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Reforma, por C. H. Spurgeon

Reforma, Sermão Nº 238. Pregado na manhã de Sabath, 13 de fevereiro de 1859. Por C. H Spurgeon, no Music Hall, Royal Surrey Gardens.

“E acabando tudo isto, todos os israelitas que ali se achavam saíram às cidades de Judá e quebraram as estátuas, cortaram os bosques, e derrubaram os altos e altares por toda Judá e Benjamim, como também em Efraim e Manassés, até que tudo destruíram.” (2 Crônicas 31:1)

 

É uma visão agradável ver os milhares reunidos para o culto a Deus, mas é lamentável refletir quantas vezes a reverência que é exibida no santuário é perdida quando os primeiros tempos fazem parte do passado. Com que frequência o discurso mais sério do pregador é esquecido e torna-se como “a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada”. Nós muito frequentemente vamos até à Casa de Deus e imaginamos que fizemos o nosso dever quando assistimos ao culto. Autossatisfeitos, nós voltamos cada um para sua casa. Oh! que lembrássemos que a pregação do Evangelho é apenas a semeadura! A colheita deve vir depois. Hoje nós, por assim dizer, lançamos a primeira pedra de um edifício. E daí em diante esse edifício deve ser construído, pedra por pedra, através de sua prática diária, até que finalmente a pedra do pináculo seja trazida com brados de alegria e júbilo. Bem disse a mulher Escocesa, quando o marido perguntou-lhe, em seu retorno da Casa de Deus, mais cedo do que o habitual: “Esposa, o sermão todo já finalizou?”, “Não, Donald”, disse ela, “foi já completamente pronunciado, mas não começou a ser praticado”. Havia sabedoria em sua fala concisa, uma sabedoria que nós também frequentemente esquecemos.

A oração é o fim da pregação! Reforma, conversão, regeneração, estes são os fins do ministério, e uma vida santa deve ser o resultado de vosso culto devoto. Nós lemos aos vossos ouvidos a história da grande Páscoa que foi realizada nos dias de Ezequias. Alguém quase inveja os homens daquele tempo! Nós poderíamos quase desejar que pudéssemos ser levados de volta a alguns milhares de anos atrás para que nós estivéssemos lá para ver os sacrifícios solenes, para contemplar os sacerdotes que com semblantes alegres cantavam os louvores a Deus, e se misturavam em uma incontável multidão que permanecia uma hora para ouvir os levitas, outra hora se reuniam em volta do sacerdote de novo, em outro momento batiam palmas de alegria ao som das trombetas de ouro e, em seguida, atingiam uma nota mais alta do que as trombetas pelo som magnífico de seu louvor vocal! Mas, amados, quando aquela cena havia desaparecido e a multidão havia ido para suas casas, Ezequias poderia ter se sentado e chorado, se ali não tivesse ocorrido um efeito apropriado a partir de tão grande ajuntamento! Isaías, o profeta, eu não duvido, era um dos mais contentes em toda a multidão. Oh, como o seu nobre coração pulsava de alegria e quão eloquente foi a sua língua seráfica quando ele pregou no meio do povo e gritou: “Ó Vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” [Isaías 55:1]. Mas triste, de fato, teria sido o seu coração, não obstante toda a comoção deleitosa do dia, se ele não tivesse visto algumas gloriosas consequências a partir das ministrações e da grande reunião do povo! Em nosso texto nós somos informados que a Páscoa não acabou com os sete dias duplamente contados de sua celebração extraordinária. A Páscoa, é verdade, pode acabar, mas não os seus efeitos abençoados!

Agora, há três efeitos que devem sempre seguir a nossa assembleia solene no Dia do Senhor, especialmente quando nos reunimos em um número tal como o presente com brados de alegria e ação de graças. Devemos ir para casa e primeiro quebrar os nossos falsos deuses. Em seguida, cortar os próprios bosques nos quais fomos conhecidos por obtermos prazeres ímpios ali. E depois disso, quebrar os altares que, embora dedicados ao Deus de Israel, não estão de acordo com as Escrituras e, portanto, devem ser derrubados, não obstante, eles mesmos sejam dedicados ao Deus verdadeiro!

I. Para começar, então, o verdadeiro resultado de todas as nossas reuniões deve ser, em primeiro lugar, QUEBRAR TODAS AS NOSSAS IMAGENS. “Não terás outros deuses diante de mim”. Cada lugar está diante de Deus! Tudo está diante de Sua face e exposto diante dEle! Portanto por este mandamento entendemos que não devemos de forma alguma e em nenhum sentido ter um outro deus, senão o Senhor, nosso Deus. O quê? você pergunta: “Será que somos uma nação de idólatras? Pode este texto se referir a nós? Isso não seria uma repreensão adequada para dirigir ao Hinduísta, ou para falar com os habitantes ignorantes da África central? Não poderíamos exortá-los a servir a Jeová e a arremessar e quebrar os deuses de seus pais? Certamente poderíamos!”. Mas imagine que a idolatria não se limita a nações de matizes morenas. Não é na África, apenas, que falsos deuses são cultuados, ídolos são adorados nesta terra também, e por muitos de vocês! Sim, todos nós, até que renovados pela graça Divina, adoramos deuses que as nossas próprias mãos fizeram e não tememos, nem amamos e obedecemos ao Deus vivo com nossa inteira e exclusiva reverência. Uma vez que, no entanto, quando a graça é recebida no coração; quando a alma é renovada pelo Espírito Santo, e bebemos uma vez na vida gratuita de Jesus, então esses falsos deuses devem ser quebrados em pedaços imediatamente!

O primeiro deus que é adorado entre nós é um deus chamado justiça própria. Os fariseus eram os sumos sacerdotes deste deus. Eles queimaram incenso todas as manhãs e todas as noites diante dele, mas ele tem dez mil vezes dez mil adoradores que ainda restam! Entre as classes respeitáveis ??da sociedade ele é a divindade recebida. Se um homem é respeitável, ele acha isto que isso é completamente suficiente. Entre seus moralistas, este é o grande deus, diante do qual eles se curvam e cultuam. Não, dentre os pecadores, mesmo aqueles cujo caráter não é moral, contudo, se tem encontrado um altar a esse deus dentro de seus corações! Eu conheci um bêbado hipócrita, pois ele declarou que ele não era um blasfemo! E eu conheci um hipócrita blasfemador, pois ele confiava que seria salvo porque nunca roubou! Até sermos levados a conhecer a nossa própria condição perdida e arruinada, a justiça própria é o deus diante do qual todos vamos nos prostrar! Ó, meus queridos amigos, se temos adorado a Deus nesta casa hoje, vamos voltar para casa determinados golpearmos, com a ajuda de Deus, a justiça própria! Voltemos para casa e nos prostremos diante de Deus e clamemos:

“Eu sou vil e cheio de pecado.”

“Senhor, confesso diante de Ti que eu não tenho boas obras em que confiar, nem justiça própria em que eu possa confiar. Eu lancei minhas jactâncias fora. Eu venho a Ti como um miserável, culpado, pecador desamparado. Senhor, salva-me, ou pereço!”. Essa é a maneira de fugir desse deus! Paulo uma vez adorou este poderoso deus e o adorou tão bem que conforme a “mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu”. Nunca, em sua opinião, houve um tão bom homem como ele mesmo! Ele serviu a este deus com toda a sua mente, e alma, e força. Mas, houve uma vez, quando ele estava indo para Damasco para sacrificar a esse deus com o sangue dos crentes em Cristo, que o Senhor Jesus olhou para ele do céu e disse: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. E prostrado Saulo caiu e para baixo foi a sua autojustiça também! Depois, você pode ouvi-lo dizer: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” [Gálatas 6:14]. Que todos nós possamos ir para casa assim e puxar para destruir a nossa autojustiça!

Pare um instante! Eu não estou certo de que podemos fazer isso tudo de uma vez. Eu sinto que minha autojustiça é em meu coração como algo semelhante àquelas estátuas colossais do Egito. E quando eu tento fazê-la em pedaços, eu consigo apenas desfigurá-la. Eu me viro para quebrar um pedaço aqui, e um pedaço ali, mas ainda ali permanece a estátua, não em toda a sua estrutura simétrica, mas ainda está lá. De qualquer forma, se você e eu não podemos nos livrar totalmente da nossa justiça própria, nunca baixemos o machado e o martelo até que a tenhamos destruído! Vamos voltar para casa hoje e dar mais um golpe neste velho inimigo. Voltemos para casa para arrancarmos outro pedaço deste deus colossal, deixe-nos erguer o cinzel e o martelo e mais uma vez tentar desfigurá-lo!

Este é o resultado adequado das ministrações da Palavra de Deus, destruir e cortar em pedaços e totalmente quebrar nossa justiça própria! Há ainda outros deuses adorados no mundo a serem destruídos com indignação implacável.

Há um deus que certamente deve ser quebrado tão logo um homem se torne um Cristão, me refiro a Baco, este deus alegre a quem tantos adoraram nos dias de outrora com folia louca e que ainda é adorado por dezenas de milhares de ingleses! Talvez ele seja o grande deus da Grã-Bretanha. Estou certo de que ele tem muitos templos, pois dificilmente há um canto de qualquer rua em que nós não contemplemos a sua imagem, ou vejamos seus devotos derramando libações diante dele! Ele é um deus que é adorado com cambaleio para lá e para cá, e assombro! Os homens se tornam bêbados em sua presença e assim prestam-lhe homenagem! Agora, vocês que são bêbados, se vocês se tornam Cristãos, isto irá virar o fundo de vossos copos para cima de uma vez por todas! Não haverá mais embriaguez para vocês! Pela graça de Deus, vocês dirão: “Aqueles que se embriagam, embriagam-se na noite, mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios. Eu renuncio a esta prática de embriaguez, eu não posso ter mais nada a ver com isso”. Bendito seja Deus, que há muitos aqui presentes, que saíram deste salão para demolir esse deus! Ah, se fosse direito relatar os casos que foram contados em particular para nós, poderia dizer-lhes no dia de hoje não de um, ou dois, ou vinte, mas de centenas de pessoas que, como nós acreditamos, uma vez fizeram das suas casas um inferno, tratavam suas esposas com brutalidade e seus filhos com negligência, cujas casas estavam vazias porque todos os móveis e artigos que tinham haviam sido vendidos pela maldita bebida! Eles ouviram o Evangelho não em palavra, apenas, mas também em poder, e agora a sua casa é um paraíso, a sua casa se tornou um ambiente feliz e de oração, os seus filhos são educados no temor do Senhor! Nós vimos as lágrimas de alegria da esposa quando ela disse: “O Senhor seja bendito para sempre e bendito seja o Evangelho, pois uma mulher infeliz foi feita feliz e aquela que que era apenas um burro de carga e uma escrava de alguém que era como um demônio, agora se tornou a companheira de alguém que ela reconhece ser apenas pouco menos do que um anjo”. Sim, pode ser este o efeito com alguns de vocês, pois há alguns tais aqui hoje, não tenho dúvidas, que ainda adoram esta, completamente degradante, divindade da embriaguez!

Permitam-me contar-lhes de outro deus que deve ser certamente destruído por qualquer homem que adora a Jeová corretamente, e este é o deus da luxúria! Oh! este mundo não é tão bom quanto parece ser. Você quase não ouve o ministro falar nestes dias sobre devassos, adúlteros e afins, mas eles não estão todos mortos! Eu temo que há tais a serem encontrados em cada congregação. Nossas ruas ainda não se tornaram como se a Castidade pudesse andar à meia-noite, nem os principais locais da terra tornaram-se limpos e purificados. Há muita contaminação escondida para ser arrastada e arremessada em Quisom. Mesmo em lugares elevados o pecado é tolerado, e há homens que restam, os quais enviaram seus semelhantes para o inferno e estão indo para lá eles mesmos! Porém, deixe a graça vir ao coração e acabar com estes, a concupiscência mais querida é abandonada e o que se pensava ser o maior prazer, agora é encarado com repulsa e ódio! Se você, meu ouvinte, vive na luxúria e ainda faz uma profissão de religião, fora com a sua profissão, pois ela é uma mentira horrível! Fora com essa profissão, pois é uma vaidade vazia! Fora com isso! Isto irá apenas aumentar a sua destruição e não poderá salvá-lo da terrível condenação que virá sobre o homem que anda em sua iniquidade! É uma coisa feliz para um homem, quando ele sai da Casa de Deus, com a determinação de que a luxúria será abandonada e cada prazer pecaminoso renunciado!

Há, também, os deuses do negócio, mas não devo tocar neles, claro. Dizem que o ministro não tem nada a ver com o negócio! Mantenha a porta de sua casa de contagem sempre trancada, não permita que o ministro entre! entretendo, o ministro sabe por que ele é excluído. Não é porque existem segredos da sua prisão que você não gostaria de ter revelado? Há coisas que passam por honestas entre comerciantes, que, se colocadas na balança do santuário são encontradas defeituosas. E desejo que o resultado de nossa pregação sobre os nossos ouvintes deva ser tal que suas ações devam ser mais direitas e sua conduta mais semelhante a Cristo em seus negócios diariamente! Ouvi falar de uma mulher que uma vez foi ouvir um ministro e quando ele a chamou para vê-la na segunda-feira, e quando ele perguntou a ela em que texto ele pregou ela respondeu: “Foi um sermão abençoado para mim, senhor, mas eu esqueci o texto”. “Bem, qual era o assunto, minha boa mulher?”, “oh! eu não sei. Eu esqueci agora”, “bem”, disse ele, “então o sermão não pode ter feito nenhum bem”, “sim, fez”, disse ela, “pois embora eu tenha esquecido o sermão, não me esqueci de queimar meu alqueire quando eu cheguei em casa”. O fato foi que ela tinha um alqueire que dava usa para fazer medidas falsas para seus clientes, e embora ela houvesse esquecesse o que foi pregado no sermão, ela não se esqueceu de queimar a sua medida falsa! Se algum de vocês está em um negócio e tem medidas falsas, embora você possa se esquecer do que eu digo, não se esqueça de quebrar sua medida de metro e ter seus pesos definidos corretamente, e de remodelar o seu negócio e “tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós” [Mateus 7:12]. Quebre os deuses do seu negócio em pedaços, se você não tem seguido de todo o coração os estatutos do Deus de Israel! Se você não pode servir a Deus na sua atividade diária, então, abandone tal negócio ou altere-o de modo que você possa!

Diga agora, quem há entre nós que não tenha alguma imagem a quebrar? Já pensei algumas vezes que eu havia quebrado todas as minhas de uma vez, pois eu tinha a vontade de fazê-lo. Porém eis que eu tenho andado pelo templo do meu coração e tenho visto em algum canto escuro um ídolo ainda de pé! Que seja derrubado, eu disse. E eu deitei a marreta sobre ele. Mas quando eu pensei que tinha purificado tudo, ainda havia uma figura gigantesca de pé ali! Você pode ter certeza de que há um ídolo o qual nunca podemos limpar dos nossos corações completamente, embora tentemos, e embora, pela força de Deus, nós o golpeemos a cada dia! Este é o deus do orgulho! Ele muda de forma constantemente. Às vezes, ele chama a si mesmo de humildade e começamos a nos curvar diante dele até acharmos que estamos sendo orgulhosos da nossa humildade! Em outra ocasião, ele assume a forma de uma consciência sensível e nós começamos a censurar isto e criticar aquilo outro, e tudo isso enquanto estamos interferindo com nossa própria santidade auto-professada e estamos nos curvando diante do santuário do orgulho religioso! Às vezes, pensamos que estamos louvando a Deus quando na verdade louvando a nós mesmos e oramos, por vezes, para que Deus nos faça prosperar em fazer o bem, mas o nosso maior desejo é o de sermos honrados, e não que o nome de Deus seja glorificado! Este ídolo deve ser derrubado! Porém é de tal estrutura e tal forma que eu suponho que isto cairá como Dagon. Quando a arca foi trazida para dentro da Casa do deus filisteu, é dito que Dagon caiu com o rosto em terra diante da arca do Senhor e sua cabeça e as palmas das suas mãos foram cortadas, no entanto, o tronco de Dagon permaneceu, e assim será conosco! Temo que o tronco de Dagon ainda permanecerá, mesmo que façamos tudo o que pudermos. Então vamos hoje, cada um de nós, irmos para nossas casas e para os nossos quartos, então comecemos a abrir a porta das câmaras do nosso coração e percorrer todas elas, e dizer: “O que eu tenho que quebrar? O que eu tenho para derrubar? O que devo destruir?”. E vamos ser cuidadosos, para que destruamos tudo o que estiver ao nosso alcance. Ó, meus ouvintes! Como eu desejo que fôssemos mais atentos aos efeitos produzidos em nós mesmos pela pregação!

II. Vamos agora dar um passo adiante e considerar o que é CORTAR OS BOSQUES. Bosques são os locais onde essas imagens foram criadas. Não havia nada, observem, positivamente pecaminoso no bosque. Não poderia haver nada de errado em um aglomerado de árvores! Tais bosques eram muito bonitos, eles eram a obra de Deus, mas eles haviam sido utilizados para fins idolátricos, e, portanto, eles deviam ser cortados! Se houvessem alguns dos mestres negligentes desta época presente, eles teriam dito: “Quebre o deus, isto é o suficiente! martele o ídolo, faça-o em pedaços, mas não corte as árvores! você pode usá-las para fins mais apropriados, pois você pode ir a tal bosque para orar! Lá você pode se sentar e refrescar-se; e sob a sua boa sombra você pode até mesmo adorar ao Deus verdadeiro”. “Não”, dizem esses reformadores, “vamos cortar as árvores e tudo porque as imagens foram abrigadas sob sua proteção”. Agora eu vou levantar o machado para derrubar algumas das árvores, onde alguns de vocês, no mínimo, contaminaram-se com os falsos deuses deste mundo idólatra.

O primeiro bosque de árvores que eu tenho que atacar é o teatro. Foi-me dito por alguns que no teatro há muito daquilo que pode fazer o bem. Há peças de teatro, eles me informam, que podem ser proveitosamente ouvidas e eu acredito que há. Disseram-me, mais uma vez, que há algo tão aprazível, tão agradável, tão interessante nelas que até poderíamos receber instrução ali, e que, especialmente, as peças de Shakespeare contêm tais nobres sentimentos que um homem vai sentir a sua alma elevada e seu coração expandido ao testemunhar a sua encenação! No entanto, eu vou cortar este bosque, cada pedacinho dele! É tudo muito bom para você elogiar, eu não discutirei com você. Mas falsos deuses foram adorados nesses lugares e ainda estão sendo adorados, então, cortem todas as árvores deles! Ó, você poderia tê-los poupado, não é? Por que, qual árvore em todo o bosque não está contaminada por uma meretriz? Que teatro no mundo não é a própria cova e ninho da abominável iniquidade, da obscenidade e da luxúria? É possível para qualquer homem entrar e sair de um deles sem mácula? Se for possível, eu acho que isso só acontece com os homens que são tão ruins que não podem ser piores do que são e, portanto, não podem ser contaminados!

Para a mente Cristã há algo horrível em toda a questão. Ela pode acreditar que houve momentos em que o teatro poderia ter sido proveitoso. Ele olha atrás para os dias dos gregos e romanos, e considera que, então, e pode ter sido a alavanca da civilização. Mas, desde os velhos tempos ela acha que o Diabo se tornou o deus do teatro e o deus que é diligentemente adorado lá não é outro senão Belzebu! E, portanto, ela diz: “Não, se eu sou um Cristão, pela graça de Deus, eu nunca vou pisar naquele chão novamente. Deixe os outros irem para lá se quiserem. Se eles podem encontrar um interesse sob a sombra de suas árvores, deixe-os assentarem-se ali, mas eu me lembro, na época em que eu frequentava aquele e adorava a Baco; eu cultuava iniquidades de todas as maneiras. Pois o eu ir lá seria levar a mim mesmo para a tentação. Portanto eu derrubarei o bosque eu o abomino! Eu passo pelo outro lado, em vez de entrar em contato, mesmo com a sua sombra”.

Ora, os homens podem fazer a apologia que lhes agradar, mas a coisa é clara para mim, que nenhum homem pode ser um verdadeiro filho de Deus e ainda assistir a esses antros de vício! Eu não me importo se eu vier a ser considerado muito severo. É melhor usar de severidade do que permitir que as almas pereçam sem advertência! O próprio Deus anexou ao teatro a advertência de sua própria destruição, pois, olhando-o na face há uma mão com estas palavras escritas: “Ao abismo”. É, bem verdade, que este é o atalho para o Inferno e para o abismo que é insondável! Mas há outros bosques que devem vir abaixo também.

Há a taberna, como o bosque, uma coisa muito excelente em si mesma. A taberna é necessária em alguns lugares para o refresco de viajantes e a pousada é uma grande vantagem da civilização. Mas, no entanto, o Cristão se lembra de que falsos deuses são adorados na taberna. Ele lembra que a companhia da taberna não é a comunhão dos santos, nem a assembleia geral e Igreja dos primogênitos cujos nomes estão escritos no céu. O Cristão pode ter que ir à taberna, seu negócio pode, às vezes, levá-lo ali, mas ele vai passar por lá como um homem que passa por uma chuva! Ele vai levar um guarda-chuva enquanto ele estiver passando por ali, e ele vai sair de lá o mais rápido que puder! Assim fará o Cristão, ele tentará proteger-se contra o mal enquanto ele estiver ali, mas ele não ficará nenhum momento a mais além das demandas de imperativa necessidade. A taberna, eu já disse, era originalmente um instituto da civilização e é atualmente uma coisa que não pode ser abandonada, mas, apesar disso, que nenhum Cristão nem qualquer pretendente ao Cristianismo, recorra habitualmente a tais lugares, nem se permitam sentar-se com os profanos que geralmente se reúnem ali! Eu acredito que há Cristãos que muitas vezes são tentados em má companhia pelos clubes e sociedades beneficentes que são realizados em tais lugares.

Se não há sociedades beneficentes, senão aquelas que são realizadas em casas públicas, confie em Deus e não tenha absolutamente nada a ver com as sociedades! Mas há outros, e você não está sob nenhuma necessidade de prejudicar e contaminar o seu caráter, vinculando-se com aqueles que se encontram em tais lugares e os levam ao pecado. “Bem”, diz alguém, “mas eu posso fazê-lo e ainda não ser prejudicado”. Eu ouso dizer que você pode, eu não poderia. Se as brasas não me queimam, ainda assim elas me denigrem! E, portanto, eu não quero ter nada a ver com elas. Há alguns partidários, no entanto, que são como o cocheiro da velha senhora. Ela fez o anúncio de que precisava de um cocheiro e três candidatos à vaga a procuraram. Para um ela disse: “Quão perto você poderia conduzir ao perigo?”. “Senhora”, ele responde, “eu poderia dirigir, ouso dizer, dentro de seis polegadas e ainda estar seguro”. “Então você não me serve de modo algum”, ela disse. Então ela perguntou ao próximo: “Quão perto você pode me conduzir ao perigo?”. “Eu conduziria tão próximo como a largura de um fio de cabelo”. “Então você não vai me atender”. O terceiro foi perguntado: “Quão perto você pode dirigir para o perigo?”. “Senhora”, ele disse, “esta é uma coisa que eu nunca tentei, porque eu sempre dirijo tão longe do perigo quanto eu possa”. Ela disse: “Então, você vai me servir”. Esse é o meu conselho para cada professo da Religião.

Devo fazer a mesma observação em relação aos passatempos. Os passatempos infantis e prazeres dos ricos e daqueles que se encontram para propósitos, mesmo que não seja para o pecado, mas para o que eles chamam de recreação. Dança, salão de baile, há alguma coisa pecaminosa ali? Eu digo: não, não mais do que havia nas árvores que rodeavam o ídolo do bosque. Mas, no entanto, eu vou cortar as árvores por causa de sua associação com as imagens. Eu devo fazê-lo com todas as diversões de tal natureza que não podiam comparecer perante o meu Deus enquanto as estivessem praticando! O Cristão deve lembrar-se de que “o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis” [Mateus 24: 44]. Você gostaria que o seu Mestre viesse e lhe encontrasse na companhia dos frívolos, engajado em vertiginosos labirintos de dança? Eu penso que não. Talvez um dos últimos lugares que ele gostaria de ser encontrado seria ali, dançando!

Enquanto o inferno está enchendo e pecadores estão perecendo!

O quê? Os Cristãos devem ser os salvadores do mundo e ainda perdem o seu tempo assim? Não há nenhum pobre para ser aliviado, nenhum doente para ser visitado? Será que não existem covis desta grande metrópole que precisam ser esquadrinhados pelos servos de Cristo? Será que não existem crianças a serem ensinadas? Será que não existem homens de idade que necessitam ser levados a Jesus? Não há nada a ser feito nesta grande vinha, esta grande seara do Senhor, de modo que um Cristão pode dar-se ao luxo de desperdiçar seu tempo assim? Deixe o mundano fazê-lo se ele quiser, não temos o direito de falar com ele sobre isso. Mas diversões que são corretas para ele não são certas para nós! Deixe-o fazer o que quiser, mas nós somos os servos de Deus, nós declaramos que tudo o que nós temos e tudo o que nós somos é dedicado a Cristo e pode isto ser consistente com a perda de tempo que está envolvida nas frívolas diversões em que tantos se contentam em tolerar? Eu não condeno a coisa em si, mais do que eu condeno o bosque de árvores. Condeno as associações com muitas coisas que devem ser evitadas pelo Cristão: piadas, conversas lascivas e tolas, e muitos pensamentos impuros que devem necessariamente se seguir. Abaixo com as árvores completamente, porque os falsos deuses foram adorados ali!

“Você é muito duro, possui uma maneira muito severa de tratar as coisas”, alguns responderão. Bem, eu ouso dizer que sou, mas eu não sou mais severo do que a Palavra de Deus! Se eu sou, tudo o que não está de acordo com a Palavra de Deus, rejeite! Mas você ainda não me encontrará começando a contemporizar, eu lhe garanto. Quanto eu sei que uma coisa é verdade, eu não sou o homem que gagueja ao falar isso. O que eu não gostaria para mim mesmo, eu não gostaria para os outros que são Cristãos e que são seguidores do Senhor Jesus Cristo.

Agora, tenho que levantar o machado contra outro mal, a saber, livros. Há muitos livros que são tão estimados pelos Cristãos que, contudo, devem ser cortados, como os bosques de árvores, não porque eles são ruins em si mesmos, observem, mas porque falsos deuses são adorados ali. Ler romances é a moda dos dias atuais. Vou a uma livraria ferroviária e eu não posso encontrar um livro que eu consiga ler! Eu pego um e se encontro lixo. Eu procurei encontrar algo que poderia ser realmente de valor, mas disseram-me: “Isto não venderia aqui”. O fato é que nada venderá, senão o que é leve, e espumoso, e frívolo. Assim, cada viajante é obrigado a consumir tais alimentos, isso a menos que carregue algo melhor com ele. Eu, portanto, digo que o Cristão deve condenar toda a leitura de ficção e romances? Não, eu não! Mas eu digo que a massa de livros populares publicados sob o nome de Literatura Popular deve ser evitada pela simples razão de que a moral disto não é a que conduz à piedade e a bondade! A tendência destas leituras não é trazer o Cristão para o Céu, mas antes retardá-lo e impedi-lo em seu bom curso! Eu levanto o meu machado contra muitas obras que eu não posso condenar. Se eu olhar para ela abstratamente em si mesma, porém ela deve ser destruída, porque eu me lembro do quanto de meu próprio tempo precioso perdi em tais insípidas leituras, quantos anos nos quais eu poderia ter tido comunhão com Cristo foram lançados fora, enquanto eu satisfazia futilmente um vicioso gosto pelos romances e frivolidades! Não, há muitas coisas que não são erradas em si mesmas, mas que, no entanto, devem ser abandonadas pelo verdadeiro Cristão, porque elas tiveram e têm associação com as coisas positivamente erradas! Assim como esses bosques, devem ser cortados, não porque pode haver um pecado nas árvores, mas porque as árvores têm sido associadas com a adoração de ídolos!

Você se lembra do ditado memorável de John Knox, quando ele expulsou os Romanistas? Ele foi imediatamente destruir suas Capelas. Ele reuniu a multidão e começou a reformar todos os seus lugares de culto. Por que John Knox destruiu as capelas? “Eu destruí os ninhos”, ele disse, “então terei certeza de que os pássaros nunca mais voltarão”. Assim eu faria hoje! Eu não apenas afastaria os pássaros — o pecado, o mal —, mas eu destruiria o ninho para que não houvesse tentação de que você volte novamente para o pecado. “Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai” [2 Coríntios 6:17-18]. Saí do meio do mundo, vós filhos de Cristo! Não tenham nada a ver com os seus divertimentos, nem com os seus artifícios! Sigam o Cordeiro onde quer que Ele vá! Não se prostituam com essas iniquidades, mas bebam a água da sua própria cisterna e sejam sempre atraídos pelo Seu amor, Ele é o seu Senhor, seu Marido, sua Esperança, sua Alegria, seu Tudo!

III. Além disso, eles não só quebraram as imagens e cortaram os bosques, mas eles DER-RUBARAM OS ALTOS POR TODA A JUDÁ E BENJAMIM. Este foi, talvez, o trabalho menos necessário, mas mostrou o rigor de seu desejo de servir ao Senhor. Estes altares foram construídos para o culto do verdadeiro Deus, mas eles foram construídos contra a Sua ordem expressa. Deus havia dito que Ele tinha apenas um altar, a saber, em Jerusalém. Essas pessoas, para evitar transtornos e problemas, pensaram em construir altares aonde quer que elas vivessem, e então ali celebrariam o Seu culto. Eu posso conceber que eles adoraram a Jeová com todo o coração e que Ele poderia graciosamente aceitar mesmo tal adoração como que por meio de Cristo Jesus, considerando a sua ignorância e lançando os seus pecados para trás das Suas costas. Mas agora, como seu zelo foi aceso, suas consciências se tornaram escrupulosas e assim eles resolveram não só evitar as coisas que são positivamente pecaminosas, mas eles não teriam nada a ver com qualquer coisa que não fosse positivamente correta. Então, eles começaram a derrubar os altares de Deus, porque eles não foram construídos de acordo com a Lei de Deus. Isto, então, é uma terceira reforma que deveria resultar do ministério e do ajuntamento das pessoas reunidas quando temos tempos de refrigério pela presença do Senhor. Deve haver uma destruição de tudo que está ligado à verdadeira adoração, mas que não está de acordo com a Lei e com a Palavra de Deus.

Como foi com o culto de Israel no passado, assim é agora com o da Igreja Cristã. O puro tornou-se ligado ao inferior; aquilo que é genuíno com o que é falso; a Revelação Divina com a tradição humana e os decretos Inspirados do céu; com as invenções e dispositivos dos filhos dos homens. Algumas falácias são perpetuadas de geração em geração até que a profunda matiz da antiguidade tinge-os, tornando-os veneráveis e ilusoriamente convidativo à reverência e respeito para os quais eles nunca tiveram qualquer reivindicação legítima.

Nós temos neste país, sete ou oito formas diferentes de Religião Cristã. Algumas delas estão em completa variância e contradição com as outras. Algumas, de fato, eu verdadeiramente acho que são contraditórias em si mesmas! Estamos todos, eu confio, edificados em um alicerce seguro para a eternidade, se cremos no Senhor Jesus Cristo e obedecemos às doutrinas fundamentais do Evangelho, apesar de nossas muitas e graves discrepâncias que devem incorrer em erro. Os Cristãos evangélicos são encontrados em todos os grupos e denominações carregando o nome de nosso único comum Senhor. Sim, há alguns que ainda não tomaram sobre si o Seu nome por uma pública profissão, que devotamente O seguem em segredo. Mas, observem isto, se a graça de Deus for mais uma vez restaurada para a Igreja em toda a sua plenitude e o Espírito de Deus for derramado do alto em toda a Sua potência santificadora, ali haverá um tal tremor como nunca fora visto em nossos dias!

Precisamos de uma pessoa como Martinho Lutero. Se Martinho Lutero voltasse a viver nos dias de hoje e fosse visitar nossas, assim chamadas, Igrejas Reformadas, ele diria com toda a sua santa ousadia: “Eu não fui metade de um reformador quando eu estava vivo, mas agora eu vou fazer o trabalho completo!”. Como ele vos suplicaria a lançar fora as suas superstições, abolir todos os ritos, formas, cerimônias que não são de instituição Divina e, mais uma vez, na integridade da fé simples, cultuar o Senhor Deus somente, nesta forma somente, que o Senhor Deus ordenou! Deixe todos estes, como aqueles altares do Judaísmo, serem derrubados e totalmente repudiados! Eu não desejo apenas ser um Cristão, mas ser plenamente Cristão; andando em todos os caminhos de meu bendito Mestre com um coração perfeito. E eu desejo para todos os meus irmãos e irmãs em Cristo aqui, não apenas que eles possam ter graça suficiente para salvar as suas almas, mas graça suficiente para purifica-los de todos os artifícios humanos; de toda falsa doutrina; de cada falsa prática e de toda coisa maligna!

Você fala agora de doutrina? Não existem dois tipos de doutrinas professadas entre os Cristãos, a do Arminiano e a do Calvinista? As duas não podem estar corretas! É impossível! O Arminiano diz: “Deus ama todos os homens igualmente”. “Não é assim”, diz o Calvinista, “Ele provou a muitos de nós por Sua graça livre e distinguiu que Ele nos deu mais do que a outros, e não pelos nossos méritos, mas segundo as riquezas da Sua misericórdia e o conselho da Sua própria vontade”. O Arminiano supõe que Cristo comprou todos os homens com o Seu sangue e ainda que multidões desses remidos perecem! O Calvinista afirma que ninguém por quem Jesus morreu pode perecer, que o Seu sangue nunca foi derramado em vão e que de todos aqueles que Ele redimiu, jamais perecerão. O Arminiano ensina que se um homem for regenerado e se tornar um filho de Deus hoje, ele pode amanhã ser expulso da Aliança e ser da mesma forma um filho do Diabo, como se nenhuma mudança espiritual houvesse sido operada nele. “Não é assim”, diz o Calvinista, “a salvação vem de Deus somente e onde uma vez Ele começa, Ele nunca abandona até que tenha terminado a boa obra”. Quão óbvio é que não podemos estar ambos certos sobre assuntos nos quais somos tão amplamente diferentes!

Exorto-vos, portanto, meus irmãos e irmãs, depois de terem quebrado as suas imagens e cortado os seus bosques, deem um passo adiante e quebrem os falsos altares. Só posso dizer por mim mesmo: “Se eu estiver errado, eu desejo ser corrigido”, e por você estou solenemente preocupado, “se você está errado, que Deus conduza-o a um julgamento correto e faça-o ver a verdade de Deus e abraçá-la, e, então, sincera e corajosamente a sustente”. Eu quero que você seja caridoso com os outros, mas não seja demasiado caridoso consigo mesmo. Deixe que os outros sigam as suas próprias convicções de consciência, mas lembre-se, não é a consciência deles que deve ser seu guia, mas a Palavra de Deus! E se a sua consciência está errada, você deve submetê-la à Palavra de Deus, para que possa ser reprovada e “transformada pela renovação da vossa mente”. Você deve fazer o que Deus lhe diz, quanto Deus lhe diz, quando Deus diz e como Deus diz para você!

Perdoe-me por um momento, se eu deveria arriscar o desprazer de alguém que eu amo por referir-me a uma ordenança da Igreja sobre a qual estamos propensos a discordar. O rito sagrado do Batismo é administrado em um grande número de Igrejas a pequenas crianças sobre a responsabilidade de seus tutores ou amigos, enquanto muitos de nós consideram que a Sagrada Escritura ensina que somente os crentes (sem nenhuma distinção quanto à sua idade) são os sujeitos apropriados do Batismo e isso, após uma profissão pessoal de sua fé em Cristo.

Eu vejo um homem pegar uma criança inconsciente em seus braços e dizer que ele a batiza! Quando me volto para a minha Bíblia, eu não posso ver absolutamente nada deste tipo ali! É verdade que eu encontro o Senhor Jesus, dizendo: “Deixai vir a mim as criancinhas”, mas isto não permite nenhum precedente para que o ministro leve uma criança, que não poderia vir, que era nova demais para andar, muito menos para pensar e entender o significado dessas coisas! Ainda mais, quando Jesus disse: “Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais, porque das tais é o reino dos céus”, elas vieram até Ele. Mas eu não acho que Ele batizou ou aspergiu a elas todas! Ele lhes deu a Sua bênção e elas foram embora. Estou certo de que Ele não as batizou, pois é expressamente dito: “Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos” [João 4:2]. Assim, então, é bastante claro que a passagem não favorece o Pedobatista!

Estou informado, no entanto, que a razão pela qual as crianças são batizadas é que nos é dito na Bíblia que os filhos de Abraão foram circuncidados. Isso me intriga! Eu não consigo ver qualquer semelhança entre as duas coisas. Mas quem eram as pessoas circuncidadas? Elas eram Israelitas. Por que eles foram circuncidados? Porque eles eram Israelitas. Essa é a razão! E eu digo que eu não hesitaria em batizar qualquer Cristão, ainda que seja um bebê em Cristo, assim que ele conhecesse o Senhor Jesus Cristo! Mesmo que tivesse apenas oito dias de vida na fé, se ele prova que é um Israelita no espírito, vou batizá-lo.

Eu não tenho nada a ver com o seu pai ou a sua mãe na religião! A religião é um ato pessoal durante todo o tempo! Outro homem não pode crer por mim, não pode se arrepender por mim e outra pessoa não pode indagar por mim uma boa consciência para com Deus no Batismo! Temos que agir em nossa própria responsabilidade individual na religião, pela graça de Deus, ou então a coisa praticamente não é feita.

Agora, eu acredito que muitas pessoas piedosas sinceramente cultuam a Deus neste altar do Batismo Infantil. Mas sou igualmente convicto que é meu dever fazer o meu melhor para acabar com isso, pois não é altar de Deus! O altar de Deus é o Batismo de Crentes.

O que disse Filipe para o eunuco? “É lícito, se crês de todo o coração”. “Eis aqui água”, disse o Eunuco. Sim, mas isso não era tudo. Deve haver fé, bem como água antes de poder haver um Batismo legítimo. E cada Batismo que é administrado a qualquer homem, a não ser que ele assegure a si mesmo sobre uma profissão de fé em Cristo, é um altar em que eu não poderia adorar, pois eu não acredito que ele seja o altar de Deus, mas um altar construído originalmente em Roma, padrão que foi adotado aqui para deteriorar a união da Igreja e para grande prejuízo das almas!

Agora, tudo que eu peço daqueles que divergem de mim em opinião é simplesmente que olhem para o assunto honesta e calmamente. Se eles puderem encontrar Batismo Infantil na Bíblia, então, deixe-os praticar isto e cultuar ali! Se não puderem, que eles sejam honestos, e voltem, e adorem no altar de Jerusalém e ali somente!

A uma senhora já foi prometida uma Bíblia se ela pudesse encontrar um texto que sancionasse o Batismo infantil. Ela só pôde encontrar um, que foi este: “Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do Senhor” [1 Pedro 2:13]. O ministro deu-lhe a Bíblia por sua ingenuidade, admitindo que era uma ordenança do homem e não engano.

Cito este exemplo do Batismo infantil apenas como uma entre muitas corrupções que se infiltraram em nossas Igrejas. É bastante claro que todas as denominações não podem estar certas. Elas podem estar certas quanto aos principais pontos essenciais para a salvação, embora em suas discrepâncias umas com as outras revelem erros.

Eu não quero que você acredite que eu estou certo. Em vez disso, volte-se pra as Escrituras e veja o que é certo. O dia virá quando Episcopais, Independentes, Wesleyanos e todos os demais sistemas deverão ser provados pela Palavra de Deus e, então, abandonaremos toda forma não aprovada diante do Altíssimo.

Espero ser sempre capaz de levantar a minha voz contra a caridade crescente em nosso meio a qual não é apenas uma instituição de caridade para as pessoas, mas uma instituição de caridade para com as doutrinas. Tenho caridade fervorosa por cada irmão e irmã em Cristo, que difere de mim. Eu amo-os por causa de Cristo e mantenho comunhão com eles por causa da verdade, mas eu não posso ter caridade para com os seus erros, nem eu desejo que eles tenham qualquer caridade pelos meus.

Eu digo a eles olhando diretamente em seu rosto: “Se seus sentimentos contradizem os meus, ou eu estou certo e você está errado, ou você está certo e eu estou errado. E é tempo que devamos reunir-nos e procurar a Palavra de Deus para ver o que é certo”.

É necessário que todos venhamos para o modelo da Palavra de Deus e quando chegarmos a ele, seguiremos juntos. Venhamos todos à “lei e ao testemunho” [Isaías 8:20]. Deixe o Batista; deixe o Independente; deixe o Congregacional, deixem todos de lado os seus antigos pensamentos, seus velhos preconceitos e suas velhas tradições e que cada um examine a Palavra de Deus por si mesmo, como que diante dos olhos do Deus todo-poderoso e alguns dos altares cairão, pois eles não podem ser todos conformes a instituição Divina quando a dissimilaridade é tão palpável!

Eu falo como a homens instruídos. Julguem o que eu digo, e que Deus possa guiá-los corretamente.