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Cristo Crucificado, por C. H. Spurgeon

Cristo Crucificado, Sermão Nº 2673. Sermão destinado para ser lido no Dia do Senhor, 6 de maio de 1900. Pregado por C. H. Spurgeon, em New Park Street Chapel, Southwark, na noite do Dia do Senhor, no início do ano de 1858.

“Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” (1 Coríntios 2:2)

 

Corinto era situada no meio de um povo que admirava a eloquência e a sabedoria. Esta epístola foi escrita na época de oradores e filósofos. O apóstolo Paulo era um homem de profunda aprendizagem, ele tinha sido educado aos pés de Gamaliel, em toda a sabedoria do Oriente. Estamos bastante certos de que ele era um homem de uma mente muito ampla, pois, embora seus escritos fossem inspirados pelo Espírito Santo, ainda o Espírito Santo escolheu como Seu instrumento um homem evidentemente possuidor de uma capacidade para forte e vigorosamente pensar e argumentar e, quanto aos seus poderes de oratória, eu acredito que, se ele tivesse escolhido cultivá-las, eles teriam sido de primeira ordem, pois temos em algumas de suas Epístolas eloquência mais sublime do que jamais saíram dos lábios de Cícero ou Demóstenes.

Existiria a tentação, na mente de qualquer homem comum, ao entrar em uma cidade como Corinto, de dizer para si mesmo: “Vou me esforçar para me destacar em todas as graças da oratória. Eu tenho um Evangelho abençoado para pregar que é digno dos maiores talentos que podem ser consagrados a ele”. “Eu sou”, Paulo poderia ter dito para si mesmo, “largamente dotado em matéria de eloquência. Agora devo esforçar-me para polir cuidadosamente minhas frases e assim moldar o meu discurso de forma a me destacar dentre todos os oradores que hoje atraem os Coríntios a ouvi-los. Isso eu posso fazer muito louvavelmente, pois eu ainda terei em vista minha intenção de pregar Jesus Cristo; eu pregarei a Jesus Cristo com tal fluxo da nobre linguagem que serei capaz de convencer os meus ouvintes a considerarem o assunto”.

Mas o Apóstolo resolveu não fazer tal coisa. “Não”, ele disse, “antes de eu entrar pelas portas de Corinto, esta é a minha firme determinação: se houver bem para ser feito lá, se alguém for levado a crer em Cristo, o Messias, sua crença deve ser o resultado da audição do Evangelho, não de minha eloquência! Nunca deve ser dito: “Oh, não admira que o Cristianismo se espalha, veja que advogado habilidoso ele tem”. Em vez disso, deve-se dizer, “Quão poderosa deve ser a graça de Deus que convenceu essas pessoas por tal pregação simples, e as fez conhecer o Senhor Jesus Cristo, por tal instrumentalidade humilde como a do Apóstolo Paulo!’”. Ele resolveu colocar um freio em sua língua de fogo. Ele determinou que seria lento no discurso no meio deles e, em vez de engrandecer a si mesmo, ele engrandeceria o seu ofício e magnificaria a graça de Deus, negando-se a plena utilização desses poderes que, tendo eles sido dedicados a Deus, como de fato eram, mas que se tivessem sido plenamente empregados — como alguns têm feito — poderiam ter conseguido para ele a reputação de ser o pregador mais eloquente sobre a face da terra!

Mais uma vez, ele poderia ter dito: “Estes filósofos são homens muito sábios. Se eu serei um jogo para eles, eu devo ser muito sábio, também. Estes Coríntios são uma raça muito nobre de pessoas que têm, há muito tempo, estado sob a tutela desses homens talentosos. Tenho que falar como eles falam, em enigmas e com muitos sofismas. Eu devo estar sempre propondo algum problema obscuro. Eu não preciso viver no tonel de Diógenes, mas se eu tomar a sua lanterna, eu posso fazer alguma coisa com ela. Devo experimentar e pedir emprestado um pouco de sua sabedoria. Eu tenho uma profunda filosofia para pregar a essas pessoas inteligentes e se eu gostasse de pregar esta filosofia, eu faria em pedaços todas as suas teorias sobre a ciência mental e moral. Eu descobri um segredo maravilhoso e eu poderia ficar no meio do mercado e clamar, ‘Eureka, Eureka, eu o encontrei!’, mas eu não cuido de construir o meu Evangelho sobre o fundamento da sabedoria humana. Não, se forem levados a crer em Cristo, deve ser a partir do Evangelho simples sem adornos, claramente pregado em linguagem rude. A fé de meus ouvintes, se eles são convertidos a Deus, não se apoia em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”.

Vocês não podem ver, queridos amigos, que o Apóstolo tinha muitas boas razões para vir a esta determinação? Quando um homem diz que ele está determinado a fazer uma certa coisa, parece que ele sabia que era uma coisa difícil de fazer. Então, eu acho que deve ter sido uma coisa difícil para o Apóstolo determinar manter este tema: “Jesus Cristo e este crucificado”. Estou certo de que nove décimos dos ministros deste tempo presente não teriam feito isso. Imagine Paulo atravessando as ruas de Corinto e ouvindo um filósofo explicar a atual teoria da criação. Ele está dizendo ao povo algo sobre o mundo brotar de certas coisas que existiam anteriormente e o Apóstolo Paulo pensa: “Eu poderia facilmente corrigir os erros deste homem. Eu poderia dizer-lhe que o Senhor criou todas as coisas em seis dias e descansou no sétimo, e mostrar-lhe no livro de Gênesis, o relato inspirado da criação. Mas, não, ele diz para si mesmo: “Eu tenho uma mensagem mais importante do que isso para anunciar”. Ainda assim, ele deve ter sentido como se ele tivesse gostado de corrigi-lo, pois, você sabe, quando você ouve um homem dizer uma mentira grosseira, você sente como se você desejasse ir e fazer uma batalha com ele. Mas, em vez disso, o Apóstolo pensa somente: “Não é da minha conta retificar as pessoas quanto à sua teoria da criação do mundo”. Tudo o que eu tenho que fazer é não saber nada, senão Jesus Cristo e este crucificado”.

Além disso, em Corinto, havia agora e então a certeza de haver uma luta política, e não tenho dúvida de que o Apóstolo Paulo sentia por seu povo, os judeus, e ele teria gostado de ver toda a sua parentela judaica tendo o privilégio da cidadania. Às vezes, os Coríntios realizariam uma reunião pública em que eles apoiariam a opinião de que os judeus não deveriam ter a cidadania em Corinto; o Apóstolo não poderia ter feito um discurso em uma tal reunião? Se ele tivesse sido convidado a fazê-lo, ele teria dito: “Eu não sei nada sobre esses assuntos! Tudo o que sei é Jesus Cristo e este crucificado”. Haviam, sem dúvida, palestras políticas em Corinto, e um homem fazia uma palestra sobre este assunto, e outro sobre aquele. Na verdade, todos os tipos de temas maravilhosos retirados dos poetas antigos foram descantados mediante diferentes homens.

O Apóstolo Paulo não poderia assumir uma das palestras? Será que ele não diz, “Eu posso jogar um pouco de Evangelho para ele e assim fazer algo de bom?”. Não, ele disse: “Eu vim aqui como ministro de Cristo e nunca serei outra coisa, senão ministro de Cristo. Eu nunca me dirigirei aos Coríntios em qualquer outro caráter além de embaixador de Cristo. Pois uma coisa, unicamente, eu tenho determinado saber, e isso é Jesus Cristo e este crucificado. Quisera Deus que todos os ministros desta época houvessem determinado fazer o mesmo! Você, às vezes, não encontra um ministro que assume um papel de destaque em uma eleição, que pensa que seu negócio é ficar à frente na plataforma política da nação? E nunca agitou você que ele estivesse fora de seu lugar, que era o seu negócio não saber nada entre os homens, senão a Jesus Cristo e este crucificado? Não vemos, em cada esquina das nossas ruas, um anúncio de palestra a ser feita sobre esse e aquele e aquele outro assunto, por este ministro, e para isso, ele deixa seu púlpito, a fim que possa estar habilitado para ministrar palestras sobre todos os tipos de assuntos? “Não”, Paulo diria: “se eu não posso anunciar o Evangelho de Cristo legitimamente, pregando abertamente, não vou fazê-lo, tendo um título absurdo para meu sermão! O Evangelho deve permanecer ou cair em seus próprios méritos, e sem palavras persuasivas de sabedoria humana eu o pregarei. Não deixe ninguém dizer-me: ‘Venha ministre advocacia para esta ou aquela reforma’, e minha resposta seria: ‘Eu não sei nada sobre esse assunto, pois eu determinei não saber nada entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado’”.

Como Albert Barnes diz muito bem: “Esta deve ser a resolução de todos os ministros do Evangelho. Este é o seu negócio, e não ser um político, nem se envolver em contendas e controvérsias dos homens, nem ser apenas um bom fazendeiro, ou erudito, nem se misturar com o seu povo em círculos e prazeres festivos, nem ser um homem de gosto refinado e filosofia ou distinguido principalmente pelo requinte dos costumes, nem ser um filósofo profundo ou metafísico, mas fazer de Cristo crucificado o grande objeto de sua atenção e buscar sempre e em toda parte torná-lo conhecido. Ele não deve estar em qualquer lugar envergonhado da doutrina humilde de que Cristo foi crucificado. Nisto, ele deve gloriar-se! Embora o mundo possa ridicularizar, embora os filósofos zombem, embora os ricos e os festeiros possam ridicularizá-lo, no entanto, este deve ser o grande objeto de interesse para ele e em nenhum momento e em nenhuma sociedade, deverá envergonhar-se disso!”.

Não importa quais são os divertimentos da sociedade ao seu redor — que campos da ciência, ou lucro, ou ambição, estejam abertos à sua frente — o ministro de Cristo deve saber somente sobre Cristo, e este crucificado. Se ele cultiva a ciência, que seja a que ele possa explicar e vindicar o Evangelho com mais sucesso. Se ele se torna de alguma maneira familiarizado com as obras de arte e de bom gosto, que isto seja para que ele possa mostrar com mais êxito àqueles que cultivam a beleza superior e excelência da cruz. Se ele estuda os planos e os empregos dos homens, que seja para que ele possa encontrá-los com mais sucesso nesses planos e falar mais efetivamente a eles do grande plano da redenção! A pregação da cruz é o único tipo de pregação que será assistida com sucesso! Aquela que tem em si muita consideração pela missão Divina, a dignidade, as obras, as doutrinas da Pessoa e da expiação de Cristo será bem sucedida. “Assim foi no tempo dos Apóstolos! Assim foi na Reforma! Assim foi nas missões dos Morávios! Assim tem sido em todos os avivamentos da Religião! Há um poder sobre esse tipo de pregação que a filosofia e a razão humana não possuem. “Cristo é grande ordenança de Deus” para a salvação do mundo e encontramos os crimes e alivio das dores do mundo apenas na proporção em que temos a cruz como designado para superar o primeiro e para derramar o bálsamo da consolação no outro”. Quem dera que todos os ministros mantivessem este espírito, que não fizessem nada fora do ofício do ministério, que, sendo uma vez ministro, fosse um ministro para sempre e nunca seja um político, nunca seja um palestrante! Que, sendo uma vez pregador, seja um pregador do santo Evangelho de Cristo, até que Cristo nos leve para Si mesmo para que comecemos a cantar o novo cântico diante do Trono de Deus!

Agora, irmãos e irmãs, tenho realizado meu dever em dizer essas coisas. Se elas se aplicam a alguns dos ministros que vocês admiram, não posso ajudá-los. Aqui está o texto e o que podemos aprender com ele, apenas isso: que o Apóstolo Paulo determinou fazer tudo como um ministro de Cristo! E, meus queridos irmãos e irmãs, é seu dever fazer isso como ouvintes. Como Cristãos, é o seu dever e privilégio não conhecer nada, senão Jesus Cristo e este crucificado!

I. E em primeiro lugar, no que diz respeito ÀS DOUTRINAS QUE VOCÊ ACREDITA, eu suplico: Não saiba de nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado.

É dito a você por uma pessoa que tal-e-tal sistema de teologia é baseado nos princípios mais sólidos da razão. É dito a você por um outro que as velhas doutrinas que você acredita não são consistentes com estes tempos avançados. Você irá agora e, em seguida, ser satisfeito mediante jovens cavalheiros inteligentes que lhe dirão que ser o que é chamado um Calvinista é estar a um longo caminho para trás dessa era progressista, “Por que você sabe”, dizem eles, “que os pregadores intelectuais estão se levantando e que seria bom se você se tornasse um pouco mais intelectual em matéria de pregação e audição”. Quando tal observação como esta for feita para qualquer um de vocês, peço-lhes para darem esta resposta: “Não sei de nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado. Se você puder me dizer mais sobre Cristo do que eu sei, eu agradecerei. Se você puder me instruir a respeito de como eu posso me tornar mais semelhante a Cristo, como posso viver mais perto em comunhão com Ele, como a minha fé nEle pode tornar-se mais forte e minha crença no Seu santo Evangelho pode tornar-se mais firme, então eu te agradecerei. Mas se você não tem nada para me dizer, exceto alguns conhecimentos intelectuais que você tem acumulado com grandes dores, vou dizer-lhe que, embora possa ser uma coisa muito boa para você pregar, e para outros que são intelectuais ouvirem, eu não pertenço à sua classe, nem quero pertencer a ela; eu pertenço àquela seita da qual se fala contra em todos os lugares, que busca, na maneira que os homens chamam de heresia, adorar ao Senhor Deus de seus pais, crendo em tudo o que está escrito na Lei e nos Profetas. Eu pertenço a uma raça de pessoas que acreditam que não é o orgulho do intelecto, nem a pompa de conhecimento que pode sempre ensinar aos homens as coisas espirituais. Eu pertenço àqueles que pensam que das bocas de bebês e crianças de peito Deus ordenou a força, e eu não acredito no que sai da sua boca, Deus não ordenou nenhuma força nisto tudo! Eu pertenço aos homens que gostam de sentar-se, com Maria, aos pés de Jesus, e receber apenas o que Cristo disse, como Cristo disse isso, e porque Cristo disse isso. Não quero a verdade, mas o que Ele diz ser a Verdade de Deus, e não há outro motivo para acreditar, senão que Ele diz, e não há melhor prova de que é verdadeiro do que eu sinto e sei que é verdade quando aplicado ao meu próprio coração”.

Agora, meu caro amigo, se você pode fazer isso, eu confiarei em você em qualquer lugar, até mesmo entre os hereges mais sábios da época! Você pode ir para onde as falsas doutrinas são abundantes, mas você nunca pegará a praga da heresia enquanto tiver este conservante do ouro da verdade de Deus e puder dizer: “Não sei de nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado”. Quanto a mim, eu posso verdadeiramente dizer que Jesus Cristo e este crucificado é a soma de todo o conhecimento para mim. Ele é o mais elevado intelectualismo! Ele é a filosofia grandiosa a qual minha mente pode alcançar! Ele é o auge, que sobe mais elevado do que as minhas aspirações mais altas, e mais profundo do que esta grande verdade de Deus eu nunca desejo sondar! Jesus Cristo e este crucificado é a soma total de tudo o que eu quero saber e de todas as doutrinas que eu professo e prego!

II. Em seguida, isso deve ser exatamente o mesmo em SUA EXPERIÊNCIA. Irmãos e irmãs, peço-vos, que na sua experiência, não saibam de nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado.

Você pode sair amanhã e não apenas para o mundo exterior, mas dentro da igreja, a igreja nominal, e você encontrará uma classe de pessoas que toma você pelo ouvido e que o convida para suas casas. E no momento em que você está lá, eles começam a falar com você sobre as doutrinas do Evangelho. Eles não dizem nada sobre Jesus Cristo, porém eles começam imediatamente a falar dos decretos eternos de Deus, da eleição e dos altos mistérios do Pacto da Graça. Enquanto eles estão falando com você, você diz em seu coração: “O que eles estão dizendo é verdade, mas há um defeito lamentável em tudo isso: seu ensino é a verdade à parte de Cristo”. A consciência sussurra, “a eleição que eu acredito é a eleição em Cristo. Estes homens não falam nada sobre isso, mas só de eleição. A redenção que acredito tem sempre uma referência muito especial à cruz de Cristo. Estes homens não mencionam Cristo, eles falam de redenção como uma transação comercial e não dizem nada sobre Jesus. No que diz respeito à perseverança final, eu acredito em tudo o que esses homens dizem, mas eu fui ensinado que os santos só perseveram em consequência de sua relação com Cristo; estes homens não dizem nada sobre isso”. Este ministro, dizem eles, não é sensato, e aquele outro ministro não é sensato; e permita-me dizer-lhe que, se você chegar entre esta classe de pessoas, você aprenderá a lamentar o dia em que você já olhou em seus rostos!

Se você deve entrar em contato com eles, peço-lhe para dizer-lhes: “Eu amo todas as verdades que vocês sustentam, mas o meu amor por elas nunca pode dominar e substituir o meu amor por Jesus Cristo, e este crucificado. E digo-lhes claramente, enquanto eu não poderia sentar para ouvir doutrina errônea, eu não conseguiria, tão logo fazer isso como sentar-me para ouvir doutrina verdadeira à parte do Senhor Jesus Cristo! Eu não poderia ir para um lugar onde eu vi um homem vestido com roupas deslumbrantes, que fingia ser Cristo, e não era. E, por outro lado, eu não poderia ir para um lugar onde eu vi as vestes reais de Cristo, mas o Mestre, Ele mesmo, estava ausente; o que eu preciso não é o Seu manto, preciso do Mestre, Ele próprio. E se você pregar para mim doutrina seca, sem Jesus Cristo, eu digo-lhe que não atenderá a minha experiência, a minha experiência é apenas esta: que, enquanto conhecer a minha eleição, eu nunca posso saber, a menos que eu saiba da minha união com o Cordeiro. Digo-vos francamente que eu sei que sou redimido, mas eu não posso suportar pensar em redenção, sem pensar no Salvador que me resgatou. É a minha jactância perseverar até o fim, mas eu sei — de hora em hora me faço saber — que a minha resistência depende de minha posição em Cristo. Eu devo ter essa verdade pregada em conexão com a cruz de Cristo”.

Oh, não tenho nada a ver com essas pessoas, a menos que seja para defini-los bem, pois você encontrará que estão cheios de fel da amargura e o veneno de víbora está na sua língua! Em vez de dar-lhe coisas sobre o qual sua alma pode se alimentar, eles farão você cheio de todo o tipo de amargura, malícia e maledicência contra aqueles que verdadeiramente amam o Senhor Jesus, mas que diferem deles em algum pequeno assunto.

Você pode encontrar-se com outra classe de pessoas que irão levá-lo por outro ouvido, e lhe dirão, “Nós também amamos as doutrinas de Cristo, mas acreditamos que os nossos amigos do outro lado da estrada, estão errados. Eles não pregam bastante experiência”. E você diz, “Bem, eu penso que eu estou entre as pessoas que vão me atender, agora”, e você ouve o ministro insistindo que a experiência mais preciosa no mundo é a de saber a sua própria corrupção, de sentir o mal do coração humano, que monturo imundo virou mais e mais em toda a sua perniciosidade fedendo e exposto ao sol! E depois de ouvir o sermão, que é cheio de humildade fingida, você se levanta de seu lugar mais orgulhoso do que alguma vez foi em sua vida, determinando agora que começará a gloriar-se em muita coisa que uma vez que você contou como escória! As coisas que você uma vez se envergonhava de falar, agora você acha que deve ser a sua ostentação! Essa experiência profunda, que foi a sua desgraça deverá agora se tornar a coroa da sua glória! Vocês falam aos queridos irmãos e irmãs que embebem deste ponto de vista e eles lhe dizem para buscar em primeiro lugar, não o Reino de Deus e a sua justiça, mas as coisas ocultas da prisão, a descoberta da injustiça e impiedade da alma.

Ó meus caros amigos, se vocês desejam ter suas vidas feitas miseráveis! Se vocês quiserem ser conduzidos de volta para a escravidão do Egito. Se vocês quiserem ter a corda de Faraó colocada em volta de seus pescoços, mais uma vez, tomem o próprio lema deles como o seu lema. Mas se vocês desejam viver como eu acredito que Cristo gostaria que vocês vivessem, eu lhes suplico que digam: “Não, não me faz bem, por vezes, ouvir o mau coração, mas eu fiz uma determinação para não saber de nada, senão Jesus Cristo e este crucificado, e você não me diga nada, senão sobre Ele”. Estes homens pregam um domingo sobre o leproso, mas eles pregam, no domingo seguinte, sobre o leproso curado! Estes homens contam tudo sobre o estado imundo do coração humano, mas dizem pouco ou nada sobre esse rio que deve limpá-lo e purifica-lo! Eles dizem muito sobre a doença, mas não muito sobre o Médico! E se você participar de seu ministério por muito tempo, você será obrigado a dizer: “Entrarei em uma condição tão triste que serei tentado a imitar Judas e sair e me enforcar! Então, bom dia para você, pois eu determinei não saber de nada na minha experiência, senão sobre Jesus Cristo e este crucificado”.

Eu devo ser muito sincero em tentar avisá-lo sobre este assunto, pois há uma tendência crescente, entre uma certa ordem de Cristãos professos, de criar algo na experiência ao lado de Jesus Cristo e este crucificado. Diga-me que a sua experiência está toda envolvida com o Senhor Jesus Cristo, e eu me alegrarei nela. Quanto mais de Cristo há nela, mais preciosa ela é. Diga-me que a sua experiência é cheia do conhecimento de suas próprias corrupções, e eu respondo: “Se não há nela uma mistura de conhecimento de Cristo, e a menos que o conhecimento de Cristo predomine em grande medida, a sua experiência é de madeira, feno e palha e deve ser consumida, e você deve sofrer a perda”.

A propósito, deixe-me contar uma pequena história sobre O Peregrino, de Bunyan. Eu sou um grande amante de John Bunyan, mas eu não acredito em sua infalibilidade. Em outro dia encontrei-me com uma história sobre ele que eu acho muito boa. Havia um jovem em Edimburgo que desejava ser missionário. Ele era um jovem sábio. Então ele pensou: “Se eu for ser um missionário, não há necessidade de eu me transportar longe de casa. Posso muito bem ser um missionário em Edimburgo”. Aqui há uma dica para algumas de vocês, senhoras, que distribuem folhetos em seu distrito, mas nunca dão um à sua serva Maria.

Bem, este jovem começou e ele estava determinado a falar com a primeira pessoa que ele encontrasse. Ele conheceu uma dessas pescadoras antigas — aqueles de nós que as viram nunca podem esquecê-las — são mulheres extraordinárias, de fato! Assim, passando por ela, disse: “Aqui está você, vindo junto com a sua carga em suas costas. Deixe-me perguntar-lhe se você tem um fardo, um peso espiritual”. “O quê?”, perguntou ela, “Você quer dizer o fardo do Peregrino de John Bunyan? Porque se você quer dizer isso, jovem, eu me livrei dele há muitos anos, provavelmente antes de você nascer. Mas eu agi de uma maneira melhor do que a do peregrino. O evangelista John Bunyan falou como um dos seus párocos que não pregam o Evangelho, pois ele disse: ‘Mantenha a luz em seus olhos e corra para a porta’. Ora, o homem vive! Aquele não era o lugar para ele correr! Ele deveria ter dito: “Você vê cruz? Corra para lá imediatamente”; mas, em vez disso, ele enviou o pobre peregrino para a porta primeiro, e ele foi para lá! Ele foi caindo no pântano e poderia ter sido morto por ele”.

“Mas você não fez isso”, perguntou o jovem, “passou por qualquer Pântano do Desânimo?”. “Sim, eu passei. Mas eu achei muito mais fácil passar com a minha carga fora do que com ela nas minhas costas”. A velha mulher estava certa! John Bunyan colocou a libertação do fardo muito longe após o início da peregrinação. Se ele queria mostrar o que acontece geralmente, ele estava certo, mas se ele queria mostrar o que deveria ter acontecido, ele estava errado. Não devemos dizer ao pecador: “Agora, pecador, se você será salvo, vá para a piscina batismal, vá para a porta, vá à igreja, faça isto ou aquilo”. Não, a cruz deve estar bem em frente à cancela do portão e devemos dizer ao pecador: “lance-se até lá e você estará seguro. Mas você não está seguro até que você possa se livrar da sua carga e deita-la ao pé da cruz e encontrar a paz em Jesus.

III. Permitam-me concluir dizendo, irmãos e irmãs, que determinem, a partir desta hora, EM SUA FÉ, que vocês não saberão de nada, senão Jesus e este crucificado.

Estou perfeitamente certo de que não tenho um grão de meu próprio mérito em que confiar e não tanto quanto um átomo de força de uma criatura para confiar, mas muitas vezes eu me encontro, durante os sete dias da semana, confiando no meu mérito próprio que não existe, e, dependendo da minha força própria, que eu, ao mesmo tempo, confesso não existir absolutamente. Você e eu, muitas vezes chamamos o “Papa”, de o anticristo, mas nós mesmos, muitas vezes, não desempenhamos o anticristo, também? O Papa define-se como o cabeça da Igreja, mas não podemos ir mais longe, nos colocando, por vezes, como sendo nossos próprios salvadores? Nós não dizemos isso, a não ser em uma espécie de voz mansa e delicada, como os murmúrios dos antigos feiticeiros. Não é uma mentira alta, falada para fora, porque saberíamos, então, como respondê-la. “Mas agora”, sussurra o Diabo, “Quão bem você fez isso!” E então começamos a confiar em nossas obras, e Satanás diz: “Você orou tão bem ontem, você nunca será frio em suas orações novamente. E você será tão forte na sua fé de modo que você nunca duvidará do seu Deus de novo”.

É o velho bezerro de ouro que está configurado mais uma vez, pois, apesar de ter sido reduzido a pó, ele parece ter a arte de se reunir novamente! Depois de nos ter sido dito, dez vezes mais, que não podemos ter qualquer mérito nosso, começamos a agir como se tivéssemos! E o homem que diz, em sua doutrina, que todas as suas novas fontes estão em Cristo, ainda pensa e age como se tivesse nascentes frescas de sua autoria; ele chora como se toda a sua dependência estivesse sobre si mesmo e geme como se a sua salvação dependesse de seus próprios méritos! Muitas vezes conversamos, em nossas próprias almas, como se nós não tivéssemos crido no Evangelho em absoluto, mas esperamos ser salvos por nossas próprias obras e por nossos próprios desempenhos de criatura. Oh, a determinação mais forte é não saber nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado! Prouvera a Deus que eu mesmo pudesse fazer essa resolução e que todos vocês a fizessem comigo!

Eu ouvi uma vez de um compatriota que estava pregando, um dia, e ele pregou muito bem a primeira metade do seu sermão, mas no final ele inteiramente desviou-se e seu irmão lhe disse: “Tom, eu posso te dizer por que você não pregou bem no final do seu sermão. Foi porque você foi tão bem no início que o Diabo sussurrou: ‘Muito bem, Tom, você está ficando muito bom’. E assim que o Diabo disse isto, você pensou: ‘Tom é um bom sujeito’, e então o Senhor lhe deixou”. Feliz teria sido para Tom se pudesse ter determinado não saber de nada, senão Jesus Cristo e este crucificado, e não ter conhecido Tom em absoluto!

Isso é o que eu desejo para mim mesmo saber, pois eu não sei nada, senão a partir do poder que vem do alto. Eu nunca poderei ser menos potente uma vez do que em outra e eu posso gloriar-me na minha fraqueza, pois isto abre espaço para o poder de Cristo descansar sobre mim:

“Eu me glorio na fraqueza,

Para que o poder do próprio Cristo possa descansar sobre mim:

Quando estou fraco, então é que sou forte,

A graça é o meu escudo, e Cristo a minha canção.”

Seria uma boa resolução para vocês, irmãos, e para mim mesmo, determinarmos não saber nada sobre nós mesmos e nada sobre nossas próprias ações. Agora amigo João, comece a não pensar nada sobre si mesmo e não saber nada, senão Jesus Cristo. Vamos, João vá aonde Ele quer e não seja dependente da força de João, mas de Cristo. E você, Pedro, não saiba absolutamente nada sobre Pedro, e não se vanglorie, “Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu” [Marcos 14:29]. Mas saiba que o Senhor Jesus de Pedro está vivendo dentro de Pedro, e então você pode prosseguir confortavelmente.

Determine, Cristão, que, pela graça de Deus, deve ser o seu esforço manter o seu olho simples, manter a sua fé fixa apenas no Senhor Jesus, sem qualquer adição de suas próprias obras, ou a sua própria força, e determinar que você pode seguir em seu caminho cheio de alegria, cantando sobre a cruz de Cristo como sua jactância, a sua glória e seu tudo! Nos achegamos agora à mesa do nosso Mestre, e eu espero que esta será a nossa determinação ali: não saber nada, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E que o Senhor nos dê a Sua bênção! Amém.

***

Uma Exposição do Salmo 22, por C. H. Spurgeon

Salmo 22. Este Salmo é dirigido, “Para o músico-mor sobre Aijelete-Hás-Saar” — ou, como a margem apresenta, “Posterior ao da manhã” — “Salmo de Davi”. Ele começa nas profundezas da tristeza do Mestre, quando este grande e amargo clamor escapou de seus lábios:

1a. Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Cada palavra é enfática. “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?”, “Todos os outros podem abandonar-Me, e Eu não preciso estar perturbado com a ausência deles, mas “por que Me abandonaste?”, “Por que Me desamparaste? “Eu entendo porque Tu Me abates, porque Eu sou o Pastor predestinado para ser ferido pelo rebanho, mas “por que Me desamparaste?”, “Por que Tu Me desamparaste? Seu Unigênito, Seu Filho Bem-Amado, ‘por que Tu Me desamparaste?’”.

1b. Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? “Por que eu não inspiro o Seu amor, nenhum gozo de Tua Presença, nenhuns sussurros de Seu coração? Eu fiquei sozinho, totalmente deixado, abandonado na cruz, deixado em Minha mais terrível necessidade”. Os filhos adotados de Deus não costumam falar assim. Tal lamento não tem muitas vezes vindo mesmo dos mártires da fé, pois, como regra geral, eles tiveram a Deus com eles na hora da mais profunda agonia. Mas ali estava Aquele que era muito maior do que eles, que teve que suportar o sofrimento ainda de onde foram dispensados, o Único perfeito foi abandonado por Deus! Você sabe que era porque Ele estava em nosso lugar que o Salvador teve essa preeminência no sofrimento e tristeza.

2. Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego. Pense sobre que fardo foi sobre a alma do Bem-Amado oração não respondida. Você já sentiu um fardo assim? Então, você não está sozinho nessa experiência, pois Aquele que é infinitamente melhor do que você considerou sobre suas orações diárias e suas orações noturnas que, momentaneamente, não foram atendidas.

3. Porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores de Israel. Siga o exemplo do seu Senhor, pobre alma perturbada. Não veja nenhuma falha em seu Deus, embora Ele te desampare. Chame-O santo, mesmo que Ele deva deixá-lo. E quando Ele parecer não ouvir suas orações, ainda assim não esqueça dos Seus louvores.

4-6. Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram, e não foram confundidos. Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo. Pense em nosso Senhor Divino assumindo assim o lugar mais baixo, tornando-se, por assim dizer, algo menos do que homem, apenas este pequeno verme carmesim, que tem apenas uma vida feita de sangue. Cristo compara-se a ele enquanto diz, “Eu sou um verme, e não homem”.

7-8. Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer. Oh, estas foram palavras cruéis e cortantes! Como uma navalha afiada, eles cortaram o coração de nosso Divino Mestre, enquanto Ele ouvia os seus inimigos exultantes mesmo sobre sua fé, como se tivesse chegado a nada, pois agora Jeová, Ele mesmo, O havia abandonado e O deixou morrer sozinho sobre o madeiro!

9-10. Mas tu és o que me tiraste do ventre; fizeste-me confiar, estando aos seios de minha mãe. Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe. Às vezes, também podemos derivar grande conforto dessa verdade de Deus, a qual o nosso Salvador se refere aqui. Quando não podemos nos ajudar no menor grau, o Senhor preservou-nos, logo, não será que Ele mais uma vez nos ajudará quando estamos no nosso pior? Você, que chegou à sua segunda infância pode refletir com gratidão e esperança sobre a maneira como Deus cuidou de você em sua primeira infância. Naquela ocasião, você certamente era totalmente dependente dEle, mas você se saiu bem e assim você se sairá se cada sentido lhe faltar, se o poder do movimento lhe for tirado, e o poder da visão, e o poder da audição, contudo o Senhor, Quem te abençoou, quando você havia acabado de nascer, ainda preservará você até o fim. Você se lembra de como o Senhor estabelece esta verdade em Isaías 46:4 “E até à velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos carregarei; eu vos fiz, e eu vos levarei, e eu vos trarei, e vos livrarei [Isaías 46:4]”. Nosso Salvador, tendo Se consolado, assim, prostrou-se em oração novamente.

11-12. Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude. Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam. Estes eram os Fariseus, os príncipes dos sacerdotes e os fortes soldados romanos que cercaram nosso Salvador quando Ele estava na cruz.

13-14. Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge. Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas. Você não pode ver o seu Salvador pendurado no madeiro maldito, cada partícula dEle, por assim dizer, soltou de Sua Pessoa pela febre alta em todo o seu Ser e a angústia e depressão profunda do Seu espírito?

15a. A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar. Tal era a intensidade de Sua angústia que a febre dentro dEle transformou sua boca em um forno e Sua língua estava tão seca que mal podia se mexer.

15b. e me puseste no pó da morte. Como se todo o Seu corpo estivesse preparado para voltar aos seus elementos primários. Ele sente em Si mesmo a sentença pronunciada sobre o primeiro Adão, “Tu és pó, e ao pó tornarás”.

16a. Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou. Estas foram as pessoas comuns, a plebe, a multidão que se aglomerava ao redor, latindo para Ele como uma matilha de cães famintos.

16b. traspassaram-me as mãos e os pés. Esta pequena frase mostra que este Salmo deve estar relacionado com o Senhor Jesus. Verdadeiramente Davi O vê na visão! Isso aconteceu não a Davi, o ter suas mãos e pés perfurados, mas esta foi a porção do Mestre e Senhor de Davi. Ele poderia, de fato, dizer: “Traspassaram minhas mãos e meus pés”.

17. Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam. Ele está abatido pelo Seu jejum e toda a agonia que Ele suportou. E seus ossos parecem romper Sua pele devido à flagelação cruel a que tinha sido submetido.

18-19. Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa. Mas tu, Senhor, não te alongues de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-me. Ou seja, El — nome que deu a Deus no primeiro verso — “Ó Minha Única Força”.

19-21. Mas tu, Senhor, não te alongues de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-me. Livra a minha alma da espada, e a minha predileta da força do cão. Salva-me da boca do leão; sim, ouviste-me, das pontas dos bois selvagens. Já reparou no feixe de luz brilhando através da escuridão: “Ouviste-Me”? Talvez tenha sido nesse momento que o sol novamente resplandeceu, em qualquer caso, é claro que a luz perdida havia retornado ao nosso Senhor sofredor, pois o resto deste solilóquio Divino está cheio de conforto e confiança.

22a. Então declararei o teu nome aos meus irmãos. Seu primeiro pensamento, mesmo em Sua agonia na cruz, estava sobre eles. E Ele parecia dizer: “Quando Eu tiver ressuscitado dos mortos, vou dizer-lhes tudo sobre este tempo de provação. E através dos séculos vindouros, direi ao Meu povo como Tu me ajudaste — o maior de todos os sofredores — e isto vai ajudá-los, também. Permaneci por um tempo, e ainda assim eu não estava, finalmente, abandonado. Eu chorei, ‘Lama sabactâni’, e ainda assim Eu triunfei, mesmo assim, e assim será com eles. Eles devem fazer o que Eu fiz, confiar e vencer”.

22b. louvar-te-ei no meio da congregação. E você sabe que Ele o fez. Ele ficou no meio do Seu povo e lhes disse o que Deus tinha feito! E, espiritualmente, Ele está no meio de nós, neste momento, e Ele leva nossos cânticos de louvor ao Senhor.

23-24. Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, semente de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, semente de Israel. Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu. Que mudança de nota! Se os homens pudessem nos ouvir falar quando estamos nas profundezas da tristeza, eles poderiam concluir que Deus nos havia abandonado. Mas quando saímos, mais uma vez, quão rapidamente comemos nossas palavras e em quanto tempo nós começamos a contar a bondade do Senhor! Então, nós nos levantamos com alegre força, “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre”.

25. O meu louvor será de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem. Cristo ainda louva a Deus na grande congregação. No meu caminho para o serviço desta noite, visitei para ver um dos nossos queridos irmãos, que está muito doente, e eu fui muito refrescado com uma doce coisa que ele disse: “Quando todos chegarmos ao Céu, vamos nos sentir muito em casa, pois, saiba, senhor, temos adorado em uma grande congregação por todos estes anos”. E assim faremos. Há algo mais emocionante e refrescante em ir com a multidão para guardar o santo dia, quantos mais, melhor! Mas qual será a alegria no Céu, onde o número dos redimidos não pode ser contado, e todos devem estar continuamente louvando a Deus? Esta foi uma das alegrias que foram colocadas diante de Cristo, pela qual “Ele suportou a cruz, desprezando a vergonha”.

26a. Os mansos comerão e se fartarão. Mesmo no tempo de Sua grande agonia, nosso Senhor estava pensando em vocês às ocultas, Seus pequeninos que pensam de si mesmos que nada valem. Cristo diz que Ele foi encontrar pão para vocês, porque Ele nos dá a Sua carne a comer, essa carne que é carne, de fato.

26b. Louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente. Ele morreu para que todos os que confiam nEle vivessem para sempre. Oh, quão docemente Ele morre, com o pensamento de sua bem-aventurança eterna em Sua mente!

27. Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante a tua face. Ele vê o resultado de Sua morte. Ele contempla o fruto das dores de Sua alma e Seu coração se alegra dentro dEle!

28-30. Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações. Todos os que na terra são gordos comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele; e nenhum poderá reter viva a sua alma. Uma semente o servirá; será declarada ao Senhor a cada geração. Chegarão e anunciarão a sua justiça ao povo que nascer, porquanto ele o fez. O Salmo realmente termina com quase o último grito de nosso Senhor na cruz: “Está consumado”. Assim, todo o Salmo é uma janela através da qual podemos ver o mais íntimo do coração de Cristo, quando Ele estava sendo moído na cruz.