristo Morreu”, Spurgeon disse: “A morte de Nosso Senhor foi penal, infligida pela justiça Divina: e com razão, pois nEle colocou-se as nossas iniquidades, e, portanto, sobre Ele deveu-se colocar os sofrimentos” (Metropolitan Tabernacle Pulpit, 20: 495).

[28] “Massacrando o Sacrifício,” SEE 1:346.

[29] “O Sangue da Aliança”, Metropolitan Tabernacle, 20:444.

[30] “Está Consumado”, P & D, p. 583.

[31] “O Sangue da Aliança”, P & D, p. 41.

[32] Por exemplo, veja “Ecce Rex”, P & D, 359. “Quando o soldado com uma lança perfurou Seu lado, ele não tinha ideia de que estava trazendo diante de todos os olhares o sangue e a água que são para toda a igreja os emblemas da limpeza dupla que nós encontramos em Jesus, a limpeza pelo sangue expiatório e a graça santificadora”.

[33] “A Fonte Aberta”, Metropolitan Tabernacle, 17:39.

[34] Albert Barnes, O Defensor da Igreja, 8.10.1854, p. 119.

[35] “Fé e Regeneração”, Metropolitan Tabernacle, 17: 133-144.

[36] Ibid., p. 139.

[37] “A Fonte Aberta”, Metropolitan Tabernacle, 17:45. Se examinarmos a linguagem de Spurgeon cuidadosamente e a definirmos no contexto do conflito hiper-Calvinista dos séculos XVIII e XIX, a partir do qual ele mesmo recebeu uma abundância de críticas, a ameaça de Spurgeon de empurrar um teólogo para a fonte faz todo o sentido. Spurgeon parece ter em mente o tipo de representação das doutrinas defendidas por Lewis Wayman em 1738:

 

E por último, apenas suponha que todos os que ouvem o Evangelho creiam em Cristo para a vida e salvação, de acordo com o que este autor [Matthias Maurice] nos diz é o seu dever; se não, provavelmente, seriam milhões em todo o mundo crendo em Cristo para a vida e salvação, para quem Deus não deu a vida eterna em Cristo, e que nunca devem obter salvação por meio dEle? (A Further Enquiry After Truth [Uma Nova Indagação sobre a Verdade], p. 19).

 

Neste contexto, tanto a liberdade da salvação e a unidade de todos os aspectos das Doutrinas da Graça se tornam mais relevantes.

 

[38] “Por quem Cristo morreu?”, Metropolitan Tabernacle 20:493.

[39] “A Fonte Aberta”, Metropolitan Tabernacle 17:39.

[40] “Jesus, o Substituto por Seu povo”, Metropolitan Tabernacle, 21:159.

[41] “O Vívido Cuidado de Cristo ao Morrer”, e “O Apelo de Cristo aos Pecadores Ignorantes”, P & D pp. 170, 477; também “Redenção Particular”, New Park Street, 4:136.

Enciclopédia Expositiva de Spurgeon, 1:348.

[42] Enciclopédia Expositiva de Spurgeon 1:348.

[43] “Redenção Particular”, New Park Street, 4:135, 136.

[44] Spurgeon descreve a posição Arminiana desta forma:

 

“O Arminiano sustenta que Cristo, quando morreu, não morreu com a intenção de salvar qualquer pessoa em particular; e ensinam que a morte de Cristo não significa por si mesma, segurança, sem sombra de dúvida, para a salvação de qualquer homem vivo. Eles acreditam que Cristo morreu para fazer possível a salvação de todos os homens, ou que por fazer algo mais, qualquer homem que quiser pode alcançar a vida eterna; consequentemente, eles são obrigados a sustentar que se a vontade do homem não ceder e voluntariamente entregar-se à graça, então a expiação de Cristo seria inútil. Eles sustentam que não havia nenhuma particularidade e especificidade na morte de Cristo” (Redenção Particular, New Park Street Pulpit, 4:130).

 

[45] Ibid.

[46] “Jesus, o Substituto para o seu Povo,” Tabernáculo Metropolitano, 21: 160.

[47] Ibid., P. 134.

[48] “A Determinação de Cristo de Sofrer por Seu povo”. P & D., p. 467.

[49] Autobiografia, 2 vols. (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1962) 1:172.

[50] “O Sangue Derramado por Muitos”, P & D, p. 43.