“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” (2 Coríntios 6:14-18)
Esta passagem dá expressão a uma exortação Divina para os que pertencem a Cristo para manterem-se afastados de todas as associações íntimas com os ímpios. Ela expressamente os proíbe de entrar em alianças com os não-convertidos. Ela definitivamente proíbe os filhos de Deus que andem de mãos dadas com os mundanos. É uma advertência aplicável a todas as fases e áreas das nossas vidas — religiosa, doméstica, social, comercial. E nunca, talvez, houve um momento em que mais necessitamos pressionar os Cristãos do que agora. Os dias em que vivemos são marcados pelo espírito de compromisso. Por todos os lados vemos misturas profanas, alianças ímpias, jugos desiguais. Muitos Cristãos professos parecem estar tentando descobrir quão perto do mundo podem andar e ainda ir para o céu.
“Não vos prendais em jugo desigual”. Este é um chamado aos piedosos para a separação. Em cada dispensação essa ordenança Divina foi feita. Para Abraão a Palavra peremptória de Jeová foi: “Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai”. Para Israel, Ele disse: “Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo, nem andareis nos seus estatutos” (Levítico 18:3). E ainda: “Não andeis nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós” (Levítico 20:23). E foi pelo descaso dessas mesmas proibições que Israel trouxe sobre si tão severos castigos.
O princípio do Novo Testamento nos mostra o precursor de Cristo do lado de fora do judaísmo organizado dos seus dias, convidando os homens a fugirem da ira vindoura. O Salvador anunciou que: “e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora” (João 10:3). No dia de Pentecostes a palavra aos crentes foi: “Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2:40). Mais tarde, aos Cristãos hebreus, Paulo escreveu: “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial” (13:13). O chamado de Deus para o Seu povo na Babilônia é: “Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” (Apocalipse 18:4).
“Não vos prendais em jugo desigual”. Esta é a palavra de Deus para o Seu povo hoje, a qual não permanece sozinha. Em Romanos 16:17 é dito: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”. Em 2 Timóteo 2:20-21, lemos: “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor”. 2 Timóteo 3:5 fala daqueles que “tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela”, então isto é adicionado: “destes afasta-te”. Que palavra é esta que está em 2 Tessalonicenses 3:14: “Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele”. Quão radical é a admoestação de 1 Coríntios 5:11: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais”.
“Não vos prendais em jugo desigual”. Estamos totalmente convencidos de que é o descaso deste mandamento, pois mandamento é, que é largamente responsável pelo baixo nível que agora prevalece, de modo geral, entre os Cristãos, tanto individual como coletivamente. Não admira que o pulso espiritual de muitas igrejas bata tão debilmente. Não admira que as suas reuniões de oração estão tão mal frequentadas, os Cristãos que estão em jugo desigual não têm coração para a oração. Desobediência nesse ponto é uma certa preventiva para devoção real e de todo o coração a Cristo. Ninguém pode ser um seguidor desacorrentado do Senhor Jesus, quem está, de alguma forma, “preso” aos Seus inimigos. Ele pode ser uma pessoa verdadeiramente salva, mas o testemunho da sua vida, o testemunho de seu caminhar, não honrará e glorificará a Cristo.
“Não vos prendais em jugo desigual”. Isto aplica-se em primeiro lugar para nossas relações religiosas ou eclesiásticas. Quantos Cristãos são membros das chamadas “igrejas”, onde muito do que está acontecendo eles sabem está em desacordo direto com a Palavra de Deus, ou o ensino do púlpito, as atrações mundanas usadas para atrair o ímpio, e os métodos mundanos utilizados para financiá-lo ou o recebimento constante em sua membresia daqueles que não dão nenhuma evidência de ter nascido de novo. Os crentes em Cristo que permanecem em tais “igrejas” estão desonrando o seu Senhor. Eles respondem: “Praticamente todas as igrejas são iguais, e se renunciarmos o que poderíamos fazer? Temos de ir a algum lugar aos domingos”, essa linguagem mostraria que eles estão colocando seus próprios interesses antes da glória de Cristo. Melhor ficar em casa e ler a Palavra de Deus, do que ter comunhão com aquilo que Sua Palavra condena.
“Não vos prendais em jugo desigual”. Isso se aplica a membros de Ordens Secretas. Um “jugo” é o que une. Aqueles que pertencem a uma “loja maçônica” estão unidos em jura-mento solene e aliança com os seus membros “irmãos”. Muitos de seus companheiros-membros não dão nenhuma evidência de terem nascido de novo. Eles podem acreditar em um “Ser Supremo”, mas qual o amor que eles têm pela Palavra de Deus? Qual é a sua relação com o Filho de Deus? “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3:3) Pode aqueles que devem o seu tudo a Cristo, tanto para o tempo quanto para a eternidade, ter comunhão com aqueles que O “desprezam e rejeitam”? Portanto, que qualquer leitor Cristão que está em jugo desigual saia debaixo dele sem demora.
“Não vos prendais em jugo desigual”. Isso se aplica ao casamento. Há apenas duas famílias neste mundo: os filhos de Deus, e os filhos do Diabo (1 João 3:10). Se, então, uma filha de Deus se casa com um filho do maligno, ela se torna uma nora de Satanás! Se um filho de Deus se casa com uma filha de Satanás, ele se torna um genro do Diabo! Por um passo tão infame uma afinidade é formada entre um pertencente ao Altíssimo e um pertencente ao Seu arqui-inimigo. “Linguagem forte!”, sim, mas não muito forte. E oh, o amargo colher da semeadura. Em todo caso, é o pobre Cristão que sofre. Leia as histórias inspiradas de Sansão, Salomão e Acabe, e veja o que se seguiu às suas alianças profanas em casa-mento. Assim como pode um atleta, que tendo ligado a si um peso pesado, esperar ganhar uma corrida, semelhantemente um Cristão espera progredir espiritualmente ao se casar com um mundano. Oh, como a vigilância em oração é necessária na regulação de nossas afeições!
“Não vos prendais em jugo desigual”. Isso se aplica a parcerias de negócios. A desobediência neste ponto tem destruído o testemunho cristão de muitos e os traspassado com muitas dores. Seja o que for obtido deste mundo, buscando seus caminhos para riqueza e prestígio social, apenas miseravelmente compensará a perda de comunhão com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo. Leia Provérbios 1:10-14. O caminho que o discípulo de Cristo é chamado a trilhar é estreito, e se ele o deixa para trilhar uma estrada mais larga, isso significará castigos severos, perdas de partir o coração, e, talvez, a perda do “Bem está” do Salvador no final da jornada.
Devemos odiar até mesmo “as vestes”, figura de nossos hábitos e maneiras, manchadas pela carne (Judas 23), e devemos nos guardar “da corrupção do mundo” (Tiago 1:27). Que minuciosa e arrebatadora é a palavra que está em 2 Coríntios 7:1: “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus”. Se qualquer ocupação ou associação é encontrada dificultando a nossa comunhão com Deus ou o nosso prazer das coisas espirituais, então ela deve ser abandonada. Cuidado com a “lepra” nas vestes (Levítico 13:47). Qualquer coisa nos meus hábitos ou maneiras que estrague a comunhão feliz com os irmãos ou me rouba o poder em serviço, deve ser julgado implacavelmente e destinado a ser “queimado” (Levítico 13:52). Tudo o que eu não posso fazer para a glória de Deus deve ser evitado.
“Porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?” [2 Coríntios 6:14-16]. Quão explícitos e enfáticos são os termos usados aqui! Não há desculpas a tudo o que está ali para não compreender os termos desta exortação, e a razão com a qual é compatível. “Sociedade, comunhão, concórdia, parte, consenso” é tão simples que não necessita de intérprete. Todas as uniões, alianças, parcerias, envolvimentos, com os incrédulos estão expressamente proibidos ao Cristão. É impossível encontrar dentro de toda a gama das Escrituras Sagradas linguagem mais simples sobre qualquer assunto do que nós temos aqui: A justiça, injustiça; luz, escuridão; Cristo, Belial — o que eles têm em comum? Que ligação há entre eles?
Os contrastes apresentados são muito pontuados e penetrantes. “Justiça” é certo fazer, “injustiça” é errado fazer. O infalível e único padrão de ação correta é “a palavra da justiça” (Hebreus 5:13). Unicamente por ela são reguladas a vida e caminhar do Cristão. Mas o mundano despreza e desafia-o. Então, que “comunhão” pode haver entre aquele que está em sujeição à Palavra de Deus, com quem não está? “Luz” e “trevas”. Deus é luz (1 João 1:5) e Seus santos são “os filhos da luz” (Lucas 16:08). Mas os filhos do maligno são “trevas” (Efésios 5:8). Que comunhão, então, pode haver entre membros de famílias tão díspares “Cristo” e “Belial”, que concórdia pode haver entre aquele para quem Cristo é tudo, e aquele que despreza e rejeita-O?
“Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo [Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor todo-poderoso]” [2 Coríntios 6:16-18]. Quão abençoados são estes! Primeiro, temos a exortação dada, “não vos prendais em jugo desigual”. Em segundo lugar, a razão aduzida, “porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça?”. Em terceiro lugar, o incentivo oferecido. Esta é uma promessa Divina, e é impressionante notar que são sete em uma: 1) “Neles habitarei”; 2) “entre eles andarei”; 3) “E eu serei o seu Deus”; 4) “e eles serão o meu povo”; 5) “e eu vos receberei”; 6) “e serei para vós Pai”; 7) “e vós sereis para mim filhos e filhas”.
“Eu habitarei neles”, é comunhão; “e entre eles andarei” é companheirismo; “e eu serei o seu Deus”, é relacionamento. Primeiro, neles, então, para eles, e “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31) “E eles serão o meu povo”, é propriedade, reconhecidos como Seus. “E eu vos receberei”, significa que estão sendo trazidos para o lugar experimental e consciente de proximidade com Deus. “E serei para vós Pai” significa “Eu me manifestarei a vocês nesta singularidade, e transmitirei aos seus corações todas as alegrias por tal”. “E vós sereis para mim filhos e filhas” significa, que tal separação piedosa do mundo fornecerá demonstração de que somos Seus “filhos e filhas”. Compare Mateus 5:44.
“Diz o Senhor todo-poderoso”. Esta é a única vez que o título divino “todo-poderoso” é encontrado em todas as vinte e uma Epístolas do Novo Testamento! Parece ser trazido aqui com o propósito de enfatizar a suficiência do nosso Recurso. Como alguém já disse: “Deixe cada Cristão agir conforme a ordem de separação dada em 2 Coríntios 6:14-17, e ele encontrará seu caminho cercado de dificuldades e assim tende a despertar a hostilidade de todos, pois se seus olhos não permanecem fixos no Deus todo-poderoso, que assim o tem chamado para fora, ele facilmente desfalecerá”. Mas note-se que estas promessas são condicionais, condicionadas à obediência às exortações anteriores. No entanto, se o coração se apodera deste incentivo abençoado, então a obediência à ordem torna-se fácil e agradável.