O Grande Mistério Da Piedade, Sermão Nº 786. Pregado na manhã do Dia do Senhor, 22 de dezembro de 1867. Por C. H. Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.
“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” (1 Timóteo 3:16)
O apóstolo havia acabado de lembrar a Timóteo que a Igreja do Deus vivo é a coluna e firmeza da verdade de Deus, e instou isso sobre ele para comportar-se corretamente no meio daqueles homens fiéis a quem o Senhor havia concedido o Evangelho; e, para que de modo algum o jovem ministro pensasse que o tesouro confiado à Igreja era de pouco valor, ele declara que acima de toda controvérsia, isso era grandioso e precioso. Toda religião pagã teve o seu mistério, a sua doutrina secreta revelada apenas aos iniciados, o que foi considerado a essência da fé. O mistério de algumas religiões foi mera futilidade, insensatez se falso, e se fosse verdade, sem importância para ninguém; mas mesmo aqueles que não acreditam nos fatos de nossa religião não podem conter nenhuma controvérsia conosco sobre a grandeza inefável deles, se eles são de fato verdade. Seja um homem o que ele possa ser, se ele é razoável, admitirá que o Cristianismo não lida com ninharias. Como a águia, ele não se faz falcão de moscas, ele aspira conquistar os temas mais elevados do pensamento. Certo ou errado, os temas com os quais lidamos não são secundários, mas revestem-se de um interesse incrível que ninguém, senão os frívolos desprezam. Jesus não se senta em nenhum segundo lugar entre os mestres. Paulo menciona o que o mistério da piedade é, e declara que se trata da manifestação de Deus em carne humana, para que Ele pudesse salvar a humanidade dos seus pecados. Agora, diz ele, sem controvérsia esta é uma questão grandiosa, se é recebida por nós como verdadeira, isso vem até nós para agir como aqueles que são colocados em confiança com um depósito de valor inestimável com o qual não ousamos ser de outra forma, a não ser fiéis. Não há lugar para a indiferença onde o Evangelho é anunciado, ou ele é a mais surpreendente das fraudes, ou a mais maravilhosa das Revelações; ninguém pode permanecer, com segurança, indeciso sobre isso, é muito importante, muito solene para ser extinto como questão de nenhuma preocupação. Inimigos e amigos da mesma forma confessam que o mistério da piedade é grande: não é córrego ondulante de dogma, mas um vasto oceano de pensamento, nem montículo de descoberta, mas um Alpe de Revelação, não um raio de luz, mas um sol brilhando em sua força.
Eu, nesta manhã, primeiramente tomarei o resumo do Apóstolo sobre a nossa Religião; em segundo lugar, darei umas pequenas observações sobre essa; e em terceiro lugar, extrairei uma ou duas inferências a partir disso.
I. Primeiro, observemos atentamente O RESUMO DA VERDADEIRA RELIGIÃO entregue pelo apóstolo ao seu filho na fé.
1. O primeiro artigo deste mais autêntico Credo dos Apóstolos declara que “Deus foi manifestado em carne”. Isto é reivindicado como uma parte especialmente valiosa do grande mistério da piedade. Meus irmãos e irmãs, se vocês desejam considerar isso cuidadosamente, esta é uma das doutrinas mais extraordinárias que já foram declaradas à audição humana, pois se não fosse bem atestada, seria absolutamente incrível que o infinito Deus que preenche todas as coisas, que era e é, e há de vir, o Todo-Poderoso, o onisciente e onipresente, na verdade condescendeu em velar a Si mesmo nas vestimentas de nosso barro inferior. Ele fez todas as coisas, e ainda assim Ele se dignou a tomar a carne de uma criatura em união conSigo mesmo; o Infinito estava ligado com o infante, e o Eterno foi harmonizado com a mortalidade. Aquela manjedoura em Belém, ocupada pela expressa imagem da glória do Pai, foi, de fato, uma grande visão para aqueles que compreenderam. Bem poderia a tropa de anjos sair em multidões de dentro dos portões de pérolas, para que pudessem contemplar Aquele que o Céu não poderia conter, encontrando acomodação em um estábulo, com um humilde casal. Maravilha das maravilhas! Deus sobre todos, bendito para sempre, tornou-se Um com um bebê recém-nascido que dormia em uma manjedoura onde os bois de chifres alimentavam-se.
“Deus foi manifestado em carne”. Nisto Paulo não testifica meramente o nascimento de nosso Senhor, mas toda a Divina manifestação em Sua vida de 32 ou 33 anos. Ele foi abundantemente manifesto entre as multidões, e diante dos Seus discípulos durante a última parte de sua vida. Ele era Deus em milagres mais abundantes, mas Ele era homem nos sofrimentos mais dignos de lástima. Ele era o Filho do Altíssimo, e, no entanto, “um homem de dores e experimentado no sofrimento”. Ele pisou as ondas do mar obediente, e ainda assim, Ele não possuía um pé de terra em toda a Judéia. Ele alimentou milhares com o Seu poder, e mesmo assim todo fraco e cansado Ele se sentou em cima de um poço, e clamou: “Dá-me de beber”. Ele expulsou demônios, mas Ele mesmo foi tentado pelo Diabo. Ele curou todos os tipos de doenças, e Ele mesmo foi cheio de tristeza até a morte. Ventos e ondas O obedeceram, cada elemento reconheceu a augusta presença da Divindade, e ainda assim Ele foi tentado em todos os aspectos, como nós somos. A Humanidade de nosso Senhor não foi nenhum fantasma, nem mito, não mera aparição em forma humana: acima de qualquer dúvida “O Verbo se fez carne, e habitou entre nós”, “apalpai-me e vede”, disse Ele, “pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24:39). “Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente” (João 20:27). Ainda, com igual certeza Deus se manifestou nEle. Como os fluxos de luz através da lanterna, assim a glória de Deus inflamou através da carne de Jesus, e aqueles que eram Seus companheiros mais próximos testemunham: “Nós vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14)
Essa revelação de Deus em carne tornou-se ainda mais extraordinária quando, enfim, nosso Senhor condescendeu em ser condenado à morte por Suas próprias criaturas. Acusado perante os tribunais humanos, condenado como culpado dos crimes mais graves, Ele é levado da prisão e do julgamento, sem que ninguém declare a Sua geração; Ele está preso ao madeiro maldito, e submetido à morte de mais profunda vergonha e amarga tortura. Ó vocês, cujos olhos amorosos têm visto o sangue que jorrou das feridas do Seu sangrante Senhor, e tem deleite em contemplar o Lírio dos Vales avermelhado em Rosa de Sarom com o carmesim de Seu próprio sangue, vocês podem ver Deus em Cristo enquanto contemplam rochas fendendo, o sol escurecendo, e os mortos ressurgindo de seus túmulos no momento de Sua partida da terra, contemplem na forma contorcida do Homem crucificado, a vingança e o amor de Deus, ao menos contemplem o Poder Divino sustentando a carga de culpa humana, e a Divina compaixão suportando tais agonias por rebeldes tão pouco merecedores. Verdadeiramente este Filho do Homem também era o Filho de Deus. Amados, este é um mistério que ultrapassa toda a compreensão. Se alguém deve tentar explicar, ou até mesmo definir a união do Divino e Humano no Senhor Jesus, ele logo prova a sua estultícia. Os estudiosos da Idade das Trevas gostavam muito de fazer perguntas intrigantes sobre o que eles chamavam de a união hipostática da Divindade e Humanidade de Cristo. Eles não podiam lançar tanto como um raio de luz sobre o assunto, eles se divertiram com enigmas e se perderam em labirintos. É o suficiente sabermos que a encarnação é um fato glorioso, e nos basta apreendê-la em sua simplicidade. Deus foi manifestado na carne de Jesus Cristo, o Verbo encarnado.
Amados, este é um grande mistério; grande porque trata-se de Deus. Qualquer doutrina que se relaciona com o Infinito e o Eterno é de maior importância. Devemos estar de todo ouvido e todo o coração, quando nós temos que aprender a respeito de Deus. A razão nos ensina que Aquele que nos criou, que é o nosso Preservador, e em cuja Palavra estamos prestes a voltar ao pó, deve ser o primeiro Objeto de nossos pensamentos. Voltem aqui, vocês rebeldes filhos de Adão, e contemplem este grande mistério, pois o seu Deus está aqui. Uma sarça ardente e não consumida atrairia o olhar curioso: o que você pensa de um Homem que estava em União com o Deus que é fogo consumidor? A verdade de Deus manifestada em carne é grandiosa se você considera a enorme honra que é assim conferida à humanidade. Como o homem é honrado em Deus tomando a natureza do homem em união a Si mesmo, pois em verdade Ele não tomou sobre Si a natureza dos anjos, mas Ele tomou sobre Si a descendência de Abraão, que de todas as criaturas virão mais próximo do Criador, evidentemente terão a preeminência nas fileiras da criação, a qual, então, carregar a palma. Não serão os serafins escolhidos? Não deverão os filhos de fogo de asas rápidas serem os principais entre os cortesãos do Céu? Vejam, e maravilhem-se, um verme é o preferido, um filho rebelde da terra é escolhido! A natureza humana é desposada em unidade com o Divino! Não há abismo entre Deus e o homem redimido neste momento. Deus é o primeiro, sobre todos, bendito para sempre, mas em seguida vem o homem na Pessoa do Homem Jesus Cristo. Bem podemos dizer com Davi: “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés” (Salmos 8:3-6). O homem é nobre, agora que Cristo é humano. O homem é exaltado desde que Cristo é humilhado. O homem pode ir a Deus, agora que Deus desceu ao homem. Isso é grandioso, não é? Um mistério, certamente, grande em todos os sentidos. Cuide para que você não despreze, nem ao menos se esqueça do abundante benefício que flui para o homem através deste canal de ouro.
Meus irmãos e irmãs, o mistério parece o maior de todos, porque é tão conectado com a nossa redenção Eterna. Não poderia ter havido afastamento do pecado pelo sofrimento vicário, se Deus não tivesse se tornado encarnado. O pecado não é removido, exceto por uma expiação, nem poderia qualquer pessoa ter sido suficiente para expiar, senão alguém de natureza semelhante à daqueles que haviam ofendido. Por um homem veio a morte, por um homem também deve vir a ressurreição. Jesus aparece como Homem para salvar o Seu povo dos seus pecados, tomando os pecados de Seu povo sobre Si, e oferecendo uma propiciação por eles. Que visão maravilhosa foi a do Redentor morrendo! A cruz é o foco de toda a história humana; eu estava quase dizendo que é o centro da vida de Deus, se é que isso pode ser. Todas as eras reúnem-se no Calvário. Jesus é o Sol central de todos os eventos. Oh, olhe novamente, e maravilhe-se mais e mais de que Deus colocou a Si mesmo no lugar de Sua criatura ofensora, e na Pessoa de Seu Amado Filho, pôde oferecer à justiça eterna a compensação pelos insultos que o pecado lançou sobre a Lei e ordenança! Não há grandeza no Céu ou terra se não está aqui na carne sangrante de Jesus, o Filho de Deus. Todo o mais é rebaixado a nada em Sua Presença.
Amados, a manifestação de Deus em Jesus crucificado mostrará ser grandiosa para vocês se já beberam profundamente de seu significado. Se, ao pé da cruz, vocês já viram todos os seus pecados punidos na Pessoa do Deus encarnado, e ouviram a voz que diz: “Por- tanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”, vocês não conseguem pensar levemente sobre a Palavra que Se fez carne. Se vocês aprenderam que Seu sangue trouxe o perdão perfeito para todos os crentes, e que através do véu rasgado de Sua carne, os santos têm acesso a Deus e entrada para o Céu, vocês lançarão mão da grande verdade de uma Deidade encarnada com uma compreensão que nem as provações da vida, nem os terrores da morte devem desprender, vocês odiarão o próprio pensamento de negar a Divindade do Senhor que os comprou, vocês serão zelosos de Seu grande no- me, e arderão com zelo sagrado por Sua glória. Vosso coração gritará indignado: “Para longe de mim, vocês rejeitadores do Divino Redentor, se vocês roubam a Cristo de Sua glória, eu lhes considero os piores dos ladrões”. “Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai” [1 João 2:23], e em negar a Jesus rejeitam o único Deus, Ele mesmo!
2. O apóstolo menciona, no próximo ponto, o importante testemunho pelo qual a missão de Jesus foi confirmada. Ele foi “justificado no Espírito”. Pela palavra “Espírito”, entendemos o Espírito Santo, embora possa ser entendido pela natureza espiritual de Cristo, em que Ele sempre foi justificado, embora na carne Ele foi condenado pelos homens. Parece mais natural limitar a expressão ao Espírito Santo. Toda religião exige a nossa atenção na proporção da certeza de seus ensinamentos, e o valor de seu testemunho confirmatório. Quão incomparável é o selo que é fixado sobre o mistério da piedade, já que tem o Espírito Santo agradado a Si mesmo, pessoal e repetidamente confirmá-lo! Se exigimos evidências confiáveis, contemplem o Espírito Santo sustentando o testemunho de nossa fé santíssima, tanto no Céu e na terra! “E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” [1 João 5:6]. Observe que porção o Espírito Santo levou em conexão com o nosso Senhor. A formação do corpo imaculado do santo Menino Jesus foi pelo poder do Espírito Santo, como o anjo disse a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” [Lucas 1:35]. Em seguida, o Espírito Santo confirmou essa mesma Pessoa sagradíssima, em quem Deus Se manifestou, ao descer sobre Ele em Seu batismo nas águas do Jordão. João, que foi o precursor e testemunha de Jesus, testificou, dizendo: “E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus” [João 1: 33-34].
Os céus se abriram, e o Espírito, a voz de Deus, proclamou: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Em uma ou duas outras ocasiões temos sobre o depoimento de testemunhas que estavam presentes, que uma voz audível foi ouvida vinda da excelente glória, dizendo: “Este é o meu filho amado; a ele ouvi!”. O maior atestado que o Espírito Santo deu a Cristo foi ressurreição dentre os mortos. Em alguns aspectos, Cristo ressuscitou dos mortos por Seu próprio poder, mas é uma doutrina Bíblica que Ele foi “declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos” [Romanos 1:4]. O poder pelo qual somos convertidos é, evidentemente, do Espírito Santo, e lemos em Efésios: “E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos” [Efésios 1:19-20]. Além disso, não nos esqueçamos de que 40 dias depois que nosso Mestre havia sido tomado de nós, enquanto os discípulos estavam reunidos em harmonia, em um lugar, eles, de repente, ouviram um som como de um impetuoso vento poderoso encheu todo o lugar onde estavam sentados; o Espírito Santo, que Jesus tinha prometido, havia vindo fazer bem a Palavra do Senhor. Vocês não esqueceram as chamas milagrosas de fogo que pousaram sobre cada um dos discípulos, e como eles falaram em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem! Vocês sabem, naquele dia 3000 foram convertidos à fé pelo testemunho daqueles primeiros campeões de Cristo! Assim, o Espírito Santo deu testemunho com sinais e milagres e dons maravilhosos, que Aquele que professava ser a Deidade encarnada foi verdadeiramente Deus e Salvador dos homens.
Amados, se vocês reclamam que este atestado já cessou, e que o registro de milagres é melhor força sobre sua fé do que uma ajuda para a ela, eu gostaria de lembrar que o Espírito de Deus não cessou do meio da Igreja. O Espírito Santo já não opera sobre as substâncias materiais, os doentes não são curados, os mortos não ressuscitam, isto nós livremente confessamos, mas Ele ainda age com resultados igualmente maravilhosos sobre as mentes dos homens. Neste próprio edifício realizaram-se milagres, de um valor duradouro, operando a ressurreição dos mortos de vergonha. Muitos de nós que agora estão presentes testemunham que pelo Espírito de Deus foram novamente criados, ressuscitaram de corrupção espiritual, libertos do domínio de Satanás, e transportados para o Reino de Deus. Os porcos de embriaguez foram feitos os amantes da santidade, as bestas da sensualidade tornaram-se participantes da natureza Divina; que melhor sinal é necessário? Quando corações de pedra derretem-se como cera, e os ribeiros de penitência fluem de almas tão duras como rochas insensíveis, quem se recusa a acreditar? Deixe o Evangelho ser julgado por seus frutos, e estamos satisfeitos com o julgamento. Se ele não converter o deserto moral em um Éden, transformar o leão em um cordeiro, e levantar o mendigo do monturo, então, deixe-o ser rejeitado, mas uma vez que tenha feito isso, e está fazendo isso, deixe seus desprezadores cuidarem para que eles não cometam o pecado contra o Espírito Santo ao passo que rejeitam as evidências solenes que Ele diariamente projeta diante de nossos olhos.
Irmãos e irmãs, em nossas próprias almas o bendito Espírito tem dado mais esmagador testemunho quando foram curvadas em penitência aos pés de Jesus, e foram levadas para o regozijo mais sublime enquanto encontrávamos perdão em Seu sangue. O Espírito de Deus ainda está conosco, operando com a Palavra de Deus. Vejam o selvagem lançando as suas armas, o canibal suavizado em homem. O que a filosofia não poderia fazer e não se preocupou em tentar, o que a civilização nunca poderia ter feito sozinha, a Cruz de Cristo tem realizado efetivamente. O Espírito de Deus está conosco, e tanto na santidade dos santos, e nas conversões dos incrédulos, Ele dá testemunho de que Deus estava em Cristo.
3. Nosso apóstolo escreve, como a próxima parte do grande mistério da piedade, que Cristo “foi visto dos anjos”. Jesus foi visto dos anjos no Seu nascimento, eles apareceram aos pastores, e ordenaram-lhes a apressar-se a Belém, quando eles mesmos olharam com santa admiração:
“Eles viram a Criança nascida-do-Céu, em carne humana vestida,
Benevolente e suave, enquanto em uma manjedoura repousava;
Glória a Deus e paz na terra,
Por tal nascimento, proclamaram em voz alta.”
Nosso Senhor foi assistido por santos espíritos no deserto, onde, depois de haver derrotado aquele arqui-tentador, os anjos O serviram. Ele estava com as feras selvagens em um momento, e os espíritos seráficos esperaram em seu cortejo. Um anjo ministrou a Ele no Getsêmani, quando o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue. Sobre o Calvário eles assistiram a Ele também, e sem dúvida, como diz o poeta:
“Em volta do madeiro sangrento eles pressionaram com forte desejo
Que visão espantosa de ver, o Senhor da vida expirar;
E poderiam os seus olhos terem conhecido uma lágrima,
Caída ali, em triste surpresa.”
Visões de anjos foram observadas pelas testemunhas de Sua ressurreição. Dois vestidos de branco se sentaram, um à cabeceira e o outro aos pés, onde o corpo de Jesus havia repousado. Anjos O encontraram na Sua ascensão, quando as nuvens O receberam fora da vista de Seus seguidores que olhavam fixamente; e eles assistiram-nO erguendo para a glória, clamando: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória” [Salmos 24:7].
O apóstolo menciona isso para mostrar a grandeza de nossa Religião, uma vez que os intelectos mais nobres estão interessados nela. Vocês já ouviram falar de anjos pairando em torno das assembleias de sociedades filosóficas? Trabalhos mui interessantes às vezes são produzidos especulando sobre fatos geológicos; há descobertas surpreendentes mesmo agora e em seguida, feitas a respeito de astronomia e as leis do movimento; somos frequentemente surpreendidos com os resultados das análises químicas; ainda assim, eu não me lembro em alguma leitura, mesmo em poesia, que seres angélicos demonstraram qualquer emoção com a notícia. O fato é que o relato da história do mundo, em tempos geológicos, e todos os fatos sobre este mundo, são bem conhecidos para os anjos como as letras do alfabeto são para nós, todas as nossas ciências profundas e teorias ocultas devem parecer totalmente desprezíveis para eles. Essas mentes augustas que foram há muito tempo criadas por Deus, e preservadas de contaminação por Seu Decreto, são mais capazes de julgar do que somos sobre a importância das coisas, e quando nós os encontramos profundamente interessados na questão, isso não pode ser de pequena consideração. Com relação a um Deus encarnado, é dito, “as quais coisas os anjos desejam bem atentar” [1 Pedro 1:12]. Suas visões da manifestação do próprio Deus em carne são tais, que sobre o propiciatório eles ficam com as asas abertas olhando com admiração reverente, e diante do trono eles louvam, “Digno é o Cordeiro, pois Ele foi morto”.
A doutrina da Divindade encarnada, pode ser loucura para os gregos, e os sabichões vaidosos deste mundo podem chamá-la de lugar-comum, mas aos anjos é uma fonte sempre fluindo de adorável admiração. Eles desviam a visão de qualquer outro para ver o Redentor encarnado, estimando a Sua ação condescendente de Divina graça como um oceano sem fundo de mistério, um despenhadeiro sem topo de maravilha. Jesus foi visto dos anjos, e eles ainda se deleitam em olhar para Ele, assim, para a mente do apóstolo havia provas conclusivas de que as doutrinas de nossa fé são da maior importância.
4. Em seguida, ele passa para a próxima verdade: Jesus Cristo foi pregado aos gentios. Era isto uma grande coisa? A pregação é uma maravilha? Sim. A pregação do Evangelho prova conclusivamente a grandeza de nossa Religião. Os mais próximos de Cristo eram os anjos, Ele foi visto por eles: Os mais distantes de Cristo estavam caídos, os que haviam entregado a si mesmos ao culto das obras de suas próprias mãos, a estes Jesus também veio. Que Jesus Cristo foi pregado aos gentios em absoluto, foi uma maravilha que cabe a nós não esquecer. Como Paulo diz: “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz” [Efésios 2:11-15].
Os gentios eram brutalizados com vícios rastejantes, e nenhuma forma de fé espiritual já havia encontrado fundamento entre eles; foi, então, a mais espiritual de todas as religiões ensinadas a eles, e levada a eles por algum outro meio senão a pregação? Isso surpreendeu o nosso apóstolo, e o que me surpreende ainda mais é isto: que Cristo foi pregado aos gentios por judeus, que aqueles cuja intolerância naquele tempo era invencível, de modo que não poderia imaginar uma coisa como um gentio estar em aliança com Deus, eram os mesmos homens que, com ardor incansável passaram a pregar Jesus Cristo entre os gentios. Se você tivesse contado a um judeu inteligente que alguns de seus compatriotas se tornariam apóstolos aos gentios, para declarar que o muro que cercava a nação favorecida fora quebrado, ele teria sorrido, incrédulo, e exclamado: “Impossível! Você pode cortar o judeu em pedaços primeiro. A crença de que sua raça é particularmente favorecida por Deus repousa no coração e medula do israelita; ele nunca consentirá a tornar-se um com os cães gentios”. No entanto, Jesus, o Rei dos judeus, a esperança e consolação de Israel, foi anunciado pela primeira vez aos pagãos pelos judeus e, principalmente, por uma pessoa que se gabou de que ele era um “Hebreu de Hebreus; no tocante à lei, Fariseu”. Paulo, o mais feroz dos fanáticos, que considerou que fazia o serviço de Deus, quando ele perseguia os discípulos de Cristo, tornou-se amigo e pai espiritual dos gentios! Este é um fato surpreendente.
É um fato mais notável na história da nossa fé, que Jesus ainda é pregado entre as nações, e a Igreja se esforça para fazê-lO conhecido em todos os lugares. Que outra religião gasta tanta energia na busca por convertidos? Se alguns de vocês fossem tolos o suficiente para quererem se tornar judeus, não seriam bem-vindos entre a fraternidade judaica. Nenhum israelita jamais tenta nos fazer prosélitos de suas opiniões. Seria uma novidade de fato ouvir sobre missionários judeus enviados para converter os pagãos de suas superstições, ou para recuperar os Cristãos de seus erros. Não, o judeu não nos quer, ele prefere manter sua herança para si mesmo e para seus herdeiros. Quão diferente é com os seguidores de Jesus, cuja própria palavra de ordem é: “pregai o Evangelho a toda criatura!”. No caso de todas as outras religiões, a pregação aos gentios está ausente. Eu não estou ciente de qualquer sociedade muçulmana para a conversão do mundo ao profeta. Eu nunca vi nas ruas de Londres, um budista, vindo de longe, para converter as multidões de Londres às suas doutrinas; nem nunca vi um budista empurrando a si mesmo em meio ao perigo para ganhar o selvagem ao seu credo. Pode qualquer outra fé a não ser a Cristã mostrar-me um homem atravessando sozinho o centro da África, como Livingstone, ou habitando sozinho com Bosquímanos, como Moffat o fez? O fato é que o espírito de falsas crenças é mais monopólio do que extensão; mas, quanto à Religião de Cristo, é expansiva como o arco do Céu!
Se eu pudesse, teria todos os homens salvos. Se fosse possível, gostaria de ter cada um de vocês participantes de Cristo Jesus nesta própria manhã, e nós, alegremente, daríamos a nossa vida se pudéssemos estender o Reino de Jesus Cristo aos limites mais extremos da Terra. O que é que mantém essa pregação incessante de Cristo? Nada senão a força real da nossa fé. E vocês pagãos, se suas religiões são verdadeiras, por que vocês não as promulgam? deuses dos pagãos, se são deuses, por que vocês não ordenam aos seus adoradores que convertam as nações à vossa obediência? Mas, não, eles confessam a inutilidade de seu sistema, em que estes sistemas não são pregados entre os gentios, e não têm vitalidade para garantir a sua propagação. Quando essas religiões tentam espalhar-se, o que é bastante raro, como é que eles fazem isso? Mohammed coloca uma cimitarra na mão de cada um de seus seguidores, e diz: “Essa é a força do islamismo: Usem esse argumento cortante sobre as nações”. Mas Cristo recusou todas as armas carnais, e escolheu a simples pregação da Palavra. Que outra fé pode ousar depender da pregação, sobre o testemunho de um homem para os outros homens a respeito da preciosa verdade para ele mesmo? Certamente isso mostrará que as coisas que acreditamos são poderosas, e dignas de ser consideradas com respeito atencioso.
5. Outra grande parte do mistério é que Cristo é crido no mundo. Eu reconheço que tenho frequentemente me maravilhado diante desta sentença, e questionei o motivo pelo qual Paulo escreveu isso como um grande mistério: que Cristo deveria ser crido no mundo. E ainda assim, isto é a maravilha das maravilhas. Se você pensa em quão afundado o mundo estava em vício, quão obscurecido o entendimento do homem estava em ignorância, é surpreendente que tais homens devam receber uma Religião tão santa e tão espiritual como a que Jesus Cristo pregou por Seus servos. Viemos até vocês que amavam o pecado, e lhes dissemos que vocês deveriam desistir de seus prazeres favoritos, que os vícios acalentados deveriam ser abandonados, que a santidade que é desagradável para vocês deveria governar a sua vida, e ainda detestável como essas coisas são para carne e sangue, quando o Espírito Santo vem com a Palavra, vocês acreditam nelas e as aceitam com alegria. O apóstolo, em sua primeira Epístola aos Coríntios, usa a seguinte linguagem: “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” [1 Coríntios 6:10-11]. Não foi isto extraordinário, que tais personagens horríveis deveriam tornar-se amantes do puro e santo Jesus? Pode uma religião que muda tais como aqueles ser algo mais do que uma fábula engenhosamente inventada?
Em outro lugar, somos informados de toda a humanidade, “Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” [Romanos 3:11-12]. Não é de se admirar que essas mentes depravadas devam perceber belezas no Senhor Jesus, e rendam a sua plena confiança a Ele? De fato, para cada homem salvo, é o maior de todos os milagres que ele próprio é um crente. Quando eu vejo as verdades de Deus sobre as quais eu descanso, elas são de fato muito simples, e ainda assim ao seu redor tantas dúvidas são lançadas pela malignidade de meu próprio coração, que eu fico maravilhado que minha fé mantenha a sua certeza. Eu creio que Cristo morreu pelos meus pecados, com muito mais segurança do que eu acredito em qualquer outra coisa; nenhum fato na história possui a metade desta certeza para mim, e ainda assim, às vezes, é tão difícil de acreditar que é evidente para mim que a verdadeira fé não é do homem, mas é um fruto do Espírito. Grande deve ser a verdade que se impõe sobre a convicção de mentes tão obscurecidas e tão ignorantes quanto as nossas.
O apóstolo termina seu resumo do mistério, lembrando-nos que Cristo foi “recebido na glória”. Não é uma verdade pequena, certamente, que o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa profissão não partiu de nós para o esquecimento, mas está neste dia sentado no trono de Deus! Nesta hora Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder. Ele virá em breve para ser nosso Juiz. Ele descerá do Céu com alarido, e com a trombeta do arcanjo, e da voz de Deus, e todos os homens serão reunidos diante dEle para receber sua sentença final. Esta não é pequena, mas uma grandiosa verdade que deve ser proclamada com zelo. Assim, completamente, o peso de nossa Religião está longe de ser trivial. “Grande é o mistério da piedade”.
II. Devo agora detê-los com algumas notas sobre este RESUMO. Paulo aqui nos dá um esboço da fé Cristã, e notamos sobre isso, como se segue:
Primeiro, isto é totalmente a respeito de Cristo. A partir destes seis artigos do credo de Paulo, todos eles falam de Cristo; do que eu deduzo que, se formos pregar o Evangelho fielmente, devemos pregar muito a respeito de Jesus Cristo. Meus queridos irmãos, este deve ser o princípio, o meio e o fim de nosso ministério. Aquele homem de quem não se pode dizer que ele prega Cristo, não comporta-se corretamente na Casa de Deus; ele evidentemente não é um mensageiro enviado do Céu. É o nosso negócio aqui bradar com João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Irmãos e irmãs, como é nosso [dever] pregar a Cristo, assim é o seu recebê-lO. Se vocês receberam um evangelho em que Cristo não é o topo e a base, jogue-o fora. Se vocês estão descansando em qualquer coisa ao lado de Jesus Cristo, vocês estão descansando sobre um fundamento podre. Saiam dele, para que não sejam enganados por fim. Mas se Cristo é tudo em todos para vocês, e Sua obra e Pessoa são a soma e a substância da vossa esperança, então, tende bom ânimo; onde Jesus é honrado, almas estão abrigadas em segurança.
Percebo, em segundo lugar, que não há aqui uma única palavra sobre sacramentarismo. Atualmente, nestes dias somos perpetuamente contados pelos homens que são manifestamente zelosos, que a grande coisa é o sacramento. De acordo com seus ensinamentos, Deus confiou aos bispos e sacerdotes a plenitude de Sua Divina graça, a qual nós humilde e reverentemente podemos receber de suas mãos veneráveis. Dizem-nos que, em conexão com algumas gotas de água, aspergidas pelos sucessores dos apóstolos, as crianças tornam-se regeneradas; através da imposição dessas mesmas mãos abençoadas, nós mais tarde nos tornamos confirmados na fé e certeza da nossa salvação. Dizem-nos que através do poder sacerdotal nos tornamos participantes do próprio corpo e sangue de Cristo, que, segundo eles, tornam-se literalmente presentes através de sua operação. Quando chegamos a morrer, eles podem nos ungir com óleo, consagrado por seu poder, e por esta unção todos os nossos pecados nos são perdoados. O topo e a base do sistema é sacerdote, o sacerdote e o sacerdote. Um homem como nós, e nem um pouco melhor, porém 10 mil vezes pior pelo sua impudência infame em fingir ser o que não é, este homem, vestido em tantas cores quanto o pavão, o meio divinamente designado de graça. Se esta é a verdade de Deus, Paulo não sabia disso, pois, se soubesse, ele diria: “Grande é o mistério da piedade: Deus habita nos sacerdotes, curvem-se e beijem seus pés, por seus cerimoniais vocês recebem a salvação”. Paulo não diz nada do tipo. Ele não tem nada a revelar sobre velas, e capas, e procissões pomposas; tudo o que ele tem a dizer é isto: “Deus foi manifestado em carne, justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido na glória”, e isso é tudo. Quão diferente é este evangelho simples do mecanismo complexo do Catolicismo e Anglicanismo!
Eu quero que vocês percebam ainda mais, que neste resumo, não há exposição de mera doutrina. Eu acredito, mui firmemente, nas doutrinas comumente chamadas Calvinistas, e as mantenho por serem suficientes para o conforto do povo de Deus; mas, se alguém vos disser que a pregação destas é toda a pregação do Evangelho, eu estou em questão com ele. Irmãos, vocês podem pregar aquelas doutrinas na medida em que quiser, e ainda deixar de pregar o Evangelho; e eu vou mais longe e afirmo que alguns que ainda negam estas verdades de Deus, para nossa grande tristeza, não obstante têm sido pregadores do Evangelho em absoluto, e Deus salvou almas por seu ministério. O fato é que, enquanto as doutrinas da eleição, perseverança final, e assim por diante, adornarão um ministério completo, e são de valor inestimável em seu lugar, ainda assim a alma e medula do Evangelho não está ali, mas devem ser encontradas no grande fato de que “Deus foi manifestado na carne, justificado no Espírito”, e assim por diante. Pregue a Cristo, meu jovem, se você quer ganhar almas. Pregue todas as doutrinas, também, para a edificação dos crentes, mas ainda assim o negócio principal é pregar Jesus, que veio ao mundo para buscar e salvar o que estava perdido. O apóstolo nos diz em Coríntios que, antes de tudo, ele pregou para nós a verdade que salva a alma: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” [1 Coríntios 15:3-4]. Fatos sobre Jesus Cristo e a promessa de vida por meio dEle, estes são a fé do Evangelho.
Deixe-me também dizer que eu não percebo nada neste resumo tendendo notavelmente para exaltar a profecia. Eu não faria essa observação, se não fosse a existência de uma determinada seita problemática no exterior hoje em dia para quem a única coisa necessária é uma especulação permanente sobre profecia. Todos os seus sinos em seu toque de campanário soam: “Profecia! Profecia! Profecia!”. Eles emplumam-se sobre uma expectativa de um arrebatamento secreto, e eu não conheço que vãs imaginações além! Onde a profecia é pregada em conexão com sua prova, ali o Evangelho é pregado, mas todos os ministros além deles mesmos, embora honrados por Deus, são criticados por eles como parte da Babilônia contra quem os homens devem ser avisados. Eles, na verdade, são homens sábios, e podem arquear altivamente para olhar para baixo sobre os seus irmãos Cristãos como os escravos da seita e do sistema, sendo, atrevo-me a dizer, muito mais sectários do que o pior de nós, e mais intolerantes ao seu sistema do que os próprios Católicos Romanos! Meus caros amigos, se vocês têm qualquer tempo de sobra, e não podem encontrar qualquer trabalho prático para Jesus, estudem os lugares obscuros da profecia, mas não leiam as obras proféticas modernas, pois isso é uma pura perda de tempo e em nada melhor. Mantenha fora como se fosse uma serpente a ideia de que o estudo ou pregação da profecia seja o Evangelho, pois a crença de que seja assim é maliciosa além de concepção. O Evangelho que deve ser veementemente declarado é este: “Deus foi manifestado na carne, justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido na glória”. Enquanto Londres está fedendo com o pecado, e milhões de pessoas estão indo para o inferno, deixemos os outros profetizarem, vamos, com corações ansiosos, buscar almas, e vejamos se não podemos, pelo poder do Espírito, livrar pecadores de descerem ao poço do Inferno.
Vocês, sem dúvida, terão observado que este resumo do Evangelho é muito simples. Sempre que vocês se encontrarem com ensino que seja nebuloso e complicado, podem geralmente concluir que não é o Evangelho da vossa salvação, pois a verdade de Cristo é tão clara que aquele que corre pode ler, e o viajante, embora tolo, não precisa errar aí. Talvez alguns de vocês têm pensado que a conversão e salvação são coisas obscuras e misteriosas, e que vocês têm que passar por muitas operações e sentimentos singulares, a fim de serem salvos. Ora, amados, toda a nossa fé está em poucas palavras. Aquele que crê em Jesus Cristo, o Deus encarnado, é salvo. Estas poucas verdades de Deus se compreendidas pela mente, recebidas e cridas pelo coração, irão salvá-los. É na cruz que a salvação deve ser encontrada. Nós não escrevemos sobre a nossa Religião: “Mistério, mistério, a mãe das prostituições” [Apocalipse 17:5], este é o sinal da Babilônia, mas temos isso para dizer-lhes: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” [Marcos 16:16], e as coisas que vocês têm que acreditar são apenas essas simplicidades: Jesus, o Filho de Deus veio a este mundo como homem para salvar os homens; Ele sangrou e morreu; Ele é anunciado e pregado; Ele deve ser recebido e crido; Ele subiu para a glória para preparar um lugar para aqueles que confiam nEle, e isso é tudo.
III. AS INFERÊNCIAS que faço a partir disso são apenas estas. Se este é um grande Evangelho, então quão importante é que nós o recebamos! Se o Evangelho fosse um sistema trabalhoso de ética, há muitos nesta casa que nunca poderiam ser salvos, porque não conseguiriam compreender, mas uma vez que é tão simples, por que os homens o recusam? “Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Oh, você não lançará mão desta verdade de Deus? Eu oro ao Espírito de Deus para que retire suas mentes de todas as filosofias e mistérios, para que você possa vir para Jesus, somente. Confie em Cristo e você será salvo. Receba essa verdade simples. Deus a chama grande, anjos consideram-na grande; o Espírito Santo atesta que ela é grande; nós que a pregamos sentimos que ela seja grande; aqueles que a recebem a reconhecem como sendo grande; Cristo em glória dá testemunho de que ela é grande; aceite esta grande salvação! Que o Espírito leve você a crer no grande Salvador dos grandes pecadores.
Mais uma vez, se ele é tão grande, como é importante para nós, espalhe-o! Isso não nos obriga a ir para a faculdade, a fim de falar Jesus: que cada um possa em nossa esfera, anunciar a Sua fama adiante. Se esta verdade simples é a mensagem de Deus para os pecadores que perecem, então em nome da humanidade comum e, acima de tudo, em nome do amor de Cristo, vamos pregá-la.
Como este texto deve nos encorajar a difundir o Evangelho. Quando eu estou pregando o Evangelho, muitos podem dizer: “Ah, ele só está nos dizendo a verdade comum”. Exatamente assim, eu sei disto; e ainda me sinto, interiormente, como se eu estivesse empurrando um grande canhão de Deus que ainda explode as portas do inferno em pedaços. O quê? Nenhum dos mistérios veneráveis de Roma? O quê? Nenhuma das novas descobertas filosóficas? Nenhuma das cerimônias imponentes? Não, irmãos e irmãs, nenhum deles, todos eles são armas de madeira, fraudes e falsificações, e se alguma vez elas são disparadas, elas o serão para arrepios. Esta verdade simples de Deus, que “Deus se fez carne e habitou entre nós”, é o grande aríete de Deus contra o qual nada pode subsistir. Nunca percam o coração do Evangelho, meus irmãos e irmãs, mas imaginem que vocês ouvem o apóstolo chamando, através dos tempos: “Grande é o mistério da piedade”. Não olhe para nada maior, o Evangelho é grande o suficiente. Preservem-no, nunca pensem que vocês disseram aos homens por vezes suficientes sobre isso. Como Napoleão disse aos seus guerreiros nas pirâmides, “Mil eras olham para baixo, sobre vocês!”. Mártires sangrantes de seus túmulos, chamam-nos para serem fiéis; confessores que subiram ao Céu em carros de fogo, imploram para que sejam firmes. Retende o que recebeste! Não tentem emendar a verdade, não se aventurarem em moldá-la de acordo com a fantasia dos tempos, mas proclamem-na em toda a sua pureza original.
Por este martelo os deuses de Roma e da Grécia foram frustrados para estremecimento, por esta alavanca o mundo virou de cabeça para baixo; é esse Evangelho que trouxe glória a Deus, encheu o Céu com almas redimidas, e fez estremecer o Inferno em todos os seus palácios de chamas. Amarrem-no em seu coração, e desafie os exércitos de Roma ou o Inferno a desatar as suas dobras. Envolva-o sobre seus lombos na morte, e o mantenham como um padrão em ambas as mãos na vida. Esta simples verdade de Deus, que “Jesus Cristo veio para buscar e salvar o que estava perdido”, e que “todo aquele que crê nEle não pereça, mas tenha a vida eterna”, deve ser suas joias, seu tesouro, sua vida!