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A Segunda Confissão de Londres nos Estados Unidos, por James M. Renihan

Quando se considera a história e o desenvolvimento do pensamento e prática Batista nos Estados Unidos é preciso dar um lugar significativo para a Segunda Londres Confissão de Fé, mais popularmente conhecida como A Confissão Batista de Londres de 1689. Nos Estados Unidos, as suas afirmações teológicas formaram e moldaram muito do pensamento e da prática de igrejas Batistas deste lado do Atlântico.

A história deve começar com uma breve menção aos laços estreitos existentes entre Batistas na Inglaterra e nos Estados Unidos durante a metade do século XVII. Apesar da distância entre eles e das dificuldades de comunicação e comunhão, é evidente que as pequenas e valentes igrejas americanas consideravam-se uma com os seus companheiros ingleses. Quando John Clarke, patriarca da Igreja Newport, Rhode Island escreveu o seu famoso Ill Newes From New England [Notícias da Nova Inglaterra], em 1652, ele incluiu uma carta escrita pelo companheiro sofredor Obadias Holmes e dirigida a John Spilsbury e William Kiffen, de Londres, afirmando a sua unidade no Evangelho. Na fundação da Primeira Igreja Batista de Boston, em 1655, três dos primeiros nove membros “tinham andado nessa condição na velha Inglaterra” (incluindo um membro da igreja de William Kiffin, Richard Goodall). John Myles e muitos dos membros de sua igreja foram do País de Gales para Swansea, Massachusetts, em 1663; e William Screven, um membro de uma das igrejas West Country, depois de sua emigração fundou, em 1682, uma nova congregação em Maine.

Este parentesco teológico promoveu um senso de unidade através do Oceano e abriu o caminho para a introdução na América das visões doutrinárias das igrejas inglesas. Os norte-americanos coloniais buscavam entre os ingleses por liderança, conselhos e auxílio durante a última metade do século. Nesta circunstância veio Elias Keach, filho do notável pastor de Londres, Benjamin Keach. Ele trouxe consigo o compromisso de seu pai em relação a um sistema teológico bem definido e recomendou o uso da Confissão de Fé que era tão bem conhecido na terra natal. Elias ministrou em Penepek, perto da Filadélfia, mas sua influência se estendeu sobre uma vasta área do sul de New Jersey e leste da Pensilvânia, e várias igrejas foram plantadas. Estas tornaram-se o núcleo das igrejas da Associação Filadélfia [Philadelphia Association].

É realmente por meio desta Associação que a Segunda Confissão de Londres ganhou a sua maior influência. Embora os registros da Associação não registrem a data em que eles adotaram a Confissão, contudo, eles se referem a ela desde o início. Os registros afirmam: “no ano de 1724, houve uma questão relativa ao Quarto Mandamento, se havia mudado, sido alterado ou diminuído. Voltamo-nos à Confissão de Fé, estabelecida pelos anciãos e os irmãos que se reuniram em Londres, 1689, e confessada por nós, Cap. 22, parágrafos 7 e 8”. Em 1727, eles responderam a um questionamento sobre o casamento da mesma forma. Os registros sinteticamente afirmam: “Respondido, tendo por referência a nossa Confissão de Fé, capítulo 26 em nossa última edição”. Estas declarações tornam evidente que as igrejas da Associação verdadeiramente adotaram a Confissão.

Em meados de 1742, decidiu-se reimprimir a Confissão, algo que se repetiu em 1765. É verdade que, sob a influência da teologia de Keach, foram adicionados dois artigos, a saber, um sobre o canto de hinos no culto e o outro a respeito da “imposição de mãos” como uma terceira ordenança eclesiástica. Mas o restante da Confissão foi deixado intacto e foi o padrão doutrinário para as igrejas da Associação.

Como a primeira e mais antiga associação na América, a influência das igrejas da Filadélfia era poderosa. Ketockton, Associação da Virgínia, adotou-a em 1766, como Charleston, Associação da Carolina do Sul e Warren, Associação de Rhode Island, ambas em 1767. Através destas associações, e de outras, e das igrejas constituintes, a doutrina e práticas da Segunda Confissão de Londres moldaram muito do pensamento inicial entre os Batistas na América.

Escrevendo em 1881, William Cathcart, o editor de The Baptist Encyclopedia [A Enciclopédia Batista] disse: “Na Inglaterra e na América, as igrejas, indivíduos e associações, com mentes iluminadas, com o coração cheio de amor à verdade… sustentam com reverência os artigos de [Confissão de] 1689”. Certamente, isso era verdade, porém, infelizmente, Cathcart não conseguiu ver que mesmo em seu próprio tempo havia um grave desvio deste grande documento antigo. Muitas igrejas se afastaram do padrão de Londres/Filadélfia em favor da Confissão de New Hampshire, um produto da tentativa de J. Newton Brown de aplacar as objeções dos Batistas Arminianos em New Hampshire em relação ao forte Calvinismo da Confissão mais antiga. Com uma teologia diluída, a profundidade teológica foi perdida nas igrejas e elas foram arrasadas pelos movimentos de disputa entre o liberalismo e o fundamentalismo. Sem um sistema teológico claro no lugar, as igrejas não tiveram defesa contra os ataques do liberalismo ou contra o reducionismo do fundamentalismo. Na primeira metade do século XX, a consideração pela Segunda Confissão de Londres esteve em seu ponto mais baixo entre as igrejas Batistas.

Porém, graças a Deus, através da influência de muitos homens e movimentos, as grandes doutrinas da soberana graça de Deus estão sendo recuperadas entre os Batistas, de maneira que, gradualmente, as igrejas estão adotando a antiga Confissão, ou novas igrejas estão sendo formadas firmadas nessas convicções vitais e vigorosas. Onde uma vez havia deserto, há agora novos sinais de que o solo seco está produzindo belas flores. Ainda há um longo caminho a percorrer e a maioria das igrejas Batistas na América ainda vaga em terrenos baldios da teologia. Mas Deus tem levantado muitas igrejas firmes no claro testemunho da fé e nós esperamos que muitas mais nascerão nos dias por vir. Pela graça de Deus, o futuro parece brilhante para as igrejas que adotam a Confissão de Fé Batista de 1689. Talvez este movimento incentivará uma redescoberta do tipo de unidade através do oceano que foi vivida há três séculos. Com o advento das modernas tecnologias de comunicação e com a facilidade de viajar, não há nenhuma razão para qualquer coisa menos do que isso. Que Deus abençoe nossos esforços para Sua glória.